LÍDER DA AFD NA ALEMANHA QUER RESTAURAR O VALOR DE PALAVRA CONOTADA COM RACISMO

Na Alemanha, a líder do partido anti-imigracionista AfD (Alternativa para a Alemanha, em Alemão no acrónimo) Frauke Petry declarou em entrevista ao jornal «Die Welt» que é tempo de restaurar o termo «völkisch» (algo como «popular», mas num sentido étnico), que neste país tem estado estritamente associado ao Nacional-Socialismo. Com efeito, o dicionário alemão Duden define «völkisch» como «1. (Nacional-Socialista), concernente a um Povo ou uma suposta raça; pertencendo a um Povo como suposta raça  2. (Obsoleto) nacional.»

Segundo Petry, «é inaceitável reduzir a palavra "volkisch" a "racista".» «Eu própria não uso o termo, mas acho mal que haja conotações negativas do conceito "völkisch" a serem estendidas à palavra "Volk" [Povo]. Precisamos de trabalhar para dar ao conceito conotações positivas.»

O termo «Volk» tinha conotações raciais durante o Terceiro Reich mas continua a ser usado na linguagem comum para designar «Povo» no sentido de Povo Alemão. Por contraste, o adjectivo «völkisch» não tem neste momento nenhum significado activo para além das ideias nacional-socialistas.

Estas afirmações foram polémicas um pouco por toda a imprensa alemã e atraiu as críticas expectáveis - as mais que previsíveis acusações de «racismo!!!!»

A expressão «völkisch» já teria sido usada pelo filósofo Johann Gottlieb Fichte (um dos precursores do Nacionalismo étnico contemporâneo) em 1811 como sinónimo de «volkstümlich» (popular); no final desse século, já tinha o vocábulo adquirido conotações raciais (se é que as não tinha quando o próprio filósofo a usou). Os movimentos «völkisch» da última década do século XIX até à Primeira Guerra Mundial eram chauvinisticamente nacionalistas, anti-democráticos, autoritários, anti-semitas, militaristas e racistas. O Nacional-Socialismo surgiu neste contexto.

Em 1980, o pensador de Nova Direita Guillaume Faye, escreveu: «O que significa "völkisch"? Deriva da palavra "Povo" e teria o sentido de "popular". Na verdade, todavia, "völkisch" veio a... ocupar uma posição semântica muito diferente.  ... "Völkisch" já não significa "popular" mas sim "racista".» Mais recentemente, Bastian Sick, a mais popular autoridade a respeito da língua alemã, considerou o termo «völkisch» como «profundamente desacreditado».

Nos últimos tempos têm havido mais casos de posições polémicas de carácter «racista» assumidas ou pelo partido ou por representantes importantes do partido, como já aqui se disse. Pode recordar-se por exemplo o que foi afirmado pelo vice-presidente do partido, Alexander Gauland, sobre o futebolista de origem africana Jerome Boateng: «ninguém quereria Boateng como vizinho». Nessa altura, Petry distanciou-se de tal comentário. Agora fez outra declaração, que, não sendo racista mas sim plenamente identitária, é conotada pela imprensa «livre» reinante como tirada de carácter «nazi». Diz o editor-chefe do «Die Welt» que o secretário de imprensa da AfD quis retirar a entrevista mas Petry recusou-o.

Por outro lado, Petry alertou ainda, em entrevista ao «Die Welt», para a eventualidade de uma guerra civil como consequência da imigração em massa.

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Fonte: http://www.dw.com/en/afd-co-chair-petry-wants-to-rehabilitate-controversial-term/a-19543222

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Mais recentemente, a imprensa dominante tem tentado salientar um alegado fracasso da AfD na Baixa Saxónia, porque o seu resultado ficou aí bem abaixo do da CDU (partido de Angela Merkel). A verdade é que também aí a AfD ganhou votos, como aqui se lê: http://www.thelocal.de/20160912/far-right-afd-slips-to-fourth-place-in-lower-saxony-vote

O que a AfD continua de facto a fazer é um trabalho cada vez melhor - distanciando-se mais e mais de poder ser considerado como um simples partido conservador e euro-céptico, passou há muito a estar definido como partido anti-imigração. E, com esta atitude de Petry, começa a poder classificar-se como partido autenticamente nacionalista. O seu crescimento nas urnas de voto só atesta que o Povo não tem medo do «racismo» e que se reconhece progressivamente no discurso nacionalista, confirmando assim que a Democracia é uma aliada potencial do Nacionalismo.
Quanto à reacção de quem não quer ver uma palavra perfeitamente legítima, popular no sentido literal do termo, esta atitude não surpreende - Petry não está a defender o racismo, pelo contrário, está a querer valorizar um termo positivamente étnico, mas esta simples valorização da identidade étnica de um Povo nunca foi do interesse da elite reinante...