PORQUE PARECE A EUROPA FRACA DIANTE DE PUTIN?
A Polónia é um dos países europeus que mais apoia a Ucrânia - e, mesmo assim, só 10,2% dos Polacos aprova o envio de tropas para território ucraniano. Não há unidade europeia para enfrentar o império mantido por Vladimir Putin e ele sabe-o bem, por isso é que manda bojardas ameaçadoras, armando ao pingarelho todos os dias com a merda dos mísseis, enquanto faz exigências «de paz» insultuosas, dando por adquirido que ainda tem direito a mandar na política da Ucrânia, que já é soberana desde os anos noventa, mas o gajo, ex-agente do KGB, não o aceita.
Porque é que a Europa não está devidamente unida, nem pela via da UE nem pela da OTAN?
Porque as elites reinantes no mundo ocidental têm andado a «vender» o ideal europeu, sobretudo o da UE, de uma forma que só faz sentido nas cabeças das ditas elites, as quais falam portanto cada vez mais para si próprias, distanciando-se cada vez mais do povo.
Sempre que começam com a conversa do «projecto europeu», já ninguém está a ouvir nada depois dessa expressão, «projecto europeu», a generalidade do pessoal pura e simplesmente desliga a atenção, porque a seguir vem uma série de banalidades ou de referências abstractas com sabor requentado e insosso - livre circulação de pessoas e de bens, mercados assim e assado e mais não sei quê, agora até já falam no clima, fazem entretanto bem em referir a liberdade e a paz, mas isto depois não joga a bota com a perdigota quando/se for preciso enveredar por via militar. Se a Europa tivesse dependido deste tipo de discurso quando precisou de fazer frente aos Hunos, às forças do crescente médio-oriental ou «peste verde», a Napoleão ou a Hitler, estavam os Europeus bem quilhados.
Isto não une Povos. Não apela às massas. O que apela às massas não são ideais racionalmente engendrados e desenvolvidos por intelectuais mas sim princípios concretos e vitais: Deus, Raça, Nação, Sangue. Estirpe. Nós - a nossa gente. Até Estaline sabia isto. Estaline era marxista mas não era parvo. Percebeu provavelmente que o ideal comunista só interessava às elites. Não mobilizava Povos. Ele provavelmente já o tinha visto desde que assistiu, de longe mas presumivelmente com atenção, ao desastre militar soviético na guerra contra a Polónia no início dos anos vinte. Foram Trotsky e Lénine propor ao proletariado polaco que se unisse às tropas soviéticas em nome da solidariedade proletária (proposta estereotipadamente típica de intelectuais) e o proletariado polaco bem lhes fez o manguito porque preferiu a unidade patriótica contra o invasor russo. Pode e deve recordar-se que, cá no extremo ocidente, um valioso mas injustamente esquecido autor, J. Andrade Saraiva, já escrevia, em 1932, que, se Estaline quisesse unir a população e pô-la em movimento, não poderia apelar ao Comunismo mas sim ao Nacionalismo. Estaline mostrou que também pensava assim quando, no seu primeiro discurso ao Povo soviético depois do início da invasão alemã a território da URSS, centrou o seu discurso, não no proletariado internacional ou no Comunismo ou nos amanhãs que cantam mas sim no ideal de defesa da Mãe Rússia contra o invasor.
Ou seja, um apelo baseado na Estirpe, no Sangue - empregando até o termo de parentesco familiar mais estimado de todos, Mãe - não em princípios ideológicos que só interessam a intelectuais desenraizados.
A Europa é, antes de mais nada, uma família - uma comunidade de Sangue. Raça. Etnias quase todas da mesma raiz indo-europeia e civilização greco-romana de mulheres e homens livres que vivem como iguais. Já há mais de 2300 anos o filósofo Aristóteles dizia que Gregos e bárbaros da Europa tinham em comum o espírito de amor à liberdade, em contraste com os Asiáticos, que viviam subjugados.
Era preciso ter andado a ensinar isto aos Europeus desde há décadas em todas as escolas e todas as televisões. Mas não - não porque aquilo que a elite reinante mais odeia é precisa e rigorosamente a diferença entre «nós e eles», o nacional e o estrangeiro. O resultado pode vir a ser trágico para os Ucranianos, e talvez não só para os Ucranianos... A maior parte dos Europeus não quer enviar tropas europeias para a Ucrânia, ok, aliás, nem era preciso, os Ucranianos já disseram que só querem armas, não pedem soldados da OTAN agora, neste momento. Entretanto, o que é que acontece se, por acaso, por um remoto ou talvez possível acaso, a Rússia decidir por exemplo entrar na Estónia para ir prender a primeira-ministra, que está na lista dos «procurados» pela «justiça» do Kremlin, e de caminho aproveita para «proteger» a comunidade russa na Estónia - se isto acontecer, o que fará a OTAN? Os cidadãos europeus que não querem tropas da OTAN na Ucrânia, irão eles aceitar que elas sejam enviadas para proteger a Estónia? Será que aqueles que agora vociferam «os meus filhos não vão morrer na Ucrânia, ai não vão não!», será que quem assim fala vai aceitar que os seus filhos sejam enviados para defender a Estónia, a Letónia, e a Lituânia? Porquê, porque Estónios, Letónios e Lituanos assinaram um papel e Ucranianos não? Quanto tempo é que esta diferença dura nas mentes da população? Um ano, seis meses, dois meses? Se/quando os caixões começarem a chegar, como vai ser?
Pode vir a dar-se o caso em que Camões tenha razão quando diz que o rei fraco faz fraca a forte gente.
12 Comments:
"A Polónia é um dos países europeus que mais apoia a Ucrânia - e, mesmo assim, só 10,2% dos Polacos aprova o envio de tropas para território ucraniano."
Isso também acontece porque a história entre Ucrânia e Polónia é tudo menos pacifica, com os polacos ainda bastante ressentidos com os massacres na Volínia e Galícia oriental durante a segunda guerra mundial. Mas como disseste e bem nem seria preciso enviar para lá um grande contingente. Eu até diria Caturo, que á parte da falta de união que tu referiste e bem, pois a Europa não é uma nação, mas sim um conjunto de diferentes nações com diferentes linguas e identidades bem definidas, eu penso que o facto de cada nação ter o seu chefe de estado enquanto que a Rússia só tem um (ainda por cima ditador) não ajuda nada em tempos de guerra, por razões óbvias. O facto de 20 e tal países/chefes de estados "democráticos" estarem todos mais ou menos de acordo sobre o lado que apoiam já é quase um milagre.
Mas sem duvida que o teu texto dá que pensar: talvez se a propaganda da UE tivesse sido algo mais na área de realçar as virtudes e as coisas em comum entre as diferentes nações de raça branca em vez do amor ao diferente, esta união tivesse mais pernas para andar. Mas pronto, como foi a Alemanha a perder a grande guerra, a nova comunidade europeia não podia ter um discurso "racista".
Percebo o que dizes sobre o ditador, mas olha que a Alemanha se calhar ainda obedecia mais ao Hitler do que a Rússia ao Putin e, todavia, os NS perderam contra os vários líderes democráticos...
Pois mas verdade seja dita, não sei se teriam vencido sem o contributo e sacrifício da União Soviética...
se hitler tivesse nukes sera que as democracias wokes do oeste teriam coragem de derrubar ele?
Eu penso que nem e preciso tropas nas guerras actuais. Nem tropas nem aviões que são grandes e alvo fácil e passam maior parte do tempo no chão.
As guerras actuais dispensam soldados. É produzir drones em massa e mandar em força para a linha da frente.
Se houvesse muitos drones pá mandar e estourar a linha da frente russa (tanques, soldados, equipamentos, mísseis etc) não era preciso soldados. Drones e mísseis bastava. A serem bombardeados constantemente não conseguiriam avançar e conquistar território.
Futuramente também poderás ter robots a fazer papel de soldados. Decerto China está a tentar avançar bem aí. América provavelmente tambem
Excelente texto, muitos portugueses e restantes europeus deviam de lê-lo.
Indianos a tratar animais cruelmente
https://x.com/SolidLocket/status/1873556643889435132?t=4vyoJlR-eDGbBAViO7dJPQ&s=19
«não sei se teriam vencido sem o contributo e sacrifício da União Soviética»
A União Soviética é que teve muita sorte pelo facto de ter sido apoiada pelos EUA em milhares de dólares de alimentos e munições...
«se hitler tivesse nukes sera que as democracias wokes do oeste teriam coragem de derrubar ele»
Provavelmente, não.
«As guerras actuais dispensam soldados. É produzir drones em massa e mandar em força para a linha da frente.»
Teoricamente, terás razão, e eu espero bem que tenhas razão ainda mais depressa de maneira a que não seja necessária a morte de mais europeus na frente leste...
Muito obrigado.
Infelizmente quem esta no poder nao parece ver isso. Ucrania andou a pedir avioes. E nao tem apostado tudo em drones. Era producao ao máximo e fodiam a linha da frente todos os dias
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