EM FRANÇA - UM TERÇO DOS MUÇULMANOS É CONTRA O LAICISMO
O instituto francês de pesquisa Montaigne publicou um relatório inédito nesta segunda-feira (19) sobre os muçulmanos na França. O documento, assinado pelo consultor do governo, Hakim El-Karoui, traz os dados de uma ampla pesquisa realizada por telefone com mais de 1029 fiéis do Islão de mais de 15 anos.
Os dados trazem informações importantes sobre o panorama da religião em França e revela que 28% dos entrevistados, por exemplo, colocam o Islão acima do Estado e defendem práticas mais retrógradas. Os entrevistados são abertamente contra os valores franceses – liberdade, igualdade, fraternidade e a laicidade.
Para este grupo, a religião é uma “forma de identidade”, usada para exprimir uma revolta, lembra o autor do relatório. A tendência atinge principalmente os mais jovens. O estudo mostra que, se a maioria dos praticantes é moderada, metade dos franceses muçulmanos entre 15 e 25 anos identificam-se com o Islão mais conservador, mesmo conhecendo pouco a religião. Isto porque muitos deles se sentem em posição de desigualdade em relação aos seus compatriotas franceses – ao deixar de ganhar um emprego por conta do nome árabe, por exemplo, explica o autor do estudo.
“Existe um verdadeiro problema de identidade. Muitas pessoas simplesmente não são aceites pela sociedade francesa, o que podemos medir pelo nível de discriminação, que é considerável”, diz Hakim El-Karoui. “Tem também o problema da escola e da distribuição nos territórios. Falando abertamente e de maneira crua, este é um modo de restringir os pobres à periferia – e há muitos pobres entre os muçulmanos”, declarou o autor do relatório, em entrevista à Radio France Internationale.
Segundo ele, a França vive uma “rebelião”. “Essa rebelião tem um fundo identitário, por pessoas que não se sentem aceites pela sociedade francesa, mas também não mais têm um país de origem, porque são filhos de imigrantes. Esse perfil identifica-se, com frequência, com o Islão”, observa. “Essa vertente do Islão não tem nenhuma relação com a família”, explica El-Karoui, lembrando que os jovens são influenciados “por aliciadores na Internet e na rua”.
Os autores do estudo concluíram que as categorias representadas no relatório dividem-se em três grupos: o primeiro, que representa 46% dos muçulmanos, reúne as pessoas que colocam as leis francesas acima da religião, que tem um papel pouco preponderante no seu quotidiano. Esse grupo, diz Karoui, está totalmente integrado “na França contemporânea”.
O segundo grupo, que representa um quarto dos entrevistados, está numa situação intermediária – sendo favorável à expressão da religião no trabalho, mas integrando a laicidade. O último e terceiro grupo, citado no início deste texto, é formado pelos membros mais radicais, que utilizam a religião como válvula escapatória de uma ruptura social.
Elementos de identidade
Dois elementos da pesquisa são considerados como verdadeiros “marcadores” da identidade muçulmana, sublinha o documento. Uma delas é o consumo da carne “halal”, na qual o animal sofre um ritual religioso no momento do abate. O costume é adoptado por 70% dos entrevistados e ocasionalmente por 22% deles.
Oito de cada dez muçulmanos estimam, aliás, que as cantinas nas escolas públicas deveriam oferecer a carne que segue a lei islâmica como opção para os seus alunos. Outro ponto comum entre os muçulmanos é o uso do véu. Cerca de 65% deles dizem-se favoráveis ao acessٌório, sendo que 24% aprovam o uso do véu integral, como o niqab. Mas apenas 35% das muçulmanas usam de facto o véu, apesar do alto índice de aprovação.
O autor do estudo propõe uma reforma do Estado e dos próprios muçulmanos para integrar melhor a religião e os seus membros na sociedade francesa. Entre os pontos citados está a inclusão do ensino do Árabe nas escolas, e não nas mesquitas, e a reforma das instituições de culto muçulmano, eliminando a influência de Estados estrangeiros.
Abertura de centros contra a radicalização
O governo francês anunciou a abertura em breve de um centro de prevenção e inserção contra a radicalização no centro da cidade de Beaumont-en-Véron, no centro-oeste da França. O projeto experimental receberá,no início,12 jovens que queriam tornar-se jihadistas, entre os 18 e os 30 anos. Nenhum deles tem passagem pela polícia ou tentou ir para a Síria, mas estão “perdidos”, segundo o sociólogo Gérald Bronner, que participa do projecto.
“Precisamos de desenvolver o sistema imunológico intelectual destes jovens, ou seja, o espírito crítico deles”, explica. “Diante das ideologias mortíferas e as teorias de conspiração, é preciso devolver-lhes a liberdade de pensar”, declara. A maioria dos jovens foi identificada pela própria família. Segundo o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, há mais de 15 mil jovens radicais no país.
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Fonte: http://br.rfi.fr/franca/20160919-um-terco-dos-muculmanos-na-franca-sao-contra-laicidade-diz-estudo
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O sistema de integração à maneira francesa - obrigar os alógenos a adoptar a cultura do país - não dá porque afinal o radicalismo aumenta...
O sistema de integração à maneira inglesa - deixar que se usem burcas à vontade - também não está a travar a islamização da sociedade britânica.
Aliás, em todos os lugares do Espaço e do Tempo, o Islão expande-se contra as outras culturas. Só mesmo com repatriamento de alógenos e proibição da entrada de mais muçulmanos, e estabelecimento de limites à prática islâmica em solo europeu, é que se consegue salvaguardar a identidade da Europa.
2 Comments:
Ora.
Se calhar mais de um terço dos cristãos praticantes também o é.
Mas o Cristianismo perde crentes e força política a alta velocidade.
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