O SECULAR DAS NUVENS - II
Continuação do texto de Consiglieri Pedroso sobre a Entidade folclórica do Secular das Nuvens:
«Eis aqui como é descrito esse génio maléfico, que entre nós se chama o Secular das Nuvens. Qual a sua origem ou proveniência? Naturalmente, não a conhecemos pelo que até agora temos coligido, a menos que não seja a única origem atribuída a esta entidade ítica, a seguinte que corre também na versão popular do distrito de Bragança:
- Para formar (sic) um Secular da Nuvens basta matar um homem, mas devagar e por partes. Começa-se pelos pés, picando a carne tão miudinha como se corta para fazer chouriços, e cortando assim até à cabeça, metendo depois tudo dentro de uma tina, sem perder nem um cibo de carne ou osso, nem pinga de sangue.
- Quando se corta um homem para formar o Secular das Nuvens, este homem tem de ser vivo, espatifando-o lentamente dos pés até à cabeça, sem o matar de repente. Deita-se depois esta carne dentro de uma tina conservando-a aí um ano certo. No fim deste tempo sai a cumprir o seu fado o Secular das Nuvens, que vai errante pelos ares (Bragança).
- O maior insulto que se pode dirigir a uma pessoa, é o chamar-se-lhe Secular das Nuvens (idem).
Nalguns pontos do distrito de Bragança o Secular das Nuvens é conhecido pelo nome de Demónio ou Diabo Visível. É Sob este nome que ele nos aparece na seguinte lenda, que reúne numa narração seguida importantes e curiosos elementos da superstição que estamos estudando.
O Demónio Visível – Uma vez um pai tinha um filho a estudar em Salamanca, e tinha-o mandado acompanhar por um criado para lá o servir. O filho resolveu meter-se Diabo Visível e naoq uis mais estudar porque lhe bastava saber isso (sic). Para que o pai o não achasse menos (sic) escreveu-lhe três cartas, recomendando ao criado, que mandasse por sua ordem cada mês uma carta ao pai.
Resolveu depois mandar-se matar e meter toda a carne picada dentro de uma canoa, que tinha ali de estar durante três meses, para depois ficar Diabo Visível e fugir para as nuvens.
O criado, porém, enganou-se ao enviar as cartas, demorou a que devia ir primeiro e mandou a última; de maneira que apareceu ali o pai do estudante logo mal que a recebeu. O criado desculpou-se, dizendo que o filho havia de vir breve, e que tinha ido para uma jornada.
O pai não acreditou e entendeu que o filho havia sido morto e que lhe mentiam. Depois de muito insistir confessaram-lhe a verdade. O pai foi ver então a canoa onde estava o filho despedaçado e a carne com todos os temperos próprios de um adubo para chouriços. Como estava ali há algum tempo, a carne já começava a bulir. O pai, indignado, para que se não efectuasse o diabólico fim, mandou queimar a carne, amaldiçoando os livros onde o seu filho tinha aprendido aquilo.
Finalmente a seguinte lenda vem juntar novos pormenores ao ciclo mítico do Secular das Nuvens ou Demónio Visível.
Homem caído das nuvens. – Uma vez estava um pai e um filho estudante num lameiro de campo, e de súbito começa uma medonha tempestade. Eles acolheram-se debaixo de uma árvore e de repente cai do céu um homem nu no meio do lameiro. Eles cobriram-no com uma capa e levaram-no para a sua casa e vestiram-no e trataram-no muito bem; mas no fim de três dias o homem foi-se embora, muito penhorado para aquela família. Passados anos vai o filho estudante receber ordens e passando junto com outros estudantes numa cidade, andava a saber de hospedaria e viu um homem duma janela a gritar para eles e a manda-los subir, oferecendo-lhe a sua casa para hospedaria. Eles aceitaram todos os obséquios, e quando se iam embora o tal senhor clamou pelo estudante e disse-lhe: « tome lá este dinheiro para custear as despesas da jornada e faça muitas recomendações a seus pais daquele homem que uma vez caiu das nuvens e que eles vestiram e levaram para casa, quando foi daquela grande tormenta do seu lameiro» (sic).
Evidentemente pertencem ao mesmo ciclo de que nos estamos ocupando as seguintes superstições que o Sr. Leite de Vasconcelos publica no seu livro (Tradições Populares de Portugal, pág. 52), e cuja importância passou desapercebida para o nosso amigo, pela circunstância muito justificada de não ter coligido outros elementos, que lhe teriam com certeza atraído a atenção:
- A nuvem que passa muito carregada, leva excomungados (Pindela).
- Acredita-se que o excomungado não vai nem para o Céu, nem para o Inferno, mas vai viver numa nuvem, tolhendo todo o mundo.
- Muita gente, ao ver uma nuvem, sente de repente uma dor de cabeça: é o ar ruim do excomungado. Para nos livrarmos de ar de excomungado e de outras coisas más, é bom rezar três vezes (fazendo três cruzes da testa ao ventre e de ombro a ombro) esta oração, que termina com uma Salve-Rainha:
Jesus Cristo nasceu
Jesus Cristo morreu,
Jesus Cristo ressuscitou:
E assim como é verdade
O Senhor me tire esta dor,
Este mau-olhado
De vivo, de morto
Ou de «excomungado»:
Pelo poder de Deus
E do Senhor Santiago. (Minho).
- Quando à tarde as nuvens aparecem coloridas e com formas extravagantes, como cavaleiros, soldados, etc., alguém pensa ver aí sinais que Deus manda (Beira Baixa, Melres, etc.). Disseram-me da Beira Baixa que várias pessoas, quando vêem as nuvens assim, vão rezar na capela.
Depois do que deixamos escrito, coligimos mais as seguintes lendas, referidas ainda à mesma entidade mítica, que pelo menos no Norte de Portugal se apresenta com bastante vitalidade ainda, como se pode ver do que precede.
- O Escolarão das Nuvens cai na terra quando há tormenta.
- Os matemáticcos (sic) das covas de Hércules (sic) geram as trovoadas subindo às nuvens, e desvastam com a tormenta as povoações que lhes apraz. Ás vezes caem tisnados do alto do céu. Uma vez caiu um, que ficou enterrado até aà cintura na terra e ninguém lhe podia falar.
Por último, é corrente em toda a província de Trás-os-Montes a crença que no céu se presenciam batalhas nas nuvens, exércitos passando e ainda outros sinais que para o povo são a profecia de guerras e revoluções na Terra.»
A esta última passagem, acrescenta-se uma outra, da mesma obra, página 204 (capítulo «Superstições Populares»):
448 - É crença popular que, quando fazem trovões, são carros que andam rodando pelo céu.
Mais uma vez, bate isto certo com a figura do Deus do Trovão e da Guerra, ontem por mim referida quando comentava a primeira parte deste artigo de Consiglieri Pedroso - porque, pelo menos na tradição germânica, o Deus do Trovão e da Guerra, Thor, atroa os ares com o som da sua biga puxada por bodes.
6 Comments:
Coplas a Santa Águeda
Zorion, etxe hontako denoi!
Oles egitera gatoz,
aterik ate ohitura zaharra
aurten berritzeko asmoz.
Ez gaude oso aberats diruz,
ezta ere oinetakoz.
Baina eztarriz sano gabiltza,
ta kanta nahi degu gogoz.
Santa Ageda bezpera degu
Euskal Herriko eguna,
etxe guztiak kantuz pozteko
aukeratua deguna.
Santa maitea gaur hartu degu
gure bideko laguna.
Haren laguntzaz bete gentzake
egun hontako jarduna.
Traducción:
¡Felicidad a todos los de esta casa!
venimos a saludar,
llamando de puerta en puerta como una vieja costumbre
con intención de renovarla este año.
No somos muy ricos en dinero,
ni en zapatos.
Pero andamos con la garganta sana,
y queremos cantar con fuerza.
Tenemos la víspera de Santa Águeda
como el día de Euskal Herria,
El día que hemos elegido
para llenar las casas de alegría cantando.
a la querida Santa hoy hemos cogido
como amiga para el camino.
Con su ayuda podemos llenar
el jornal de este día.
Honremos a língua dos Ancestrais!
Ancestrais de quem? Não os nossos, provavelmente.
Então, jé pensaram nas prendinhas de Natal? lol
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"Ancestrais de quem? Não os nossos, provavelmente."
Quem sabe?
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