segunda-feira, janeiro 11, 2016

SOBRE O ARCEBISPO QUE DISSE QUE AS MULHERES SÃO MORTAS PORQUE NÃO SE SUBMETEM AOS MARIDOS...

O sermão de Braulio Rodríguez, durante uma missa celebrada dois dias depois do Natal, na Catedral de Toledo, está a indignar Espanha - o arcebispo espanhol culpabilizou, em parte, as mulheres pelas agressões e homicídios, justificando as acções dos homens com a falta de submissão delas aos "varões".
"A maior parte das mulheres mortas pelos seus maridos são-no porque eles não as aceitam, rejeitam-nas porque não aceitam as imposições delas; muitas vezes, a reacção machista acontece porque ela pede a separação."
Aproveitando a própria deixa, o sacerdote criticou as leis que permitem o "divórcio rápido" e acrescentou que o "problema sério" era o facto de não ter havido, nesses casos, um "verdadeiro casamento", seja religioso, seja civil - mas, aparentemente, deixou de fora as uniões de facto ou concubinato.
"Quando digo que não há verdadeiro casamento não estou a pensar só no canónico, mas também no civil. Não estou a pensar noutro tipo de relações afectivas, onde praticamente a única coisa que há é o [lado] físico, genital e pouco mais."
No sermão (citado originalmente pela publicação Padre Nuestro, da arquidiocese de Toledo, e pelo jornal regional Periódico Castillha-la-Mancha), o arcebispo garantia "também" estar preocupado com esses assassinatos, mas que não se deve considerar estes crimes "simplesmente violência de género".
No ano passado, em Espanha, morreram 56 mulheres às mãos dos seus companheiros ou ex-companheiros; em Portugal, 28.
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Fonte: http://visao.sapo.pt/actualidade/mundo/2016-01-06-As-mulheres-sao-assassinadas-porque-pedem-o-divorcio-diz-arcebispo-espanhol   (Artigo originariamente redigido sob o acordo ortográfico de 1990 mas corrigido aqui à luz da ortografia portuguesa.)

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«O sacerdote criticou as leis que permitem o "divórcio rápido"» - ora era mesmo aqui que o vigário do Judeu Morto queria chegar... e o facto de dizer que «o problema sério» é não ter "verdadeiro casamento", diz o resto: para esta gente, a questão da violência de género, conceito que o arcebispo aliás tentou pôr de parte, não tem assim grande mal, o mal está numa questão de «valores» na solidez do matrimónio e coisa e tal...
A diferença entre a Cristandade e o Islão é efectivamente bem menor do que muita gente pensa. A maior diferença prática é óbvia: nos países muçulmanos o Islão tem muito mais força do que o Cristianismo tem nos países cristãos, daí que faça muito do que muitos cristãos queriam fazer e não podem...