sábado, julho 19, 2014

LUCÁRIA


Dia 19 de Julho é data da celebração da Lucaria, ou festa realizada num bosque sagrado. No caso de Roma a referida floresta ficava perto da cidade. O termo «Lucaria» deriva de «Lucus», ou bosque, e tem um teor religioso. Uma variante do nome «Lucaria» é «Lucéria».
Este elemento religioso da cultura romana parece ser um dos pontos em comum entre Celtas e Latinos, pois que os primeiros também tinham os bosques em alta consideração sacral.
Na Galiza, a cidade de Lugo deriva a sua designação ou do teónimo céltico Lugus (o maior Deus do Ocidente Céltico, amplamente adorado na Gália e na Irlanda, e, provavelmente, igualmente venerado na Ibéria céltica) ou do Latim «Lucus». Ora tendo havido na Galiza uma antiga povoação de nome Nemetóbriga, em que «Nem-» constitui raiz céltica para expressar «sagrado» e «briga» designa povoação em lugar alto e fortificado, é provável que tal sacralização do bosque esteja ligada ao nome de Lugo.
Entre os Romanos esta festa tinha um significado mais propriamente histórico. Depois da derrota dos Romanos perante a horda invasora gaulesa, em 363 a.u.c. («ab urbe condita», isto é, «desde a fundação da cidade» - datação romana pagã), ou 390 a.c.(antes da era cristã), os romanos sobreviventes esconderam-se nos bosques (lucus), razão pela qual este dia é consagrado à Lucaria. Os ditos sobreviventes reuniram-se em seguida e, num ataque surpresa, exerceram vingança sobre os Gauleses, os quais entretanto estavam já a deixar para trás o Lácio. Esta lenda pode ser mais simbólica do que propriamente histórica e não é impossível que tenha surgido para explicar uma arcaica adoração dos ou nos bosques, elemento que, como se disse acima, os mais antigos Latinos partilhavam com os seus parentes Celtas.
A festividade da Lucária celebrava-se num pequeno bosque entre a Via Salária e o rio Tibre e nenhum Deus era referido pelo nome, usando-se, na purificação da floresta, a invocação Si Deus Si Dea, significando «Sejas Deus ou sejas Deusa», o que traduz uma concepção de Sagrado abstracto e imanente na floresta, algo de numinoso, Potência Nua, sem personalidade, pura Divindade.
A Lucaria constitui, em termos rituais, a limpeza do chão na mata para «deixar entrar a luz» e era celebrada no bosque de Leucaria, entre a via Salária e o rio Tibre, a 19 e 21 de Julho, com um dia de intervalo; há indícios de que teria lugar de noite.
O académico espanhol Garcia Quintela associa a Lucária ao cerimonial céltico irlandês de Taltiu, mãe de Lugh (versão irlandesa do nome Lugus), e ao festejo, na Galiza, de santos locais no final de Julho ( http://webspersoais.usc.es/export/sites/default/persoais/marco.garcia.quintela/_configuration/pdfs/GarciaQuintela_2006_SolarCycleLandscape.pdf ).
A festividade dá, ou reconhece, todo um sentido sacral, exaltante, a uma actividade necessária ao bem-estar da população.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Equador investirá US$ 1 bilhão para construir Cidade do Conhecimento
http://port.pravda.ru/busines/20-07-2014/37050-equador_investe-0/

21 de julho de 2014 às 10:37:00 WEST  

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