«DEUS NÃO É ÚNICO»

Talvez tenha muito de bom que se lhe diga, um livro que estarà venda amanhã nos EUA (e que não se sabe quando chega a Portugal, e é se chegar): «God is not One», ou seja, «Deus não é um só». O seu autor, o professor universitário norte-americano Stephen Prothero, parte da análise e comparação de oito «grandes» religiões a nível mundial e destaca o que têm em comum e o que as diferencia, conforme explica neste vídeo em que Prothero explica o que quer transmitir no seu livro. Haverá quatro coisas em comum nestes oito sistemas de crença: problema, solução, técnica para implementar a solução e exemplo a seguir. Todavia, as diferenças começam precisamente aqui: porque, logo à partida, o problema não é o mesmo para todas as religiões, e, de resto, a solução também não será a mesma. Efectivamente, para o Cristianismo o problema é o pecado e a solução é a salvação; mas para o Budismo, o problema é o sofrimento e a solução é o despertar; para o Confucionismo, o problema é o caos e a solução é a ordem social; para o Judaísmo, o problema é o exílio e a solução é o regresso a Deus; para o Islão, o problema é o orgulho e a solução é a submissão...

O autor não dedica nenhum capítulo ao Paganismo europeu, paciência. Mas parece que fala na Wicca, e coloca-a no grupo do Zoroastrismo, o que parece estranho, visto que este é um credo milenar, composto pelo famoso reformador persa Zaratustra, ao passo que aquela é uma religião criada no século XX por um mago inglês, Gerald P. Gardner, embora muitos wiccanos julguem que estão a praticar um «caminho espiritual» pré-histórico.

O que parece interessar mais na obra do autor, segundo o resumo do próprio (ver vídeo acima), é pois a questão da pluralidade das religiões - ao contrário do que se tem pregado por aí, não é verdade que todas as religiões queiram o mesmo e se dirijam ao mesmo. Como diz Prothero, se toda a gente aceita, como auto-evidente, que há diferentes sistemas ideológicos e económicos em confronto (Nacionalismo, Comunismo), opostos nos seus princípios e soluções, porque é que não se há-de perceber que há igualmente diferentes sistemas religiosos, igualmente opostos ou pelo menos radicalmente diferentes nas suas perspectivas e fins últimos? Tal cegueira só trará mal-entendidos e, consequentemente, perigos diversos, inclusivamente ao nível da convivência mundial.

O autor salienta, de caminho, que apesar dos vertiginosos avanços científicos e tecnológicos, e do gigantismo das economias, e das campanhas dos chamados Novos Ateus, não se mudou a humanidade: o mundo continua a ser «furiosamente»(sic) religioso.

E diz também que, no momento, a mais poderosa das fés é o Islão e que, se o século XX foi cristão (?...), o século XXI será muçulmano...

Fica mais um aviso.