quarta-feira, abril 29, 2015

ABRIL, DE VÉNUS



O SUCESSO DA POLÍTICA SEVERA NAS FRONTEIRAS MARÍTIMAS AUSTRALIANAS

Fonte: http://www.minutodigital.com/2015/04/28/operacion-fronteras-soberanas-asi-acabo-australia-con-los-naufragios-de-inmigrantes/
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O problema do tráfico humano e das subsequentes tragédias marítimas não afecta apenas a Europa. Também causou graves problemas na região australiana. Em 2012 morreram trezentos e cinquenta e seis pessoas nas águas territoriais da Austrália. Em 2013 o número de mortos no mar australiano ascendeu ainda aos duzentos e doze. Em 2014 morreu apenas um indivíduo, iraniano de vinte e três anos.
E porquê?
O governo trabalhista - de Esquerda liberal, portanto - tinha relaxado o controlo fronteiriço, como é apanágio esquerdista. O governo actual, de Direita liberal, liderado por Tony Abbot, adoptou uma política contrária ao pôr em marcha a Operação Fronteiras Soberanas, que contou com mais de sessenta por cento do apoio popular.
Tal programa consiste no seguinte: interceptar barcos carregados de imigrantes clandestinos, devolver estas embarcações ao mar aberto e assegurar-se de que os viajantes retornam aos seus países de origem. O porta-voz do Ministério da Imigração, Scott Morrison, conta o que se tem passado: «A política de protecção de fronteiras sempre teve por objectivo salvar vidas. Todos pudemos constatar as dramáticas consequências das medidas de debilidade aplicadas pelo governo anterior. Hoje obtemos os resultados que tínhamos anunciado: salvar vidas no mar. Os que continuam a opor-se à nossa política estão numa obsessão atroz: se pudessem, restaurariam medidas que causaram a morte de mais de mil pessoas no mar.»
No Mediterrâneo, entretanto, aumentou o número de mortos a caminho da Europa. A referência às guerras na vizinhança da Europa não chega para explicar a diferença entre que sucede na margem sul europeia e o que acontece ao largo da Austrália, uma vez que a redução de mortes na área marítima deste país foi da ordem das centenas.


VISTOS GOLD E BUSCAS EM MINISTÉRIOS LIGADAS À IMIGRAÇÃO

Buscas dos vistos gold nos ministérios dos Negócios Estrangeiros e Administração Interna.
As buscas desenvolvem-se em diversos organismos públicos, nomeadamente serviços da Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), serviços do Ministério das Finanças, entre outros, bem como em diversas empresas e residências particulares", revela o comunicado da PGR.
"Neste inquérito investigam-se, entre outras, matérias relacionadas com a atribuição de vistos gold", acrescenta a nota. "Estão em causa suspeitas de crimes de corrupção, tráfico de influências, peculato e branqueamento de capitais".
Outro dos locais alvo de buscas são as instalações da direcção regional do Norte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, no Porto.
De acordo com um comunicado emitido de manhã pelo Ministério das Finanças, as averiguações do Ministério Público junto da Secretaria de Estado tutelada por Paulo Núncio referem-se a "um processo relacionado com tratamento fiscal, em sede de IVA, relativo a uma transacção entre uma empresa portuguesa e o Ministério da Saúde líbio".
Portugal e a Líbia assinaram em 2013 um protocolo que previa que centenas de doentes líbios, incluindo feridos de guerra, recebessem assistência médica em território nacional e que fossem acolhidos e formados profissionais líbios.
Em declarações na altura à agência Lusa, o vice-presidente da Associação Luso-Líbia (ALL), Luís Cabrita, disse que inicialmente os doentes seriam tratados em unidades de saúde privadas, estando também prevista a assistência em hospitais públicos.
A Operação Labirinto, relacionada com a aquisição de vistos gold, levou à detenção de 11 pessoas em Novembro passado, incluindo o antigo presidente do Instituto de Registos e Notariados (IRN) António Figueiredo, que se encontra em prisão preventiva.
A ex-secretária-geral do Ministério da Justiça Maria Antónia Anes, o ex-director-geral do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras Manuel Jarmela Palos e o empresário chines Zhu Xiaodong são outros dos arguidos principais do processo.
Em causa na "Operação Labirinto", que investiga o caso dos vistos gold, estão indícios de corrupção activa e passiva, recebimento indevido de vantagem, prevaricação, peculato de uso, abuso de poder e tráfico de influência, relacionados com a atribuição de autorizações de residência para a actividade de investimento.
Mais uma vez e como já é habitual,temos a criminalidade de mãos dadas com a imigração. Mais uma prova que a imigração só interessa aos empresários corruptos e ou a funcionários e dirigentes corruptos.
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Fonte: página de Facebook do PNR

A TRAGÉDIA DO NEPAL E OS «ABUTRES» DA CRISTANDADE

Fonte: http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4533582&page=-1
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É nesta zona do mundo que a placa do subcontinente indiano mergulha sobre a Euroasiática, a um ritmo de quase cinco centímetros por ano.
Faltavam poucos minutos para o meio-dia quando um movimento das placas tectónicas a 15 quilómetros de profundidade originou as ondas de choque que se propagaram pelo Nepal, Índia, China e Bangladesh, destruindo milhares de vidas, casas e monumentos. De alguma forma, esta era uma catástrofe mais do que anunciada: os registos históricos indicam que o período de retorno de um sismo de magnitude 8 na região é de cerca de 75 anos, segundo a National Society for Earthquake Technology do Nepal - o último tinha sido em 1934.
De acordo com a Geohazards International, uma organização não-lucrativa de prevenção contra desastres naturais, é 60 vezes mais provável um habitante de Katmandu morrer num sismo de que um habitante de Tóquio. Por um lado, porque é que uma zona de actividade sísmica intensa, por outro, porque não existe o devido planeamento e prevenção, argumentam.
A explicação para esta regularidade encontra-se na localização: estes sismos são gerados pela convergência da placa Indiana com Eurasiática, que entraram em colisão há 40 ou 50 milhões de anos. É nesta zona, numa fronteira difusa que em certos locais corre ao longo da fronteira sul do Nepal, que a placa do subcontinente indiano mergulha sobre a Eurasiática, a um ritmo de quase cinco centímetros por ano, explica o Instituto Norte-Americano de Geofísica (USGS), causando o levantamento dos Himalaias, que continuam a crescer.
A convergência das placas gera tensão e energia que é libertada nestes sismos poderosos. No entanto, o USGS nota que há registo de apenas quatro eventos de magnitude seis ou maior no último século: o maior, de magnitude 8, ocorreu em 1934, causando a morte a mais de 10 mil pessoas.

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Certa cambada missionária, Chusma de Cristo, aproveitou a deixa para fazer a sua propaganda de conversão, como aqui se pode ler http://shankhnaad.net/heritage/subversion/item/241-how-the-nepal-earth - grupos e grupos de cristãos evangélicos sugerem que se o país fosse cristão não teria agora sofrido o que sofreu, adiantando por outro lado que esta é uma boa oportunidade para que os Nepaleses aceitem a palavra do Judeu Morto como verdadeira e única...
Houve até um pastor evangélico, nos EUA, que teve o despudor de dizer que está a rezar para que nenhum templo pagão destruído pelo terramoto seja reconstruído...

Entretanto os hindus e budistas lidam com o sucedido como podem, não havendo, de resto, uma só interpretação entre eles para a desgraça que sobre eles se abateu: uns falam em carma - retribuição por acções humanas - outros referem textos hindus que atribuem um carácter fortuito a certas desgraças, ou seja, pura e simplesmente acontecem, sem relação necessária com carma algum. Pode ler-se mais sobre o tema aqui: http://edition.cnn.com/2015/04/26/world/nepal-earthquake-buddhists-hindus/

NO BRASIL - DELINQUENTES NEGROS ASSALTAM AUTOCARROS E SÓ ROUBAM A BRANCOS

Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/01/10/interna_gerais,606602/bandidos-assaltam-onibus-e-escolhem-vitimas-pela-cor-da-pele-em-bh.shtml
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Três assaltantes que atacam passageiros de ônibus na Avenida Nossa Senhora do Carmo, na Região Centro-Sul de BH, escolhem as vítimas pela cor da pele. Na hora do assalto, não levam nada de quem é negro ou pardo, alegando que são “trabalhadores”, mas roubam telemóveis e outros objectos de valor de quem não se enquadra nesse perfil. A denúncia é de vítimas que tiveram pertences levados e que acusaram a preferência à polícia e também fizeram apelos nas redes sociais. Até um abaixo-assinado virtual foi criado para que um ponto de ônibus em frente ao aglomerado Morro do Papagaio seja desactivado. Somente nos sete primeiros dias deste ano, foram quatro ocorrências de roubo, admite o comandante do 22º Batalhão da PM, responsável pela área, tenente-coronel Eucles Figueiredo. Segundo o militar, operações preventivas são feitas no local.
Por volta das 7h30 de quarta-feira, uma das vítimas foi a analista de comércio exterior Maylin Santana Carvalho de Souza, de 27 anos, passageira da linha 2104 (Nova Gameleira/Milton Campos). No dia anterior, às 18h30, três ladrões com as mesmas características e modo de agir invadiram também um ônibus da linha 5106, no mesmo local. Três mulheres, de 24, 28 e 30 anos, e dois homens, de 21 e 23, tiveram telemóveis, dinheiro, bolsas e documentos levados. Outras vítimas não quiseram aguardar a chegada da PM e foram embora sem registar queixa. Os assaltantes fogem sempre a pé, em direcção ao Morro do Papagaio, no Bairro Santa Lúcia, próximo ao trevo de acesso ao Bairro Belvedere, onde havia um Posto de Observação da Polícia Militar, que foi desativado.
Maylin conta que, na manhã de quarta-feira, estava a caminho do trabalho, com mais de 50 pessoas no ônibus. Segundo ela, os ladrões embarcaram no Centro de BH. “Três rapazes, todos negros, entraram e ficaram observando os passageiros. Na Nossa Senhora do Carmo, cada um deles sacou um revólver e, juntos, anunciaram o assalto. Um deles encostou a arma ao meu rosto e falou: ‘Passa o seu telemóvel, que já vi que você tem um’. Um rapaz negro foi entregar o telefone dele e o ladrão não aceitou e disse: ‘Você, não, neguinho. Você é trabalhador’”, relata. “O motorista e o cobrador do ônibus também foram rendidos, mas, como eram negros, os ladrões não levaram nada deles”, completou. De acordo com ela, passageiros das linhas 8106, 5106 e 8001 também são assaltados na região. “O local é um prato cheio para os ladrões”, disse a vítima.

ABAIXO-ASSINADO Já passageiros da linha do Move 5105 criaram na internet um abaixo-assinado para que a câmara municipal desactive o ponto de embarque e desembarque na entrada do aglomerado, “por causa do grande índice de assaltos ocorridos no local, que é utilizado como ponto de fuga dos assaltantes após acções de furto e roubo a mão armada dentro do colectivo”, diz o documento.
O tenente-coronel Eucles informou que o posto de observação foi desactivado porque a PM não mais adopta pontos estáticos de trabalho e que agora o policiamento é rotativo. “Nas últimas duas semanas, houve alguns episódios no local e estamos acompanhando e fazendo operações. Em Outubro do ano passado, prendemos quatro marginais que actuavam na área. Os casos voltaram justamente depois do indulto de Natal e estamos desenvolvendo operações específicas de prevenção”, disse o comandante.

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Quem diria que no paraíso multirracial que é o Brasil se havia de dar um caso destes...


TREINADOR EXPULSO POR CHAMAR «PRETO» A UM JOGADOR CHAMADO PRETO

Agradecimentos ao camarada PS e a quem aqui trouxe esta notícia: http://www.dn.pt/desporto/interior.aspx?content_id=4537877&page=-1
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"Junta-te ao Preto e fica". Foi esta a ordem que valeu a Juvenal Brandão a ordem de expulsão por racismo. O insólito é que o jogador se chama mesmo Preto.
O árbitro do Valadares - Aliados de Lordelo, disputado no sábado passado, não tolera atitudes ou insultos racistas. Por isso, quando ouviu o treinador do Lordelo chamar um jogador por Preto expulsou-o de imediato.
O insólito é que o jogador do Lordelo, o clube do treinador, se chama mesmo Preto e não houve da parte de Juvenal Brandão qualquer comentário depreciativo em relação à cor da pele de alguém.
"Tinha acabado de lançar um jogador que não está rotinado na posição. Ele é central e tive de o colocar a lateral direito. Em vez de defender, estava a subir e eu, no banco, gritei 'Hugo, não subas, junta-te ao Preto e fica'", contou ao Jornal de Notícias de hoje o treinador Juvenal Brandão, que, segundo explicou, no início nem percebeu o que estava a acontecer.
Só quando o assistente o avisou de que o que tinha dito era racismo é que o treinador do Lordelo compreendeu o que estava em causa e que estava no centro de um enorme equívoco: "o avançado do Valadares, o René, é de raça negra".
Juvenal Brandão ainda tentou explicar a situação, mas em vão: o árbitro João Martins expulsou-o.
Agora, tem esperança que, perante a exposição que o clube vai fazer, o Conselho de Disciplina da Associação de Futebol do Porto o despenalize.

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Histeria antirra é isto mesmo - a Boa e Sã Doutrina da Santa Madre Igreja Anti-Racista e Multiculturalista dos Últimos Dias do Ocidente tem não apenas clérigos mas também diáconos, sempre atentos e prontos para reprimir quem diga palavras proibidas...

Até pode ser que o referido jogador Preto tenha de mudar o seu apelido para Totalmente Descolorido...

AQUI AO LADO - ENSINO DO ISLÃO NA INSTRUÇÃO PRIMÁRIA

Fonte: https://jaime48.wordpress.com/2015/04/27/el-gobierno-espanol-implanta-la-religion-islamica-en-educacion-primaria/
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El Boletín Oficial del Estado daba a conocer el pasado jueves la Resolución de 26 de noviembre de 2014, de la Dirección General de Evaluación y Formación Profesional, por la que se publica el currículo del área Enseñanza Religión Islámica de la Educación Primaria. El texto del Gobierno, redactado por la Comisión Islámica de España, prescribe los contenidos básicos de la asignatura. Uno, el conocimiento de Al-lah (Dios), Único, Eterno e Incomparable. Dos, la Revelación: El Corán, libro sagrado de Dios, Tres, el Profeta: vida, obra y ejemplo a seguir. Añade el texto gubernamental que se trata de “trabajar la fe islámica desde sus fuentes básicas, el Corán junto con su práctica llevada por el profeta Muhammad (P.B.) como receptor y modelo de la revelación de Dios, apreciar la importancia de la creación divina, conociendo la sucesión de los mensajes divinos”. Esa abreviatura, P.B., significa “paz y bendiciones” y es el saludo específico que ha de tributarse a Mahoma cada vez que se le cita.

Un texto confesional
La lectura de la disposición gubernamental sorprende por su confesionalidad, ciertamente inusual en un texto administrativo. Por ejemplo, cuando habla de“conocer y arraigar la fe en Al-lah, Creador del Universo, de todos los seres vivos y Único Dios adorado” o “conocer a Muhammad (P.B.), profeta de Dios y el último de los mensajeros, así como valorar la importancia de sus dichos y hechos como modelo a seguir”. Ocurre que el currículo de la asignatura no ha sido redactado por el Ministerio de José Ignacio Wert, sino que se limita a transcribir la propuesta de la Comisión Islámica de España. Una vieja ley del año 1992 “garantiza a los alumnos musulmanes, a sus padres y a los órganos escolares de gobierno que soliciten, el ejercicio del derecho de los primeros a recibir Enseñanza Religiosa Islámica en los centros docentes públicos y privados concertados, siempre que, en cuanto a estos últimos, el ejercicio de aquel derecho no entre en contradicción con el carácter propio del centro”. Más adelante, en 2006, en tiempos de Zapatero, cuando la religión católica se puso al nivel de cualesquiera otras confesiones, se decidió que “la determinación del currículo y de los estándares de aprendizaje evaluables que permitan la comprobación del logro de los objetivos y adquisición de las competencias correspondientes a la asignatura Religión será competencia de las respectivas autoridades religiosas. Las decisiones sobre utilización de libros de texto y materiales didácticos y, en su caso, la supervisión y aprobación de los mismos corresponden a las autoridades religiosas respectivas, de conformidad con lo establecido en los Acuerdos suscritos con el Estado español”.
Fuentes oficiosas del Ministerio de Educación explican a gaceta.es que el objetivo del currículo de Religión Islámica es controlar las enseñanzas que la comunidad islámica imparte a sus miembros, un propósito que comparte la propia Comisión Islámica de España. No se dice, pero se sobreentiende que unos y otros andan preocupados por la proliferación de predicadores fundamentalistas al margen de los canales oficiales. El propio texto gubernamental viene a reconocerlo cuando explica que “el reto que se le presenta en la actualidad al área de Religión Islámica (…) es que los niños y niñas traen noticas al aula, acuden con informaciones, saben y se comportan siguiendo valores y normas entendiendo ellos que conforman su idea de Islam; debido en gran parte a la información y difusión que conocen a través de los medios, el seno familiar, el grupo de iguales y el propio entorno sobre su religión. Ahora bien, estos saberes con los que llegan no siempre son correctos, son preconceptos, prejuicios, concepciones erróneas, conocimientos distorsionados e imprecisos, compartidos entre ellos y con una fuerte carga emotiva”.

Cuadratura del círculo
Frente a esos “prejuicios”, el currículo de Religión Islámica prescribe “la indagación, iniciativa personal, búsqueda de información, la moderación en el culto, el consenso, la consulta, la interpretación correcta de textos, la crítica, el correcto tratamiento y la utilización de las Tecnologías de la Información y la Comunicación, relativas al Islam”. Su objetivo es “construir en el alumnado, progresivamente, tanto la identidad propia y afín a sus creencias, a la vez respetuosa con la diferencia”. En suma: compatibilizar la ortodoxia musulmana con la convivencia en una sociedad democrática.
El resultado es un currículo que mantiene la ortodoxia religiosa pero la trufa de consideraciones sociológicas modernas. Así, por ejemplo, se mantiene el exclusivismo tradicional del islam: “conocer y arraigar la fe en Al-lah, Creador del Universo, de todos los seres vivos y Único Dios adorado”, “reconocer el Corán como palabra de Dios revelada al Profeta Muhammad”, “leer, recitar y memorizar diferentes fragmentos del Corán, profundizar en su estudio para comprender mejor su significado, lenguaje y, en último término, la palabra de Dios”, “reconocer la importancia de los profetas, la sucesión de sus mensajes sagrados, de sus enseñanzas, la hermandad entre todos ellos y sus aportaciones al Islam”, “conocer a Muhammad (P.B.), profeta de Dios y el último de los mensajeros, así como valorar la importancia de sus dichos y hechos como modelo a seguir”, “descubrir los valores básicos del Islam y ponerlos como guía de los comportamientos individuales y sociales”, etc. Pero, al mismo tiempo, se indican orientaciones de carácter tolerante: “valorar y apreciar la importancia de la Creación y reconocer en el mundo natural la acción y atributos de Dios”, “apreciar el valor de la vida humana como don de Dios y derecho a su existencia”, “utilizar los valores y actitudes del Islam como medio de acercamiento a las distintas culturas, religiones y sociedades, resolver los conflictos de forma pacífica y lograr una mejor convivencia”, “conocer las aportaciones de hombres y mujeres, valorándolas por igual, para un desarrollo efectivo y común de ambos”, “fomentar actitudes de igualdad y participación, valores y normas, dirigidas a la no discriminación y la no violencia en todas sus manifestaciones”… Un buen ejemplo de esta cuadratura del círculo es el punto 14 de las indicaciones generales del currículo, que por un lado prescribe “acercar a los niños y niñas a la jurisprudencia islámica” y simultáneamente propone “desarrollar el uso de la libertad religiosa”.
Significativamente, el currículo aportado por la Comisión Islámica y oficializado por el Gobierno habla de tolerancia, diálogo interreligioso, respeto a los cristianos, igualdad de género y educación para la paz, pero no dice una palabra sobre el carácter aconfesional del Estado y, al contrario, mantiene la noción de “nación islámica”. Asimismo, reivindica la huella histórica del islam en España, extinguida hace casi medio milenio, como parte de la identidad de los musulmanes contemporáneos.
Según datos de la propia comunidad islámica, fechados a finales de 2013, en el territorio español viven 1.703.529 musulmanes, la mayoría de los cuales posee nacionalidad marroquí (783.137 personas). El segundo grupo lo componen españoles conversos o inmigrantes que han adquirido la nacionalidad española. Después, y por este orden, pakistaníes –afincados fundamentalmente en Cataluña-, senegaleses y argelinos. La comunidad con mayor presencia musulmana es Cataluña: 448.879, por delante de Andalucía con 266.421 personas y de Madrid con 249.643. En conjunto, los musulmanes representan el 3 por ciento de la población en España; de ellos, el 30 por ciento posee la nacionalidad española.

GENERAIS AMERICANOS AVISAM SOBRE A AMEAÇA QUE O ESTADO ISLÂMICO REPRESENTA

Fonte: http://observador.pt/2015/04/27/generais-americanos-avisam-tenham-medo-do-estado-islamico/   (Artigo originariamente redigido sob o acordo ortográfico de 1990 mas corrigido aqui à luz da ortografia portuguesa)
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Num texto publicado na CNN, dois reputados generais norte-americanos, já reformados, e um conselheiro para o terrorismo, vincaram as suas preocupações e reticências quanto ao método da Casa Branca para travar o avanço do Estado Islâmico. Michael T. Flynn, James E. Livingston e Michael S. Smith, fundadores da Kronos Advisory, uma empresa para aconselhamento estratégico, consideram uma “ironia trágica” que as políticas de um Nobel da Paz — Barack Obama, presidente norte-americano — tenham transformado a Síria no novo palco da jihad. Mais: essas políticas, segundo os autores do texto, tornaram a Líbia num Estado falhado, o que acontecerá também com o Iémen.
O texto acusa ainda Barack Obama de ser “ingénuo”, com o “perigoso hábito” de ver o mundo como gostaria que fosse e não como realmente é. O número de vítimas, que aumenta todos os dias, é, dizem, fruto da lentidão de uma resposta da Casa Branca e lembram: “Nem os Estados Unidos nem outros aliados do Ocidente estão imunes a este cancro”.
O texto começa com um directo e sombrio “Tenham medo, tenham muito medo”. No parágrafo seguinte chega a motivação desta carta. “Os resultados dos esforços inovadores da Casa Branca em fazer do mundo um lugar melhor podem ser contabilizados pelo número crescente de vítimas do Islão radical no Médio Oriente, norte de África e sul da Ásia. Para não mencionar aqui nos Estados Unidos, Canadá e Europa.”
Depois surge o entendimento que têm do Médio Oriente e da evolução do mesmo no pós-Primavera Árabe. “A jihad síria ergueu o Estado Islâmico no Iraque e Síria, que agora usa a Síria como base de apoio para apoiar a sua jihad no Iraque, que poderá brevemente espalhar-se para a Jordânia”, explicam. E acrescentam: “Mais, a Líbia é agora usada como base de apoio do EI e outros elementos jihadistas globais que desejam redesenhar o mapa do Médio Oriente, assim como planear ataques na Europa e América do Norte.”
O cenário actual, asseguram, é responsabilidade da ausência de uma resposta assertiva. “Dada a lentidão assustadora do presidente da América em permitir que o exército e os serviços secretos tomem medidas contra o Estado Islâmico e o seu progenitor, al-Qaeda, o cenário é claro: a contagem de corpos continuará a crescer.”
Os três fundadores da Kronos Advisory alertam que a morte de Osama bin Laden, e “ao contrário do que a Casa Branca parecia pensar em 2011″, não eliminou todas as nuvens e ameaças que pairam sobre o mundo Ocidental.

“Irá Obama tomar as decisões difíceis?”. É assim o último subtítulo de um longo texto que visa atrair a atenção para os perigos do avanço do Estado Islâmico e do fundamentalismo islâmico. “A História mostrou os perigos que milhões correm se os nossos líderes não enfrentam uma ameaça iminente chamando-a pelo que é e colocando todo os esforços em marcha para destruí-la.” Por último, estes três senhores aconselham Obama a não esperar que os parceiros árabes façam o trabalho mais difícil.

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É de salientar o que o texto original diz sobre a morte de bin Laden - não só não eliminou o terrorismo islâmico como nem sequer o diminuiu. E a percentagem de grupos salafistas (islamistas radicais) aumentou cinquenta e oito por cento de 2010 a 2013. 
O texto original diz também que o fim das limitações à liberdade de expressão religiosa que a chamada Primavera Árabe trouxe fizeram com que vários Estados - Egipto, Tunísia, Líbia - se tornassem em território fértil para o recrutamento jihadista.
Mas onde o artigo em Português - acima transcrito - apresenta a maior lacuna é no esquecimento de uma referência crucial no texto original, mencionada mais de uma vez: o grande inimigo, que Obama não se atreve a designar como tal, é o Islão radical. Os autores escrevem o seguinte: «Os académicos que têm de dizer alguma coisa nova ou diferente para captar interesse para o seu trabalho podem descrever as agendas do Estado Islâmico e da Al-caida como distintas. Mas o facto é que o não são - as suas agendas, que constituem as maiores ameaças ao ambiente da segurança global hoje em dia, são manifestações do Islão radical.»





DISCURSO DE PAULO MORAIS EVIDENCIA A NECESSIDADE DE DEMOCRATIZAR O PAÍS


Inequivocamente o melhor candidato à presidência da República até agora.

terça-feira, abril 28, 2015

NA SUÍÇA - CARTA ABERTA SOBRE O ISLÃO À COMISSÃO FEDERAL CONTRA O RACISMO

Comissão Federal Contra o Racismo
Martine Brunschwig Graf
Inselgasse 1
CH-3003 Berne

Lucerna, 16 de Abril 2015

Denuncia dos muçulmanos praticantes da Suíça
Invocação do art. 261bis CP contra a oração obrigatória

Senhora,

Desejo expor à sua atenção uma denúncia por “incitação à discriminação e o ódio contra grupos de pessoas em razão da sua pertença religiosa”, que passo a entregar neste momento às autoridades dos cantões de Genebra, Vaud, Valais e Friburgo, contra os muçulmanos praticantes da Suíça.

Este é o texto da denúncia:

17 vezes ao dia, os muçulmanos praticantes, ao recitar a parte obrigatória da sua oração, recordam que os Judeus merecem a cólera de Deus e que os cristãos estão extraviados. Trata-se do versículo 7 do primeiro sura do Alcorão, cuja recitação deve fazer-se com cada genuflexão, num total de 17 vezes durante as cinco orações diárias.

Adjunto um livrito («A Fatiha e a cultura do ódio», Sami Aldeeb), que, rogo, considere como parte integrante da presente denúncia, que reúne 87 exegeses do versículo em questão (em Árabe e em Francês, com indicação das fontes) e do qual se desprende claramente o sentido consensual desta oração, desde há mais de 1000 anos. Todos os imãs devem saber isso, já que essas exegeses são parte da sua formação.

Portanto desejo denunciar os responsáveis das organizações muçulmanas e das mesquitas que contribuem com as suas actividades e a sua comunicação a disseminar esta prática ilícita e prejudicial para a convivência no nosso país.

Esta é uma lista, não exaustiva, das organizações cujos dirigentes e membros incorrem no delito, no cantão de Berna, dos actos descritos no artigo 261bis do Código Penal suíço:

Islamisches Zentrum Bern
Lindenrain 2
3012 Bern
www.izb.ch

Muslimischer Verein
Europaplatz
3008 Bern
www.muslimischer-verein.ch

Islamische Gemeinschaft Ikre
Morgenstrasse 148
3018 Bern
ikre-bern.ch

Frauenzentrum Dar An-Nur
Sulgenrain 27
3007 Bern
www.dar-an-nur.ch

Masjid-ul-Qghair
Wylerringstrasse 36
3014 Bern

Dar As-Salam
Sulgenrain 27
3007 Bern

Islamischer Zentralrat Schweiz (IZRS)
Postfach 695
3000 Bern 9
www.izrs.ch

Xhamia e Langenthalit
Islamische Glaubensgemeinschaft IGGL
Bützbergstr. 101a
4900 Langenthal

Türkischer Islamischer Verein
Oberdorfstrasse 2
3072 Ostermundigen

Türkisch-Islamischer Kulturverein Bern u. Umgebung
Dammweg 21
3053 Münchenbuchsee

Schweizerische Islamische Glaubensgemeinschaft
Aeschistrasse 13
3362 Niederönz

Schweizerische Islamische Glaubensgemeinschaft
Zentralstrasse 63a
2502 Biel

Pakistani Islamic Center
Bözingenstrasse 47
2503 Biel

Koordination Islamischer Organisationen der Schweiz
c/o Dr. F.Afshar Kappelenring 44c
3032 Hinterkappelen

Islamisches Kulturzentrum
Gysnauweg 11
3400 Burgdorf

Centre Islamique de Bienne
Zukunftsstrasse 49
2503 Biel/Bienne

Tenho que aclarar que não condeno a presença desse versículo no Alcorão: para mim trata-se simplesmente de um livro antigo que não faz mais do que reportar crenças que não são ou não deveriam ser actuais.

Tampouco ataco a crença segundo a qual os Judeus seriam objecto da cólera divina e os cristãos uns extraviados. Todos devem ser livres de ter as suas opiniões, inclusivamente as mais contestáveis, penso eu.

Denuncio aqui uma acção, que consiste em repetir ou incitar a repetir, diariamente, afirmações que pelo seu conteúdo e seu sentido consensual, confirmado pelo conteúdo do Alcorão e relatos unívocos atribuídos a Mafoma, incitam os muçulmanos praticantes a discriminar e odiar pessoas em função da sua simples pertença a uma religião.

Provavelmente é pouco seguro que este assunto tenha sequência, mas o efeito da informação pode levar uma tomada de consciência saudável. Penso que se a população suíça for advertida dos perigos da prática usual do culto muçulmano, de seu conteúdo discriminatório milenário, algumas soluções podem ser encontradas antes que o ódio se materialize, como ocorre em tantos lugares hoje em dia.

As acções ante a Justiça parecem-me ser um bom meio de assentar a legitimidade desta preocupação, de expor os factos e de suscitar uma reflexão madura sobre este tema. Mas também implicam aspectos menos positivos. Sentir-me-ia muito feliz ver atentar em cartas sobre este assunto, para dar-lhes uma difusão mais diferenciada que o carácter polarizante que o meu trâmite lhe confere.

Na esperança de que atenda este assunto com benevolência, rogo-lhe que aceite a expressão dos meus melhores sentimentos.

Alain Jean-Mairet

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Fonte: http://www.minutodigital.com/2015/04/22/denuncian-a-los-musulmanes-practicantes-ante-la-comision-federal-contra-el-racismo-cfr/

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Como bem se salienta no antepenúltimo parágrafo, trata-se apenas de uma denúncia simbólica, para fazer pensar. Aplica-se-se às mesquitas o mesmo tipo de política que a lei costuma aplicar aos «racistas» brancos e o mais provável é que a esmagadora maioria, senão mesmo a totalidade, ao que parece, dos templos muçulmanos em solo europeu seria encerrada...




GREVE DOS TRABALHADORES DA EFACEC ALCANÇA RESULTADOS POSITIVOS PARA OS TRABALHADORES

Após um prolongado braço de ferro entre a administração e os trabalhadores da EFACEC, os trabalhadores, após plenário, decidiram aceitar um aumento de 55€ (para os salários mais baixos) e recuperação de direitos que lhes tinham sido subtraídos.
(...) Os aumentos de 55€ vão ser atribuídos aos que recebem até 800€ (a maioria dos trabalhadores). Quem recebe até 1010 euros fica com um aumento de 50 € e a partir dos 1010 euros o aumento é de 25€. O tempo dado pela empresa para consultas médicas e assistência ao agregado familiar voltou ao que era e no caso de doença, podem faltar até 3 dias, sem necessitar de recorrer a baixa médica. Recuperaram também a possibilidade a poder fazer pontes, dando estas horas à empresa ao longo do ano.
No quadro de apenas contarem com as suas forças e de não existir mobilização contra a austeridade e o governo que fortalecesse a sua luta, os trabalhadores não alcançaram o aumento de 80€ que reivindicavam. Ainda assim, a recuperação de direitos importantes a juntar ao aumento conseguido são uma vitória para os trabalhadores.
A administração comprometeu-se também a rever a situação contratual de alguns trabalhadores que há vários anos desempenham funções diferentes das que estão previstas no contrato, e por isso, recebem menos do que deveriam.
Recordemos que, nos primeiros dias de greve, a administração considerava “injustificada” a indignação dos trabalhadores e recusava-se a dialogar. Só a participação activa, persistente e determinada de um grande número de trabalhadores, concentrados à porta da fábrica, permitiu este desfecho.
Ao longo da greve a eficiência do piquete foi aumentando, a administração tentou que a polícia resolvesse este problema, mas também ela se viu impotente perante a unidade dos trabalhadores. Perante as denúncias dos valores da frota automóvel, dos aumentos aos administradores, das regalias e privilégios destes, a administração foi obrigada a dialogar e a aceitar os aumentos salariais.
Da parte dos trabalhadores, além das conquistas, houve outras duas vitórias. Uma, foi a unidade para lutar, superando a divisão que reina na maioria das empresas do país, essa unidade foi garantida pela democracia nas decisões e pelos combativos piquetes de greve. Outra, foi o ganho de confiança em si mesmos, sabendo que não podem ficar à espera e que são eles quem estão na ofensiva agora, por exemplo para reivindicar o fim dos privilégios dos administradores.
(...) Esta luta deve abrir novos horizontes para os trabalhadores de outras fábricas do país, onde os salários são baixos e a precariedade floresce.
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Fonte: http://mas.org.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1065%3Agreve-dos-trabalhadores-na-efacec-sai-vitoriosa&catid=103%3Atrabalhadores&Itemid=543

ATAQUE ISLAMISTA NA BÓSNIA FAZ UMA VÍTIMA MORTAL

Fonte: http://pt.euronews.com/2015/04/28/bosnia-islamita-mata-um-policia/   -   Página com vídeo incorporado
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Um homem gritando “Allahu Akbar” atacou uma esquadra da polícia no Leste da Bósnia matando um agente e ferindo dois. Trata-se do primeiro ataque deste tipo na República da Sérvia onde a maioria dos muçulmanos bósnios pratica uma forma moderada do Islão, mas alguns têm abraçado a ideologia radical da seita Wahhabi Sunni.

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É que até mesmo onde não havia tradição nenhuma de radicalismo, até mesmo aí o Islão acaba por motivar actos homicidas, isto é com cada coincidência que fachavor...


SOBRE OS SALÁRIOS EM PORTUGAL E A REDUÇÃO QUE SE LHES QUER IMPOR (AOS SALÁRIOS BAIXOS, BEM ENTENDIDO...)

Na última década temos vindo a ficar para trás em relação aos nossos “parceiros” europeus em termos de ordenados. Mas mesmo assim o desemprego não diminuiu e a competitividade não aumentou.
Em tempos desdenhámos dos países do Leste europeu, que haviam recentemente fugido ao jugo do totalitarismo soviético mas continuavam a contar com uma mão-de-obra semi-escravizada.
Depois, as nossas fábricas começaram a fugir para lá da ex-cortina de ferro, e o desdém foi desmaiando. Hoje, os salários dos trabalhadores do Leste já ombreiam com os nossos.
A comparação com os outros países ocidentais tampouco nos é favorável: enquanto as outras nações europeias foram continuando o seu processo evolutivo, Portugal ficou à beira da estrada durante a última década, a vê-los passar.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, parece pensar que Portugal deveria, à semelhança dos russos pós-perestroika, competir no mercado global por via da mão-de-obra barata. É o que se deduz das suas declarações públicas do passado dia 9, segundo as quais o nosso País deveria reduzir ainda mais o custo do trabalho para as empresas. Mas somos mesmo assim tão caros?

Trabalho em saldos
Segundo o Eurostat, em 2004 os custos da mão-de-obra na Polónia, ainda em fase de transição para uma economia de mercado, eram de 4,8 euros em média. Na República Checa, eram de 5,8 e na Eslováquia 4,1. Em comparação, cada hora de trabalho médio de um português custava 11,3 euros – uma diferença significativa.
Contudo, se compararmos Portugal com os nossos parceiros europeus mais ricos, o resultado começa a ganhar mais foco. O trabalho de um norueguês custa cinco vezes mais do que o de um português (54 euros), e o de um holandês “apenas” três vezes mais (34 euros), bem como de um belga, que custa 4 vezes mais (39,1 euros), ou de um dinamarquês (40,3 euros).
Entre os países europeus, Portugal já tem dos custos de trabalho mais baixos, estando nós bastante abaixo da média europeia de 24,6 euros, e especialmente da média europeia dos países há mais tempo na União, que é de 29 euros.
Ou seja: afinal, os custos elevados da mão-de-obra são um pequeno mito. Mas a opinião pública portuguesa, como sempre inexplicavelmente adepta do “social-derrotismo”, parece aceitar calmamente esta ideia.

Eles avançam, nós ficamos
Enquanto que por terras lusitanas se sonhava com “amanhãs socialistas” nos anos de Guterres e de Sócrates, os polacos e os checos estavam a trabalhar. Ao mesmo tempo em que Portugal pouco ou nada produzia, as fábricas de Leste expeliam porta fora milhões de escudos, e depois euros, de produtos. Alguns certamente de baixa qualidade, com custos de mão-de-obra baixos, mas muitos outros de elevada exigência técnica e qualidade de fabrico, como os automóveis da marca “Skoda” (Portugal é o único país da União Europeia Ocidental sem uma marca automóvel própria), bem como lentes de elevada qualidade que hoje equipam máquinas fotográficas e telemóveis de todo o mundo, e maquinaria pesada.
Adicionalmente, enquanto Portugal ignorava a sua agricultura, os habitantes de Leste desenvolveram-na, usando habilmente os mesmos subsídios e fundos europeus que nós esbanjámos, e os seus produtos agrícolas entraram pelas nossas fronteiras adentro.
O resultado está à vista: nós estagnamos, eles evoluíram a todo o vapor.
Em apenas dez anos, a diferença de custo de mão-de-obra entre um português e um polaco diminuiu drasticamente, para apenas 4,7 euros por hora. E a paridade de ordenados líquidos deve estar prestes a acontecer, visto que entre 2013 e 2014 o valor por hora do trabalho polaco subiu 3,8%, enquanto que em Portugal caiu 0,8%.
Mais: este valor tem em conta o custo das taxas sobre o trabalho, que são elevadíssimas em Portugal. Embora a mão-de-obra portuguesa custe hoje 13 euros por hora, 20% desse valor, segundo o Eurostat, vão logo para a Segurança Social e encargos afins. Descontando depois o valor dos impostos, taxas e dízimas sobre os parcos rendimentos dos contribuintes, o trabalhador português apenas leva para casa menos de metade daquilo que “custou”…
No caso de alguns países de Leste, o aumento dos custos é veloz. Os eslovenos já nos superaram em ordenados, e os eslovacos viram o custo do aumentar 5,5% entre 2013 e 2014, mas a carga fiscal não é tão elevada, logo o trabalhador leva mais do seu ordenado para casa.
Mesmo assim, segundo a lógica dos “ordenados mais baratos”, por esta altura deveríamos começar ver o desemprego no Leste a subir, enquanto que em Portugal deveria começar a descer. Mas não…

Desemprego soma e segue
O desemprego voltou a subir em Portugal, estando já novamente acima dos 14%. Se tivermos em conta o número de desempregados que já perdeu o direito ao subsídio de desemprego, bem como os famigerados “estágios” (muitos não remunerados), esse número deve ser muito mais elevado.
De facto, o fim de muitos dos estágios é considerado uma das causas para o aumento do desemprego. Esses estágios foram teoricamente criados para integrar trabalhadores na máquina empresarial, mas muitos patrões simplesmente usaram o financiamento do Estado para obterem mão-de-obra barata e para substituir postos de trabalho remunerados. No final, o estagiário volta à estaca zero, e o empresário manda vir outra pessoa, paga pelo Estado. Uma ode ao chico-espertismo.
A escala do abuso não pode ser neste momento verificada com certeza absoluta, mas se o leitor visitar um “site” de anúncios de emprego, o que não vai faltar é algo similar à tristemente célebre frase “candidato precisa de ser elegível para estágio do IEFP” (Instituto do Emprego e Formação Profissional).
Em defesa do IEFP, diga-se que é das poucas organizações a nível do Estado a tentar fazer algo para combater o desemprego, oferecendo formação, uma plataforma de empregos e várias parcerias com grupos empresariais. Mas os seus esforços “batem na trave” devido a uma economia muito fragilizada pela crise económica e por anos de más políticas.
O desemprego também atingiu os restantes países europeus, mas a uma escala muito menor do que em Portugal (se não contarmos com Espanha e Grécia). Curiosamente, mesmo nos países com custos elevados de mão-de-obra, o desemprego é menor e mantém-se competitivo. Na Bélgica o desemprego é de apenas 8,5%, na Alemanha 4,8%, na Áustria 5,3%, na Dinamarca 6,2% e na Noruega 3,9%. Estes são alguns dos países com salários mais elevados do mundo.
E não podemos deixar de falar, claro, da maior economia nacional do planeta: nos Estados Unidos, o desemprego diminuiu para 5,5, após se ter situado nos 6,7 no mesmo período homólogo. O Reino Unido, cujo governo conservador-liberal foi tão vilipendiado pelas elites europeias, já está perto do pleno emprego.
Aliás, em quase toda a Europa o desemprego está em queda. Portugal continua a ser uma das raras excepções.

Problemas estruturais
Da esquerda à direita, especialmente em períodos eleitorais, as verdades não são ditas, e os portugueses vão sendo mal habituados. Pelos vistos, só ouvimos as verdades duras quando temos o FMI à porta. Neste momento temos três escolhas, e todas são más: a austeridade ao estilo germânico de redução da qualidade de vida dos portugueses (e respectiva dignidade) até se conseguir vender o trabalho ao valor mais baixo possível; o esbanjamento dos parcos recursos que ainda temos numa tentativa desajustada de se criar postos de trabalho, teoria económica testada pelas obras megalómanas de Sócrates, e cujo fracasso é evidente; e, por fim, o caminho da esquerda radical, que é auto-destrutivo, como se vê na Grécia.
Consertar os verdadeiros problemas estruturais da Nação já exige competências que, patentemente, os líderes da III República não possuem. Em muitos casos, os patrões de empresas que produzem bens com elevado valor adicional (ou seja, aqueles que nos interessam) não desejam competir pela via dos ordenados baixos, mas exigem transportes eficientes, electricidade barata e impostos razoáveis.
Mas em Portugal subsistem problemas crónicos. Por exemplo, os comboios que são usados para transportar carga, ou seja, aqueles com impacto na economia, não podem circular directamente para a Europa: a bitola portuguesa é diferente da europeia. Os nossos políticos andam há décadas para resolver este problema, mas enquanto os espanhóis modernizavam a sua rede ferroviária, Sócrates só estava preocupado com o TGV. Com esta desvantagem, o custo das exportações sobe 20%, ou mais, o suficiente para impedir que Portugal se torne minimamente competitivo.
Outros problemas existem, como o facto de a nossa população activa com o ensino secundário, segundo o Eurostat, já rondar as mesmas percentagens da Turquia, 32%, tendo apenas aumentado para mais de 40% graças ao truque estatístico das “Novas Oportunidades”. Estamos na cauda da Europa neste índice, e embora os políticos continuem a culpar o Estado Novo, essa desculpa já começa a ficar “cansada” visto que grande parte dos trabalhadores actuais estudou e começou a trabalhar durante a vigência da III República.
O sistema de ensino público, apesar de ter capacidade para produzir grandes fornadas de pessoas altamente qualificadas, falha na formação de quadros médios e profissionais especializados. A formação também é rara, sendo que apenas 44% dos portugueses receberam alguma formação nos últimos cinco anos, e 7% no ano anterior. Portugal é dos países da União Europeia com uma taxa menor de ensino vocacional, que na “república dos doutores” se tornou uma palavra feia, ao ponto de as escolas industriais e comerciais terem sido encerradas pelos governos de esquerda. No centro da Europa, entretanto, não é vergonha, antes pelo contrário, o estatuto de operário especializado, muitas vezes bem remunerado.
Na electricidade, um factor central para muitos negócios, também não somos competitivos: temos dos preços mais elevados da Europa, segundo o Eurostat. Baixar os impostos cobrados sobre o trabalho também seria uma excelente ideia, uma que todos os partidos prometem em campanha eleitoral mas que ainda não vimos posta em acção…
Estes são apenas pequenos exemplos de grandes problemas estruturais que ainda não foram combatidos. Problemas que, no entanto, exigem mais do que uma legislatura para concluir, algo impossível num país com uma classe política tão ineficiente.
O que certamente se poderia baixar é o custo do trabalho dos deputados e dos gestores públicos: a sua produtividade é demasiado baixa para os rendimentos que auferem, logo são muito pouco competitivos. Infelizmente, na “república de terceira” que temos, palavras da novilíngua como “reforma estrutural”, “austeridade” ou “requalificação”, entre outras, são apenas aplicáveis ao comum dos mortais.

Desde que a crise se instalou na Europa, organizações de “grande prestígio” como o FMI ou a OCDE têm falhado nas suas previsões vezes sem conta. No caso português, o FMI ainda não parou de se enganar, tendo os números já “deslizado” além do inicialmente previsto. Christine Lagarde chegou a admitir que “não esperava” que as medidas forçadas pelo FMI tivessem um impacto recessivo tão acentuado. Mesmo assim, continuam a insistir dogmaticamente no trabalho barato, ignorando outros factores.
Estes “adivinhos” só fazem lembrar o famoso livro do Asterix intitulado “O Adivinho”. Nesta obra, o personagem central na discórdia que a aldeia vive é um charlatão que faz previsões como “depois da chuva virá o bom tempo”, e os credíveis aldeões vão na conversa. Outro quadrado digno de memória mostra-nos um adivinho que garante a César nada ter a temer de Brutus. Da próxima vez que o FMI fizer mais uma das suas mirabolantes previsões, tire esta obra-prima da estante, e ria um bocado. Como o laureado com o prémio Nobel John Kenneth Galbraith uma vez disse: “os economistas apenas servem para dar bom nome aos astrólogos”…
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Fonte: http://jornaldiabo.com/economia/portugueses-desemprego-ordenados-baixos/

SEMANÁRIO «O DIABO» DE 27 DE ABRIL DE 2015


RÚSSIA INVESTE MAIS NA GUERRA DA INFORMAÇÃO DO OCIDENTE

Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: http://br.sputniknews.com/mundo/20150427/869181.html#ixzz3YXdVxqwF
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Apesar das críticas do governo da Finlândia em relação aos média russos, a agência de notícias Sputnik anunciou hoje a abertura de mais um site regional, o fi.sputniknews.com, com matérias, artigos e outros materiais em Finlandês, que permitirão aos falantes da língua a possibilidade de comparar diferentes perspectivas.
Com o objectivo de aumentar a disponibilidade de informações que promovam uma visão multipolar do mundo actual, o novo portal juntar-se-á aos inúmeros serviços já existentes da Sputnik, em outros idiomas. Actualmente, a agência mantém websites em Português, Inglês, Francês, Sérvio, Árabe, Hindi, Polaco, Italiano, Checo, Japonês, Vietnamita, Coreano, Farsi, Urdu, Dari, Pachto, Curdo, Sueco, Norueguês, Dinamarquês, Alemão, Espanhol, Chinês, Turco, Quirguiz e Abecásio. 
Entretanto, segundo o departamento de comunicações do governo finlandês, a Rússia, através dos seus órgãos de imprensa, está tentando travar uma verdadeira guerra de informações contra diversos países, incluindo a Finlândia. E, para se proteger desses supostos “ataques” russos, Helsinki decidiu formar um grupo de trabalho, envolvendo autoridades e especialistas de diversas áreas, que irá combater a chamada “propaganda russa”. De acordo com o chefe do departamento, Markku Mantila, a intenção final de Moscovo, com essa disseminação de “citações selectivas” de políticos finlandeses e outras estratégias mediáticas, é a de enfraquecer a União Europeia, da qual o seu país faz parte. 
Como parte da imprensa russa, a agência Sputnik vem tentando aumentar a sua presença ao redor do globo, oferecendo informações que, muitas vezes, não são disponibilizadas por outras organizações internacionais e locais. Dentro da própria Rússia, a população tem acesso a conteúdos produzidos por diferentes grupos, nacionais e estrangeiros, que, muitas vezes, reproduzem opiniões opostas sobre uma série de temas de grande interesse. Enquanto isso, em outros lugares, a divulgação de informações que divergem da orientação ocidental é vista, com frequência, como mera "propaganda". 
Além da Finlândia, outros países já demonstraram grande preocupação com as notícias provenientes de órgãos de média da Rússia. Recentemente, a agência governamental norte-americana conhecida como Broadcasting Board of Governors pediu a Washington a canalização de um fundo extra no valor de US$ 15,4 milhões para expandir a produção de conteúdos mediáticos em língua russa, ao mesmo tempo em que, a nível de comparação, o governo dos EUA destina apenas cerca de US$ 6 milhões para a campanha de combate aos terroristas do Estado Islâmico na Síria e no Iraque. 

segunda-feira, abril 27, 2015

CONSELHO NACIONAL DO PNR EM 25 DE ABRIL DE 2015


No passado Sábado, dia 25 de Abril, enquanto os grandes culpados pelo estado em que Portugal se encontra celebravam mais um aniversário da data que inaugurou um regime antinacional, o PNR, realizou a segunda reunião do seu Conselho Nacional deste ano.
Com início às 10.00 horas e paragem para almoço, os Conselheiros debateram diversos assuntos relevantes para o partido, entre os quais a aprovação das contas de 2014.
À tarde, foram retomados os trabalhos, com a presença de alguns responsáveis locais como convidados, para se abordarem os temas da manifestação do 10 de Junho e da participação do PNR nas Eleições Legislativas, cujo processo burocrático já está em curso.
Os trabalhos terminaram cerca das 18:00, numa jornada muito produtiva (...)
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Fonte: http://www.pnr.pt/noticias/activismo-pnr/conselho-nacional-pnr/

EVENTO ANTI-RACISTA EM UNIVERSIDADE BRITÂNICA... EXCLUI PRESENÇA DE BRANCOS

Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: http://goldsmiths.tab.co.uk/2015/04/21/su-anti-racism-event-bans-white-people-attending/
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Na capital do Reino Unido, um evento dito anti-racista realizado na Universidade de Goldsmith foi realizado com a exclusão expressa de homens e de pessoas de raça branca. A representante do departamento da Diversidade no estabelecimento, Bahar Mustafa, disse expressamente aos estudantes que se fossem homens ou gente branca não deveriam comparecer.
A ideia é «desafiar a cultura branca-cêntrica de ocupações», «diversificar o currículo» e construir uma «campanha que coloca a libertação no coração do movimento».
A reunião teve lugar numa sala da União de Estudantes (UE) que tem o nome de uma líder do Partido Comunista Americano e simpatizante da União Soviética, Angela Davis, que chegou a encontrar-se secretamente com o director da polícia secreta da Alemanha Oriental (STASI), Erich Honecker, nos anos setenta.
A imprensa britânica polemizou o caso, criticando a segregação racial, que entretanto também se tinha verificado, em princípios de 2015, numa universidade canadiana, quando dois jornalistas brancos foram excluídos de um evento dito anti-racista.
Em Portugal não se ouviu qualquer comentário a isto, tanto quanto sei...
Há quem se queixa do «racismo» instituído nas universidades britânicas, porque mais de cinquenta por cento do pessoal não branco sofreu já discriminação, e porque noventa e dois por cento dos professores são brancos, apenas 0.49% são negros e há apenas quinze académicos negros em posições de direcção.

Já se ouvem os ecos dos protestos lançados pelos clérigos da Santa Madre Igreja Anti-Racista e Multiculturalista dos Últimos Dias do Ocidente... «Olha que surpresa horrenda e criminosa!, num país branco a maioria das pessoas nas universidades é... branca!!!!, uma blasfémia destas não se admite e constitui o produto de séculos de colonização, escravatura, opressão europeia!!!!!!!!»

De resto, notícias destas até nem são más de todo... demonstram a presença, a continuidade, até o crescimento, da segregação racial efectiva, o que só pode ser bom para todas as identidades étnicas aí presentes...


NO PAÍS IRMÃO - JÁ HÁ MAIS PRESOS PREVENTIVOS JIHADISTAS DO QUE TERRORISTAS DA ETA

Fonte: http://www.minutodigital.com/2015/04/26/los-yihadistas-en-prision-preventiva-ya-superan-a-los-de-eta/
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As forças de segurança de Espanha manifestam a sua preocupação ao constatarem que neste momento já há mais presos preventivos jihadistas, que já são sessenta e um, do que terroristas da ETA, que não são mais des quarenta.
A ETA, organização separatista basca, anunciou o seu cessar-fogo definitivo em 2011. Quanto ao Islão, já matava na Ibéria mais de um milénio antes disso e pelos vistos continua a matar...


MAIS UM CONTRIBUTO DA PLUTOCRACIA PARA O PAÍS - PORTUGAL CADA VEZ MAIS NAS MÃOS DE ALÓGENOS

Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: http://observador.pt/especiais/os-novos-donos-de-portugal/   (Artigo originalmente redigido sob o acordo ortográfico de 1990 mas corrigido aqui à luz da ortografia portuguesa)
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Quem comprou o quê. De onde tem vindo o capital que tem sido aplicado na aquisição de grandes empresas portuguesas? Estas são algumas das questões a que a jornalista do Observador, Ana Suspiro, responde no livro “Portugal à Venda”, editado pela Esfera dos Livros, que estará à venda a partir desta sexta-feira. Em pré-publicação, o capítulo em que a autora identifica quem são “os novos donos de Portugal”.

“Entre 2008 e finais de 2014, os portugueses venderam a investidores estrangeiros empresas e participações num valor próximo dos 30 mil milhões de euros. O número engorda para 37 mil milhões de euros com a alienação aprovada já no início de 2015 da PT Portugal. A transacção é feita entre brasileiros e franceses, mas envolve a operação em Portugal da PT. O valor oferecido pela Altice, de 7400 milhões de euros, é o mais alto a preços correntes atribuído a um activo ou empresa transaccionados em Portugal. Já a receita da venda do Novo Banco deverá ser menor, mas o negócio terá uma importância simbólica equivalente.
O produto das alienações realizadas nestes sete anos equivale a mais de 21% do produto interno bruto (PIB) e é superior à tranche do FMI no empréstimo a Portugal. A soma representa apenas os negócios de maior dimensão, acima dos cem milhões de euros, que é possível monitorizar, e exclui transacções imobiliárias onde o investimento estrangeiro disparou em 2014.
Uma parte importante dos activos alienados estava no estrangeiro, com o Brasil a representar o mercado que mais dinheiro movimentou. Quase um terço do produto resultante destas alienações veio de fora do país. Ainda assim, as vendas de activos e participações em Portugal alcançam mais de 23 mil milhões de euros.
O Estado foi o principal vendedor através das privatizações e da alienação de participações detidas pela Caixa, que respondem por dois terços da receita gerada em Portugal. A banca privada cedeu operações por mais de quatro mil milhões de euros, montante equivalente às alienações concretizadas pela Portugal Telecom e pela Galp de activos no Brasil. A aquisição da Cimpor pela brasileira Camargo Corrêa é o maior desinvestimento privado português com impacto no mercado doméstico.
O negócio de maior dimensão, a PT, tem a particularidade de a receita não ficar em Portugal, mas sim no Brasil. A Oi protagoniza a maior alienação realizada em Portugal, e que só indirectamente está associada aos sócios portugueses da PT SPGS, na medida em que esta sociedade é a maior accionista do grupo brasileiro e deu o seu aval à operação.
A Bolsa de Lisboa é um termómetro que serve para medir o pulso à saúde do capitalismo nacional. Em anos de liquidez abundante e prosperidade económica, ainda que modesta, o valor das empresas cresce, abalado apenas por crises temporárias e localizadas. Este panorama muda a partir de 2008 quando se inicia um processo de desvalorização mais ou menos contínuo, apesar de interrupções pontuais, das empresas cotadas e do próprio mercado.

O que mostra o radar da bolsa
A capitalização bolsista de Lisboa terá atingido o pico em 2007, perto dos 180 mil milhões de euros. Cai drasticamente no ano seguinte, abalada como todos os mercados pelo estrondo do Lehman Brothers. Recupera em 2009, que curiosamente foi um ano de recessão acentuada, e volta a mergulhar no vermelho quando emerge a crise das dívidas dos países mais fracos do euro. A bolsa de Lisboa chega a 2014 a valer pouco mais de 50 mil milhões de euros. O índice PSI 20, que reúne as principais empresas cotadas, fecha o ano como PSI 18, depois da saída sem honra da Espírito Santo Financial Group e do Banco Espírito Santo. A gestora da bolsa não encontrou empresas e acções que cumprissem os critérios exigidos para aceder ao indicador nobre da praça lisboeta. E a próxima saída de peso deverá ser a Portugal Telecom se entretanto avançar a fusão com brasileira Oi.
O mercado bolsista é também um radar das mudanças de propriedade que vão marcar os anos da crise financeira e económica. No final de 2008, os accionistas portugueses qualificados, ou seja com uma participação igual ou superior a 2%, controlavam quase metade das empresas do PSI 20. Entre 43% e 45% do valor bolsista das maiores companhias estava em mãos nacionais. No final de 2014, o peso dos capitalistas portugueses caiu para 26,3%17. A descida só não é mais significativa porque empresas mais internacionais da bolsa como a Cimpor e a Brisa saíram do índice. E foram substituídas por grupos dominados por accionistas familiares nacionais com pouco capital disperso.
Um zoom individual por empresa permite concluir que as alterações mais dramáticas de controlo aconteceram na banca e nas empresas de energia. Ainda no final de 2008, um ano depois da guerra pelo controlo do maior banco privado, os portugueses detinham 27,5% do capital do Millennium BCP em posições qualificadas.
Os investidores estrangeiros, informava então o banco, eram apenas 3,2% do total e tinham uma fatia de 39% do capital. No final de 2014, os accionistas portugueses com uma palavra no BCP estão reduzidos à EDP que vale 2,8% do capital. Os estrangeiros com assento nos órgãos sociais detêm 37% do banco. No BPI, há muito tempo que o capital é estrangeiro, apesar de uma gestão assumidamente portuguesa. Com a queda do BES e a mais que provável venda a um grupo internacional, o investimento nacional privado na banca fica‑se pelo Montepio, detido por uma associação mutualista, e pelo Banif, onde o Estado é para já o maior accionista, numa situação que se pretende temporária. O banco fundado por Horácio Roque resistiu por enquanto à entrada de um investidor desconfortável, mas que pode ser inevitável, a Guiné Equatorial. O domínio estrangeiro sobre a banca é um argumento adicional dos que se opõem à abertura a privados da Caixa Geral de Depósitos, afinal o derradeiro tabu das privatizações.
Na EDP e na REN, as privatizações foram as catalisadoras da profunda mudança accionista que, no entanto, não se limitou à entrada de investidores estrangeiros. A eléctrica, que é também a maior empresa portuguesa, tinha mais de 50% do capital em mãos nacionais no final de 2008. Esta posição assentava numa sólida participação do Estado, de 20,5%, mas também no investimento de alguns grupos nacionais como o BES, o BCP e a José de Mello. Cinco anos depois, os investidores estrangeiros, segundo dados da empresa, dominam 85% do capital, uma percentagem muito superior à dos accionistas qualificados internacionais que possuíam 51% da empresa. O BES e a José de Mello venderam a totalidade da sua participação. Restou o BCP como único accionista de referência português, uma classificação eventualmente questionável uma vez que os maiores accionistas do banco são estrangeiros.

Os emergentes substituem os europeus
No mesmo período, os accionistas qualificados estrangeiros também ganham força na bolsa nacional. De uma quota de 23,5% em 2008 passam para 49,4% no final de 2014. Mais do que o crescimento do investimento internacional nas empresas da bolsa, estes dados reflectem também uma mudança no perfil dos investidores estrangeiros. Em 2008 muitas participações tinham um foco estratégico e eram detidas sobretudo por empresas do mesmo sector com ambições de expansão. Em 2014 os investidores estratégicos ainda representam a maior fatia do capital estrangeiro, na casa de 13000 milhões de euros. Este bolo está especialmente ancorado no capital angolano e chinês, com uma presença forte em empresas como a EDP, a REN, a Galp, a Nos, BCP e BPI.
Mas os investidores financeiros ou institucionais, gestores de fundos, “hedgefunds” e bancos de investimento, assumem já 25% do capital estrangeiro das principais empresas da bolsa, num campeonato que é dominado por americanos e ingleses. Enquanto os investidores estratégicos estão para ficar e promovem a expansão das empresas onde estão, para os financeiros a lógica é especulativa. Apostam na compra de activos a preço de oportunidade, para venderem ao melhor lucro ou à menor perda. Estão de passagem, embora passem várias vezes pela mesma empresa. Um episódio que ilustra esta lógica de circulação de capital (“hot money”) é a assembleia geral da Portugal Telecom SGPS que dá luz verde à alienação da PT Portugal. Apesar de deterem uma fatia de 24% da empresa os investidores financeiros e institucionais estiveram ausentes. A reunião magna mais importante da história da empresa foi a menos participada.
Os CTT também ilustram esta realidade. No final de 2014, os correios tinham oito accionistas qualificados: todos estrangeiros, todos institucionais e que controlam uma fatia de 22,6% do capital. A maior participação era de 6,67% do capital. A empresa de correios é a única da bolsa que tem 100% de freefloat, anuncia com orgulho o seu presidente. Quem manda nos CTT? Para já, Francisco Lacerda. Depois se verá, porque todo o capital está à venda e pode rodar ao melhor preço.
As mexidas accionistas da bolsa portuguesa são igualmente reveladoras da mudança na origem geográfica dos investidores estratégicos. No final de 2008, o capital espanhol dominava os investimentos nas grandes empresas nacionais. Os grupos espanhóis estavam representados em 13 empresas e tinham uma fatia de 7,5% do índice PSI 20. Controlavam participações estratégicas, embora nem sempre bem‑vindas, na Portugal Telecom, Brisa, BPI, EDP e REN.
Cinco anos depois, o seu peso caiu para 4,2%, disperso por participações menores em nove empresas. A posição do La Caixa no BPI e participações menores na EDP e REN correspondem ao investimento estratégico espanhol que resta. O capital brasileiro também quase desapareceu do principal índice da bolsa portuguesa, estando reduzido à participação de 10% da Oi na PT SGPS, uma “holding” cuja única actividade é ser accionista da operadora no Brasil. A Cimpor é brasileira, mas deixou o índice, e o Itaú vendeu o seu investimento histórico no BPI.
O lugar de espanhóis e brasileiros foi tomado pelas novas potências do investimento estrangeiro. A China é a protagonista principal deste movimento, sobretudo depois de ter concretizado quase em simultâneo duas grandes aquisições que a tornaram na maior accionista da EDP, com 21,35%, e da REN, com 25%. Fora de bolsa, os chineses fizeram também importantes aquisições: a seguradora Fidelidade e uma participação na Petrogal Brasil, a empresa que explora o petróleo no Brasil. Através da Fidelidade, a Fosun comprou a ES Saúde, numa oferta em bolsa. Fora de bolsa, o BESI (Banco Espírito Santo de Investimentos) foi alienado à Haitong uma sociedade chinesa cotada em Xangai e Hong Kong. Apenas com a EDP e a REN, onde os grupos chineses já controlam 30% através da State Grid e da Fidelidade, o investimento chinês vale 6% do principal índice da bolsa portuguesa.
Em 2008, o capital angolano tinha já iniciado o seu percurso nas grandes empresas nacionais com participações na banca, BPI e BCP, e uma posição indirecta na Galp. À data, estes investimentos representavam 2,8% do PSI 20. Cinco anos depois, os accionistas angolanos mais do que duplicaram a sua posição que valia 6,2% do índice principal da bolsa nacional. O reforço das participações no BPI e no BCP, via aumentos de capital, e a entrada nas telecomunicações, onde Isabel dos Santos conseguiu uma posição paritária na empresa que resultou da fusão da Sonaecomcom a Zon, explicam o salto. Também na rota dos negócios angolanos, apareceram empresas que estão fora destas contas, como a Soares da Costa ou a Controlinveste, duas operações protagonizadas pelo discreto António Mosquito. Um empresário descrito como “independente” do poder político, marcando a diferença face aos grandes investimentos realizados pela Sonangol e Isabel dos Santos, inevitavelmente associados à hierarquia que controla o Estado angolano.

O que querem os chineses e angolanos?
O investimento chinês não é financeiro, nem procura o retorno imediato, é estratégico. E não há sector mais estratégico numa economia do que a energia. A compra de 21,35% da EDP foi como uma lança em África, mas na Europa. O negócio que abriu a mais importante empresa portuguesa ao capital chinês foi notícia fora de Portugal. E não apenas porque foi uma das dez maiores transacções do ano.
Até então, os impressionantes recursos financeiros chineses eram bem‑vindos, mas dentro de certos limites: na compra de dívida soberana ou outros ativos menores que não dão acesso direto à criação de riqueza. Isso começou a mudar com a EDP. Portugal foi a fronteira mais frágil que permitiu a entrada do novo invasor na Europa. Não será surpresa que a Grécia seja a outra porta dos fundos para a União Europeia.
Para além da Europa, a China procura capitalizar o triângulo estratégico de que Portugal é um dos vértices. A América Latina e a África e o crescente mercado de consumidores de língua portuguesa são um argumento adicional de atracção do capital chinês para as empresas nacionais. Sempre a pensar no longo prazo.
O investimento “made in” Angola também não se move pelo lucro no curto prazo. Tal como o chinês, é estratégico e financiado no essencial por fundos públicos ou por grupos privados que têm acesso privilegiado à riqueza dos recursos do país cujo controlo pertence ao Estado. Os capitalistas angolanos podem‑se dar ao luxo de não ter de responder à equação típica do investimento empresarial. Podem esperar por resultados que não são necessariamente financeiros ou económicos.
Em nome da necessidade, os fluxos de capital de Angola e China são recebidos em Portugal com ambivalência que em alguns casos roça o incómodo. Mesmo o discurso público de que o investimento é bem‑vindo, não resiste a umas pontuais manifestações, politicamente incorrectas, ao mais alto nível. Nos bastidores da privatização da EDP, o banco consultor da China Three Gorges, o BESI, nota «o desconforto» que o governo português deixa transparecer em adjudicar a operação a uma empresa chinesa desconhecida da opinião pública, citando uma entrevista do próprio primeiro ‑ministro.
Três anos depois de concretizada a aquisição, surgem outros desconfortos. Em março de 2014, o presidente da China Three Gorges é afastado do cargo na sequência de uma limpeza que a China leva a cabo após vários escândalos de corrupção. Cao Guangjing era uma visita frequente a Portugal onde apareceu em vários eventos públicos ao lado dos gestores da EDP. Frequentou, também, os corredores do governo português, com vários encontros ao mais alto nível. A par da visibilidade pública, o gestor terá desenvolvido gostos pouco condizentes com os valores públicos do Partido Comunista chinês do qual é membro. O envolvimento de familiares e amigos em negócios da empresa e a compra de propriedades e carros topo de gama, não caem bem numa China que quer mostrar ao mundo uma imagem mais limpa. Cao é exilado para o cargo de vice‑governador de uma província obscura. O seu sucessor pouco aparece.
Ainda assim, o capital chinês levanta menos reservas do que o angolano, talvez alimentadas por ressentimentos de uma antiga potência colonizadora, conforme notou um provocador título do jornal espanhol El Confidencial, «Portugal a nova colónia de Angola».
A proverbial discrição chinesa ajuda a seduzir os comprados. Os novos investidores nunca entram a matar, mantêm os gestores portugueses – EDP, REN e Fidelidade – e adoptam uma postura de aluno que os torna simpáticos, como notou o economista Daniel Bessa. “Se calhar, o que vou dizer é politicamente incorrecto, mas não consigo deixar de olhar com simpatia para os chineses. Porque – pelo menos é assim que a história me é contada – e eu tendo a acreditar: os chineses aproximam‑se destas economias muito numa perspectiva de aprendizagem e eu sei, por coisas que me vão sendo contadas por pessoas que estão dentro destas empresas, como a EDP e a REN, e que envolvem histórias deliciosas sobre a curiosidade com que os chineses olham para determinados processos que desconhecem e o empenho que têm em aprender”.
A ofensiva chinesa na economia portuguesa não era um tema na política caseira, até que uma declaração do novo líder do PS caiu mal. “Em Portugal, os amigos são para as ocasiões, e numa ocasião difícil em que muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise, a verdade é que os investidores chineses disseram presente, vieram e deram um grande contributo para que Portugal pudesse estar na situação que está hoje, bastante diferente daquela em que estava há quatro anos”.
António Costa falava perante uma plateia de representantes da comunidade chinesa, por ocasião do Novo Ano chinês. A frase bem‑intencionada foi mal recebida, sobretudo entre os pares socialistas. Primeiro, porque o “diferente” de António Costa foi logo interpretado como “melhor”. A declaração foi vista como o reconhecimento, por parte do líder do maior partido da oposição, do trabalho feito pela maioria durante o período maldito da troika. Inaceitável. Em segundo lugar, o agradecimento aos chineses soou aos ouvidos de alguns como vassalagem ao regime de Pequim. As privatizações, sobretudo na energia, acabaram por substituir o Estado português pelo Estado chinês que é o dono das empresas que compraram a REN e a EDP.
Alfredo Barroso, um fundador do partido, anuncia a desfiliação do PS, em protesto contra a “enorme chinesice” de António Costa.

O Warren Buffet chinês
Os chineses da Fosun são outra louça. Não têm o perfil típico do investidor chinês, que é uma empresa pública. O grupo com sede em Xangai, a capital económica da China, nasceu nos anos 90 quando Pequim escancarou as portas ao capitalismo e tem o capital aberto na bolsa de Hong ‑Kong.
Segundo um artigo do Wall Street Journal, o herói do presidente da Fosun, Guo Guangchang, é o milionário e filantropo americano Warren Buffet. Guangchang quer transformar a Fosun na Berkshire Hathway, a empresa de investimentos americana que tem uma das mais bem sucedidas “performances” nos mercados financeiros. E gosta de se comparar com Buffet em várias entrevistas.
A aquisição da Fidelidade, efectuada no início de 2014, foi à data a maior aventura internacional da Fosun, e é uma aposta estratégica do grupo porque lhe abre a porta a importantes recursos financeiros. As seguradoras gerem carteiras significativas de activos financeiros e são fortes investidoras nos mercados. No final de 2013 a Fidelidade tem um activo de 12 mil milhões de euros que tradicionalmente estava investido em dívida pública portuguesa e de outros países do euro, e num portefólio mais ou menos conservador de acções e outros títulos.
A compra da seguradora portuguesa por mil milhões de euros levanta algumas dúvidas a analistas e agências de “rating”: será a Fosun um gigante com pés de barro? As aquisições em série financiadas com recurso a dívida fazem soar as campainhas nas agências de “rating”. A Standard and Poor’s fala em apetite por uma expansão agressiva. A Moody’s alerta para um excessivo apetite pelo risco e para os perigos de execução da aquisição da Caixa. Há dúvidas sobre a capacidade para financiar tantas operações, mas isso não trava o Warren Buffet chinês.
Em Agosto de 2014, a “holding” chinesa avança para a compra de uma petrolífera na Austrália por 489 milhões de dólares locais e volta a fazer soar as campainhas na imprensa. Desde a Fidelidade, a Fosun concretizou mais quatro aquisições, onde se inclui a participação no consórcio que compra o banco alemão BHF.
O “cash‑flow” do grupo chinês mal chega para pagar os juros e é aqui que entra a Fidelidade. A Fosun está a usar o balanço e os meios libertos pela seguradora portuguesa para financiar a sua lista de compras. “Esperamos que a Fosun vá alavancar as suas seguradoras portuguesas para investimentos futuros”, diz Hu Kai, um analista sénior da Moody’s. Hu Kai exemplifica: os investimentos na empresa alemã retalhista de moda Tom Taylor (compra de 23,11%) e num distribuidor chinês cotado no Nasdaq, foram operações protagonizadas pela sucursal Fidelidade.
As contas semestrais de 2014 do gigante chinês revelam que, desde a sua aquisição, a seguradora realizou 14 investimentos que totalizam 460 milhões de euros, onde se inclui a REN na qual os chineses compraram 5%. Outro investimento estratégico para a Fosun foi a aquisição de 20% da Bona, uma empresa produtora e distribuidora de cinema na China. Mais de metade desta participação, cerca de 13,3%, faz parte dos activos da Fidelidade.
Ainda o Verão não tinha acabado e já a Fidelidade se posicionava como o braço armado para a compra da Espírito Santo Saúde, vencendo uma disputa com mais quatro interessados e cinco ofertas, e que representou um investimento de 244 milhões de euros. Quase ao mesmo tempo, a seguradora portuguesa entra no consórcio da Fosun que vence outra guerra de ofertas, desta vez sobre a empresa francesa de turismo, o Club Med, que foi adquirido por 939 milhões de euros. Os chineses voltam a usar os recursos da Fidelidade para comprar 5% da empresa de viagens britânica Thomas Cook. Uma operação que vale 130 milhões de euros. Em Portugal, onde todos os olhos estão virados para o colapso do BES, a fúria aquisitiva do novo accionista da Fidelidade não é especialmente notada. A não ser quando se dirige aos activos em saldo do Grupo Espírito Santo.
A Fosun é um dos fortes candidatos à compra do Novo Banco. Os portos e o novo terminal de contentores de Lisboa também estão no horizonte deste grupo ávido. Os chineses já mostraram que quando vão a jogo é para ganhar, apostando em preços mais fortes que os concorrentes.
As contas preliminares ao investimento chinês em activos portugueses ultrapassam os dez mil milhões de euros. A vitória em três privatizações, EDP, REN e Fidelidade, constitui o grosso desta ofensiva, concretizada em apenas três anos. Mas na conta entram também os activos internacionais que empresas portuguesas venderam aos chineses. A Sinopec comprou 30% da Galp Brasil, que explora a operação mais importante da petrolífera portuguesa. A China Three Gorges prometeu adquirir até dois mil milhões de euros de activos da EDP, a maioria fora de Portugal. E tem cumprido.
O capital chinês é responsável por mais de um terço das aquisições feitas por investidores internacionais a empresas portuguesas. E este número não inclui os negócios imobiliários. De acordo com dados de Outubro de 2014, o programa dos vistos Gold atraiu investimentos de 864 milhões de euros em imobiliário. Os chineses são os grandes investidores assegurando 80% das autorizações de residência atribuídas ao abrigo deste programa. Mas o sucesso dos vistos dourados é ensombrado pelo raide judicial que coloca na prisão o director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e o presidente do Registo de Notariados. As suspeitas de corrupção na concessão de autorizações Gold a chineses, não atingem só altos quadros do Estado, mas fazem cair um dos ministros mais fieis a Passos Coelho, Miguel Macedo. Uma ideia que parecia de ouro deixa agora um rasto que poderá comprometer todo o programa.

A banca foi a primeira a abrir as portas a Angola
A ofensiva angolana começou na banca em 2008. Não só porque este era um dos sectores mais expostos à crise financeira, mas sobretudo por causa da importância que o mercado angolano assumiu para os bancos portugueses. O processo de angolanização das filiais dos bancos portugueses rapidamente alastra ao capital das casas‑mãe. Primeiro no BCP e depois no BPI. Nos dois casos o investimento angolano sobe quando é necessário mais capital. No BPI é a saída de um investidor histórico, o brasileiro Itaú, que permite à Santoro de Isabel dos Santos assumir 20% do capital. No BCP, são os aumentos de capital que consolidam a Sonangol como accionista e líder incontestado do banco.
Depois da banca, os grupos angolanos visam empresas vulneráveis e sectores fragilizados pela crise. Negócios viáveis, marcas de referência, empresas com futuro, ou pelo menos com um grande passado, que precisam acima de tudo de injecções de liquidez: dinheiro e vontade de o investir. Mas há também negócios de oportunidade. A oferta de Isabel dos Santos sobre a Portugal Telecom tenta aproveitar uma promoção inesperada. Se resultasse seria um grande negócio e daria à empresária angolana uma capacidade de intervenção não só na PT, mas também no mercado brasileiro de telecomunicações. Mas apesar do ruído mediático, o preço da OPA é demasiado baixo e Isabel dos Santos não quer, ou não pode, subir a parada.
Da posição forte que assumem na banca portuguesa, os investidores angolanos têm uma visão e um acesso privilegiados sobre essas empresas. Em alguns casos, a iniciativa poderá até partir de outros: da gestão dos bancos ou das próprias empresas. O Millennium BCP será o pivot de pelo menos dois negócios onde o investimento angolano se cruza com os clientes endividados do banco. São operações de reestruturação e venda. As soluções encontradas servem neste caso todos os interesses: da empresa que precisa de dinheiro, do investidor, do banco que empresta e do accionista do banco.

A salvação da Soares da Costa
A construtora quase centenária do Porto já atravessou fases de dificuldades. Há quem diga que foi salva nos anos 90 pela vitória no contrato para construir o Metro do Porto, uma adjudicação polémica que foi contestada em tribunal pelo concorrente com melhor preço, a Siemens. Na década seguinte, Laurindo Costa da família fundadora vende a sua posição a Manuel Fino, que assume o controlo da empresa com o precioso apoio financeiro do BCP. A Soares da Costa reforça‑se no plano internacional e em Portugal aposta forte na política de concessões e obras públicas promovidas pelo governo de José Sócrates. Cresce, mas cede a liderança do mercado para a mais agressiva Mota‑Engil e deixa passar oportunidades de consolidação. A diversificação geográfica e sectorial e um alto envolvimento nas PPP (Parcerias Público Privadas) exigem mobilização de capital que se alimenta de dívida.
Quando a crise chega, a Soares da Costa está particularmente vulnerável pela combinação de dois factores. Depende de um mercado que entra numa profunda e longa recessão e tem um accionista endividado. Em 2011 é cancelado o mais importante contrato que a empresa tinha assegurado em Portugal. A construção do primeiro troço do TGV (comboio de alta velocidade) teria permitido manter a construtora à tona nos anos mais duros da crise. É um duro golpe para a Soares da Costa.
De Angola, o seu principal mercado internacional, vêm notícias de divergências com a Sonangol que alegadamente terá tentado ficar com a empresa angolana da construtora portuguesa. Por esta altura, o presidente executivo, Pedro Gonçalves, demite‑se. É já na liderança de Castro Henriques que a construtora lança um processo de reestruturação que conduz à venda de activos e à saída de centenas de trabalhadores. A segunda fase do plano passa pela entrada de novos accionistas e em 2013 não é uma surpresa que esses investidores venham de Angola. Já a sua identidade é mais inesperada.
António Mosquito, um empresário quase desconhecido em Portugal, é uma novidade face à dupla Sonangol/Isabel dos Santos. A sua fortuna vem dos concessionários de automóveis de marcas de luxo, que se vendem mais em Angola do que veículos utilitários. Mas os seus negócios estendem‑se ao petróleo e diamantes e agro-indústria, para além da construção. É apontado como independente, mas para os observadores em Portugal, Mosquito, apesar do apelido, é um testa de ferro. De quem? O suspeito mais óbvio é a Sonangol que é a maior cliente da Soares da Costa, mas também o maior accionista do principal credor da empresa portuguesa, o BCP. Há quem veja por trás da transacção a intervenção discreta de Carlos Silva, presidente do BPA (banco da Sonangol) e administrador do BCP.
A filial de construção da Soares da Costa é saneada com um aumento de capital de 70 milhões de euros, subscrito por Mosquito, que passa a ser o presidente. A Investifino mantém outras actividades, sobretudo na área das concessões, e fica com um terço da empresa. Castro Henriques fica na presidência executiva e continua a ser a cara portuguesa da construtora.
A Soares da Costa consegue salvar ‑se do destino negro que tiveram outras empresas de construção, sobretudo as de menor dimensão. Pressionada a agir pela troika, a banca teve de encontrar uma solução extrema para as construtoras altamente endividadas que resistiram no passado ao caminho da consolidação.
Em 2012, os principais bancos nacionais lançam o fundo de investimento Vallis que vai assumir a gestão da Monte Adriano, Hagen, Eusébios e da Edifer, uma das empresas mais emblemáticas liderada por Vera Pires Coelho. Para reestruturar estas empresas, é escolhido um homem que conhece a fundo o sector, precisamente o ex‑presidente da Soares da Costa, Pedro Gonçalves. As empresas desaparecem no novo grupo e marca Elevo.
O destino também é incerto para a construtora Opway, que Ricardo Salgado recusou ceder ao Fundo Vallis. Com a falência do GES, a empresa liderada por Almerindo Marques enfrentava no início de 2015 um futuro incerto, depois de um leilão de venda em que o lance mais alto, cinco milhões de euros, veio de um grupo moçambicano.

Negócios, negócios, jornais à parte
A Lusomundo foi um dos maiores grupos de comunicação social em Portugal. No início dos anos 90, o grupo do Coronel Luís Silva comprou o Jornal de Notícias e pouco depois adquiriu o Diário de Notícias, numa transacção singular. O título histórico foi disputado por várias cooperativas de jornalistas que tinham vantagem na privatização. Ganhou a proposta liderada por Alberto do Rosário. No mesmo dia, o jornal foi revendido a Luís Silva e o vendedor viria a ser administrador da Lusomundo. Apoiado no crescimento do negócio dos cinemas, o grupo compra a TSF, mas falha a entrada na televisão, depois de abandonar o consórcio de investidores da SIC e de uma tentativa não concretizada para comprar a TVI.
No virar do milénio a internet estava a dar os passos decisivos e os grandes “players” do novo meio são as operadoras de telecomunicações que procuram conteúdos. Apesar da dívida, a Lusomundo é um alvo atraente para a Portugal Telecom que investe 190 milhões de euros (contas de 2002) na sua aquisição. Foi um grande negócio para Luís Silva que se torna accionista da PT e mais tarde investe em outras sociedades cotadas. A Lusomundo engrossa os activos da PT Multimedia, empresa que era a arma da PT na economia digital e que mais tarde viria a dar origem à Zon.
Mas a promessa da internet ainda duraria uma década a dar frutos. Os avultados investimentos feitos em conteúdos e capacidade não se traduzem em receitas e acabam por arrastar o sector para uma crise de crescimento que culmina nos ataques do 11 de Setembro de 2001.
A Lusomundo torna-se um activo secundário no vasto portefólio de negócios da PT. A imprensa ressente‑se da fuga do investimento publicitário para a televisão e dos leitores para a internet. A tendência ainda é disfarçada nos períodos de crescimento económico, mas é implacável nos cada vez mais frequentes anos de recessão. A indefinição e o desinteresse marcam também a gestão da PT na Lusomundo.
A saída de Mário Bettencourt Resendes do cargo de director do DN marca o início de uma fase de avanços e recuos na orientação editorial, marcada por uma sucessão de directores. A gota que faz transbordar o copo é a escolha em 2004 de Fernando Lima, antigo assessor de Cavaco Silva, que veio directamente do gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros para a direcção do jornal. Num governo já sob ataque por causa das interferências nos media, o episódio contribui para fragilizar a credibilidade do primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, mas também da Portugal Telecom como accionista. A oposição exige a venda. A PT cede e coloca a Lusomundo no mercado. Há muitos interessados e aparecem cinco ofertas: Cofina, Media Capital, Olivedesportos e os espanhóis da Prisa e da Vocento.
Joaquim Oliveira, que era sócio da PT na Sport TV, faz a proposta mais alta, superior a 300 milhões de euros. O negócio é disputado na recta final com a Prisa, dona do El País, e é fechado com a Olivedesportos em cima das eleições legislativas antecipadas pela demissão de Santana Lopes. O novo primeiro‑ministro socialista não gostou da pressa com que a transacção foi feita, nem do facto de a PT não o ter consultado. Enquanto esteve no poder, José Sócrates acompanhou com especial atenção os media e chegou mesmo a promover uma tentativa falhada de compra da TVI, que mais uma vez seria protagonizada pela operadora do regime.
A venda da Lusomundo à futura Controlinveste combina um investimento avultado com um accionista sem “know-how” e capacidade financeira reconhecidos. A grande receita da Olivedesportos resulta da parceria de ouro que mantém com o vendedor, a PT, a Sport TV. A aquisição é financiada com dívida, no pressuposto de que o activo comprado irá gerar meios suficientes para pagar, pelo menos, os juros. É um daqueles negócios que se fazem quando o dinheiro circula e é barato, o que na gíria é descrito como comprar o cão com o pelo do cão. O problema é que este cão vai rapidamente ficar careca…
A Controlinveste nasce com um conjunto de activos com títulos valiosos, em tese, mas que geram cada vez menos receitas. Apesar das sucessivas tentativas de reinvenção do jornal mais emblemático, o DN, a Controlinveste é o grupo mais penalizado na massacrada indústria da imprensa. O jornal acumula camadas de quadros seniores de anteriores remodelações ao mesmo ritmo que o accionista vai acumulando prejuízos e sente cada vez mais dificuldade em pagar juros. O BCP é o maior credor e a Controlinveste é um dos grandes clientes a quem concedeu demasiado crédito.
Com a chegada da troika, a torneira começa a fechar ‑se. Acabam os períodos de tolerância. É preciso reestruturar, vender e se necessário assumir a perda. No entanto, a Controlinveste não é uma construtora ou um restaurante. Não se pode pura e simplesmente fechar o jornal mais antigo do país. Ou vender ao desbarato um edifício que é monumento nacional. Por outro lado, os media trazem uma aura de influência e credibilidade que atrai mais os investidores do que o lucro.
Desde pelo menos 2010 que a Controlinveste, e sobretudo os bancos que a financiam, procuram capital. E não há muitos sítios onde procurar. Angola é a origem dos últimos investimentos efectuados nos media portugueses, desde a compra em 2009 do semanário Sol pela Newshold. A estrutura accionista do grupo não é clara: a sede numa “offshore” no Panamá não ajuda. Ainda assim, a Newshold compra em bolsa participações minoritárias na Impresa e na Cofina e surge como candidata à RTP. A muito contestada privatização do canal 1 não avança, mas tem o mérito de tornar visíveis os accionistas da Newshold: a família Madaleno e Álvaro Sobrinho, o polémico antigo presidente do BESA (Banco Espírito Santo Angola).
Os donos do Sol assumem também a propriedade do jornal i, que sobrevivia com crescente dificuldade, depois do promotor, o Grupo Lena, ter abandonado o projecto, um ano depois do seu lançamento. O grupo de Álvaro Sobrinho compra entretanto a Cofaco, empresa de conservas dona da marca Bom Petisco e aplica 20 milhões de euros no Sporting, passando a controlar 30% da SAD do clube. O empresário angolano aparece ainda associado a investimentos no imobiliário, com apartamentos no empreendimento de luxo da Estoril Sol em Cascais. Quando o questionam sobre a origem do rendimento, Sobrinho reage com indignação: “A minha família foi um dos primeiros grupos económicos de Angola. Quando fui para o banco (o BES) não era um mero empregado, tinha bens”.
Em 2012, a Newshold, associada ao BPA angolano chega a um acordo para comprar a Controlinveste, mas o negócio não avança, alegadamente porque o dinheiro da venda não apareceu. Os credores da empresa portuguesa, com o BCP a liderar, têm de retomar a busca por capital e insistem na via angolana. Depois de injectar um balão de oxigénio na Soares da Costa, António Mosquito parece ser empurrado para a Controlinveste. Mas é aconselhável tranquilizar as vozes que se levantam contra o domínio angolano da imprensa.
Esta operação foi preparada com maior cautela. A dívida bancária da “holding” de Joaquim Oliveira é transformada em capital. Os bancos assumiram a gestão antes da entrada do investidor angolano que se fez rodear de nomes portugueses para emprestar maior credibilidade à compra: o empresário e cunhado de Cavaco Silva, Luís Montez, e Daniel Proença de Carvalho, um advogado com boas relações em Luanda, que assume a presidência da Controlinveste.

O poder e o perigo dos petrodólares de Angola
Aceite por muitos como inevitável em sectores como a banca e a construção, o investimento angolano ainda causa alergia quando se aproxima das áreas mais sensíveis como a comunicação social. No entanto, as vozes mais críticas para com a enorme transferência de recursos de Angola para a economia e as empresas portuguesas não são de Portugal. O activista e jornalista Rafael Marques e o líder da Unita estão entre os que mais denunciaram o paradoxo: os milionários de um país rico em recursos, mas onde o povo é pobre, aplicam as receitas dos negócios públicos numa economia que apesar de estar em crise ainda está no clube dos mais ricos.
Estimativas avançadas no livro “O Poder Angolano em Portugal”, apontam para investimentos de 10 a 15 mil milhões de euros efectuados em mais de 20 empresas. Galp, BPN, BCP, BPI, Zon, Soares da Costa, Controlinveste, Sol, i, Impresa, Cofina, Coba, Construtora do Tâmega, Cofaco, Tobis, fazem parte de uma lista que não fica por aqui. Para além dos investimentos empresariais, há grandes transacções imobiliárias em condomínios de luxo em redor de Lisboa – o mais simbólico são as torres de apartamentos de luxo na marginal que substituem o hotel Estoril Sol e que passaram a ser conhecidas como o prédio dos angolanos.
Isaías Samakuva, líder do principal partido da Oposição em Angola, defende que as autoridades portuguesas têm a responsabilidade de questionar a origem do dinheiro dos investimentos angolanos em Portugal. “Pelo que se conta, são histórias do dia a dia, pelo menos em Angola, esse dinheiro vem em malas, em aviões que aterram em Lisboa e são descarregadas sem que ninguém diga alguma coisa. É verdade? Não é verdade?”.
As histórias que se vão sabendo sobre o descontrolo de crédito no BESA (Banco Espírito Santo Angola) dão credibilidade às denúncias. Segundo relato do Expresso, há 5.700 milhões de euros de empréstimos concedidos sem garantia e destinatário seguros e levantamentos em “cash” de centenas de milhões de euros.
Vozes na Europa também questionam a dependência lusa do dinheiro angolano. O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schultz, alertava para o perigo do declínio de Portugal. Um artigo do Le Monde expõe as contradições destes negócios feitos com as antigas colónias portuguesas ao arrepio da pobreza e do respeito pelos direitos humanos dos países investidores.
A generalidade dos media portugueses mantém‑se confortavelmente à margem do tema inconveniente. Mas, ao mesmo tempo, não perde a oportunidade de reproduzir artigos incómodos para o poder angolano que vão saindo na imprensa internacional.
E nenhuma figura é mais magnética do que Isabel dos Santos. A princesa africana é a primeira bilionária do continente com uma fortuna avaliada em três mil milhões de dólares, onde estão muitos activos em Portugal. O reconhecimento da revista Forbes em 2013 é contudo agridoce. A publicação americana divulga meses mais tarde uma investigação às fontes de riqueza de Isabel dos Santos para concluir o óbvio. O seu património resulta do acesso directo e privilegiado aos recursos e mercados angolanos, geridos pelo governo liderado pelo seu pai. A fonte é o poder de Eduardo dos Santos.
Para financiar os seus negócios em empresas portuguesas, a empresária recebe às vezes ajuda da banca nacional. Foi a Caixa que no final de 2009 financiou a compra de 10% do capital da ZON por Isabel dos Santos. A empresária acabará por comprar a participação do banco público na empresa de telecomunicações em 2012. A filha do Presidente controla hoje metade da NOS, segunda maior operadora portuguesa, 20% do BPI e metade da quase metade (45%) que os angolanos detêm no investimento de Amorim na Galp.
Apesar de deterem a maior fatia do PSI 20, há sinais de arrefecimento do interesse angolano por Portugal. Seja pelas polémicas políticas e económicas, seja pelas investigações judiciais a figuras fortes do regime, seja pelo caso BES com fortes repercussões em Angola, Luanda endurece o discurso em relação a Portugal. A ameaça feita por José Eduardo dos Santos, no final de 2013, de pôr fim à parceria estratégica com Portugal não tem para já resultados visíveis. Dados mais recentes parecem mostrar uma travagem nos fluxos de Angola que o autor do livro “O Poder Angolano em Portugal”, Celso Filipe atribui à circunstância de já não haver muito onde investir.
O desanuviamento das relações políticas entre os dois países e uma viragem na estratégia de Isabel dos Santos mostram que as portas do investimento continuam abertas. A oferta sobre a Portugal Telecom, anunciada em Novembro de 2014, é uma intromissão num negócio entre portugueses, brasileiros e franceses. Até então discreta, e quase secreta, a empresária angolana muda de abordagem. Parece empenhada em afirmar a sua credibilidade como empresária, fora da sombra do seu pai, o presidente. E para isso precisa de vencer a resistência da opinião pública e publicada em Portugal. A OPA sobre a PT não tem sucesso, mas o nome e a imagem de Isabel dos Santos aparecem com insistência nos média, ainda que através de porta‑vozes ou do seu representante em Portugal, Mário Leite Silva.
A narrativa aposta na salvaguarda dos centros de decisão nacional, com gestores portugueses, mas apoiados em capital angolano. Primeiro nas telecomunicações e depois na banca onde a empresária ressuscita a proposta de fusão entre o BPI e o BCP. O objectivo assumido é criar o maior grupo bancário e «devolver o sentimento de ambição ao sistema financeiro português». Os investidores angolanos ficariam com a maior fatia do futuro banco, mais de 20%, que resultaria da junção das participações de Isabel dos Santos no BPI e da Sonangol no BCP. E para isso nem será necessário investir mais um euro.
A consolidação entre as duas instituições é a resposta à OPA lançada pelo CaixaBank que Isabel dos Santos rejeita. A proposta só terá pernas para andar se o banco catalão aceitar conversar, o que implica suspender a sua oferta sobre o BPI. É uma jogada de alto risco para os espanhóis, ao contrário de Isabel dos Santos que nada terá a perder.
As propostas para a PT e para o BPI são, no mínimo, improváveis, o seu êxito parece condenado à partida face às expectativas e objectivos dos outros interesses em jogo. Daí que, após cada iniciativa da filha do Presidente angolano, a pergunta repete ‑se: afinal o que quer Isabel dos Santos?
Por trás do poder económico de Angola tem estado o petróleo. Mas a descida acentuada e persistente das cotações do petróleo pode impor uma nova realidade aos capitalistas angolanos. Por um lado, a pressão financeira sobre o país atrasa pagamentos, dificulta a vida de milhares de expatriados que não conseguem enviar divisas, congela projectos e investimentos. Por outro lado, o enfraquecimento da maior fonte de riqueza do país pode ser a prova de fogo para os investimentos que o Estado angolano andou a promover com os lucros do petróleo fora do país e que tiveram Portugal como o palco principal. A pressão para esses investimentos compensarem também do ponto de vista financeiro é maior. Se a baixa do petróleo não for um fenómeno passageiro, poderá vir a desencadear mudanças na política económica de Luanda. E essas mudanças terão efeitos nas empresas portuguesas que apostaram em Angola e nos grupos nacionais em que o capital angolano apostou.

Os outros e a ofensiva gaulesa
Angola e China são os rostos mais em evidência na ofensiva estrangeira sobre as grandes empresas portuguesas. Não só pela dimensão dos investimentos, como também pela visibilidade dada pelas operações realizadas em empresas cotadas na bolsa. Mas há outras geografias emergentes a olhar com atenção para Portugal. As economias mais pujantes da América Latina encaram os activos nacionais como uma potencial porta de entrada no mercado europeu com pés em África. O Brasil já era um investidor tradicional em Portugal e protagoniza algumas aquisições com destaque para a Cimpor e para a operação de saúde da Caixa Geral de Depósitos. No ranking das maiores aquisições, o capital brasileiro está mesmo em segundo lugar a seguir ao chinês, posição alavancada na OPA sobre a Cimpor. As contas finais vão depender ainda dos contornos definitivos dos negócios que envolvem a Oi e a Portugal Telecom.
Mais do que querer activos em Portugal, o que os investidores brasileiros procuram são operações que estão do outro lado, mas que são controladas deste lado do Atlântico. O objectivo por trás do racional dos negócios feitos com a Brisa, Cimpor e a PT, é aceder aos importantes activos que estas empresas portuguesas tinham no mercado brasileiro. O desinteresse brasileiro pelo mercado nacional atinge dimensões chocantes com a venda acelerada da PT Portugal. A joia da coroa da PT era o Brasil. A operação portuguesa da Oi é a primeira coisa a vender depois de concretizados os primeiros meses da fusão.
Apesar de serem concorrentes habituais nas privatizações portuguesas, os brasileiros raramente ganham. Parecem apostar mais na afinidade cultural e na empatia do que no preço e são ultrapassados na vertente financeira. Investidores da Colômbia e do México também testam o mercado nacional, mas por agora ainda não passaram da fase dos exames.
A avaliar pelo empenho da troika no programa de privatizações português seria de esperar um grande apetite por parte de investidores europeus nos activos vendidos sob a pressão do resgate e do calendário. Mas a vaga de alienações aparece em pleno contraciclo da economia europeia. Assustados com os efeitos imprevisíveis da crise do euro, a última coisa que os capitalistas da Europa próspera querem é investir mais nos países periféricos. A ordem é para fazer o contrário: desinvestir, vender, fechar, despedir.
Os grupos europeus são os grandes ausentes da vaga de investimento estrangeiro, ainda que com algumas excepções. Sintomático desse desinteresse foi a nega ou mesmo o silêncio com que muitas das grandes empresas europeias receberam o convite para participarem nas operações da EDP e da REN. Apontados como candidatos muito fortes, os alemães fazem‑se representar apenas pela E.ON que chega à fase final da venda da EDP. Apesar de serem os favoritos de alguns membros do governo, os alemães são ultrapassados pelos chineses. Não só pelo preço, mas talvez mais pela opção estratégica. Três anos depois a E.ON põe à venda os seus activos em Espanha.
A Alemanha volta a apostar forte numa privatização portuguesa: a ANA. A Fraport, empresa que gere o gigantesco aeroporto de Frankfurt, é finalista na disputa pelos aeroportos. Mas perde para a francesa Vinci. O grupo, que já tem investimentos em Portugal, é uma rara presença europeia nas operações que são dominadas pelo capital das economias emergentes.
O negócio da Portugal Telecom vem mudar este panorama. Apesar de a receita passar por cima de Portugal para aterrar no Brasil, a aquisição realizada pela Altice representa na verdade um investimento numa empresa portuguesa e no mercado português. Duas operações de grande dimensão, a ANA e a PT Portugal, colocam a França no pódio dos maiores investidores estrangeiros em Portugal, com 10,5 mil milhões de euros aplicados, um valor que, para já, ultrapassa o investimento chinês. Mas estes foram dois negócios de oportunidade, que tiveram uma linha de orientação comum: adquirir empresas consolidadas e maduras para ganhar músculo nos sectores eleitos. A Vinci é um gigante da construção, mas não tinha operações relevantes no negócio aeroportuário. A Altice começou o seu caminho no sector das telecomunicações com aquisições de menor importância e a PT era um prémio demasiado atraente para deixar escapar.
Até os mais temidos “raiders” do mercado português, os espanhóis, não estão em condições de aproveitar as oportunidades de negócio que no passado tanto procuraram concretizar. O papel de Espanha nas aquisições resume‑se praticamente à compra da Vivo pela Telefónica, uma transacção que visa o mercado brasileiro e não o português. Curiosamente é na banca que o capital espanhol consolida a sua presença. O CaixaBank da Catalunha lança uma oferta em bolsa para assegurar o controlo do BPI. O banco português posiciona‑se para a compra do Novo Banco que pode ser disputado por mais instituições espanholas. Mas este interesse nasce de uma oportunidade criada pela derrocada do Banco Espírito Santo.”