quarta-feira, outubro 17, 2018

FASCISMOZINHO-INHINHO-MIMALHO: «OU DÁ BEIJINHO OU LEVA NO FOCINHO!»

Só num país, digo, num coiso, num sítio de lamechas agressivos é que o facto de um gajo dizer na televisão que não se deve obrigar as crianças a dar beijo aos avós suscita reacções de ódio e até promessa de cadeia em Caxias «quando isto um dia der a volta!»... Será porque quem de forma quase simplista e imprudente fez essa afirmação educacional apresenta um visual diferente do da maioria das pessoas e é professor universitário «a educar as nossas crianças!!!!!»? Ou será porque em certos cantos e recantos da Tugaria ainda se cultiva o carinho «moralmente» obrigatório, que ou produz gente profundamente submissa - daí a estúpida facilidade com que se adere às praxes - ou produz hipócritas, os quais, ironicamente, até são nisto mais saudáveis que os outros, porque pelo menos há no seu fundo algo que não se submete, ainda que o seu comportamento em público seja por vezes ridículo na falsa afectividade que exibem (coitados, escondem-se como animais acuados)?
Resumindo o lema desta gente: «ou dá beijinho ou leva no focinho!»...

6 Comments:

Blogger Helena Vilaarinho said...

Tenho visto e lido muita coisa sobre este comentário do sr que eu nem sabia que tinha nascido. Parece que vive em poliamor mesmo sendo a poligamia proibida por lei. Chamam-lhe gay mas parece que vive com 3 mulheres. Mas... tentando colocar os sapatos do sr, tentei desmontar o pensamento do homem. No fundo acho que o que ele quis dizer é que ninguém devia ser obrigado a beijar ninguém contra a vontade. Nem mesmo quando somos crianças. Que (normalmente) andamos a mando dos pais. O exemplo que ele deu evocando a Família, num país latino e de bons costumes como o nosso é que caiu mal. Somos todos muito liberais até tocarem na nossa noção de intimidade. E beijar avós entra já muito na nossa intimidade familiar. Se ele tivesse dito que não se pode obrigar uma criança a dar um beijinho à vizinha só porque ela é nossa amiga e as crianças são todas amigas, se calhar o conteúdo era o mesmo e não tinha causado tanta polémica.
Tenho um amigo que não deixa o filho de 7 anos dar beijinhos a crianças negras... (verdade, tenho amigos racistas :( ) argumenta ele que é uma violência para com o filho obrigar o filho a tocar em quem ele não quer tocar. No entanto o mesmo amigo cortejou totalmente virtualmente este sujeito.
Claro que a mim faz-me impressão o exemplo que ele deu. Os avós são sagrados. Para a família tradicional são-no. Não me parece que para um individuo que vive no poliamor seja. O resto dos beijinhos noutros contextos até fazem algum sentido.

17 de outubro de 2018 às 11:57:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Os avós são sagrados e por isso merecem, não apenas respeito, mas também lealdade. É uma questão de dever. A afectividade é outra coisa. A afectividade não se força. Ou desperta ou não - e, se for forçada, está por isso mesmo a ser falsificada, a menos que se consiga fazer uma tal lavagem cerebral às pessoas que até se lhes possa impor uma determinada intimidade. O beijo é um sinal de afecto. Por outro lado também é verdade que pelo menos em Portugal o beijo tem um significado complexo - consoante o contexto, tanto pode expressar uma extrema intimidade como pode revestir-se de um significado puramente social, normativo, da mais pura cordialidade, e, nessas situações - o do chamado «beijo social» - ai de quem queira ir mais longe na intimidade que fica logo socialmente queimado. Todavia, esta compreensão é para adultos, as crianças se calhar não percebem bem estas nuances, além de que, como disse o outro, ao serem obrigadas a beijar, estão de facto a aceitar a imposição de um poder externo sobre o seu corpo, que é o espaço sagrado de cada um, conceito de individualidade que eventualmente passa despercebido por muita gente neste país, porventura um dos mais «colectivistas» da Europa, como se viu por exemplo neste mapa, cuja fonte desconheço, mas que a propósito deste tema me parece deveras pertinente:
https://gladio.blogspot.com/2018/04/individualismo-x-colectivismo-na-europa.html

Há ainda muita lamechice neste país, mesclada com um ressentimento acumulado e uma carga de preconceitos notoriamente pesada, que por vezes rebenta a propósito de caganifâncias destas.

Quanto à prestação do indivíduo que falou, eu já sabia, assim que o ouvi, que a asserção ia causar celeuma, de imediato imaginei toneladas de bons chefes de família a dizerem «esta merda destes sociólogos e psicólogos e intelectuais sempre a inventar esquisitices e a gente a pagar para ver isto!». Eu sabia que ia ser polémico, não sabia era que o seria tanto, e com uma tal carga de ódio...

17 de outubro de 2018 às 21:36:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Se há coisa que eu gostava em criança era de dar um beijo aos meus avós, e ainda hoje gosto. Isso pra mim é um não assunto. Um beijo a todos os Avós de Portugal, principalmente aqueles que sustentam os filhos/netos com a sua curta reforma e que nem sempre são bem tratados pelos mais próximos. Quando é para pedir, todos dão beijinhos, sejam filhos ou netos.

17 de outubro de 2018 às 23:45:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Pois quem quer dar beijinho aos avós, dá, isso é com cada qual. Ainda não vi ninguém argumentar a favor da proibição do beijo aos avós, muito menos aos Avós de Portugal (nem aos Avós de Itália, os Avós do Japão e os Avós da Serra Leoa)... («Avós de Portugal» ainda dava um bom nome de partido, até pelo trocadilho sonoro com «a voz», «A Voz de Portugal», é uma ideia minha, inventei-a agora.) Tudo muito bem, dêem beijo, que o beijo exercita os músculos da face e é saudável. Quanto ao que realmente está em causa... mas porque será que eu hei-de obrigar um gajo a fazer as mesmas coisas que eu até na sua intimidade-afectividade?...

18 de outubro de 2018 às 01:31:00 WEST  
Blogger Helena Vilaarinho said...

Identifico-me com este artigo que começou a circular agora na net

https://expresso.sapo.pt/blogues/bloguet_lifestyle/Avidadesaltosaltos/2018-10-17-O-beijo-na-avozinha-e-o-esgoto-da-hipocrisia-da-nossa-sociedade?fbclid=IwAR1pc5_pZ7jpBNIjvF1cB6iBi7KlfhLyd8LOuefdty48oLEE4Kf9hzocZmU#gs.nmFdswA


Se ele tivesse dito isto na rádio e não na tv, não teria havido metade da polémica, nem dos insultos.

18 de outubro de 2018 às 12:08:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Concordo, muito do ódio que é votado ao docente deriva da sua aparência e do seu modo de vida.
Concordo igualmente com o artigo, está muito certeiro.

19 de outubro de 2018 às 14:05:00 WEST  

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