sexta-feira, abril 21, 2017

MARINE LE PEN FALA MENOS DO EURO E MAIS CONTRA A IMIGRAÇÃO E PELA IDENTIDADE NACIONAL

A líder de Extrema-Direita Marine Le Pen, que perde força nas pesquisas, reforçou o seu discurso sobre imigração e segurança na recta final da campanha presidencial francesa.
Le Pen, que alcançou em Novembro cerca de 30% das intenções de voto para o primeiro turno das presidenciais de domingo (23) na França, perdeu o gás nas últimas semanas. Actualmente, as pesquisas mostram que ela está com cerca de 22% dos sufrágios.
As mesmas pesquisas prevêem que o seu principal rival, o centrista Emmanuel Macron, a superaria no primeiro turno, e que o conservador François Fillon e o esquerdista Jean-Luc Mélenchon ficariam muito próximos.
Neste contexto de incerteza sobre que candidatos disputarão o segundo turno de 7 de Maio, a líder ultra-direitista apostou por centralizar o seu discurso nos seus temas favoritos: a imigração e a segurança, multiplicando os anúncios sobre as medidas que aplicará se chegar ao poder.
Numa entrevista à emissora BFM, Le Pen expôs mais uma vez as suas promessas, incluindo a sua intenção de tirar a França da União Europeia (UE), travar a imigração legal e ilegal, e retirar a nacionalidade francesa de pessoas condenadas por actos terroristas.
"Os Franceses têm a sensação de terem sido despojados da sua identidade, da sua soberania", sustentou nesta quarta-feira a líder do Frente Nacional (FN), que considera que para muitos franceses a "imigração em massa é uma opressão".
A sua ofensiva sobre a imigração e a segurança permitem-lhe também que evite falar sobre a saída da zona do euro, uma promessa de campanha que continua a causar medo entre a maioria dos eleitores - 72%, segundo uma pesquisa.
"Desde o seu comício de Lues à noite, Le Pen reorientou-se para os seus temas fundamentais, em particular a imigração [...] porque os eleitores do FN estão muito mais divididos sobre a saída [da zona] do euro", disse à AFP Jean-Yves Camus, especialista em Extrema-Direita.
- Moratória à imigração legal -
Na segunda-feira, durante um comício no teatro Zénith de Paris, diante de 5.000 pessoas que aplaudiam e cantavam "França para os Franceses!", Le Pen prometeu que se for eleita irá decretar, no dia seguinte, uma "moratória" à imigração legal para "deter" uma situação que considera ser "incontrolável".
Esta medida provisória, que excluirá os estudantes, "permitir-nos-á traçar um ponto sobre a situação, antes de criar novas regras mais drásticas", apontou esta advogada de 48 anos, que quer limitar a entrada anual de imigrantes para 10.000 pessoas.
"Comigo no poder não teria existido um Mohammed Merah", afirmou Le Pen em referência ao auto-proclamado "combatente da Al-Qaeda" que matou em 2012 três militantes, três crianças e um professor judeu. "Comigo não teriam existido os terroristas imigrantes do Bataclan nem do Stade de France", acrescentou.
Estas declarações causaram indignação em parte da população. O jornal Le Monde qualificou-as como "absurdas". "Não se pode buscar votos às custas dos mortos, é uma linha vermelha", assinalou num editorial.
Este tema, no entanto, não é indiferente num país golpeado por uma série de ataques islamistas nos últimos dois anos, que deixaram 238 mortos, e no qual a ameaça terrorista continua a ser elevada.
Na Martes, o tema da segurança foi o ponto central da campanha eleitoral, após a prisão de dois homens suspeitos de preparar um atentado "iminente".
Os dois suspeitos, detidos com explosivos, armas e uma bandeira do grupo Estado Islâmico (EI), estavam a ser interrogados em Marselha, a grande cidade do sudeste de França, onde Marine Le Pen fará um comício nesta Mércores rodeada de estritas medidas de segurança.
"As medidas que quero colocar em prática significarão que muitas destas pessoas [agressores] não estarão no nosso território vivendo livremente", assinalou a candidata.
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Fonte: http://jornaldesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/noticia/2017/04/ultradireitista-le-pen-reforca-discurso-anti-imigracao-em-campanha-9776384.html