quarta-feira, maio 25, 2016

«ALICE ATRAVÉS DO ESPELHO»

Vale a pena mergulhar mais uma vez no imaginário de «Alice no País das Maravilhas», desta feita no novo filme, a estrear hoje ou amanhã, «Alice do Outro Lado do Espelho». Como aqui foi dito na altura do primeiro filme, «Alice no País das Maravilhas», está-se perante uma peça de literatura aparentemente infantil mas muito ao alcance de um público adulto, pela complexidade das ideias presentes e pela maneira rica e criativa com que desconstrói uma visão linear da vida e valoriza quase filosoficamente um exercício da mente na criação de uma outra forma de ser, mais livre e operativa sobre a realidade. Uma obra que marca a cultura contemporânea e cujo espírito traz à memória o género de imaginação tipicamente céltico relativo às viagens fantásticas de heróis por mundos delirantes e barrocos, como se vê também no igualmente contemporâneo «Gulliver», do irlandês Jonathan Swift, e se contempla à saciedade nas numerosas narrativas de viagens fantásticas da mitologia irlandesa e galesa, nomeadamente as de Bran, de Maeldun, de Pwyll Pen Annwn. Presente está também, coincidentemente ou não, a tremenda monarca tremenda e violenta, de vermelho, que na história de Alice é a «Rainha Vermelha» que berra «cortem-lhe a cabeça!», a fazer lembrar as temíveis Deusas da Guerra irlandesas, sanguinárias, e o corte de cabeças, costume muito típico do mundo céltico... presente está ainda uma pacífica monarca sempre de branco, a chamada «Rainha Branca», cujo título se aproxima notoriamente do significado do nome de Gwenevere, que em Bretão/Galês significa «Encantadora Branca» ou «Fada Branca»...

É extraordinário que a película não tenha uma só cara não branca, pelo menos que me lembre, e que ninguém se indigne com isso. Este é pois mais um produto em que o europeu pode encher as vistas com cenários e ideias específicos da cultura autenticamente europeia.
Desta feita a viagem inter-dimensional, elemento central de toda a saga, deriva para o já quase lugar-comum da viagem no tempo, embora não chegue a tornar-se maçadora ou enjoativa, como sucede noutros casos da moderna ficção científica. A personificação do Tempo dá outra riqueza à narrativa, bem dentro do tipo de ficção que caracteriza a história da jovem Alice. Parecendo, como parece a muitos, um vilão, um inimigo, um tirano que a seu tempo tudo devora, acaba por ficar representado como um gajo porreiro, que no fundo até dá hipóteses a toda a gente, como diz a própria Alice: «antes de nos tirar, dá-nos». A personagem podia já agora ter permanecido no campo do dúbio, porque continua a ter o seu quê de triste, sem deixar de oferecer maravilhas mil, mas atendendo a que o filme é também ou em grande parte para crianças, compreende-se que se queira transmitir uma ideia positiva e optimista...

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O governo alemão anda a subsidiar workshops de engate para refugiados

https://www.youtube.com/watch?v=_C--olgLsQE

25 de maio de 2016 às 23:44:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

nao metem pretos ou outras raças? no branca de neve e o caçador metiam para la uns pretos

26 de maio de 2016 às 18:49:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Nada, que eu tenha visto.

26 de maio de 2016 às 19:44:00 WEST  

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