quinta-feira, abril 21, 2016

DATA DA FUNDAÇÃO DA CIDADE DA LOBA, UMA RAIZ DA ESTIRPE NACIONAL - E POSSÍVEL DATA RELIGIOSA DA LUSITÂNIA PRÉ-ROMANA

Venus Genetrix
antepassada mítica dos Romanos

Mosaico representando a cena em que Marte desce das Alturas para fecundar Reia Sílvia

Adoração de Pales, Deusa dos Rebanhos, pelo pintor flamengo Joseph-Benoît Suvée's (1743 – 1807)



A Loba amamentando Rómulo e Remo

Diz a lenda que em 21 de Abril de 753 antes da era cristã ou era comum, o latino Rómulo, irmão de Remo, filho de Marte, Deus da Guerra, e de Reia Sílvia, vestal (sacerdotisa de Vesta, Deusa do Fogo Sagrado do Lar e da Pátria), fundou a cidade de Roma, que viria a ser a capital de um dos maiores impérios de sempre, proto-fundador do Ocidente e raiz étnica - pelo menos em parte - das actuais Nações latinas, entre as quais se inclui Portugal.
Reia Sílvia era filha de Numitor, filho de Procas, rei da cidade latina de Alba Longa. O irmão de Numitor, Amúlio, tomou o poder e obrigou a filha do irmão a tornar-se vestal (sacerdotisa de Vesta) porque as vestais não podiam deixar de ser virgens e Amúlio não queria que Reia Sílvia tivesse filhos, os quais um dia poderiam reclamar o trono que Amúlio queria para si e para os seus próprios filhos.
Todavia, Reia Sílvia foi fecundada por Marte, que das Alturas desceu sobre ela e fez com que a virgem desse à luz dois gémeos, Rómulo e Remo. Amúlio ordenou que fossem atirados, mãe e filhos, ao rio Tibre, mas Tiberinus, o Deus do rio, salvou Reia de se afogar. Quanto aos filhos, foram recolhidos e amamentados por uma loba (daí a conhecida imagem da Loba que amamenta duas crianças, como se pode ver acima) sob uma figueira (a ruminalis ficus) e protegidos por um pica-pau (ambos os animais são consagrados a Marte), tendo posteriormente sido adoptados por um pastor, Fáustulo, e sua esposa, Acca Larentia, que os criaram.
Mais tarde, os irmãos colocaram o seu avô Numitor no trono e decidiram depois criar outra cidade. Remo viu seis abutres sobre o monte Aventino e afirmou que a nova urbe teria de nascer ali, mas Rómulo viu doze abutres sobre o monte Palatino e decidiu-se por esta última elevação como ponto de partida do novo Estado. Traçou por isso um sulco numa área plana, em torno do monte, dizendo «Morto será aquele que violar esta fronteira!». Como Remo troçasse do irmão e saltitasse de um lado para o outro do sulco, Rómulo matou-o. Isto é mito fundador, é lenda imortal, narrativa primordial (de alguns) dos nossos ancestrais. Por isso, o caminho do sulco de Rómulo seria o caminho que, mais tarde, os jovens solteiros romanos iriam percorrer, à volta do Monte Palatino, todos os anos, por ocasião da celebração da Lupercalia.
Soa, a muitos ouvidos, como blasfémia, isto de dizer que os Romanos são antepassados dos Portugueses, pois que, no entender popular, essa gente vinda do Lácio oprimiu aqueles que tradicionalmente nos habituámos a considerar como Os nossos avós por excelência, que são os Lusitanos. Mas é tempo de começar a perceber que a Romanidade é parte integrante da nossa etnicidade, a par ou quase a par (a tradição mítica conta muito e por isso digo «quase a par») da identidade pré-romana do povo de Viriato. O próprio facto de falarmos o Português, que é língua latina (é Camões quem explica a simpatia que Vénus, Deusa do Amor, tem pelos Portugueses: diz o vate que a Deusa, em relação à língua portuguesa, «crê, com pouca corrupção, que é latina») e não o Lusitano, do qual pouco ou quase nada sabemos, atesta a importância crucial que tem na raiz dos Portugueses a estirpe latina, romana, a da Loba e da Águia de Prata, símbolo de Júpiter transportado pelas legiões da chamada Cidade Eterna.
Somos pois Lusitano-Romanos na nossa essência, o que acaba por significar que, no fundo, somos filhos duma violação. Paciência. O filho dum violador não tem necessariamente de cometer estupros, ou sequer de aprovar o execrando acto do pai, mas também nenhuma moral sensata o obriga a suicidar-se ou a deixar-se matar só porque o seu nascimento não aconteceria caso o pai tivesse tido um comportamento decente... Do mesmo modo, mutatis mutandis, Portugal é filho dum imperialismo, mas nem por isso perde o direito à existência ou sequer à honra da ligação aos seus ancestrais pré-imperiais, isto é, os indígenas hispânicos (Lusitanos, Galaicos, Celtici, etc.). E, mesmo correndo o risco de parecer simplista, pode até dizer-se que a perda da independência lusitana, do povo de Viriato, foi de certo modo «vingada», ou compensada, pela multisecularmente posterior independência de Portugal, significando isto que a estirpe do extremo ocidente ibérico voltou, por portas travessas e com diferente voz, a ser livre na sua própria terra. Lusitanos e Romanos, de resto, acabaram por se fundir.
Além do mais, e independentemente de todas as guerras e ódios passados, o que é certo é que os Romanos pertencem à mesma família étnica que os Lusitanos, a indo-europeia. Pode pois encarar-se a vinda e conquista romana como a chegada de mais uma «tribo» indo-europeia, do mesmo modo que, a leste da Lusitânia, por exemplo, os célticos Vetões desalojaram os célticos Vaqueus. Os Romanos foram portanto um povo indo-europeu vindo do Lácio que aqui veio impor-se, a par da(s) invasão(ões) céltica(s) ou mesmo pré-céltica(s), bem como das invasões germânicas. A este propósito, é pertinente observar que, nas fileiras nacionalistas, patrióticas e não só, não se costuma lamentar as invasões germânicas como inimigas das identidades nacionais não germânicas, ao invés do que se faz com a romana (e faz-se não apenas em Portugal mas também na Grã-Bretanha, por exemplo, onde muitos acreditam que os malandros dos Romanos foram oprimir os coitadinhos dos Bretões, embora as maiores responsáveis pelo recuo e quase extermínio da Celticidade insular tenham sido as invasões germânicas dos Anglos e Saxões, antepassados directos dos Ingleses, ou em França, onde os Romanos são por vezes vistos como os grandes inimigos dos «verdadeiros franceses», isto é, dos Gauleses, enquanto os germânicos Francos como que passam impunes por esta onda de ódio a um certo passado...). A repulsa pelo invasor é exclusivamente dirigida contra os Romanos, o que pode ter muito a ver com um certo romantismo, ou seja, com a influência duradoura da corrente cultural romântica do século XIX, que exaltava o Norte brumoso e grandioso e depreciava o Sul «mesquinhamente» racionalista e luminoso.
Ora o Romantismo tem a sua beleza, um mérito muito próprio também, contribuiu grandemente para despertar a Chama Nacional, Tribal, que, como bem disse Berdiaev, dormitava desde o fim do mundo pagão, mas tem também as suas limitações, como sucede, de resto, a tudo o que é humano. Já vai sendo tempo de deixar para trás certos pontos de vista derivados de rivalidades circunstanciais e historicamente limitadas para perceber que, ao fim ao cabo, os Europeus são todos do Norte (do planeta), do Grande Setentrião, como diz Guillaume Faye, e quase todos de raiz étnica indo-europeia.
E um dos muitos testemunhos desta ligação primordial tem também a ver com o dia de hoje, no qual Roma, além de festejar a sua fundação, celebrava também a Parilia, cerimónia religiosa em honra de Pales, a Deusa Protectora dos Rebanhos. A figura da Divindade feminina protectora Cujo nome radica em Pal- será eventualmente uma das mais antigas e disseminadas do mundo indo-europeu. Na Grécia, uma das mais importantes Deusas, Atenaprotectora de Atenas, tinha nesta cidade o título de Pallas; nota-se ao mesmo tempo a semelhança (como fez Georges Dumézil) entre a romana Pales, protectora dos rebanhos, e a indiana Vispala, Deusa igualmente protectora dos rebanhos, mas em Cujo nome «Vis» significa «Tribo», «Casa». Há na Lusitânia uma Deidade Cujo nome é Trebopala, em que «Trebo» significa, em Céltico, «Tribo», «Povo», enquanto «-pala» terá o sentido de «Protecção». A lusitana Trebopala seria pois exactamente equivalente, na Sua origem e significado, à indiana Vispalacomo se pode deduzir da leitura do artigo «O Sacrifício entre os Lusitanos», da Dra. Maria João Santos Arez, bem como da tese de licenciatura do Dr. Andrés Pena Granha, intitulada «Território Político Celta na Galícia Prerromana e Medieval».

E ainda hoje a palavra «pala» é em Português usada com o sentido de protecção... «viver à pala de», é, como se sabe, «viver sob a protecção de», ou «à custa de», e constitui expressão assaz usual.
Honremos pois o nosso passado milenar, cuja raiz se oculta na noite dos tempos, mas que, seguramente, constitui a base dos principais elementos da herança nacional, a estirpe indo-europeia.
Interessa já agora lembrar o que aqui foi noticiado há poucos anos sobre a provável origem arcaica da designação  da Serra da Estrela: http://gladio.blogspot.pt/2013/05/nome-popular-da-maior-serra-de-portugal.html
As entradas dos dólmens construídos há seis mil anos em volta da maior montanha da Serra da Estrela estão todas viradas para o lugar onde, no horizonte, a estrela Aldebaran nasce em Abril, e explicam a origem do nome da mais alta serra de Portugal Continental.
(...)
Ora é particularmente interessante que Aldebaran, que, segundo Ptolomeu, é da natureza de Marte (talvez por ser vermelha, não sei) e que, de acordo com as escrituras védicas, indicou em tempos o equinócio de Outono no hemisfério norte, é particularmente interessante, dizia, que Aldebaran tivesse entre os Romanos o nome de Palilicium, em referência precisamente à Parilia acima mencionada. No fim de Abril esta estrela ver-se-ia no crepúsculo.
Fontes: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aldebar%C3%A3
https://en.wikipedia.org/wiki/Aldebaran
Significa isto que tanto os arcaicos Latinos como os ancestrais pré-históricos dos Portugueses contemplavam com particular respeito religioso o mesmo grande astro rubro, guia da grei.


13 Comments:

Anonymous Anónimo said...

China testa novo míssil com ogivas múltiplas, levantando preocupações dos EUA

Leia mais: http://br.sputniknews.com/defesa/20160420/4237481/china-dongfeng-missil.html#ixzz46RsnWuPH

21 de abril de 2016 às 09:42:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Agora a pergunta é esta: qual era a missão [do destróier] Donald Cook, que estava navegando perto de Kaliningrado? Você pode imaginar um destróier equipado com mísseis de cruzeiro com um alcance de 2.500 km, que pode portar ogivas nucleares, em algum lugar perto de Nova York ou no golfo do México? Isto não corresponde à atividade militar, isso é uma tentativa da pressão militar encima da Rússia. Acho que as autoridades americanos entendem que vamos tomar todas as medidas necessárias para compensar a tentativa de uso da força militar", informou os jornalistas Grushko, comentando o incidente no mar Báltico.


Leia mais: http://br.sputniknews.com/defesa/20160421/4248213/destroier-eua-mar-baltico.html#ixzz46SdCLx7B

21 de abril de 2016 às 12:47:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Uma fuga de documentos considerados "confidenciais" pelo Estado Islâmico revela a facilidade de circulação de terroristas com cidadania europeia, entre o Iraque, a Síria e a Europa.

http://observador.pt/2016/04/21/documentos-secretos-do-estado-islamico-os-terroristas-circulam-facilmente-na-europa/

21 de abril de 2016 às 13:44:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/portugal/detalhe/portugues_morto_a_machadada_por_assaltantes.html

Quando é um angolano a levar uma multa de carro em Portugal, em Angola tratam logo o caso como um gravíssimo acidente diplomático. Já nem falo da Isabel dos Santos, essa multi-milionária de dinheiro sujo, ter feito a birra do costume contra o estado Português só porque achou que houve parcialidade agora neste caso da aprovação de um decreto-lei que veio a favorecer um dos accionistas do BPI que não o seu grupo.

Em Angola, estes crimes macabros acontecem e aqui, da Esquerda à Direita, ninguém pega no assunto. E claro, um branco português nunca é um alvo preferencial em Angola e no Brasil (nas ex-colónias até se devem espumar de contentamento quando planeiam roubar e matar um "tuga" ou "portuga"), na África do Sul ou na Venezuela...

21 de abril de 2016 às 17:15:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Caturo veja isto:

http://totalitarismouniversalista.blogspot.com.br/2016/04/no-brasil-ja-comecam-perceber-o-estado.html

Lendo nietzschie ele já observava isso no século 19, porem, ele culpava não so liberalismo mas também o cristianismo. Dai faco uma ligação com o post anterior do helenista português. O cristianismo tb arrefeceu os instintos masculinos do homem europeu. Os valores cristãos, como disse o classicista português, prega a submissão, a subserviência, a subordinação... valores contrários aqueles associados a masculidade. Perceba, que embora a pratica da homossexualidade fosse comum no período clássico, o homem daquela época jamais se comportava ou imitava uma mulher. Havia excesoes, claro, mas em linhas gerais, mesmo os que se relacionavam com homens, admiravam e emulavam o comportamento viril. O brasileiro do vídeo revela uma certa "carolice", "beatismo" típico de direita brasileira que so se pode apoiar mais na religião que na estirpe.

21 de abril de 2016 às 19:17:00 WEST  
Anonymous Belfegor said...

Caturo, a propósito do 4º centenário da morte de Shakespeare, deixo aqui um vídeo da autoria de um professor inglês (na verdade galês), que na companhia do filho encenador, nos demonstram como teria sido a fonética da língua inglesa no tempo do Dramaturgo.
Espero que seja do vosso agrado.
Eis pois o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=gPlpphT7n9s

Saúde e abraços.

22 de abril de 2016 às 00:09:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Belfegor disse...
Caturo, a propósito do 4º centenário da morte de Shakespeare, deixo aqui um vídeo da autoria de um professor inglês (na verdade galês), que na companhia do filho encenador, nos demonstram como teria sido a fonética da língua inglesa no tempo do Dramaturgo.
Espero que seja do vosso agrado.
Eis pois o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=gPlpphT7n9s

Saúde e abraços.


Faz todo o sentido: afinal porque motivo se encontram os r´s finais na língua inglesa? É porque se pronunciavam. A fala afectada, "posh" a que associamos os Ingleses foi uma construção artificial dos Hannover de finais do séc. XVIII destinada a criar uma separação entre classes altas e baixas. Até então, toda a gente (à excepção da Escócia e das Middlands) falava da forma que é mostrada no vídeo.

25 de abril de 2016 às 20:26:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Muito obrigado por mais esse contributo. Por mim, que não sou filólogo e nada percebo de linguística, reservo-me o direito de não acreditar nessa. A verdade é que a diferença de pronúncia do R - o rotacismo - é geográfica: toda a zona oriental inglesa não o pronuncia, em contraste com a zona ocidental inglesa e a área céltica, que o pronuncia. Como é que é, toda uma população decidiu ser «snobe» e a outra não? Ou será que toda a gente da área oriental inglesa é das classes altas e toda a gente da área ocidental inglesa é da plebe? Curiosamente, esta divisão de pronúncia coincide, grosso modo - muito por alto, reforço - com a diferenciação nas raízes étnicas das populações britânicas: na parte oriental da ilha, é particularmente forte a influência germânica (saxónica, ânglica, dinamarquesa), ao passo que na parte ocidental é mais forte a influência céltica.

25 de abril de 2016 às 21:07:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...



Faz todo o sentido: afinal porque motivo se encontram os r´s finais na língua inglesa? É porque se pronunciavam. A fala afectada, "posh" a que associamos os Ingleses foi uma construção artificial dos Hannover de finais do séc. XVIII destinada a criar uma separação entre classes altas e baixas. Até então, toda a gente (à excepção da Escócia e das Middlands) falava da forma que é mostrada no vídeo.


Quem acha que os ingleses falam de maneira posh devia ir a sítios como o Black Country ou Newcastle, ehehe...

26 de abril de 2016 às 13:20:00 WEST  
Anonymous Observador Atento said...

O Anglo-Saxão era realmente uma língua bonita com todos os sons pronunciados e vogais abertas, claras e redondas. Parece que houve um certo "afrancesamento" ou "germanização" em fins de 1700.

Ex: Hengist = "Héne - giste" e Horsa = "Hóre - sâ".
(Os "rês" devem ser lidos como no russo, indepentemente se for no fim ou no princípio das palavras).

26 de abril de 2016 às 13:39:00 WEST  
Anonymous Observador Atento said...

https://www.youtube.com/watch?v=H3r9bOkYW9s

Um exemplo de Anglo-Saxão.

26 de abril de 2016 às 13:51:00 WEST  
Anonymous Observador Atento said...

https://www.youtube.com/watch?v=ziEVQVDvKYA

Eis o vídeo da reconstituição da língua anglo-saxónica.

26 de abril de 2016 às 13:54:00 WEST  
Anonymous Observador Atento said...

https://www.youtube.com/watch?v=zfaEGU45lKA


Eis outro vídeo com um relato de uma batalha que opôs os Anglo - Saxões Ocidentais a uma coligação de Vikings, Escoceses, Bretões de Strathclyde e outros Celtas no século X.

26 de abril de 2016 às 14:01:00 WEST  

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