sexta-feira, abril 21, 2017

EMPRESA FECHA TRABALHADORES EM SALA PARA OS PERSUADIR A ASSINAR CONTRATO QUE LHES TIRA DIREITOS

A situação foi reportada à Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT) de Santarém.
Na quarta-feira passada, o sindicato dos trabalhadores da Marinhave acusou a administração da empresa de “coacção e assédio moral”, bem como de isolar os trabalhadores “individualmente, numa sala, para assinarem aditamentos aos contratos”. Quando contactada pela Lusa, a empresa recusou prestar declarações.
O SINTAB – Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabaco de Portugal alegou, em comunicado, que, “nos últimos meses”, tem acompanhado “a situação laboral dos trabalhadores” da empresa de Benavente. “Diversas ilegalidades”, como “a exploração e violação mais grosseira dos trabalhadores” foram detectadas.
O patronato da Marinhave (…), como forma de destruir a organização e a unidade dos trabalhadores, para que estes abdiquem da defesa dos seus direitos, está a chamar os trabalhadores sindicalizados no SINTAB, um a um, fechando-os isolados numa sala, a fim de assinarem um aditamento ao contrato de trabalho, que permita à empresa, junto das autoridades competentes, demonstrar que os trabalhadores aceitaram trabalhar a mais, com desregulamentação total dos horários de trabalho e sem receberem mais nada por isso”, lê-se em comunicado.
O SINTAB procurou “encontrar soluções pacíficas e de consenso que servissem ambas as partes, para que a empresa aplicasse a Lei e o Contrato Coletivo de Trabalho”, notando não haver “qualquer boa vontade por parte do patronato” e “relatado diversos tipos de ameaças e o ‘pedido’ de filiação em outra entidade sindical”.
O sindicato refere também que, “enquanto os trabalhadores não assinam o documento são alvo de várias ameaças”, “com a sindicalização no Sindicato da UGT, os trabalhadores são privados de vários direitos, já que a Convenção Colectiva assinada por esta Confederação obriga o trabalho em regime de adaptabilidade e de banco de horas sem qualquer contrapartida para os trabalhadores”.
A situação foi reportada à Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT) de Santarém.
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Fonte: http://www.tuga.press/empresa-fecha-trabalhadores-sala-assinarem-adendas-aos-contratos/

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Acrescente-se, também a itálico, o comentário de um dos leitores desta notícia no sítio internético donde se tirou esta notícia:
«É o vale tudo neo capitalista. Quem tem a culpa? Em m/opinião os trabalhadores, cada um puxa a brasa à sua sardinha. Não há consciência de classe, começaram a ganhar mais uns tostões e pensaram que eram ricos, já ouvi alguns considerarem-se classe média, quando na realidade não passam de pobres assalariados, coitados!
Quanto mais mal tratados são pela entidade patronal, mais agradecidos lhe ficam (ao patrão).
Na empresa onde trabalhei era habitual haver aumentos anuais para todos (antes da crise), com a desculpa da crise o patrão aproveitou a onda para baixar as remunerações 10%, medida transitória que se tornou definitiva e que incidíu apenas nos vencimentos dos trabalhadores, o justo salário do patrão não teve qualquer corte, bem pelo contrário até foi aumentado.
O engraçado desta situação é que quando havia aumentos anuais o pessoal refilava, no ano em que não houve aumento, bem pelo contrário verificou-se um corte de 10%, o pessoal estava satisfeito, simpático para com o patrão, ficaram extremamente motivados e começaram a trabalhar com mais afinco, só lamento que não tivessem tido um corte de 20% ou até mais, não houve ninguém com coragem para enfrentar este embuste, e aquele que fez frente ao patrão na defesa de todos ,foi convidado a negociar a rescisão do contrato de trabalho de 13 anos e veio para a rua, os outros que ficaram, vivem felizes porque a empresa foi salva e no fim do mês recebem menos 10%, até podia ser pior e a empresa podia ter sido encerrada e ai vinham todos para a rua .
A verdade é que o patrão tem um belo ordenado, boas ajudas de custo (porque a vida está cara), recebe subsidio de refeição, apresenta facturas de peq, almoços, almoços, lanches e jantares dele e da família, bem como de valentes mariscadas em Cascais e Ericeira regadas com bom vinho e finalizadas com whisky de 20 anos, mas como o trabalho é duro, a empresa ainda leva com umas facturas do hotel nas férias, no carnaval, na páscoa no fim de ano e sempre que ele e sua família necessitam descansar, mas há mais, esta crise é uma grande chatice, então para que se pague menos impostos (o estado é um ladrão), a empresa ainda paga o automóvel de serviço que tem de ser Mercedes, atesta o depósito, paga as portagens, o seguro, O IUC, etc., etc., mas como este empresário é dinâmico, ainda apresenta no fim do mês uns kms feitos no carro particular à volta de 1.500,00 euros. Estava a esquecer-me que a esposa também tem de se deslocar, sendo que neste caso também dá para sacar mais uns euros com facturas de combustível, com matrícula das viaturas da firma, ainda é necessário fazer umas viagens ao estrangeiro de vez em quando para acompanhar a evolução do mundo dos negócios (mais umas ajudas de custo e mais umas facturas de presentes, perfumes, joalharia, um relógio, um livro).
No fim do ano a empresa tem prejuizo e não paga impostos (IRC).
Esta é a triste realidade de muitas das pseudo empresas que este pais tem.

As conclusões deixo-as ao critério dos ilustres leitores.»


Um povo que não se revolta tem destes e doutros episódios no seu mísero quotidiano.

2 Comments:

Anonymous MIGUEL said...

??? MAS ENTÃO VÃO PARA O ESTRANGEIRO TRABALHAR PARA OS PATROES DE LÁ QUE TÊM AS MESMAS REGALIAS E MUITO MAIS E NÃO HÁ PROBLEMA. O PATRAO PORTUGUÊS NAO PRESTA? VIVA A EMIGRAÇAO! AFINAL COM ESTAS MENTALIDADES JÁ SOMOS O DEPOSITO DA MÃO DE OBRA DA EUROPA.

21 de abril de 2017 às 09:44:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Um dos problemas deste país é precisamente o de haver demasiados fulanos a pensar assim - em Portugal são tratados como merda e em vez de se revoltarem cívica e colectivamente, exigindo os seus direitos e pondo a patronagem na linha, pura e simplesmente resolvem dar de frosques para em muitos casos não mais voltarem - pudera, nos sítios em que se refugiam os trabalhadores são mais respeitados e o mais das vezes o fosso sócio-económico é menor. Isto não é atitude de cidadãos de um Estado de direito mas sim de uma espécie de gigantesco acampamento cigano plantado à beira-mar, onde a malta se vai safando com jogo de cintura em vez de manter a postura vertical e cristalina que a legitimidade política exige. A propósito, constato que os visitantes ingleses que vêm a Portugal observam um carácter submisso para com o patrão, mas acho que isso é exagero deles, não quero acreditar nisso, não, não quero, isso traz-me à memória o que o calhorda também inglês Beresford disse quando no século XIX veio a Portugal combater o Napoleão, disse ele que os Portugueses eram uma mistura de quatro raças, tendo herdado dos Franceses a vaidade e a arrogância, dos Mouros o fanatismo dogmático, dos Judeus a avareza e dos Negros a falsidade e a subserviência, mas não, não acredito nisso, acho que é só uma questão de educação e condicionante histórica...

21 de abril de 2017 às 10:18:00 WEST  

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