terça-feira, julho 03, 2018

RELIGIÃO NACIONAL NO CENTRO DA EUROPA PRÓXIMA DO PLENO RECONHECIMENTO OFICIAL





No Verkiai Park, a norte da capital lituana, Vilnius, autóctones de todas as idades festejam o solstício de Verão na celebração conhecida com o nome de Rasa, dançando em torno de uma fogueira com coroas de flores no cabelo, passando por baixo de uma árvore decorada com flores e atirando sal par para o altar como oferenda aos Deuses Nacionais dos Baltas.
Acontece isto enquanto prossegue o processo no parlamento nacional para que a Romuva adquira estatuto legal de religião num país «tradicionalmente» católico desde a conversão forçada, pela Ordem Teutónica, no final do século XIV. A sacerdotisa que actualmente lidera a comunidade Romuva, Inija Trinkuniene, vestida de branco e verde escuro, com uma capa branca bordada de motivos geométricos tradicionais vermelhos e verdes, é esposa do falecido Jonas Trinkunas, reorganizador e «fundador» da Romuva - que esteve preso pela KGB devido a isso - e explica, enquanto preside aos ritos da Rasa: «A nossa religião é baseada em fontes históricas, descobertas arqueológicas e cultura tradicional transmitida oralmente». Acrescenta: «Mais e mais pessoas estão a descobrir as nossas práticas e descobrem que se sentem próximas delas porque se trata de algo muito lituano.»
As Divindades adoradas pela Romuva são Perkunas, Deus do Raio e do Trovão, Zeme, «Mãe-Terra», Gabija, Deusa do Fogo do Lar, entre outras. As festividades são marcadas pelos ciclos da Natureza.
Suprimida pelos Soviéticos depois da sua ocupação da Lituânia em 1940, a Romuva e a sua celebração Rasa foi furtivamente restaurada em 1967 pelo etnologista e dissidente Jonas Trinkunas. Em 1973, o movimento passou a uma clandestinidade ainda mais profunda quando as autoridades soviéticas aumentaram a repressão dos seus líderes. A partir da queda da União Soviética em 1990, a Romuva atraiu milhares de pessoas. Um censo de 2011 indicou o número de 5118 indivíduos. Espera-se que o parlamento nacional lituano reconheça no final deste ano a Romuva, o que permitirá a concessão do mesmo estatuto civil aos baptismos e casamentos pagãos de que gozam as cerimónias cristãs, judaicas e muçulmanas.
Um líder do partido do governo União Verde dos Camponeses, Ramunas Karbauskis, é considerado como tendo dirigido este processo de reconhecimento estatal da Romuva. O seu partido venceu as eleições de 2016 devido em parte à fama dele, Karbauskis, de reviver antigos costumes bálticos, nomeadamente na sua aldeia, Naisiai, que ele transformou a partir da miséria da era soviética numa terra de pastorícia e atractivos jardins públicos enfeitados com estátuas de madeira dos Deuses bálticos.
Há controvérsia em torno desta restauração pagã da parte dos políticos conservadores, que argumentam com a alegada «falta de continuidade histórica» e de «tradição escrita» para tirarem validade a esta prática religiosa; há ainda quem diga que reconhecer oficialmente a Romuva é «uma decisão política relacionada com os interesses do partido do governo», o que pode servir para formatar e controlar a identidade nacional.
Para a socióloga Milda Alisauskiene, a Romuva é «de facto uma reconstrução... parte de um fenómeno global de reacção à globalização que enfatiza o desejo de preservar tradições locais.»
O anterior primeiro-ministro, o conservador Andrius Kubilius, avisa que este voto no parlamento coincide com a visita no Outono do papa Francisco para marcar o centenário da independência do país.
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Fonte: https://timesofindia.indiatimes.com/world/europe/lithuanians-seek-identity-in-their-pagan-roots/articleshow/64822221.cms

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 - https://www.15min.lt/galerija/rasos-svente-kernaveje-154034#_
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Passa-se isto no centro geográfico da Europa, que é também, coincidentemente, talvez o ponto mais «puramente» indo-europeu ou «árico» do continente, linguisticamente falando.
Sic itur ad astra, assim se restaura, paulatinamente, o verdadeiro e pleno Ocidente.