terça-feira, setembro 27, 2016

SOBRE A HERANÇA DEIXADA PELO GOVERNO PSD/CDS

http://geringonca.com/2016/09/22/a-heranca/

A chamada austeridade não justifica tudo - não justifica seguramente que os pobres tenham sido tão sacrificados, enquanto os mais abastados ficam praticamente a salvo, senão até mais ricos, talvez porque, dizem os neo-liberais, há que não assustar aqueles que investem no nosso país e é preciso atrair o investimento e assim... o resultado tem-se visto qual é - por mais que o investimento tenha aumentado, a situação da «plebe» não melhorou, o que fez o País ficar mais próximo do terceiro-mundo. É particularmente esclarecedor o que se diz no fim do vídeo: em países «onde a tributação é levada a sério», os contribuintes de alto rendimento representam vinte a vinte e cinco por cento da tributação em IRS... enquanto em Portugal, este contributo dos mais ricos não chega a meio por cento. Deviam ser mais de mil agregados a pagar de vinte a vinte e cinco por cento e afinal são duzentos agregados a pagar menos de 0,5%. Terceiro-mundice não é só pobreza em si - terceiro-mundice também é isto. E a claque parlamentar que torce pelos «contribuintes de alto rendimento» queria e quer aumentar ainda mais o fosso sócio-económico. Isso sempre esteve na sua agenda, ainda que de forma «subtil». Não me esqueço da propaganda eleitoral do CDS, antes de chegar ao poder, a prometer a maravilha que seria a «ascensão no elevador social» (sic), ou seja, a passagem de uns para cima dos outros com mais facilidade - a ideia parece entusiasmante ao cidadão individual muito trabalhador e empreendedor e tudo o mais, mas sem consciência social e até cívica, bem entendido... Prometer isto num país com amplas desigualdades é fomentar o aumento do fosso sócio-económico. E o mais irónico, até ridículo, é que depois são precisamente os que mais querem isto aqueles que mais se indignam contra a «luta de classes» por parte da Esquerda... pois claro: bom era que o povinho das classes mais baixas se deixasse ficar no seu lugar, a vergar obedientemente a mola e a espinha enquanto lhe espetavam com ascensores em cima... isso é que era bom.
Num regime nacionalista não há lugar para nada disto, porque em primeiro lugar está o Povo, a coesão grupal da população, uma coesão contrária a grandes desníveis sócio-ecomómicos - só depois podem ser satisfeitos os interesses financeiros individuais. O ideal, eventualmente nunca concretizável mas sempre a servir de guia, é quea deixe de haver classes sociais hierarquizadas pelo nível financeiro.