segunda-feira, janeiro 04, 2016

POLÉMICA EM ISRAEL POR CAUSA DE LIVRO PRÓ-MISCIGENAÇÃO QUE A ESQUERDA QUERIA PODER ENFIAR NO CURRÍCULO ESCOLAR

Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2016/01/livro-sobre-romance-entre-judia-e-palestino-causa-polemica-em-israel.html
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A apaixonada relação de amor de uma mulher judia com um homem palestino, epicentro do romance "Uma barreira viva", da escritora Dorit Rabinyan, provocou polémica em Israel após o Ministério da Educação do país tê-lo proibido por considerar que encoraja a "assimilação".
Liat, israelita, e Jilmi, palestino, são os dois heróis de uma história fictícia que abala os alicerces da identidade israelita, e que gerou uma onda de protesto pelas redes sociais contra o ministro da Educação, Naftali Bennett, líder do partido nacionalista religioso Lar Judaico.
"Comprei hoje vários livros. Acredito que é o livro que actualmente deve ser entregue aos alunos e alunas", escreveu na sua página do Facebook o chefe da oposição e líder trabalhista, Isaac Herzog, estimulando a população a comprá-lo.
Para Herzog, "o acto agressivo e desnecessário de censurar um livro baseando-se numa interpretação linear do seu conteúdo é outro tijolo do muro do medo, da segregação e da cerração que está a ser erguido pelo governo (do primeiro-ministro israelita, Benjamín) Netanyahu".
Centenas de actores, publicitários, escritores e intelectuais em geral, assim como políticos e educadores, alçaram energicamente a sua voz contra o boicote que o Ministério impôs ao romance de Dorit Rabinyan, escritora e roteirista de conhecida trajectória local.
"Gader Jayá" (em Hebraico), traduzido para Inglês como "Borderline" e publicado há um ano e meio, é a história de uma tradutora israelita e um artista palestino que se apaixonam em Nova York e que vêem como o seu amor resiste a apagar-se quando ambos devem retornar a Tel Aviv e Ramala, e enfrentar a crua realidade política da região.
Ganhadora de vários prémios locais e muito mais produtiva na sua juventude que na idade adulta, Rabinyan tinha passado quase despercebida com o seu último livro até que vários professores de literatura hebraica pediram ao ministério para incluí-lo na lista de recomendados para os níveis avançados do ensino médio.
Os membros da comissão académica pertinente deram-lhe o selo de apto, mas dois altos funcionários do ministério consideraram que era inadequado e ordenaram que o título fosse apagado da lista, contando para isso com o apoio de Bennett.
Um dos argumentos deste organismo é o de que é preciso preservar "a identidade e a herança dos estudantes em cada colectivo social", ao mesmo tempo em que reforçava que as "relações íntimas entre judeus e não judeus ameaçam a separação de identidades", de acordo com o jornal "Haaretz".
Desde então as queixas e denúncias inundaram as redes sociais, com famosos comprando o livro e tirando fotos com ele.
"As minhas felicitações ao Ministério da Educação que conseguiu fazer de 'Uma barreira viva' um livro de leitura obrigatória", disse o presidente da câmara da liberal Tel Aviv, Ron Huldai, que classificou o romance como "fascinante".
A principal biblioteca desta cidade pendurou um cartaz no qual anuncia a disponibilidade do livro sem pagamento algum, enquanto as principais livrarias faziam pedidos públicos à editora Am Oved para que lhes forneça mais exemplares, dada a demanda gerada pela polémica.
Rabinyan, que entre 1995 e 1999 publicou com notável sucesso os seus dois primeiros romances - traduzidos cada um para oito idiomas -, tem outro título entre os recomendados do Ministério da Educação, mas estava há 15 anos sem publicar e tudo o que tinha lançado desde então era um livro infantil.
À campanha de protesto somaram-se escritores de renome internacional como A.B. Yehoshua ("Sinto-me ultrajado"), Hayim Beer ("Daria a Bennett o título de membro honorário da Lehavá", uma organização de Extrema-direita) e Natan Zach ("O ministro da Educação é tolo e com os tolos não há nada a fazer").
No entanto, todos concordam com a autora em que Bennett deu definitivamente um impulso comercial ao romance, agraciado este ano com um conhecido prémio local de literatura.
"De repente transformei-me num assunto noticioso, (...) agora sou uma personalidade pública", disse a escritora, com ironia, ao serviço de notícias "Ynet".
Rabinyan comentou que o seu romance não atenta contra a identidade judaica, mas unicamente "reflecte a complexidade da sociedade israelita" e os seus medos frente à assimilação.
"Acham que proibir o livro fará o problema desaparecer, mas o livro é só um espelho da sociedade. A sua grande força está precisamente na sensibilidade que demonstra", afirmou a escritora israelita de origem iraniana.

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No texto acima não está claro se o livro foi realmente proibido em Israel ou se em vez disso foi simplesmente excluído de uma lista de leitura recomendada no ensino público israelita. No primeiro caso, a censura seria indevida, como o é quase sempre; no segundo, a actuação do Ministério da Educação é irrepreensível. Parece-me que é a segunda alternativa que corresponde realmente à verdade, a julgar pelo que aqui se diz: http://www.nytimes.com/2016/01/01/world/middleeast/borderlife-dorit-rabinyan-israel-ministry-education.html?_r=0. Mais ainda: Dalia Fenig, a funcionária que dirigiu o comité responsável pela decisão,  até disse que o livro não tinha sido proibido e que nem estava excluída a hipótese de para o próximo ano o livro ser incluído na lista de leituras.

O que mais faltava era que qualquer antirra infiltrado nas instituições do Estado pudesse servir-se impunemente dessa posição para influenciar as crianças e a juventude - era o Povo a ser obrigado a pagar a sua própria lavagem cerebral em prol da miscigenação e da subsequente diluição da identidade étnica nacional. A postura defensiva de Fenig torna-se por isso algo equívoca, talvez a dar imagem de fraqueza diante da agressividade «revolucionária» do Esquerdalhame antirra que lá, tal como na Europa, é perito em armar histérico cagaçal como arma de propaganda contra a salvaguarda das identidades étnicas, como se pudesse partir do princípio de que misturazinha é que é bom.
O combate nacionalista é por isso o mesmo em todo o mundo - a grande questão política do nosso tempo, em todo o mundo, não é - talvez nunca tenha sido - uma luta entre raças mas sim o confronto entre uma postura etnicista de integridade identitária e um ideal universalista anti-fronteiras.