quarta-feira, setembro 17, 2014

NUMA PEQUENA CIDADE FRANCESA ATÉ IMIGRANTES VOTAM NO NACIONALISMO

Fonte: http://oglobo.globo.com/mundo/em-pequena-cidade-francesa-ate-imigrantes-declaram-voto-na-xenofoba-frente-nacional-12032657#ixzz3DVnQfKhl
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As eleições municipais francesas avivaram tensões ocultas na pequenina e pacata cidade de Saint-Gilles, de cerca de 14 mil habitantes, porta de entrada da região da Camarga, no sul da França. Em 1989, Saint-Gilles foi a primeira cidade francesa a eleger um presidente de câmara da Frente Nacional (FN), partido de extrema-direita. Hoje, 25 anos depois, os ultranacionalistas poderão reconquistar a câmara perdida desde 1992. No país, a direita radical foi sensação eleitoral ao eleger um presidente de câmara já no primeiro turno do pleito, em Hénin-Beaumont, e liderar a disputa em mais de uma dezena de cidades (entre elas, Perpignan e Avignon), uma façanha para a sigla da líder Marine Le Pen. Em Saint-Gilles, o candidato da FN, Gilbert Collard, recebeu 42,57% dos votos, contra 25,53% para Eddy Valadier, da União por um Movimento Popular (UMP), de direita, e 23,14% para o atual prefeito Alain Gaido, do Partido Socialista — que foi obrigado a retirar-se da eleição triangular do segundo turno em nome da “frente republicana”, para tentar impedir a vitória lepenista.
Com 25% de índice de desemprego e 40% de população imigrante, o município concentra ingredientes que criam terreno fértil para a propagação do discurso extremista. Em Saint-Gilles, a xenofobia extrapola o cenário usual e manifesta-se no seio de diferentes comunidades, favorecendo os radicais. Eleitores de origem marroquina afirmam que votarão na extrema-direita para evitar que mais espanhóis e italianos atravessem as fronteiras em busca de trabalho na região. Imigrantes portugueses acenam com um voto na FN para conter a chegada de mais marroquinos. Espanhóis desejam a vitória dos ultra-nacionalistas na esperança de que barrem a leva de trabalhadores equatorianos, iniciada há cerca de três anos. E franceses também querem a vitória do partido de Marine Le Pen porque acreditam que há estrangeiros em demasia nos arredores. Acrescente-se a isso um acentuado sentimento de descrédito na política, nos políticos e nos partidos tradicionais de esquerda e de direita, e está pavimentado o caminho para o sucesso dos extremistas.
Bares e cafés locais acolhem as diferentes comunidades, separadamente, em acalorados debates. No Café des Arts, conhecido também como o “café dos árabes”, Barzou Laouari, de 38 anos, motorista de camião, diz estar farto de espanhóis e italianos na cidade.
— Eles roubam o nosso trabalho. A FN pode estancar isso. Eu não sou racista, mas nós sentimos o racismo aqui. Os imigrantes são racistas, e os espanhóis e italianos são os piores. E não são os espanhóis, os árabes, os africanos quem a FN mais odeia, são os judeus. Jean-Marie Le Pen (fundador da FN) já dizia isso — desabafa Laouari, nascido em França de pais marroquinos.
Rachid, de 42 anos, proprietário do bar, rasga seu título de eleitor e joga os pedaços de papel ao chão.
— Isso não vale nada! — exclama. — Eu também sou racista, não gosto de espanhóis e portugueses. Que eles parem de nos provocar. Quero que passe a FN para ver no que vai dar isso. Não temos medo da extrema-direita.
No bar Mistral, reduto de portugueses, Constantino Carlos Veiga, de 58 anos, bebe no final da tarde com os seus conterrâneos após mais uma jornada de trabalho no campo. Saint-Gilles não tem indústria, sofre uma desertificação do comércio — em detrimento de Nîmes e Arles, cidades maiores nas proximidades —, e vive principalmente da agricultura e da pecuária.
Vou votar na Frente Nacional para eles colocarem os marroquinos daqui para fora. Os árabes só criam confusão por aqui. Se a FN fizer o que promete, vai melhorar. Mas, no fim das contas, os políticos sempre prometem e, depois de eleitos, esquecem-se do que disseram — diz Constantino, há 14 anos na França.
Espanhol de Almería, na Andaluzia, Antonio, de 46 anos, passa pela Praça da República, endereço da secular abadia da cidade, no rumo de casa. O seu voto também será destinado a Gilbert Collard:
— Para nós será bom se vencer. É preciso parar com essa onda de equatorianos. Eles aceitam € 5 a hora, enquanto nós recebemos € 9,53 a hora, a concorrência é desleal. Eles trabalham de domingo a domingo, sem seguro-saúde, sem direito a nada, e vivem como bichos no campo. Todos os espanhóis que conheço votarão na FN — diz Antonio.
‘Nossos melhores cabos eleitorais’
François García, aposentado de 83 anos, nasceu na Argélia filho de pais espanhóis, mas faz questão de dizer que nunca conheceu a Espanha e se considera francês.
— Lutei na guerra da Argélia pelos franceses, fiz tudo o que a França me pediu — ressalta.
Acomodado num banco da praça Gambetta, ele declara-se mais um eleitor da extrema-direita.
— Precisamos de outras ideias. Há muito desemprego, muita miséria, e estrangeiros demais, não há trabalho para todos. Antes, eles vinham por uma temporada e depois retornavam aos seus países, mas, agora, permanecem. E como não há trabalho, começam a roubar — justifica.
Para ele, o jovem imigrante de hoje não possui os mesmo valores de seus antepassados, e o sistema do país está falido.
— Eu tinha vergonha de estar desempregado, e a juventude de hoje não é assim. É culpa do Estado e dos pais. Se continuarmos dessa maneira, só vai piorar. Collard vai fazer o que a direita e a esquerda não fizeram — acredita.
No seu comité de campanha, na rua Gambetta, Gilbert Collard diz-se confiante na vitória:
— As pessoas querem autoridade. Há um fracasso total na política de imigração, a insegurança, os custos do euro, o comunitarismo. Quarenta e dois por cento dos votos não é voto de contestação, é preciso para de humilhar os eleitores. Não importa o que se fizer, estaremos no poder dentro de alguns anos. Quanto mais agem contra nós, mais crescemos. Os que estão contra nós são nossos melhores cabos eleitorais.


Nada mais óbvio e salutar - cada comunidade étnica defende a sua parte e o multiculturalismo é uma farsa anti-natural.


1 Comments:

Anonymous . said...

"As pessoas querem autoridade. Há um fracasso total na política de imigração, a insegurança, os custos do euro, o comunitarismo"

Comunitarismo é como se chama na frança a NATURAL segregação racial e étnica!

Não vejo como benéfico para os nacionalistas e franceses etnicos um governo que trabalhe contra o comunatarismo !

18 de setembro de 2014 às 08:39:00 WEST  

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