terça-feira, julho 31, 2018

COMO O ASSALTO DOS IMIGRANTES EM CEUTA CONTRIBUI PARA CONFIRMAR AS «PROFECIAS» DE CADÁFI

Em 26 de Julho, mais de 500 imigrantes africanos atravessaram a fronteira fortalecida do enclave espanhol de Ceuta, entrando ilegalmente na União Europeia. Já em 2011, quando nem se pensava que crise actual aconteceria, o ex-líder líbio, Muammar Kadhafi, parece ter previsto algo parecido antes de ser assassinado.
O colunista Bernhard Schwarz da Sputnik Alemanha expressou a opinião de que a avalanche migratória alimentou os média por todo o mundo: na manhã da Joves passada, as Guardas Civis da Espanha e Marrocos tentaram conter a entrada de centenas de imigrantes na fronteira da União Europeia com Marrocos, mais especificamente no enclave espanhol de Ceuta. Como resultado do possível ataque planeado, os guardas foram atacados com lança-chamas, fezes e substâncias químicas.
Os guardas pareciam perplexos. Não se trata da primeira entrada de imigrantes em Ceuta, mas com certeza que se trata da mais violenta. Nos arredores do enclave espanhol, dezenas de milhares de africanos pobres estão à espera de entrar na Europa.
Muito provavelmente, a crise migratória atingiu o auge, apesar de o número de pedidos de asilo estar a diminuir. Centenas de imigrantes mostram-se firmes no desejo de entrar na UE a qualquer custo, e ninguém poderá contê-los.
Por enquanto, Bruxelas não reagiu ao incidente, mas, se em breve não for adoptado um plano de acção concreto, há riscos de a violência e a anarquia estoirarem no coração da Europa.
Ainda antes do início da guerra civil em 2011, o ex-líder líbio, Muammar Kadhafi, avisou: "Vocês devem-me entender correctamente. Se querem oprimir-me e desestabilizar, vão aumentar a confusão, farão o jogo de [Osama] bin Laden e ajudarão grupos armados de rebeldes. Vai acontecer o seguinte: serão abalados com uma onda de imigração de África que se dirigirá da Líbia à Europa. Ninguém estará aqui para contê-los."
Kadhafi talvez não imaginasse que seria assassinado pelos rebeldes na rua após intervenção da OTAN. Mas o seu aviso estava repleto de razão.
Antes de 2011, a Líbia era o país mais rico de África, sendo desejado por todos os que passavam fome na Eritreia e Níger.
A Líbia era um dos países com maior número de imigrantes. Hoje a Líbia é um Estado destruído, onde há dois governos, mas não há ordem. A degradação da Líbia também desestabilizou países vizinhos; a situação instável é perceptível do Níger à Somália. No decorrer da guerra civil, França e EUA forneceram activamente armas aos rebeldes líbios que, logicamente, não as devolveram depois do fim da guerra. O equipamento militar do arsenal de Kadhafi foi roubado. Assim, na Líbia surgiu uma verdadeira "feira de armas". A organização Human Rights Watch advertiu abertamente após o fim da guerra civil: "Trata-se da maior proliferação de armas já vista. Nas próximas décadas, ameaçará toda a região." Desenvolvimento parecido da situação foi percebido também depois das intervenções norte-americanas no Iraque, no Afeganistão, e antes do envolvimento da Rússia na Síria.
Na Alemanha, grande parte dos pedidos de asilo vem de refugiados dos países acima mencionados. As pessoas, na sua maioria, deixam o Níger, Eritreia, Somália e Chade em busca de melhores condições de vida no continente europeu. Mais de 75% dos refugiados que se dirigem à Europa pelo mar, saem de portos líbios.
A política da chanceler alemã, Angela Merkel, de "consertaremos de qualquer forma", lembra a fraqueza do Império Romano pouco antes do colapso. Os Romanos não conseguiram travar a crise migratória, quando os Godos no limiar e durante a queda dos Hunos fugiram ao Império Romano. Inicialmente, os Godos foram acolhidos pacificamente, recebendo comida, mas, quando o fluxo ganhou grandes proporções, os Romanos iniciaram a guerra para pará-los.
Além do mais, as autoridades romanas resolveram guardar comida para si, fazendo com que os Godos, que viviam em Roma, se sentissem injustiçados, e a rebelião começou. Por isso, a queda do Império Romano teve início antes da crise migratória, o que é um paralelo horrível para a Europa actual.
Hoje, depois do ataque a Ceuta, surge uma pergunta importante: como podem os centros que recebem pedidos de asilo proteger-se, levando em conta que a população de África está exponencialmente a crescer. Até 2050, corresponderá a 2,5 biliões de pessoas, sendo o dobro da quantidade actual. O fluxo de refugiados, por causa da fome, da economia fraca, da corrupção e da falta de perspectivas, pode aumentar. Além disso, os refugiados muito provavelmente não aceitarão rejeição de pedido de asilo e tentarão entrar na Europa com ou sem pedido.
Uma luz de esperança é avistada na Síria, de onde actualmente sai o maior número de refugiados para a Europa. Com o apoio da Rússia, o presidente sírio, Bashar Assad, conseguiu limpar a maior parte do território dos terroristas do Daesh (organização proibida na Rússia), e a guerra civil está prestes a acabar.
Depois da visita da delegação russa, Assad confirmou para todos os refugiados que "é garantido o regresso seguro". Já está em curso o trabalho activo para o retorno dos refugiados sírios dos países vizinhos — Turquia, Líbano e Jordânia — para participação da restauração do país árabe. Muito provavelmente, no futuro, serão realizadas negociações com Assad para firmar acordos parecidos de regresso de refugiados.
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Fonte: https://br.sputniknews.com/europa/2018073111843878-europa-crise-migrantes-ceuta-assalto-kadhafi-profecia-espanha/

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Está tão somente a acontecer aquilo que os «racistas» europeus já previam bem antes de Cadáfi chegar sequer ao poder. A única salvaguarda possível da Europa é a que está já a efectivar-se em Itália, por coincidência o berço directo da Europa política...