SUBIDA DEMOCRÁTICA E INJUSTIÇADA DO UKIP, FORMAÇÃO ANTI-IMIGRAÇÃO
O Partido da Independência do Reino Unido e o seu líder, Nigel Farage, tinham ameaçado entrar nesta votação em força. Os resultados ficaram aquém das expectativas, e ele próprio não conseguiu ser eleito deputado. No entanto, o UKIP foi a terceira força política destas eleições, com quase 13% dos votos, sendo o partido que mais cresceu comparativamente aos resultados das eleições de 2010. Apesar disso, o sistema eleitoral britânico ditou que apenas conseguisse eleger um deputado (em comparação, o Partido Nacionalista Escocês teve 4,8% dos votos e 56 deputados).
O resultado mais significativo foi o de South Tenet, o círculo do próprio Farage, já que este tinha prometido demitir-se da liderança do partido, que ocupa há quase uma década, se não conseguisse chegar a Westminster (foi a sua sexta tentativa, e a sexta rejeição). E perdeu, para Craig MacKinlay, um conservador que já foi do UKIP.
O político populista de 51 anos, que se apresenta como um homem do povo (embora seja um homem de charuto, na descrição do Guardian), não demorou muito após a derrota a anunciar a sua demissão, nomeando Suzanne Evans, a sua “número dois” e autora do manifesto do partido, para a liderança interina até esta ser decidida por votação em Setembro.
Isto levantou questões sobre o que acontecerá ao partido que sob a liderança de Farage passou da irrelevância a uma influência bem superior à sua representação política e ao número de votos (em 2010, teve apenas 3,1%): foi por sua pressão que o primeiro-ministro, David Cameron, prometeu o referendo à permanência do Reino Unido na União Europeia.
Se o UKIP é o partido de Farage, há analistas que defendem que esta é a hipótese de deixar de ser uma formação política de um só homem. Os seus candidatos ficaram em segundo lugar em mais de 90 círculos. O terceiro lugar em votos a nível nacional é indisputavelmente seu.
Na reacção aos resultados, Farage apelou a uma “reforma genuína e radical” do sistema eleitoral. No entanto, o líder do partido nacionalista, eurocéptico e anti-imigração não excluiu a hipótese de se vir a candidatar ainda à liderança. “Vou descansar no Verão e logo penso no que vou fazer”, declarou.
O antigo “número dois” do Partido Conservador Michael Ashcroft sugeriu no Twitter que fosse atribuído a Farage um lugar na Câmara dos Lordes. “Sei que isto não vai ser popular”, declarou, mas justificou: “O UKIP teve 3,8 milhões de votos.”
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Fonte: http://www.publico.pt/mundo/noticia/farage-nao-consegue-ser-eleito-pelo-ukip-1694931
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Um sistema eleitoral manifestamente injusto e que assim de repente dá a impressão de ter sido gizado para favorecer os partidos do poder...
Note-se que o UKIP está mais associado do que nunca à causa da anti-imigração - e ainda que a sua abordagem não seja exactamente nacionalista, muito menos etnicista, o facto é que constitui na prática actual o maior representante da tendência política que se opõe à iminvasão. Até o ex-líder do nacionalista e até racialista BNP, Nick Griffin, se juntou ao partido. Bem disse Farage que a imigração era o principal tema da sua formação partidária nestas eleições, como aqui se viu http://www.gladio.blogspot.pt/2015/04/lider-de-um-dos-partidos-mais-votados.html. Confirma-se, assim, que a Democracia em si - ou seja, a opinião do Povo, independentemente de truques políticos que a elite reinante arranje para a contornar, como foi o caso desta vez - mas confirma-se, dizia, que a Democracia em si dá cada vez mais força ao ideal nacionalista, porque, de facto, o Nacionalismo - «Nós em primeiro lugar» - constitui precisamente a tendência política com mais potencial de crescimento no seio do Povo, tão somente porque o instinto «Nós primeiro» é exactamente aquele que está subjacente à existência de qualquer Povo.
3 Comments:
Excelente análise, como já é habitual da tua parte. O sistema eleitoral britânico é mais uma prova de que a as democracias ocidentais ainda deixam muito a desejar. E que, ao contrário do que os atrasadinhos do costume pregam, o problema não é a Democracia, mas sim a falta dela: quando 4,8% dos votos elegem 56 deputados e 13% dos votos só elege 1 deputado, estamos conversados.
Quanto a Farage, espero bem que decida ficar, sob pena de acontecer ao UKIP o mesmo que aconteceu ao BE depois da saída do Louçã. OS pequenos partidos liderados por líderes muito carismáticos tendem a ressentir-se bastante quando eles abandonam o palco.
Agora vamos ver se o Cameron cumpre a sua grande promessa eleitoral e convoca mesmo o referendo à permanência do Reino Unido na UE. As elites políticas europeias estão receosas, mas eu só acredito quando vir.
Eu duvido, mas logo se vê...
«E que, ao contrário do que os atrasadinhos do costume pregam, o problema não é a Democracia, mas sim a falta dela: quando 4,8% dos votos elegem 56 deputados e 13% dos votos só elege 1 deputado, estamos conversados.»
Sim, mas acrescento que no caso escocês até é correcto, porque o voto do SNP no fundo só diz respeito à Escócia, pelo que aí o método acaba por funcionar justamente, numa espécie de justiça poética. No resto do país a aplicação do método é inaceitável, porque a Inglaterra é um todo, não é um agregado de regiões autónomas que dirijam sozinhas o seu destino.
Quanto ao essencial, é exactamente isso - o problema não está na Democracia em si, mas nas manigâncias da elite para a falsificar.
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