O serviço militar passa agora a ser voluntário. Parece-me uma boa novidade, à partida, mesmo que seja altamente discutível.
Creio, por princípio, que há diferentes vocações humanas, motivo pelo qual as pessoas não podem ser todas obrigadas a fazer as mesmas coisas. Isto aplica-se especialmente, penso eu, ao ofício das armas - não é para toda a gente. A função bélica foi sempre, tanto quanto sei, uma actividade de um certo e determinado grupo, relativamente restrito, no seio da sociedade. Nesta perspectiva, só quem tem vontade de desempenhar o papel marcial no seio da comunidade nacional é que deve fazê-lo.
Por outro lado, também não deixa de ser verdade que uma Nação tem de estar preparada para se defender, a todo o momento, por mais pacífico que pareça o mundo ao seu redor - a respeito da aparência de paz circundante, aplica-se-lhe, mais do que a muitas outras situações, a prudência de quem sabe que as aparências enganam. Ainda há uma década, por exemplo, com a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética, dir-se-ia que uma nova época de pacatez mundial tinha chegado. E os pacifistas, de Esquerda, empenhavam-se em negar a necessidade de manter forças armadas (como sempre fizeram ou quiseram fazer...) porque, diziam eles, não tinham medo nem dos Espanhóis nem dos Mouros, naquele seu estilo jocoso de quem se sente muito inteligente quando faz troça dos patriotismos e dos militarismos e nem há nenhum caga-tacos mental que não adira à moda de bater nos militares, é fino, desse modo se compõe a pinta do pseudo-intelectual, é o costume.
E, mais uma vez, os pacifistas espalharam-se ao comprido, como também é seu costume. Porque esta nova época do pós-comunismo é das mais perigosas de sempre, progressivamente comparável à Idade Média, quando toda a Europa enfrentava a ameaça muçulmana, desde o extremo ocidente até ao Próximo Oriente, na chamada «terra santa». Nesta nova época, a Europa tem, novamente, de enfrentar a ameaça do crescente verde, que, de facto, cresce mesmo, desta feita de um modo muito mais perigoso, porque conta com inúmeros potenciais agentes infiltrados, a saber, incontáveis imigrantes norte-africanos e turcos, espalhados, aos milhões, pela Europa fora, vivendo nos Estados mais poderosos do velho continente. Já John Locke, paladino intelectual da liberdade e da tolerância religiosa, tinha avisado contra o perigo que era para uma nação europeia o ter no seu seio gente que, pela natureza da sua fé, obedecesse mais a um poder exterior, inimigo até, do que ao poder instituído do país, e deu como exemplo o caso dos súbditos muçulmanos do príncipe austríaco, os quais obedeceriam mais facilmente aos Turcos, também muçulmanos, do que ao próprio soberano austríaco (nessa época, os Turcos estavam em guerra com a Áustria).
Também os Gregos estiveram muito tempo em guerra contra Tróia e só ganharam o conflito quando, ao fim de dez anos, introduziram na cidade sitiada um certo cavalo de madeira cheio de guerreiros lá dentro...
O avanço de Marrocos para a ilha de Perejil, sob o controle de Espanha, a guerra nos Balcãs, foram alguns dos muitos sinais de que a Europa não pode baixar a guarda perante o mundo islâmico.
Isto diz respeito também a Portugal, pois que, como é óbvio, Portugal é um país europeu - e, além disso, tem uma localização geográfica de interesse altamente estratégico. Sendo um país sul europeu, está na linha da frente de um possível conflito com o mundo mafomético, situado a escassas milhas marítimas, do outro lado do Mediterrâneo.
O exemplo suiço pareceria por isso perfeitamente adequado - apesar de ser um país neutro, todo o seu povo está preparado, em constante actualização, para pegar em armas.
Efectivamente, todo o cidadão nacional, de qualquer Estado, tem de estar preparado para defender o País e, em caso extremo, para dar a vida pela Pátria. Mas isto passa-se ao nível de uma guerra total, isto é, um casus belli que envolva toda a Nação num esforço de guerra sem limites, e tal tipo de situação pode e deve ser evitada por meio da manutenção de uma superioridade bélica europeia sobre o resto do mundo, superioridade essa que precisa de assentar num superior nível tecnológico e pessoal, com a constituição de contingentes militares altamente treinados, coisa que só parece possível com o serviço militar voluntário.
Sem embargo, é essencial ter sempre consciência do tipo de população que se oferece para o voluntariado militar.
Gente que gosta de pegar em armas. Indivíduos dessa natureza, existem em toda a parte e têm tanto direito à vida como quaisquer outros (desde que não atentem contra a vida de outrem). Precisam é de ser devidamente orientados e harmoniosamente integrados na sociedade, motivo pelo qual e já Platão falava, na sua obra intitulada «Política», a respeito da necessidade de canalizar este tipo de cidadãos para o esforço de defesa da polis. A veracidade deste facto só incomoda os mais absurdos pacifistas, e recordo-me agora das palavras de Miguel Esteves Cardoso quando, há uns anos, disse, num ridículo programada da SIC, sintomaticamente intitulado «A Noite da Má Língua», que o serviço militar obrigatório deveria continuar para que as Forças Armadas incluíssem muitos jovens bonzinhos e pacifistas, não caindo por isso nas mãos dos que se oferecessem como voluntários, suspeitos, segundo MEC (Miguel Esteves Cardoso), de serem umas bestas de guerra, malta perigosa...
Que os guardiões do País sejam apenas aqueles que apreciam as armas e o combate, é pois salutar.
Mas quem é que mais aprecia pegar em armas, nos dias que correm?
Até agora, quem mais aprecia pegar em armas costuma ser um certo tipo de jovem branco, eventualmente de ideologia nacionalista, o que é bom; mas, no presente estado de coisas, com a contínua vinda e procriação de africanos, é preciso zelar para que as Forças Armadas não se africanizem... convém ter sempre presente que, em última análise, quem detém o poder máximo, em qualquer sociedade, é quem usa as armas... já Viriato o dizia, há dois mil e cem anos, quando declarava ao seu sogro Astolpas que o poder da fortuna deste valia pouco perante o poder da sua lança. E o exemplo da antiga Roma ilustra bem o perigo que é deixar-se que as armas da Pátria sejam empunhadas por gentes de origem estrangeira que não sentem qualquer apego ao povo que é suposto defenderem.
Ao fim ao cabo, trata-se, fundamentalmente, de uma questão de educação.
É o maior problema do País, a educação. É a partir do sector da educação que urge combater os vícios de mentalidade instituídos. Um deles, o que mais afecta Portugal desde pelo menos os tempos de Eça de Queiroz, é o laxismo. Outro, mais directamente relacionado com o tema que ora se trata, é o do desprezo geralmente sentido em relação ao tudo o que é militar, bem como a indiferença relativamente à necessidade de manter o País defendido pela força marcial.
É preciso que a arma seja encarada, não como um fardo que tem de ser carregado durante quatro meses, mas sim como um privilégio, um distintivo de nobreza, um símbolo de orgulho.
Tal forma de ser e de viver tem de ser incutida às crianças desde cedo. É por isso que sempre fui a favor dos desenhos animados de tipo bélico, imbuídos de ética e estilo épico (recordo, por exemplo, a série do Bombardeiro X, da minha infância cada vez menos próxima). É por isso que os petizes devem ter tantos brinquedos bélicos quantos quiserem. Só falta, entretanto, que os manuais da escola primária fortaleçam na infância o respeito e mesmo o gosto pela vida militar.
Urge portanto combater a influência que certo pacifismo ideologicamente orientado tem ainda sobre a cultura ocidental em geral.
Enquanto isso, o Islão santifica a guerra santa. E não há nada mais forte e determinante do que a religião - nem ideologia, nem conveniência sócio-económica.
Naturalmente que o ideal era que o actual mundo ocidental fosse religiosamente orientado por uma religião que albergasse em lugar de destaque um modelo marcial elevado, como a da antiga Roma, na qual
Marte, Deus da Guerra, era a segunda Divindade mais importante a seguir a
Júpiter, O qual, por sua vez, tinha também atributos eminentemente guerreiros - mas, para já, não se poder ter tudo...