PNR CONDENA INTEGRAÇÃO DA GUINÉ EQUATORIAL NA CPLP
Realiza-se
esta semana, em Díli, a Reunião de Chefes de Estado e de Governo da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Nesta
reunião, marcará presença a Guiné Equatorial, que tudo indica
será o novo membro de pleno direito da CPLP. A adesão deste país
mereceu inicialmente a oposição de Portugal, acabando depois por
ser aceite pelo nosso País. A recusa de Portugal tinha, de resto,
toda a lógica, visto que a Guiné Equatorial não só não tem uma
ligação histórica assinalável com os países da CPLP como, apesar
de recentemente ter decidido adoptar o português como língua
oficial, não possui população nativa lusófona. Contudo, a posição
do nosso país alterou-se devido fundamentalmente à pressão de
empresas portuguesas com negócios ligados àquela nação africana.
Em
primeiro lugar, fica uma vez mais provado que a CPLP está refém de
factores que nada têm a ver com a lusofonia ou a cooperação entre
países lusófonos, mas sim com interesses económicos mais ou menos
dissimulados e inconfessáveis, que levam a que uma das mais
sanguinárias e corruptas ditaduras africanas seja aceite no seu
seio.
Em
segundo lugar, fica novamente demonstrado que são as grandes
empresas que mandam neste Governo, o que é revelador da
promiscuidade que existe entre estas e os partidos do sistema,
visível nomeadamente nas negociatas, nos financiamentos a estes
partidos e nos tachos para governantes, deputados e autarcas, numa
uma teia de interesses vergonhosa. Continuamos pois a assistir a uma
situação em que o País está aos serviço das grandes empresas,
quando deveria ser exactamente o inverso.
Simultaneamente,
revela-se uma vez mais a hipocrisia da esquerda, evidenciada pelo
facto de o Brasil de Lula da Silva e Dilma Rousseff ter sido, desde o
início, um defensor da adesão da Guiné Equatorial à CPLP. Pelos
vistos, a defesa do povo oprimido por uma ditadura passa para segundo
plano quando se fala de petróleo.
Teme-se,
por outro lado, que esta abertura a um país que nada tem a ver com a
lusofonia seja mais um convite à vinda de populações estrangeiras
para Portugal, mais um convite à imigração de quem nada tem a ver
com a nossa cultura e que está habituado a práticas condenadas por
todos nós (recorde-se que a Guiné Equatorial é um dos países onde
a mutilação genital feminina continua a ser praticada a uma escala
muito elevada).
Por
último, o PNR lamenta que se abra a porta à futura entrada de
capital vindo deste país, uma vez que, a exemplo do que acontece com
outras ditaduras africanas, esse capital provém de negócios
duvidosos de uma classe que mantém o seu povo na mais completa
miséria e que não respeita os direitos humanos, mas tem proveitos
para investir noutros países onde chega a deter forte participação
em instituições bancárias (veja-se, a este propósito, as notícias
recentemente divulgadas sobre o aumento de capital do BANIF).
Está
assim criada mais uma arma para o grande capital: investimento de
capitais de proveniência duvidosa, exploração dos recursos
africanos com a ajuda de governantes criminosos e mão de obra barata
ou praticamente escrava (a História repete-se). Eles chamam a isto
“Globalização”, e dizem que é benéfica e imparável. Nós
chamamos a isto capitalismo selvagem, traição e imperialismo, e não
alinhamos com determinismos: é necessário afirmar que, para
além da matéria, e acima desta, existe o espírito. As leis
evolutivas do espírito são independentes do determinismo, uma vez
que a evolução é comandada pela vontade humana, pelo que ainda
vamos bem a tempo de parar os retrocessos civilizacionais impostos
por esta marcha globalizadora que só pode conduzir os povos do mundo
ao declínio social e à miséria.
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