domingo, abril 03, 2016

SOBRE O CURDISTÃO COMO PROMESSA

Um bom artigo, já de há dois anos, mas que se poderá tornar cada vez mais actual:

O Curdistão iraquiano é cheio de surpresas. Provavelmente a descoberta mais inesperada é como a vida funciona na capital, Erbil. Apesar do susto no final do Verão pelas conquistas militares do Estado Islâmico (EI) no norte de Mossul e a ameaça de atentados suicidas, a disciplina social dos cidadãos do Curdistão é admirável. Há um relaxado estado de tensão. A vida segue seu ritmo "como de costume".
Há também uma sensação de optimismo, penetrante e contagiante. O espírito empreendedor está vivo e bem. Embora tenha havido um êxodo de empresários após as conquistas territoriais iniciais do EI, os investidores estrangeiros estão a retornar. O Governo Regional do Curdistão (GRC) já esboçou planos para projectos em alta escala com o objectivo de melhorar a infra-estrutura. Veículos para serviço pesado estão por toda parte. O projecto que mais chama a atenção é a rodovia que está a ser construída no entorno da cidade.
O pluralismo político também chegou ao norte curdo. Embora o Partido Democrático do Curdistão (KDP em inglês) e a União Patriótica do Curdistão (PUK em inglês) permaneçam como as duas forças políticas mais importantes, agora já têm companhia. Nenhum partido domina o parlamento. Há muita negociação, coligações efémeras e novas personalidades políticas já são ouvidas. No entanto, os líderes mais influentes e respeitados ainda vêm da grande família Barzani, que preside o KDP. O falecido Mustafa Barzani (1903-1979) é reverenciado como o padrinho-guerreiro do Curdistão moderno.
Os Curdos, na sua maioria, são receptivos. O assentamento metódico e rápido de dezenas de milhares de refugiados da região do Iraque controlada pelo EI, precisou da liderança corajosa do governo liderado por Barzani, principalmente da hierarquia católica do Curdistão. Esse sucesso também se reflecte na compaixão de um povo autoconfiante. Por exemplo, a população da região de Dohok duplicou devido à chegada de refugiados. Não há tensão discernível entre os recém-chegados e a população nativa do país. Apesar do ressentimento inveterado dos excessos dos regimes árabes passados, o Curdistão é uma sociedade multi-étnica e multi-religiosa. Esse aspecto fortificou-se ainda mais com a emigração de outras partes do Iraque, de turcomenos, yazidis e cristãos assírios e árabes. Também é uma sociedade que rejeita o fanatismo religioso. A maioria dos curdos compõe-se de muçulmanos sunitas e é possível ouvir a convocação muçulmana para as orações, cinco vezes ao dia, mas é inaudível e ignorada pela maioria.
Homens, na maioria dos casos, andam pelas ruas de Erbil, Dohok e Zako, principalmente à noite. Contudo, o Curdistão não é uma sociedade que reprime as mulheres. Há muitas mulheres no parlamento e expressam abertamente as suas opiniões sobre o problema da violência contra as mulheres na sociedade curda. Numa conferência, em meados de Novembro, pelo menos metade dos presentes na era composta por mulheres de destaque no Curdistão. Mulheres que se voluntariam para o serviço militar são amplamente admiradas. Os média curdos enaltecem as combatentes curdas do Peshmerga. Uma mulher, veterana da violenta batalha para salvar a cidade curdo-síria de Kobane (perto da fronteira com a Turquia) das mãos do EI, que recentemente visitou Erbil, foi recebida como heroína nacional. Mulheres yazidis que escaparam após serem torturadas pelos operativos do EI também são muito admiradas.
Zako, outrora centro da população judaica do Curdistão, ainda convida os descendentes daqueles que há muito tempo foram para Israel a voltarem. As aldeias isoladas de Zako são o faroeste do Curdistão. A sua extrema beleza, no meio de uma cadeia de montanhas, poderá tornar-se um ímã turístico tanto pelas milenares atracções históricas como pelas possibilidades recreativas.
Por todas as razões citadas acima, o Curdistão lembra Israel. Como Israel, o Curdistão não é dominado nem pelos árabes nem pelo Islão. Como Israel, o Curdistão é mais democrático do que qualquer um dos seus vizinhos. Como Israel, o Curdistão está cercado de inimigos que não querem que ele exista. Como Israel, o Curdistão dirige os seus olhos para o Ocidente. E como Israel, o Curdistão tem mantido o equilíbrio ainda que o mundo inteiro o traia.
Dr. Lawrence A. Franklin serviu no serviço activo do Exército dos EUA e como coronel da Reserva da Força Aérea, onde serviu como adido militar em Israel.
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Fonte: http://pt.gatestoneinstitute.org/5029/curdistao-israel 

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A parte de a sociedade ser multi-étnica é que não promete nada de especialmente bom, mas a seu tempo pode ser que tudo se arranje. Para já há o essencial - um Povo coeso, com uma língua e uma religiosidade especificamente étnica, dividida entre o Iazidismo e o Mazdeísmo. E o facto de a sua identidade étnica ser de raiz indo-europeia fá-la merecer especial solidariedade por parte dos nacionalistas europeus.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...


Trump diz que se for eleito vai expulsar todos os sírios dos EUA,afirma não quer que os EUA sigam o desastre da politicas de Emigração da Suécia e Alemanha,suas afirmações estão a gerar muita polémica a nível mundial ,Com video.

http://sicnoticias.sapo.pt/especiais/crise-migratoria/2016-04-03-Trump-diz-que-se-for-eleito-vai-expulsar-todos-os-sirios-dos-EUA

3 de abril de 2016 às 16:53:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Várias pessoas detidas em Bruxelas depois de manifestação de grupo de extrema-direita


http://sicnoticias.sapo.pt/mundo/2016-04-02-Varias-pessoas-detidas-em-Bruxelas-depois-de-manifestacao-de-grupo-de-extrema-direita

3 de abril de 2016 às 17:25:00 WEST  
Anonymous Warley said...

Sim, isso me chamou a atenção nesses dias enquanto comecei a pensar na questão do Curdistão. A incrível resistência milenar que esse povo manteve até os dias de hoje contra as culturas invasoras e principalmente contra o islã é algo para se parabenizar, e o fato de ainda terem fé nas suas religiões de raiz é ainda mais esperançoso. Um povo forte e bonito, pesquise no google e vera a beleza indo-europeia deles encontraste com a sugeria da guerra. Me fez lembra a história dos celtas. Talvez agora a união europeia finalmente reconheça o seu sonho de ter um território nacional próprio.

3 de abril de 2016 às 18:48:00 WEST  

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