SOBRE O DIA DA EUROPA

Estátua representando Zeus e Europa, sita em Creta, que é de certa forma a fronteira entre a Europa e o Oriente; o elemento aquilino, a ave na mão de Europa, porventura um reforço da alusão a Zeus (que de qualquer modo é o touro), ajuda a dar ao conjunto um fulgor urânico, celestial, diamantino, metálico, que glorifica o mito como fundamento da Europa autêntica

Quem manda «nisto» escolheu o Nove de Maio como «Dia da Europa», porventura em celebração da derrota da Alemanha Nacional-Socialista neste dia de 1945.

Já se sabe que «dos fracos não reza a História» e são os vencedores que a escrevem, à História. Aliás, suspeito que os próprios Nacional-Socialistas, e os Fascistas, com a sua glorificação dos vencedores, até gostassem desse princípio... 

Alguns pretenderiam que se re-fundou a Europa. É indiferente. Pode é desagradar aos Alemães, o que se torna chato quando se quer construir um projecto para bem de todos, sendo neste caso conveniente poder contar com a boa vontade de todas as partes.

Enfim, interprete-se como der mais jeito. Uns celebram a vitória, outros podem honrar os seus mortos, e alguma honra também é devida aos vencidos. Em ambos os casos há aqui uma relação com o passado, mais concretamente com os seus fantasmas - e, coincidentemente, neste dia, Nove de Maio, começava na antiga Roma a celebração da Lemúria, festival em honra dos espíritos inquietos dos ancestrais mortos. Tratava-se de Lhes oferecer nove feijões pretos, fazendo figas (o símbolo da vulva de Mania, Mãe dos Manes), para que os fantasmas não fossem hostis e não prejudicassem a família. E os ancestrais dos Romanos são, por isso mesmo, também ancestrais dos Europeus. 

De um modo ou doutro, a escolha do Nove de Maio como Dia da Europa acaba por ser mais positiva do que negativa - uma coincidência com uma data sagrada pagã fica sempre bem numa Europa autêntica, além de que uma vitória da Democracia é, independentemente dos contornos históricos concretos, uma vitória do verdadeiro espírito europeu, o da Liberdade.