sexta-feira, dezembro 16, 2016

O QUE OS MÉ(R)DIA OCIDENTAIS NÃO COSTUMAM MOSTRAR - O QUE ESTÁ REALMENTE EM CAUSA NA INTERVENÇÃO TURCA E NA TOMADA DE ALEPPO

Ao comentar a situação de Aleppo, na Síria, o experiente jornalista francês e analista geopolítico Jean-Michel Vernochet afirma que só após a operação aérea russa veio à tona a duplicidade da coligação internacional contra o Daesh.
Numa análise para o jornal independente Boulevard Voltaire, Vernochet falou sobre os esforços do exército sírio para libertar Aleppo, a segunda maior cidade do país, e atacou a imprensa americana e europeia pelo que classificou como posição altamente ambígua.
No dia 1º de Fevereiro, lembrou o jornalista, “o exército sírio, com apoio da aviação russa, lançou uma operação de larga escala para libertar Aleppo, antiga capital económica da Síria,” que “está nas mãos da rebelião desde 2012.” “Como sempre, a imprensa começou a escrever efusivamente sobre as multidões de pessoas fugindo dos combates e o avanço das forças do governo. A única coisa que faltou naquele cenário foram as imagens dos moradores dos bairros ocidentais da cidade, que deram as boas vindas às tropas do governo e as consideraram como libertadoras.” 
“Profundamente emocionado” pelas fotos exibidas nos média ocidentais, “o secretário de Estado americano, John Kerry, imediatamente exigiu que a Rússia parasse de bombardear alvos civis.” Mas “a verdade”, diz Vernochet, “é muito mais prosaica porque se a cidade de Aleppo está completamente cercada pelas forças do governo, o corredor de fornecimento dos rebeldes à Turquia está fechado.”  “Basta dizer agora que a rebelião corre o risco de colapso total, especialmente depois de 4 de Fevereiro, quando o exército sírio conseguiu quebrar o bloqueio de duas pequenas cidades xiitas - Nubl e Zahraa - cercadas por islamistas desde 2012, com moradores a receber soldados leais com chuvas de arroz e flores. Isto também significa que até 5 mil milicianos xiitas podem estar prontos para se juntarem à retomada de Aleppo.”
Festejos em Zahraa e Nubl, em Aleppo, após forças sírias e aliados encerrarem o cerco de três anos e meio nas cidades.
“Interessa apontar”, reforçou o jornalista, “que foi preciso uma intervenção russa na guerra para finalmente jogar uma luz na duplicidade da coligação ocidental-árabe contra o Daesh. Por um lado, os governos ocidentais choram lágrimas de crocodilo por causa de naufrágios no Mar Egeu, enquanto ao mesmo tempo abrem as portas da Europa para refugiados dos quais 60%, diz o relatório da Frontex, não têm justificativa para pedir asilo. Por outro lado, fecham os olhos ao jogo duplo de Ancara na Síria ao lado dos ‘terroristas moderados’, nas palavras do Sr. Kerry.” 
Na sua análise final, Vernochet ressalta que “a ofensiva do governo e a previsível derrota dos rebeldes são uma dura derrota para a Turquia, que hoje se recusa cinicamente a abrir as suas fronteiras para aqueles que fogem de Aleppo. A posição pode estar ligada ao grande sonho do Sultão Erdogan de estabelecer uma zona tampão no território sírio, onde os refugiados seriam confinados.”
Tal zona tampão, afirma Vernochet, significaria a presença de forças turcas em solo sírio e a criação de uma zona de exclusão aérea. De lá, sob a protecção da OTAN, a Turquia conseguiria executar um guerra sangrenta contra os curdos do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão).
Vernochet afirma que, desta forma, “os refugiados tornam-se num poderoso instrumento para chantagear a OTAN e a União Europeia (sem contar os 3 biliões de euros dedicados a Ancara) a autorizarem uma operação em solo envolvendo forças especiais sauditas.” Ainda é incerto como a OTAN responderá se, na hipótese de uma invasão turca na Síria, o exército de Assad, apoiado pela aviação russa, parar a ofensiva turca e contra-atacar em território turco.
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Fonte: https://br.sputniknews.com/mundo/201602133572237-aleppo-midia-ocidental-nao-quer-mostrar/

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Constata-se mais uma vez a desgraça para o Ocidente que é a ligação à Turquia - tal Estado asiático nem sequer deveria poder estar na OTAN, quanto mais ser candidato a entrar na UE... A Turquia na OTAN significa que o Ocidente está automaticamente paredes meias com zonas em conflito constante e, para cúmulo, do lado errado, pró-islâmico, contrário aos interesses do Ocidente.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A verdade eh os sírios e iranianos levaram uma surra o Daesh em Palmira, muito material bélico russo ficou pra tras indo parar nas mãos do Daesh. Isso que da esse politica russa de so atacar em Aleppo.

16 de dezembro de 2016 às 19:53:00 WET  

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