O MAIS FAMOSO ARQUÉTIPO OCIDENTAL DO CAMPEÃO DEFENSOR DO POVO EM VERSÃO MARVEL
Outubro de 1965, apresentação formal ao público na revista Journey into Mystery Annual #1 (1965) da versão Marvel do mais famoso herói clássico, Hércules.
Surge
na esteira de uma outra adaptação da mitologia à b.d. de super-heróis,
Thor, Deus nórdico do Trovão, com o qual rivalizou diversas vezes, num
dos casos em situação de confronto entre o norte e o sul europeus. São
em quase tudo equivalentes, tanto nas mitologias antigas como na b.d.
americana. Não me esqueço da pitoresca clareza com que numa dessas
histórias o brutamontes grego diz ao loiro de martelo «estou farto de hipocrisias, canalha nórdico».
De
personagem relativamente secundária que era há cinquenta anos, o
Hércules da Marvel acabou por se tornar, mais recentemente, num dos
super-heróis que mais projecção alcança nas revistas, qualquer dia chega
aos filmes, onde o outro, Thor, já faz carreira. Não há nada como os
clássicos; a distância espiritual entre a Europa contemporânea e a de há
dois mil anos é cada vez menor. Diversos filmes e séries televisivas de
relativo sucesso tiveram como centro esta figura mitológica - de resto,
os inúmeros heróis do entretenimento popular mediático da actualidade
assentam no mesmo molde de Hércules, a saber, o do herói por vezes
ligeiramente abestelhado que brilha antes de mais nada pela força
hercúlea e pela capacidade de sozinho exercer violência às toneladas,
usualmente com recurso a uma arma de efeito esmagador, como o público
gostou sempre de ver: um agorilado Schwarzenegger como «Conan» ou
«Comando», um Stallone monocórdico e também musculoso como «Rambo» de
M-60 à cintura, enfim, manifestações modernas do arquétipo hercúleo.
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