OBSERVADOR MEXICANO DENUNCIA INTERESSE NORTE-AMERICANO EM LANÇAR ISLAMISTAS CONTRA A RÚSSIA
O professor da Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM), Alfredo Jalife-Rahme, expôs à agência Sputnik Mundo a sua visão a respeito da situação política e financeira global, abordando também perspectivas da comunidade internacional depois da recente 71ª Assembleia Geral da ONU.
Segundo ele, "o discurso de despedida do presidente norte-americano, Barack Obama, na Assembleia Geral da ONU não foi bem recebido, porque ele se dedicou a ridicularizar a Rússia na ordem unilateral, enquanto na realidade os factos não correspondem aos eventos". Na opinião do especialista, os EUA foram responsáveis pela mudança do regime na Ucrânia e o derrube do ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich.
"A Ucrânia não é um país qualquer, pertence à mãe Rússia", destacou Jalife-Rahme.
Segundo ele, "a grande parte dos habitantes da Ucrânia, principalmente na região leste, são russófilos e russófonos" que já tinham vindo a demonstrar interesse de se aproximar do seu grande vizinho do Oriente. O especialista revelou que o recente vazamento de dados indica que o especulador financeiro dos EUA, George Soros, é responsável por ter financiado o conflito na Ucrânia.
Jalife-Rahme destaca que a Crimeia é uma "questão essencial para Rússia" por ter saída para os mares Negro e Mediterrâneo.
Todos os acontecimentos passados demonstram que a Rússia não quer permitir a repetição do cenário de 2008 na Geórgia. "Não estão a entender que a Rússia não aceitará as humilhações que a União Soviética sofreu na época de Gorbachev e Yeltsin", disse. Além disso, durante o seu discurso na Assembleia Geral da ONU, Obama apresentou uma versão da situação na Síria e no Iraque que "não corresponde à realidade".
O especialista explica que os EUA, não a Rússia, invadiram o Iraque contribuindo para a criação do jihadismo islâmico.
Segundo ele, os países RIC (Rússia, Índia e China) são os principais alvos dos jihadistas porque a população muçulmana nestes países é significativa. Por exemplo, na Rússia 20% dos residentes são muçulmanos. "Em termos geográficos, a população russa não apresenta mudanças quanto à taxa de natalidade, enquanto a natalidade islâmica está crescendo", salienta. De acordo com ele, "todas estas situações que levaram à criação do grupo terrorista Daesh (proibido na Rússia e em vários outros países), contribuíram para o que está a acontecer agora na Síria, onde se juntam vários factores", como por exemplo, as guerras de oleodutos providos do Iraque, Irão, Qatar e Arábia Saudita e cujo objectivo é a saída para o mar Mediterrâneo através da costa leste da Síria. "A Rússia precisa de se defender nesses territórios, pois o jihadismo ameaça desestabilizar os países RIC", conclui. Ao mesmo tempo, segundo Jalife-Rahme, o discurso de Obama na Assembleia Geral da ONU foi "falso e muito hipócrita". "Os EUA deixam o caos por onde passam de propósito, pois eles controlam esse caos a partir de Wall Street e de Washington", diz o especialista. Ele acredita que "os EUA devem discutir a nova ordem mundial com a Rússia, que possui número até maior de ogivas nucleares, e com a China que se transformou em uma super-potência económica".
No que diz respeito à situação financeira internacional e desafios na área da economia, Jalife-Rahme destacou que o mundo está a viver uma guerra geo-financeira, onde se aplica "modelo dos anos 80 do século 20, anteriores ao colapso da URSS".
Frisa que "naquele período os EUA fizeram cair os preços de petróleo, afectando a situação financeira da URSS". De acordo com o especialista, o mesmo aconteceu em 2014 e 2015 quando o rublo foi golpeado e os preços do petróleo sofreram uma queda. Por sua parte, ressalta Jalife-Rahme, em 2015 a China teve que gastar um bilião de dólares das suas reservas para parar a "guerra especulativa" chefiada pelo economista George Soros, responsável pelo abalo político e económico dos últimos anos. Segundo o especialista, o objectivo final dos EUA foi obter "mão-de-obra muito barata" para tirar proveito das dificuldades económicas enfrentadas por vários países, entre eles, países da América Latina. "Estamos a viver uma guerra financeira terrível", conclui Jalife-Rahme. A entrevista completa de Alfredo Jalife-Rahme ao programa GPS Internacional da Rádio Sputnik está disponível na página da publicação "Alfredo Jalife-Rahme: jihadismo está destinado a desestabilizar a Rússia, Índia e China".
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Fonte: https://br.sputniknews.com/americas/20160926/6409696/jihadismo-eua-impacto.html
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É uma análise detalhada da situação que funciona como uma espécie de pequena actualização do que já Alexandre del Valle dizia há dezassete anos na sua obra «Guerras Contra a Europa» (1999): o interesse ianque em dinamizar forças islamistas contra a esfera de poder russo, o que se observou no Afeganistão, com o total apoio aos talibãs contra o poder aliado dos soviéticos, e, também, na Guerra da Jugoslávia, onde toda a imprensa ocidental, orquestrada por interesses americanos, branqueava os crimes dos muçulmanos bósnios ao mesmo tempo que fazia dos Sérvios (aliados dos Russos) os maus da fita.
No que o autor mexicano Jalife-Rahme mostra forte parcialidade é na quase militante defesa da causa russa na Ucrânia, país onde o poder de Moscovo é há muito odiado, tanto que a Extrema-Direita, contrária ao domínio russo, chegou ao poder pela via democrática...
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