sábado, maio 09, 2015

SUBIDA DEMOCRÁTICA E INJUSTIÇADA DO UKIP, FORMAÇÃO ANTI-IMIGRAÇÃO

O Partido da Independência do Reino Unido e o seu líder, Nigel Farage, tinham ameaçado entrar nesta votação em força. Os resultados ficaram aquém das expectativas, e ele próprio não conseguiu ser eleito deputado. No entanto, o UKIP foi a terceira força política destas eleições, com quase 13% dos votos, sendo o partido que mais cresceu comparativamente aos resultados das eleições de 2010. Apesar disso, o sistema eleitoral britânico ditou que apenas conseguisse eleger um deputado (em comparação, o Partido Nacionalista Escocês teve 4,8% dos votos e 56 deputados).
O resultado mais significativo foi o de South Tenet, o círculo do próprio Farage, já que este tinha prometido demitir-se da liderança do partido, que ocupa há quase uma década, se não conseguisse chegar a Westminster (foi a sua sexta tentativa, e a sexta rejeição). E perdeu, para Craig MacKinlay, um conservador que já foi do UKIP.
O político populista de 51 anos, que se apresenta como um homem do povo (embora seja um homem de charuto, na descrição do Guardian), não demorou muito após a derrota a anunciar a sua demissão, nomeando Suzanne Evans, a sua “número dois” e autora do manifesto do partido, para a liderança interina até esta ser decidida por votação em Setembro.
Isto levantou questões sobre o que acontecerá ao partido que sob a liderança de Farage passou da irrelevância a uma influência bem superior à sua representação política e ao número de votos (em 2010, teve apenas 3,1%): foi por sua pressão que o primeiro-ministro, David Cameron, prometeu o referendo à permanência do Reino Unido na União Europeia.
Se o UKIP é o partido de Farage, há analistas que defendem que esta é a hipótese de deixar de ser uma formação política de um só homem. Os seus candidatos ficaram em segundo lugar em mais de 90 círculos. O terceiro lugar em votos a nível nacional é indisputavelmente seu.
Na reacção aos resultados, Farage apelou a uma “reforma genuína e radical” do sistema eleitoral. No entanto, o líder do partido nacionalista, eurocéptico e anti-imigração não excluiu a hipótese de se vir a candidatar ainda à liderança. “Vou descansar no Verão e logo penso no que vou fazer”, declarou.
O antigo “número dois” do Partido Conservador Michael Ashcroft sugeriu no Twitter que fosse atribuído a Farage um lugar na Câmara dos Lordes. “Sei que isto não vai ser popular”, declarou, mas justificou: “O UKIP teve 3,8 milhões de votos.”
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Fonte: http://www.publico.pt/mundo/noticia/farage-nao-consegue-ser-eleito-pelo-ukip-1694931

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Um sistema eleitoral manifestamente injusto e que assim de repente dá a impressão de ter sido gizado para favorecer os partidos do poder... 
Note-se que o UKIP está mais associado do que nunca à causa da anti-imigração - e ainda que a sua abordagem não seja exactamente nacionalista, muito menos etnicista, o facto é que constitui na prática actual o maior representante da tendência política que se opõe à iminvasão. Até o ex-líder do nacionalista e até racialista BNP, Nick Griffin, se juntou ao partido. Bem disse Farage que a imigração era o principal tema da sua formação partidária nestas eleições, como aqui se viu http://www.gladio.blogspot.pt/2015/04/lider-de-um-dos-partidos-mais-votados.html. Confirma-se, assim, que a Democracia em si - ou seja, a opinião do Povo, independentemente de truques políticos que a elite reinante arranje para a contornar, como foi o caso desta vez - mas confirma-se, dizia, que a Democracia em si dá cada vez mais força ao ideal nacionalista, porque, de facto, o Nacionalismo - «Nós em primeiro lugar» - constitui precisamente a tendência política com mais potencial de crescimento no seio do Povo, tão somente porque o instinto «Nós primeiro» é exactamente aquele que está subjacente à existência de qualquer Povo.


3 Comments:

Blogger Afonso de Portugal said...

Excelente análise, como já é habitual da tua parte. O sistema eleitoral britânico é mais uma prova de que a as democracias ocidentais ainda deixam muito a desejar. E que, ao contrário do que os atrasadinhos do costume pregam, o problema não é a Democracia, mas sim a falta dela: quando 4,8% dos votos elegem 56 deputados e 13% dos votos só elege 1 deputado, estamos conversados.

Quanto a Farage, espero bem que decida ficar, sob pena de acontecer ao UKIP o mesmo que aconteceu ao BE depois da saída do Louçã. OS pequenos partidos liderados por líderes muito carismáticos tendem a ressentir-se bastante quando eles abandonam o palco.

Agora vamos ver se o Cameron cumpre a sua grande promessa eleitoral e convoca mesmo o referendo à permanência do Reino Unido na UE. As elites políticas europeias estão receosas, mas eu só acredito quando vir.

9 de maio de 2015 às 21:44:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Eu duvido, mas logo se vê...

9 de maio de 2015 às 22:25:00 WEST  
Blogger Caturo said...

«E que, ao contrário do que os atrasadinhos do costume pregam, o problema não é a Democracia, mas sim a falta dela: quando 4,8% dos votos elegem 56 deputados e 13% dos votos só elege 1 deputado, estamos conversados.»

Sim, mas acrescento que no caso escocês até é correcto, porque o voto do SNP no fundo só diz respeito à Escócia, pelo que aí o método acaba por funcionar justamente, numa espécie de justiça poética. No resto do país a aplicação do método é inaceitável, porque a Inglaterra é um todo, não é um agregado de regiões autónomas que dirijam sozinhas o seu destino.

Quanto ao essencial, é exactamente isso - o problema não está na Democracia em si, mas nas manigâncias da elite para a falsificar.

9 de maio de 2015 às 22:29:00 WEST  

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