segunda-feira, fevereiro 15, 2010

CARNAVAL DE PODENCE


Despedem o inverno e saúdam a Primavera, para os Caretos o Carnaval é um ritual entre o pagão e o religioso, tão natural como a passagem do tempo e a renovação das estações. Em Podence, concelho de Macedo de cavaleiros, todos os anos é assim. Chegado o Mês de Fevereiro, os homens envergam os trajes coloridos (elaborados com colchas franjadas de Lã ou de linho, em teares caseiros) escondem a cabeça entre duas máscaras de lata, prendem uma enfiada de chocalhos á cintura e bandoleiras de campainhas e dependem toda a energia do mundo para assinalar o calor e os dias maiores que se prestem a chegar. Normalmente, contam com os favores do Sol, magnânimo para quem louva o seu reino com tanto fervor. Religioso também pois assim se marca, com os últimos estertores da folia o início da Quaresma. Período de calma, reflexão e contenção do calendário religioso. A cansar no Carnaval para acalmar até á Páscoa.

Dizem fontes que a festa de Podence se imerge no domínio dos tempos até às antigas Saturnais romanas – celebração em honra de Saturno, Deus das sementeiras. Procura-se acalmar a ira dos Céus e garantir favores de uma boa colheita. Nesses tempos idos da agricultura de subsistência, a diferença entre a vida e a morte quase se cingia à dimensão da lavra. E a dupla máscara acentua a relação, ao lembrar uma das duas importantes divindades romanas: Jano Deus do passado e do futuro e também do presente, senhor dos portões e entrada, da guerra e da paz e dono de todos os princípios.


O filho de Apolo, que um dia partilhou o trono com Saturno e conjuntamente civilizaram os habitantes de Itália, levando-os a tal prosperidade que ao reinado chamaram era de ouro, é geralmente representado com duas caras por ser do passado e do futuro, e principalmente, por ser símbolo do SOL , que aparece de manhã e se esconde á noite. Passados à parte, em Podence ainda hoje a agricultura é a principal actividade da população. Da terra se extrai cereais e castanhas, embora nos últimos anos , tenha aumentado a produção de azeite.

A aldeia de Podence parece ter força suficiente para manter tradição e garantir a vida a estas figuras, recheados de homens endemoninhados, armados de chocalhos e rédea solta para as tropelias. Mesmos, explicam os mais velhos, o tempo tenha brandado a folganças e as moças da terra já não sintam tantas nódoas no corpo. Melhor que nada pois nos anos 70, esteve a tradição por perder-se , à conta dos últimos anos de ditadura e do fenómeno da emigração. Recuperada uma década mais tarde, quando alguma prosperidade respirar um pouco o interior, que abraçou também o regresso de alguns dos que tinham ido á aventura. Hoje serão quarenta dezenas os homens com fatos de Carreto e energia para invadir a praça na aldeia domingo e terça feira de Entrudo.


Para mais informações sobre o Carnaval de Podence, visite-se neste magnífico local internético. E todos os que puderem, caminhem a alta velocidade para a dita terra, onde se poderá eventualmente viver um dos tesouros, talvez feéricos, do Portugal mais antigo e verdadeiro...

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

achei tao ridiculo ver hoje nos noticiarios os carnaveis brasileiros em Portugal com gente meia nua, samba e outras merdas brasileiras.

É que é tão ridiculo. Não tem nada a ver connosco, é copia.
Um frio de rachar e eles mesmo assim a imitar o carnaval de um lugar bastante quente.
É mesmo ridiculo. Nem adaptar as coisas sabem fazer. Querem copiar à risca e logo tem de meter pessoal meio nu com este frio.
So faltava agora o Brasil tambem fazer uma festa qualquer com gorros, peles, casacões em pleno verão de 40 graus.

Oxala os proximos carnavais ainda tenham mais frio, para ver até onde esta gente aguenta a imitar os outros.

15 de fevereiro de 2010 às 04:14:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Até ao dia em que for tudo parar ao hospital com uma pneumonia isto não vai parar.

Mesmo em Torres Vedras, onde o cortejo diurno até consegue manter alguma dignidade, chegamos à noite e os bares só tocam samba. Não se entende. E a malta vai toda na conversa e passa a noite a dançar.

Vá lá que temos Trás-os-Montes, sempre Trás-os-Montes, a dar o bom exemplo.

15 de fevereiro de 2010 às 10:46:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"Oxala os proximos carnavais ainda tenham mais frio, para ver até onde esta gente aguenta a imitar os outros."

Exactamente!
Até o pessoal em Torres tem frio, imagino esses tontos semi-nus.

15 de fevereiro de 2010 às 11:37:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

oxalá é que cada vez que se oiça esse sotaque africanizado do brasil nas ruas de Portugal em festa de samba (carnaval), nós o povo os mandemos para a puta que os pariu de volta para o brasil.

16 de fevereiro de 2010 às 01:53:00 WET  
Blogger Túsio Primeiro said...

Bom artigo,camarada Caturo.
É para manter,sob pena de nos descaracterizarmos e passarmos a ser uma patética filial do Carnaval carioca.
E sempre é uma boa sugestão de passeio,com a aliciante de descobrirmos a alma genuína do nosso Povo,através de uma festividade intemporal.

Bem haja por mais este trabalho.

16 de fevereiro de 2010 às 10:56:00 WET  
Blogger Túsio Primeiro said...

Aquela malta gosta mesmo de sofrer...
Também,com preparos próprios de latitudes tropicais,desfasadas do nosso clima típico,só mesmo de quem tem cabecita fraca...
Enfim,é mais um brinde do famoso "multiculturismo",que está tão implantado neste torrão à beira mar plantado.
E o engraçado é que há de norte a sul do país autarquias a gastar rios de dinheiro para produzir cópias do Carnaval brasileiro,numa cópia sem cabimento nenhum;ainda se fosse numa espécie de paródia,ou algo assim,uma vez por outra...mas a verdade é que isso já se tornou a norma,porque este estilo de celebração tornou-se quase sinónimo de Entrudo em Portugal.

16 de fevereiro de 2010 às 11:03:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Uf...estive em Torres ontem à noite, até foi giro. A partir das 3h já só havia música (que podia ter sido melhor). Valeu pela palhaçada de Carnaval, agora a música podia ter sido bem melhor. Perdi a conta ao nº de vezes que passaram o "I gotta feeling" e música de discoteca duvidosa... Com tanto pimba que havia para tocar!
Mas felizmente não havia ninguém a dançar samba, o que já é bom.

16 de fevereiro de 2010 às 12:21:00 WET  
Blogger Caturo said...

Também acho essa «I gotta feeling» extremamente deprimente, ainda por cima está sempre a dar, aquilo é de terem editora poderosa, só pode ser...

E viva Torres Vedras, mesmo assim. Torres Vedras, Podence, Bragança...

16 de fevereiro de 2010 às 16:55:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Ah e por volta das 4h da manhã, já tudo com os copos, ouve tentativa de pancada por 2 ou 3 vezes. ...brasileirada.

(E a "I gotta feeling" vai ser a música da selecção de futebo, mas isso já devem vcs saber. Continua a ser triste na mesma mas daquela selecção já se espera tudo.)

16 de fevereiro de 2010 às 20:46:00 WET  
Blogger Thor said...

"(E a "I gotta feeling" vai ser a música da selecção de futebo, mas isso já devem vcs saber. Continua a ser triste na mesma mas daquela selecção já se espera tudo.)"


LOL a música é tão horrivel e pirosa como a selecção do país.

17 de fevereiro de 2010 às 18:09:00 WET  

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