segunda-feira, dezembro 30, 2024

IRÃO PARECE CONTRATAR ADOLESCENTES PARA ATAQUES CONTRA JUDEUS NO OCIDENTE

Um garoto de 15 anos entra num táxi nos arredores de Estocolmo escondendo uma arma carregada e pede para ser levado à embaixada israelita. Um garoto de 13 anos em Gotemburgo é apanhado a disparar contra a empresa de defesa israelita Elbit Systems. Na mesma instalação, um garoto de 16 anos ajuda a plantar explosivos caseiros do lado de fora da entrada principal.

Investigadores dizem que todos os três ataques deste ano fazem parte de uma nova tendência na qual actores afiliados ao Irão recrutam criminosos locais, incluindo menores, para atacar alvos judeus e israelitas na Europa.

A missão iraniana nas Nações Unidas não respondeu a um pedido de comentário.

Os incidentes mostram como a guerra entre Israel e os representantes do Irão no Médio Oriente também está a levar Teerão a intensificar as suas operações secretas na Europa — e isso está a abalar governos já preocupados com o facto de o conflito estar a gerar tensão entre comunidades divididas sobre imigração.

Os serviços de segurança suecos e noruegueses alertaram contra as operações apoiadas pelo Irão e, em Outubro, a Noruega elevou temporariamente o seu alerta terrorista de médio para alto, armou a sua polícia e estabeleceu controles na fronteira com o seu vizinho escandinavo.

Em Bruxelas, em Maio, os serviços de segurança encontraram crianças de apenas 14 anos a orquestrar um ataque à embaixada israelita. O MI5 britânico também emitiu alertas sobre um aumento de ataques ligados ao Irão. Mas os países nórdicos são particularmente vulneráveis. Têm sido tradicionalmente sociedades abertas com policiamento mínimo e alta confiança. Mas agora gangues criminosos internacionais criaram raízes entre as comunidades mais pobres e frequentemente dominadas por imigrantes. A raiva entre alguns grupos com o número de civis mortos pelos militares israelitas em Gaza e no Líbano tornou mais fácil encontrar recrutas, disseram autoridades. 

Pessoas que agem em nome do regime iraniano entram em contacto com potenciais mercenários em plataformas como Telegram, TikTok ou Whatsapp, de acordo com Peter Nesser, pesquisador de terrorismo no instituto de pesquisa de defesa da Noruega. Os preços começam em cerca de €1500 ($1560) para um assassínio, diz Nesser. Um ataque com bomba de gasolina pode custar apenas €120, de acordo com uma pessoa que rastreou o comércio ilícito. “Se for esse o caso, a execução terá provavelmente os sinais de um amador”, diz Nesser. Os agentes também usam os aplicativos para direccionar e aconselhar recrutas durante as suas operações ilegais, diz.

Cerca de 14 meses após a resposta devastadora de Israel aos ataques mortais de Outubro de 2023 do Hamas, os aliados militantes da República Islâmica — incluindo o Hamas em Gaza, o Hezbollah no Líbano e o presidente deposto da Síria, Bashar al-Assad — foram severamente enfraquecidos ou eliminados. No entanto, paralisar uma rede que definiu a política regional do Irão por quase meio século não diminuiu a ameaça de ataques apoiados pelo Irão na Europa, de acordo com uma alta autoridade europeia que acompanha o assunto.

Enquanto alguns dos jovens são motivados pela frustração com o que veem como a guerra brutal de Israel em Gaza, outros são simplesmente movidos por dinheiro e, às vezes, os jovens perpetradores não têm ideia do que estão a fazer. Se tiverem menos de 15 anos, não podem ser processados ​​nem na Suécia nem na Noruega.  

“Há casos em que os representantes não sabem ou não percebem que estão a agir em nome de uma potência estrangeira”, disse o Serviço de Segurança Sueco em declaração no início deste ano.

O garoto que atacou os israelitas em Estocolmo em Maio não sabia onde ficava a embaixada quando o táxi o levou, de acordo com relatórios policiais. Teve de ligar para outra pessoa para pedir o endereço quando o motorista perguntou para onde iam. A polícia estava a rastrear os seus movimentos e parou o táxi antes de este chegar ao seu destino. A 1 de Outubro, a polícia sueca correu para o mesmo prédio da embaixada depois de tiros serem noticiados, mas chegou tarde demais para apanhar o perpetrador. Relatórios policiais colocam o suspeito num comboio em direcção ao sul para Copenhaga, que mais tarde naquela noite foi abalado por duas explosões altas perto da missão de Israel na capital dinamarquesa. Autoridades de segurança disseram que acreditam que o homem também foi recrutado pelo Irão.

O jovem de 16 anos que atacou a Elbit Systems em Maio usou duas garrafas térmicas cheias de explosivos para tentar atacar a empresa de defesa israelita e foi acusado juntamente com um cúmplice de 23 anos.

Embora a investigação não tenha conseguido descobrir quem deu instruções ou transferiu dinheiro para a dupla, o promotor do caso disse que parece claro que eles estavam a agir em nome de outra pessoa.


Gangues criminosos

Durante anos, a Suécia tem vindo a lutar contra a presença crescente de gangues do crime organizado que buscam recrutar jovens das suas comunidades de imigrantes.

Mais de 1,5 milhão de pessoas mudaram-se para o país desde 1980 e agora cerca de 20% da população nasceu fora do país. Mas muitos lutam para se assimilar.

Em pesquisa recente, 40% dos imigrantes disseram que não se sentem integrados na sociedade sueca. O Estado de bem-estar social em declínio e as taxas de pobreza muito mais altas em bairros de imigrantes tornam o recrutamento mais fácil para gangues criminosos e, cada vez mais, actores hostis como o Irão.

Agora, há preocupações na Noruega de que esses problemas estejam a espalhar-se pela fronteira aberta de 1600 quilómetros que separa os dois países. Avisos sobre “condições suecas” tornaram-se comuns no debate político em Oslo, onde autoridades estão a começar a ver os mesmos padrões que se consolidaram na Suécia e na Dinamarca.

Na Suécia, o alarme crescente sobre imigração e segurança pública ajudou a alimentar o apoio ao partido de Extrema-Direita Democratas da Suécia, o segundo maior partido no parlamento e principal apoiante do governo minoritário do primeiro-ministro conservador Ulf Kristersson. Com a ajuda da Extrema-Direita, Kristersson introduziu prisões juvenis para crianças menores de 15 anos.

A Noruega enfrentará as suas próprias eleições em menos de um ano e o primeiro-ministro social-democrata Jonas Gahr Store fez da criminalidade juvenil uma prioridade, prometendo um tratamento mais rigoroso dos delitos mais graves. O Partido do Progresso, de Extrema-Direita, que lidera as pesquisas, quer ir mais longe e, seguindo a abordagem sueca, tornar possível a prisão de jovens de 15 anos.

Num país pequeno e rico como a Noruega, a perspectiva de novos ataques que podem favorecer a Extrema-Direita antes da votação de Setembro está a deixar algumas autoridades nervosas.

Os golpes no Irão podem levar o regime “a recuar e focar-se em reconstruir a casa”, diz Nesser, pesquisador de terrorismo. “Mas eles também podem tentar criar mais estragos.”


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Fonte:
https://www.bangkokpost.com/world/2924385/iran-hiring-children-to-attack-israeli-targets-in-europe
https://jihadwatch.org/2024/12/islamic-republic-of-iran-hiring-children-as-young-as-14-to-attack-israeli-targets-in-europe

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O Organismo tem sistema imunitário, os glóbulos brancos actuam - o povo está vivo, reage, a votação na Ultra-Direita aumenta...

domingo, dezembro 29, 2024

POR UM VERDADEIRO SOL DOS POVOS DA EUROPA

Pode ser uma imagem de texto

Há que tomar posse do símbolo da Foice-e-Martelo, sacando-o aos ateus internacionalistas.
Assim,
- a Estrela passa a simbolizar Vénus, Deusa da Beleza, e a vida exige beleza, pelo menos ao nível humano.
- a Foice passa s simbolizar Saturno, Deus da Idade de Oiro, da Agricultura, da Abundância e da Fraternidade igualitária;
- o Martelo passa a simbolizar Vulcano, Deus do Fogo, dos Metais e da Forja, genericamente pacífico, Senhor da Indústria, capaz também de fazer armas, tais como as de Aquiles e, acima de tudo, a maior de todas, o Raio de Júpiter...

«PUTIN ESTÁ A LUTAR PELA CIVILIZAÇÃO BRANCA», GUINCHAM ALGUNS PATRIOTEIROS...

Nenhum nacionalista coerente apoia Putin, que fala aberta e oficialmente contra o Nacionalismo e lança o seu império multi-étnico, multi-étnico, multi-étnico e multi-multi-multi-étnico e multi-racial contra a soberania de uma Nação europeia.


PORQUE PARECE A EUROPA FRACA DIANTE DE PUTIN?

A Polónia é um dos países europeus que mais apoia a Ucrânia - e, mesmo assim, só 10,2% dos Polacos aprova o envio de tropas para território ucraniano. Não há unidade europeia para enfrentar o império mantido por Vladimir Putin e ele sabe-o bem, por isso é que manda bojardas ameaçadoras, armando ao pingarelho todos os dias com a merda dos mísseis, enquanto faz exigências «de paz» insultuosas, dando por adquirido que ainda tem direito a mandar na política da Ucrânia, que já é soberana desde os anos noventa, mas o gajo, ex-agente do KGB, não o aceita.
Porque é que a Europa não está devidamente unida, nem pela via da UE nem pela da OTAN?
Porque as elites reinantes no mundo ocidental têm andado a «vender» o ideal europeu, sobretudo o da UE, de uma forma que só faz sentido nas cabeças das ditas elites, as quais falam portanto cada vez mais para si próprias, distanciando-se cada vez mais do povo.
Sempre que começam com a conversa do «projecto europeu», já ninguém está a ouvir nada depois dessa expressão, «projecto europeu», a generalidade do pessoal pura e simplesmente desliga a atenção, porque a seguir vem uma série de banalidades ou de referências abstractas com sabor requentado e insosso - livre circulação de pessoas e de bens, mercados assim e assado e mais não sei quê, agora até já falam no clima, fazem entretanto bem em referir a liberdade e a paz, mas isto depois não joga a bota com a perdigota quando/se for preciso enveredar por via militar. Se a Europa tivesse dependido deste tipo de discurso quando precisou de fazer frente aos Hunos, às forças do crescente médio-oriental ou «peste verde», a Napoleão ou a Hitler, estavam os Europeus bem quilhados.
Isto não une Povos. Não apela às massas. O que apela às massas não são ideais racionalmente engendrados e desenvolvidos por intelectuais mas sim princípios concretos e vitais: Deus, Raça, Nação, Sangue. Estirpe. Nós - a nossa gente. Até Estaline sabia isto. Estaline era marxista mas não era parvo. Percebeu provavelmente que o ideal comunista só interessava às elites. Não mobilizava Povos. Ele provavelmente já o tinha visto desde que assistiu, de longe mas presumivelmente com atenção, ao desastre militar soviético na guerra contra a Polónia no início dos anos vinte. Foram Trotsky e Lénine propor ao proletariado polaco que se unisse às tropas soviéticas em nome da solidariedade proletária (proposta estereotipadamente típica de intelectuais) e o proletariado polaco bem lhes fez o manguito porque preferiu a unidade patriótica contra o invasor russo. Pode e deve recordar-se que, cá no extremo ocidente, um valioso mas injustamente esquecido autor, J. Andrade Saraiva, já escrevia, em 1932, que, se Estaline quisesse unir a população e pô-la em movimento, não poderia apelar ao Comunismo mas sim ao Nacionalismo. Estaline mostrou que também pensava assim quando, no seu primeiro discurso ao Povo soviético depois do início da invasão alemã a território da URSS, centrou o seu discurso, não no proletariado internacional ou no Comunismo ou nos amanhãs que cantam mas sim no ideal de defesa da Mãe Rússia contra o invasor.
Ou seja, um apelo baseado na Estirpe, no Sangue - empregando até o termo de parentesco familiar mais estimado de todos, Mãe - não em princípios ideológicos que só interessam a intelectuais desenraizados.
A Europa é, antes de mais nada, uma família - uma comunidade de Sangue. Raça. Etnias quase todas da mesma raiz indo-europeia e civilização greco-romana de mulheres e homens livres que vivem como iguais. Já há mais de 2300 anos o filósofo Aristóteles dizia que Gregos e bárbaros da Europa tinham em comum o espírito de amor à liberdade, em contraste com os Asiáticos, que viviam subjugados.
Era preciso ter andado a ensinar isto aos Europeus desde há décadas em todas as escolas e todas as televisões. Mas não - não porque aquilo que a elite reinante mais odeia é precisa e rigorosamente a diferença entre «nós e eles», o nacional e o estrangeiro. O resultado pode vir a ser trágico para os Ucranianos, e talvez não só para os Ucranianos... A maior parte dos Europeus não quer enviar tropas europeias para a Ucrânia, ok, aliás, nem era preciso, os Ucranianos já disseram que só querem armas, não pedem soldados da OTAN agora, neste momento. Entretanto, o que é que acontece se, por acaso, por um remoto ou talvez possível acaso, a Rússia decidir por exemplo entrar na Estónia para ir prender a primeira-ministra, que está na lista dos «procurados» pela «justiça» do Kremlin, e de caminho aproveita para «proteger» a comunidade russa na Estónia - se isto acontecer, o que fará a OTAN? Os cidadãos europeus que não querem tropas da OTAN na Ucrânia, irão eles aceitar que elas sejam enviadas para proteger a Estónia? Será que aqueles que agora vociferam «os meus filhos não vão morrer na Ucrânia, ai não vão não!», será que quem assim fala vai aceitar que os seus filhos sejam enviados para defender a Estónia, a Letónia, e a Lituânia? Porquê, porque Estónios, Letónios e Lituanos assinaram um papel e Ucranianos não? Quanto tempo é que esta diferença dura nas mentes da população? Um ano, seis meses, dois meses? Se/quando os caixões começarem a chegar, como vai ser?
Pode vir a dar-se o caso em que Camões tenha razão quando diz que o rei fraco faz fraca a forte gente.

quarta-feira, dezembro 25, 2024

TEMPLO DE SATURNO


«
[1] Devemos agora dizer algumas palavras sobre o próprio templo de Saturno. Penso que está registado que Tullus Hostilius, após dois triunfos sobre os Albanos e um terceiro sobre os Sabinos, consagrou um santuário a Saturno em cumprimento de um voto e que o festival das Saturnálias foi então instituído pela primeira vez em Roma; embora Varro no seu sexto livro! que trata de edifícios sagrados, escreve que o rei Lúcio Tarquínio contratou a construção de um templo de Saturno no Fórum, mas que foi o ditador Tito Larcius que o dedicou durante as Saturnais. Também estou ciente disso nos escritos de Gellius? somos informados de que foi construído um templo de Saturno por decreto do Senado e que Lúcio Fúrio, tribuno militar, foi o encarregado da obra.
[2] O Deus tem também um altar em frente do Senaculum, e os ritos são aí realizados com a cabeça descoberta, em conformidade com o uso grego, porque se pensa que tal era a prática original, primeiro dos Pelasgos e depois de Hércules.
[3] Os romanos fizeram do templo de Saturno o tesouro público; porque se diz que, enquanto o Deus viveu em Itália, nenhum roubo foi cometido dentro das suas fronteiras; ou então porque, sob Ele, ninguém possuía qualquer propriedade privada, mas,
"Era ímpio demarcar o terreno ou dividir o campo com pedra limite; os homens ajuntavam para o bem comum" [Virgílio, «Geórgicas» 1. 126]
para que a riqueza comum do Povo fosse adequadamente colocada no templo do Deus sob cujo governo todos os homens tinham todas as coisas em comum.
[4] Não devo também deixar de referir os Tritões a tocar trombetas colocados na empena do templo de Saturno, para mostrar que desde o momento desta comemoração do Deus até aos nossos dias a história deve, por assim dizer, ser vista pelos nossos olhos e ouvida pelos nossos ouvidos; ao passo que antes dessa época era inaudível, invisível e desconhecida, como testemunham as caudas dos Tritões, enterradas no solo e escondidas da vista.
[5] Saturno é também representado com os pés atados e, embora Verrius Flaccus diga que não sabe a razão, a minha leitura de Apolodoro sugere uma explicação. Apolodoro diz que, durante todo o ano, Saturno está preso com um laço de lã, mas é libertado no dia da Sua festa, ou seja, neste atual mês de Dezembro. E encontra nesta prática a origem do provérbio “Os Deuses têm pés de lã” – a história que na verdade significa o crescimento para a vida plena, no décimo mês, da semente que foi mantida viva no útero e que, até sair à luz do dia, está confinado nos laços gentis da natureza.»
- «Saturnália», Livro I, capítulo 8, por Macróbio, séculos IV-V d.c..

SATURNO E HÉRCULES...

«[27] Outra tradição explica as Saturnais da seguinte forma. Diz-se que Hércules deixou homens para trás em Itália, quer (como afirmam certas autoridades) porque estava zangado com eles por negligenciarem a vigilância dos seus rebanhos ou (como alguns supõem), deliberadamente, para proteger o seu altar e templo de ataques. Assediados por bandidos, estes homens ocuparam uma colina alta e auto-intitularam-se Saturnianos, nome que a colina também costumava levar, e, conscientes da protecção que lhes era conferida pelo nome de Saturno e pelo temor que o Deus inspirava, diz-se que instituíram as Saturnálias, com o fim de que a própria observância do festival assim proclamado pudesse levar as mentes rudes dos seus vizinhos a mostrarem um maior respeito pela adoração do Deus.»

- «Saturnália», Livro I, capítulo 7, por Macróbio, séculos IV-V d.c..

SATURNO E CRONOS...

«[36] Referiu-se, disse Praetextatus, a um exemplo paralelo de uma mudança para melhor no ritual de um sacrifício. O ponto é bem entendido e oportuno. Mas pelas razões apresentadas relativamente à origem das Saturnais, parece que o festival é mais antigo do que a cidade de Roma, pois de facto Lucius Accius nos seus Anais diz que a sua observância regular começou na Grécia antes da fundação de Roma.

[37] Eis as linhas: Na maior parte da Grécia, e sobretudo em Atenas, os homens celebram em honra de Saturno uma festa a que chamam sempre a festa de Cronos. O dia é considerado feriado, e no campo e na cidade todos costumam realizar festas alegres, nas quais cada homem serve os seus próprios escravos. E assim é connosco. Assim, desde a Grécia que este costume foi transmitido, e os escravos jantam com os seus senhores nesta época.»
- «Saturnália», Livro I, capítulo 7, por Macróbio, séculos IV-V d.c..

MÁSCARAS PARA DIS, VELAS PARA SATURNO

«[28] Tenho também conhecimento do relato feito por Varrão sobre a origem das Saturnais. Os Pelasgos, diz ele, quando foram expulsos das suas casas, dirigiram-se para várias terras, mas a maior parte deles afluiu a Dodona e, na dúvida sobre onde se estabelecer, consultaram o oráculo. Receberam esta resposta: “Ide em busca da terra dos Sicels e dos Aborígenes, uma terra sagrada para Saturno, mesmo Cótila, onde flutua uma ilha. Mistura-te com estas pessoas e depois envia um décimo a Febo e oferece cabeças ao Hades e um homem ao Pai.” 8 Tal foi a resposta que receberam, e depois de muitas deambulações chegaram ao Lácio, onde no lago de Cutilia encontraram uma ilha flutuante.
[29] pois havia uma grande extensão de erva - talvez lama solidificada ou talvez uma acumulação de terreno pantanoso com ramos e árvores formando uma floresta luxuriante - e estava a flutuar na água pelo movimento das ondas de tal forma que ganhava credibilidade até mesmo para a história de Delos, a ilha que, apesar de todas as suas altas colinas e amplas planícies, costumava viajar pelos mares de um lugar para outro.
[30] A descoberta desta maravilha mostrou aos Pelasgos que aqui estava o lar predito para eles. E, depois de terem expulsado os habitantes sicilianos, tomaram posse da terra, dedicando um décimo do despojo a Apolo, de acordo com a resposta dada pelo oráculo, e erguendo um pequeno santuário a Dis e um altar a Saturno, cuja festividade chamaram Saturnalia.
[31] Durante muitos anos pensaram em propiciar Dis com cabeças humanas e Saturno com o sacrifício dos homens, uma vez que o oráculo lhes tinha ordenado: “Oferecei cabeças ao Hades e um homem ao Pai”. Mais tarde, porém, conta a história, Hércules, ao regressar através de Itália com os rebanhos de Gerião, convenceu os seus descendentes a substituir estes sacrifícios impuros por outros de bom presságio, oferecendo a Dis pequenas máscaras habilmente desenhadas para representar o rosto humano, em vez de cabeças humanas. Saturno com velas acesas em vez de com sangue de homem; pois a palavra ọõta significa “luzes” e também “um homem”.
[32] Esta é a origem do costume de enviar velas redondas de cera durante as Saturnais, embora outros pensem que a prática deriva simplesmente do facto de ter sido no reinado de Saturno que fizemos o nosso caminho, como se fosse para a luz. de uma existência rude e sombria ao conhecimento das artes liberais.
[33] Devo acrescentar, no entanto, que encontrei escrito que, uma vez que muitos, por ganância, fizeram das Saturnais um pretexto para solicitar e exigir presentes aos seus clientes, prática que pesava muito sobre os de recursos mais escassos, um certo Publicius, um tribuno, propôs ao povo que ninguém enviasse senão velas de cera a alguém mais rico do que ele.»
- «Saturnália», Livro I, capítulo 7, por Macróbio, séculos IV-V d.c..

NATAL - ALVOR DA LUZ INVICTA


Relevo encontrado em Tróia de Setúbal, datado de entre 200 e 250 d.e.c., representando o banquete do Sol (ao centro) e de Mitra (à direita, com barrete frígio)




[M(ithrae)?] DEO INVICTO / SODALICIV(m) BRACA/RORVM STVDIVM SVAPENSA [sic] FECERVNT CVM (hedera) / 5 CRATERA TI[TVLVM?]’ DONA/VIT MESSIVS [M(arci) L(iberiiis)] [?] [ARTEJMIDO/RVS MAGISTER · [C(oloniaê)?] (hedera) P (acis?) (hedera) I (uliae?) (hedera ) 

"A Mitra (?), Deus Invicto. O sodalicio dos Brácaros fizeram (sic) a expensas suas um edifício com uma crátera. Méssio Artemidoro, liberto de Marcos (?), magistrado da Colónia de Pax Iulia (?), doou a inscrição."

"Sobre esta inscrição que está no Museu de Beja José d’Encarnação afirma: o texto assume uma importância documental ímpar, por ser «a única inscrição da Península que nos dá a conhecer uma organização mitríaca». De facto, para além do facto concreto que o monumento comemora e que, segundo a nossa interpretação, foi mandado perpetuar pelo magister de Pax Iulia através desta placa por ele doada (donavit resta evidente — como todos os autores já salientaram — que em Beja existiu em determinada altura (2.a metade do séc. II, precisa Scarlat Lambrino) um colégio de Brácaros devotos de Mitra, colégio ou tertúlia que, como salienta G. Fabre «devia permitir às gentes originárias de Brácara, que fossem aconselhadas e defendessem, se fosse caso disso, os seus interesses»." 

Dia 25 de Dezembro é data da celebração do Natalis Solis Invictus, isto é, do Nascimento do Sol Invencível, o momento em que o SOL inicia a Sua ascensão triunfante, representando, neste momento, a Luz que nunca morre e vence sempre. A celebração foi estabelecida em 274 e.c., pelo imperador Aureliano, depois do seu triunfo no oriente, e incluía corridas de cavalos - trinta bigas - em honra do Sol. O Sol Invicto, Luz que nunca morre e vence sempre, é pois um reflexo da Eternidade. 

O dia 25 de Dezembro é também a data do nascimento de Mitra, Guardião da Justiça, Cujo culto, vindo da Índia e do Irão arianos, chegou ao Império Romano no século I a.c. e aí se divulgou imensamente, desde a Ásia Menor até à Ibéria - parece ter havido um templo mitraico em Tróia de Setúbal, foi aí encontrado um baixo-relevo que representa provavelmente uma cena dum banquete mitraico, neste momento exposta no Museu Nacional de Arqueologia, na exposição «Religiões da Lusitânia». 
A Ibéria foi o território europeu com menos culto a Mitra na maior parte do espaço peninsular, excepto no noroeste, devido à presença aí de numerosos soldados romanos para dar resposta à relativa instabilidade da zona, em virtude do carácter mais indómito das gentes dessa região. Mitra foi portanto bem mais adorado no resto do Ocidente, nomeadamente na Gália, na Britânia e sobretudo na Germânia, que na Hispânia. Mitra, ou Mithras, Cujo nome significa, em Sânscrito (língua ariana da Índia), «Amigo»; em Persa, o mesmo nome quer dizer «Contrato». Trata-Se de um Deus luminoso, puro, combativo, que incita os homens a seguirem o Seu caminho no combate pela Luz contra as Trevas. O Seu culto confundiu-se, no Ocidente, com o do Sol Invictus, ou Sol Invencível; Mitra tem naturalmente um forte carácter solar (o que não significa que seja o Sol) e o Seu dia sagrado é o domingo (no Latim pagão, domingo é «Dies Solis», ou «Dia do Sol»). De acordo com algumas versões, Mitra nasceu duma pedra, o que constitui um símbolo da sua pureza; segundo outros, é filho duma virgem. Diz o mito que o Deus Máximo, Ahura Mazda, Lhe ordenou que matasse o toiro. O Sol foi o mensageiro que levou esta ordem a Mitra, O Qual a cumpriu, conseguindo levar o animal para uma caverna onde o sacrificou (por esse motivo, os fiéis de Mitra oficiavam as suas cerimónias religiosas em cavernas). Do sacrifício do toiro, o universo é renovado, pois que o sangue do bovino será o vinho e todo o seu corpo alimenta o cosmos, dando, entre outras coisas, o pão. A alma do toiro sacrificado subiu então aos céus para ficar junto do Deus Supremo. Depois de cumprida a Sua missão, Mitra realizou um banquete com os Seus fiéis, comendo pão e vinho, findo o qual ascendeu aos céus.




A religião mitraica compreendia uma iniciação de sete graus. Em cada grau aprender-se-iam novos e secretos conhecimentos. Tinha um carácter hierárquico e era vedada às mulheres. Os graus eram:

- corax (corvo);
- nymphus (noivo);
- miles (soldado);
- leo (leão);
- perses (persa);
- heliodromos (correio do Sol);
- pater (pai).





Mithraeum (reconstrução) ou templo de Mitra, em Saalburg num forte romano do chamado «Limes Germanicus», isto é, o limite ou fronteira da província romana da Germânia, Alemanha

Reconstrução de como seria o interior de um mithraeum ou templo de Mitra


É uma religião de soldados, de homens integrados num exército que cumprem ordens e são leais uns aos outros até que a morte os leve para o Outro Mundo.
Muito mais há a dizer sobre esta Divindade, valendo a pena lembrar as palavras de Renan, historiador bretão («francês») do século XIX segundo o qual «Se o Cristianismo tivesse sido detido por alguma doença mortal, o mundo seria mitraísta», observação que é de resto discutível, dada a parcialidade do culto - só iniciava homens - e ao carácter talvez acentuadamente oriental do mesmo, enquanto o seu grande inimigo, o Cristianismo, tendo uma índole porventura mais desenraizada e universalista, a tudo se adaptou.

Para ter mais umas luzes sobre o tema pode por exemplo visitar-se este site dedicado ao culto de Mitra na actualidade:


   


 
  


Antíoco I, soberano de Comagena (parte da Ásia Menor), com coroa de raios (possível origem das coroas monárquicas europeias) saudando Mitra, à direita, ornado de auréola solar

SIM, O PAI NATAL EXISTE...


Pode ser uma imagem de texto que diz "NOOOO HE DOESN'T ! 34% Santa is real 34% Santa is real 14% 0.1%2% 0.1% 2% I0 score 55 SAOURO 70 @templarpilled 85 2% 100 115 0.1% 130 145"

VIVÊNCIA DA IDENTIDADE ETNO-RELIGIOSA NA MAIOR FESTA DO OCIDENTE


É irónico, e bom sinal de saúde europeia, que, apesar dos pesados séculos de cristianização e domínio nominal judaico-cristão dado como facto adquirido e fundacional, apesar disso, dizia, a festa mais importante do Ocidente actual seja no essencial de raiz pagã, por mais que haja agora uma trupe de revisionistas cristãos a tentar compor um ramalhete de quadra com raiz cristã. O Natal é, de facto, descendente quase descaradamente directo da Saturnália, que já na antiga Roma pagã era a maior festa de Roma, considerando o poeta Catulo que a ocasião constituía «o melhor dia do ano», a Saturnália.
À frente e em cima do Natal, a Cristandade espetou-lhe com a figura do Menino Jesus. Mas até nisso a verdade veio ao de cima - de modo muito natural, foi-se impondo a imagem inocentemente folclórica do Pai Natal, o Santa Claus como lhe chamam os Americanos, coincidentemente na mesma terra donde este Santa seria originário, a Ásia Menor, foi em tempos adorado Santa ou Sanda, destacado Deus hitita. Ora o Pai Natal, formalmente originado na figura de S. Nicolau, corresponde a arquétipos divinos europeus do tempo do Paganismo: o aspecto físico, genericamente setentrional, a veste rubra, o semblante barbudo e jovial, o percurso nocturno de corrida pelos céus por sobre todas as terras... A ideia de que por esta altura existem forças sobrenaturais a percorrer as alturas durante a noite vem de há muito - quem o faz é a chamada «Hoste Furiosa», imenso e violento tropel de caçadores fantasmas, empenhados naquilo a que se chama «Caçada Selvagem», que é perseguição incansável, ora de um javali, ora de um cavalo, ora de belas virgens, ou ninfas. O mortal que visse este bando e dele troçasse, seria castigado; quem pelo contrário se Lhe juntasse, seria recompensado, eventualmente com ouro. A nível humano, parece haver correspondência desta tropa sobrenatural nas sociedades de guerreiros das quais já aqui se falou a propósito dos Caretos.
Os nomes e conceitos relativos a este mito europeu variam de etnia para etnia, mesmo de nação para nação nalguns casos:
- na Irlanda, é a Sluagh Sidhe espécie de espectros ou de fadas especialmente perigosas que tudo destroem e matam à sua passagem, e que são seguidos pelos seus Cu Sidhe (Cães das Fadas), igualmente saídos do inferno; o líder da hoste é o Deus Mannanan Mac Lir, ou, noutra variante, o lendário herói Fin Mac Cumhail, que conduz os seus Fianna;
- em Gales, trata-Se de Arawn, ou de Gwyn ap Nudd, Deus das Profundezas e da Morte, que conduz a Sua temível matilha vermelha e branca, a Cwn Annwn (Cães de Annwn ou Inferno) pelos ares desde o Outono até ao início da Primavera; noutras variantes, é o lendário Rei Artur quem conduz a caçada sobrenatural;
- também na Cornualha, nação céltica, se fala a este respeito dos «cães do diabo»; noutras partes do Reino Unido, crê-se que estes cães andam em busca de almas perdidas;
- na Bretanha (nação céltica do noroeste do Estado Francês), é o lendário rei Artur quem dirige a caçada;
- em certas partes de Inglaterra, é Herla, rei que ficou demasiado tempo com as Fadas e quando voltou já tinham passado cinco séculos; outras personagens do folclore inglês que supostamente dirigem esta caçada são Herne, Old Nick, ou então o histórico Sir Francis Drake; naturalmente que a Inglaterra, sendo uma nação germânica, também teve no seu folclore a crença de que esta hoste furiosa era dirigida por Woden, Deus germânico da Sabedoria e do Combate;
- na Holanda, é, tradicionalmente, Wodan, o mesmo que Woden;

- em certas partes da Alemanha, é a Deusa Diana, ou uma certa feiticeira de nome Holda, Quem conduz esta atroadora tropa; e, claro, sucede o mesmo na Alemanha que na Inglaterra e na Holanda a respeito do mais antigo condutor desta cavalgada sobrenatural, o Seu nome é Wotan;


-no norte de França é Hallequin, espírito sobrenatural demoníaco, ou então Carlos Magno e Rolando...

A versão  europeia mais conhecida, que aliás pode bem estar na origem das outras todas, é a germânica-escandinava, que vê nesta tenebrosa Hoste das Alturas os guerreiros mortos do Valhalla a correrem na esteira das Valquírias, todos conduzidos por Odin (nome escandinavo de Wodan), o terrível zargo, Deus da Sabedoria e da Morte em Combate... há até quem vislumbre o Seu sinistro semblante por debaixo do disfarce de Pai Natal, enquanto outros vêem na rubra indumentária, na longa barba, no físico avantajado e no afável temperamento do velhote natalício um eco da roupagem vermelha e da barba ruiva do brutal mas jovial Thor, Deus do Trovão, que dirige um carro puxado, não por renas, mas por bodes...
Foi-Se pois enevoando até passar a ser visto com nova forma...

Para ler algo mais sobre a possível genealogia do Pai Natal, clique aqui. Por cá, o equivalente galaico-português será talvez o Secular das Nuvens, ou Escolar das Nuvens, ou Nubeiro, na Galiza, do Qual já se falou no Gladius - IIIIII, e que se pode também ler aqui, onde há também textos centrados na figura do Nubeiro. Diz o folclore galego que o Nubeiro cobre-se de peles caprinas, o que remete aos bodes sagrados que puxam o carro de Thor... por outro lado tem sido considerado o equivalente de Odin, que, como acima se vê, dirige a Cavalgada SelvagemOutras vezes o Nubeiro ou Secular das Nuvens é representado como uma espécie de génio da Tempestade, o que mais uma vez corresponde à figura odínica, dado que Wodan/Odin radica em Wode, Entidade da tempestade Cujo nome designa «fúria».

Pode entretanto haver nos «Caretos» um eco físico e social deste mito, pois que também estes parecem personificar entidades sobrenaturais que nesta altura do ano fazem uma espécie de «raide» fantasmagórico pelas povoações.

Não surpreende que nesta época do ano os média de entretenimento, cinema e televisão, apresentem sempre uma dose maior de filmes de fantasia do que o habitual. E este ano até calha a Lua Cheia no dia de Natal, a ajudar à festa de quem aprecie a dimensão feérica da quadra. A usual expressão «magia do Natal» não tem perdido o vigor por ser cada vez mais lugar-comum. 

De resto, cambada, deixo aqui uma citação à laia de conselho para este Natal e seguintes:

“(…) Que ninguém tenha actividades públicas nem privadas durante as festas, salvo no que se refere aos jogos, às diversões e ao prazer. Apenas os cozinheiros e pasteleiros podem trabalhar. Que todos tenham igualdade de direitos, os escravos e os livres, os pobres e os ricos (…)”

Saturnália, descrição do famoso festival em honra de Saturno, por Luciano de Samósata (125-181 d.C.)ÊNC