terça-feira, outubro 07, 2008

O SECULAR DAS NUVENS - I

Os caros amigos Inês e Silvério tiveram novamente a amabilidade de me enviarem um artigo da obra «Contribuições para uma Mitologia Popular Portuguesa e Outros Escritos Etnográficos», de Consiglieri Pedroso. Desta feita, o conteúdo do texto versa sobre a figura do folclore nacional denominada «Secular das Nuvens».

Aqui vai a primeira parte, em jeito de identificação e introdução (texto de Consiglieri Pedroso a itálico):



O SECULAR DAS NUVENS (I)


«Temos por diversas vezes sustentado no decurso destes estudos, que é ainda prematura qualquer sistematização definitiva da nossa mitologia popular, por isso que falta coligir muito material e sobretudo falta coligi-lo de um modo verdadeiramente metódico por todo o país.
Sem que as investigações hajam sido uniformemente realizadas em todas as províncias é-nos impossível informar se uma dada superstição, crença ou lenda existe ou não na tradição oral do povo português, tornando-se portanto difícil decidir qual é a vitalidade com que o património comum mítico dos povos indo-europeus se conservou entre nós. É por isso que todos os dias o tesouro, já bastante aumentado, da mitologia popular se vai sempre enriquecendo em Portugal, umas vezes por novas particularidades com respeito a certas entidades míticas (cf. Por exemplo o nosso trabalho sobre o Lobisomem, nºVII destes estudos, e o nº XIV sobre almas do outro mundo), outras vezes mesmo pela descoberta de mitos até hoje ignorados e que só ultimamente a tradição revelou como existindo entre nós (cf. O homem das sete dentaduras, nºX destes estudos).
É ainda a uma entidade mítica até hoje não suspeitada na tradição do nosso povo (cf. Os trabalhos dos Srs. Leite de Vasconcelos e Adolfo Coelho onde nada absolutamente se menciona a tal respeito, se bem que no livro do Sr. Vasconcelos haja um vestígio da lenda não compreendido por falta de outros elementos que o autor não conheceu), que vamos dedicar o presente trabalho. Nada diremos por agora acerca da importância da Entidade a que vamos referir-nos. Em primeiro lugar serão publicadas as lendas portuguesas que tratam de tal superstição; e só depois de algumas indicações a respeito da mesma crença entre os demais povos indo-europeus é que pela aproximação e pelo confronto, faremos sobressair a importância da nossa descoberta.

- O Secular das Nuvens é quem produz as tempestades (Bragança)
- O Secular das Nuvens anda pelas nuvens a batalhar e a produzir tempestades (idem).
- Quando está iminente alguma tempestade vê-se na névoa mais escura e na nuvem mais carregada um aspecto de horror e medo. É nesta nuvem que está oculto o diabólico Secular das Nuvens.
- O Secular das Nuvens tem de existência cem anos, batalhando sempre nos ares, com o que produz o trovão, o raio e o relâmpago.
- O Secular as Nuvens leva a tormenta, que ele produz, para onde quiser.
»


Esta Entidade é, quanto a mim, nada menos do que o grande Deus do Trovão e da Guerra dos nossos ancestrais pagãos, lusitanos ou luso-romanos, ou de qualquer modo da população que aqui vivia aquando da forçada cristianização,a qual, por toda a Europa, ora abafou, ora absorveu, ora, neste caso, demonizou as antigas Divindades, mas não as conseguiu suprimir totalmente da memória da Estirpe.

Segundo os especialistas que estudam as antigas religiões indo-europeias, a figura do Deus do Trovão e da Guerra é sempre central nos panteões dos povos indo-europeus: é Thor/Thonar para os Germanos, Perkunas para os Baltas, Perun para os Eslavos, Indra para os Arianos da Índia, Tarhunt para os Hititas, Taranis para os Celtas (Gauleses), e, em grande medida, Júpiter para os Latinos e Zeus para os Gregos.

Perun
Deus do Trovão e da Guerra dos Eslavos


E aqui digo «em grande medida», mas não totalmente, porque no caso dos Indo-Europeus Helenos e Italiotas (donde derivam os Latinos, e destes os Romanos), tudo indica que o Deus do Céu absorveu as funções do Deus do Trovão, visto serem Júpiter e Zeus equivalentes etimológicos, não dos Deuses do Trovão acima referidos, mas dos Deuses do Céu propriamente dito - os Seus nomes derivam provavelmente do indo-europeu *Dyeus Pater, que originou por exemplo o ariano Dyaus Pitar e o ilírio Daipatures, bem como, possivelmente, o germânico Tiuz/Tyr e o céltico (irlandês) Dagda. É entretanto sintomático que também Júpiter e Zeus tenham uma faceta marcadamente bélica, como aliás se pode ver na gravura medieval que se segue:


Ora sendo o Secular das Nuvens uma Entidade eminentemente marcial e primordialmente definida pela trovoada, afigura-se natural que Se trate da versão hispânica ocidental da grande Deidade bélica que nas crenças indo-europeias maneja o raio e controla a tempestade.

Haverá, de qualquer modo, mais elementos a considerar, como amanhã se verá.



3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ate onde vai a pancada dos muçulmanos.
vejam a foto, é de rir
http://4.bp.blogspot.com/_zDRzN6J_RjU/SNrTcCHf5fI/AAAAAAAADTE/LzQuNJxWNBE/s1600-h/futebol.jpg

enfim ao menos deixaram-nas jogar lol

caturo, devias meter essa e outras fotos desse jogo num post po ppl se rir um bocado

7 de outubro de 2008 às 09:56:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Então e esta?

http://img.photobucket.com/albums/v507/mediafront/islam_and_science/060424_muslim_sports.jpg

7 de outubro de 2008 às 10:13:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

lol os outros a tentar fazer fatos junto ao corpo para ganhar o maximo de segundos e estes anormais metem um saco de batatas.

puta de inteligencia, nem para o desporto servem.

7 de outubro de 2008 às 13:16:00 WEST  

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