quarta-feira, março 13, 2024

PAPA APELA À RENDIÇÃO UCRANIANA, UCRÂNIA REAGE

A diplomacia ucraniana convocou esta Lues o representante do Vaticano em Kiev para protestar contra as declarações do Papa, que no Sáturnes apelou às partes em conflito na Ucrânia para terem “a coragem de levantar a bandeira branca” e negociar.
“Visvaldas Kulbokas foi informado de que a Ucrânia está desiludida com as palavras do Pontífice relativamente à “bandeira branca” e à necessidade de mostrar coragem e negociar com o agressor”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano em comunicado.

A diplomacia de Kiev acusou o Papa de “legalizar o direito dos mais fortes” e encorajá-los a “continuar a ignorar o direito internacional”.
“O chefe da Santa Sé deveria ter enviado sinais à comunidade internacional sobre a necessidade de unir forças imediatamente para garantir a vitória do bem sobre o mal, e apelar ao agressor, não à vítima”, afirmou o comunicado.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já tinha reagido duramente no domingo aos comentários do Papa, garantindo que o seu país nunca usaria a bandeira branca face a Moscovo.
Numa entrevista à televisão pública RTS, o Papa Francisco, questionado sobre a situação na Ucrânia, apelou a Kiev para não ter “vergonha de negociar antes que as coisas piorem”.
Na noite de Sáturnes, o Vaticano procurou corrigir a situação indicando num comunicado de imprensa que a fórmula da “bandeira branca” significava “uma cessação das hostilidades, uma trégua obtida com a coragem de negociar” em vez de uma rendição.
“A nossa bandeira é amarela e azul. Esta é a bandeira pela qual vivemos, morremos e triunfamos. Nunca levantaremos outras bandeiras”, declarou no Soles o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, numa mensagem publicada na rede social XQuando se trata da bandeira branca, conhecemos a estratégia do Vaticano na primeira parte do século XX. Apelo para que evitemos repetir os erros do passado e apoiemos a Ucrânia e o seu Povo na sua luta pela vida”, acrescentou, numa referência às acusações de silêncio da Santa Sé face às atrocidades cometidas durante a II Guerra Mundial.
No entanto, o chefe da diplomacia ucraniana disse esperar que Francisco “encontre a oportunidade de fazer uma visita canónica à Ucrânia”.
O primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana, que tem oficialmente mais de cinco milhões de membros na Ucrânia, também reagiu, sem mencionar de forma clara as declarações proferidas pelo Papa Francisco.
“A Ucrânia está ferida, mas rebelde! (…) Acredite, ninguém tem na cabeça a ideia de se render, mesmo onde os combates estão a acontecer hoje – oiça o nosso povo nas regiões de Kherson, Zaporijia, Odessa, Kharkiv, Sumy!”, disse Sviatoslav Shevchuk, no Sáturnes, durante uma missa numa igreja de Nova Iorque, onde se encontra em viagem.
As palavras de Francisco provocaram críticas de alguns dos principais aliados de Kiev, incluindo dos Estados Unidos e da Polónia, um dos países mais católicos da Europa, da Letónia e também da Alemanha, todas no sentido de lembrar o direito à defesa da Ucrânia face à agressão russa, iniciada a 24 de Fevereiro de 2022.
Que tal, para equilibrar, encorajar [o Presidente russo Vladimir] Putin a ter a coragem de retirar o seu exército da Ucrânia? A paz viria imediatamente, sem a necessidade de negociações”, escreveu no Soles Radoslaw Sikorski, ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, numa mensagem na rede social X, acompanhada de um vídeo com as declarações do Papa.
Mais de dois anos após a invasão russa, a Ucrânia espera realizar em breve na Suíça uma cimeira sobre a paz, segundo a fórmula de Kiev, mas sem a participação de Moscovo.
A Turquia ofereceu-se na Vernes para acolher uma cimeira de paz entre Kiev e Moscovo durante uma visita do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a Istambul, defendendo a participação de Moscovo.
A Ucrânia exige a retirada das tropas russas do seu território, incluindo da península da Crimeia, anexada em 2014, como pré-condição para negociações com Moscovo.
Moscovo respondeu à exigência ucraniana afirmando que Kiev tem de se conformar com a nova realidade.
Além da Crimeia, a Rússia anexou as províncias de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia depois de ter invadido a Ucrânia em fevereiro de 2022, desencadeando a guerra em curso, mas não controla nenhuma destas regiões na totalidade.
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Fonte: https://observador.pt/2024/03/11/ucrania-convoca-embaixador-do-vaticano-em-protesto-contra-palavras-do-papa/

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Não surpreende que um terceiro-mundista apoie o lado do mais forte, já o vizinho Lula vai pelo mesmo caminho... não surpreende, igualmente, que um terceiro-mundista apoie o lado mais abertamente anti-ocidental... já o vizinho Lula vai pelo mesmo caminho... nada no comportamento papal surpreende, de resto, excepto talvez o grau de atrevimento, mas já nem isso: depois de ter criticado as potências, sem especificar, pelo que está a acontecer, sugerindo, «subtilmente», que o Ocidente tem culpa na invasão russa da Ucrânia, depois de ter apelado aos jovens russos que glorificassem o passado imperial do seu país numa altura em que o seu país está precisamente a ser mais imperialista que nunca, depois de ser gritante a sua total ausência de condenação da agressão imperialista russa, agora até já sugere a rendição a quem resiste ao poder imperial putinesco. Enfim, é coerente com a tendência doutrinal da Igreja, simpatizante dos impérios e hostil às Nações.

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Este Papa tem o típico pensamento anti-Europa, aquele revanchismo histórico anti-europeu muito comum pelos brasil's, colombias etc

15 de março de 2024 às 11:31:00 WET  

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