MARINHO PINTO DIZ QUE POLÍTICOS EM PORTUGAL GANHAM POUCO E QUE COM QUASE CINCO MIL EUROS POR MÊS NÃO SE PODEM FAZER «GRANDES COISAS» EM LISBOA...
Fonte: http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1&did=162222&utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter (a itálico o texto da notícia de imprensa; as perguntas do jornalista estão sublinhadas)
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Os deputados recebem pouco e não devem ganhar menos que os dez salários mínimos do bastonário da Ordem dos Advogados, 4.800 euros líquidos, que ainda assim "não permitem ter padrões de vida muito elevados em Lisboa", afirma Marinho Pinto, o eurodeputado que quer tornar-se deputado em Portugal.
Em entrevista à Renascença, diz ser um homem de esquerda, mas considera que essas distinções não existem hoje em Portugal. Cita mesmo Margaret Thatcher, figura pouco apreciada à esquerda.
Marinho denuncia que o Movimento Partido da Terra (MPT), pelo qual foi eleito eurodeputado, está ao serviço dos seus dirigentes e não tem a dimensão nacional de que precisa para concretizar as suas ideias. E diz ser "díficil" fazer "entendimentos políticos" com António Costa, responsável por um "tumulto no PS".
Quanto é que os deputados portugueses devem ganhar? Actualmente, o salário é de 3.515 euros brutos.
Isso deve ser objecto de uma discussão do país. Mas devem ganhar o suficiente. Em Portugal ganham pouco, é quase cinco vezes menos que um deputado europeu.
É um salário digno?
Não. Baixo. Se é esse o ordenado.
3.515 euros brutos, incluindo despesas de representação.
Então não é digno. Digo-o perfeitamente. Assim como digo que aquele salário de 18 mil euros [dos eurodeputados] é obsceno, este é indigno.
Está indexado ao salário do Presidente da República.
Mas não são só os deputados. Os órgãos de soberania em Portugal são mal remunerados, a começar no Presidente da República e a acabar nos juízes. Deveria haver essa cautela. E não há porque muitos políticos encontram formas, por vezes ilícitas, de suprirem essa deficiência.
Um deputado não deve ganhar menos que um bastonário?
Por exemplo, acho que sim.
O senhor ganhava dez salários mínimos.
Não sei. Recebia líquido 4.800 euros por mês.
Acha que é um salário digno para a função de um bastonário?
Para quem vivia em Lisboa, sim. Acho que não permite grandes coisas. Não permite ter padrões de vida muito elevados em Lisboa, fora de casa, quando deixa de exercer a profissão. Eu ganhava mais quando exercia a profissão, bem mais. Mostrei documentos na campanha eleitoral. As minhas declarações de IRS eram muito superiores quando era um simples advogado e jornalista.
Um deputado deve ganhar mais que um bastonário da Ordem dos Advogados?
Não me compete a estar a dizer isto aqui. Não é uma entrevista numa estação de rádio que devo fixar os ordenados dos políticos. O que lhe digo é que o Parlamento português tem que encontrar rapidamente uma remuneração condigna para a função de legislador. Tem que tomar também outras atitudes. Tem que fazer exigências aos deputados. Não se pode ser advogado e deputado ao mesmo tempo. Não se pode utilizar o Parlamento para tráficos de influências.
(...)
Com 4800 euros não se pode ter padrões de vida muito elevados em Lisboa, diz o sujeito. Com dois mil e quatrocentos euros qual será a classificação, segundo este critério, deste padrão de vida? Nada nada elevado? E com mil e duzentos? Fica implícito que para esta gente quem ganha o ordenado mínimo é quase sub-humano, não admira que nutra um «secreto» desprezo pelo povinho que aceita trabalhar por salários de miséria sem se revoltar em massa.
Bem pode o fulano armar-se em popular, ou popularucho, com umas bocas «ao sistema» e contra os gays e tal - no essencial é um típico representante do sistema, até no descaramento com que diz que a classe governativa ganha pouco. Como já digo há uns anos, quem acha que em Portugal um político ganha pouco e que por isso «é obrigado a ser corrupto» ou então «por causa desse magro salário os "melhores" não vão para a política», pois quem assim pense fará um grandessíssimo favor ao Povo Português se ficar
bem longe, mas é que bem longe
de toda a política portuguesa. Só uma malta muito despudorada, seja por autista afastamento do país real, seja por arrogância pura e simples, só uma hoste desta natureza é que pode vir a público dizer que mais de três mil euros por mês é pouco num país onde o ordenado mínimo é de quatrocentos e poucos euros. A referência ao que ganham os outros deputados europeus torna-se por isso cretina quando não provocatória - isso é esquecer que até a pobre Grécia tem um salário mínimo claramente superior ao de Portugal. Para quem tenha um mínimo de ética verdadeiramente baseada nos princípios de «justiça e solidariedade», como diz o sujeito a modos que de peito cheio, a comparação correcta a estabelecer
não é
entre os vencimentos dos deputados portugueses e os dos outros deputados europeus,
mas sim, sempre, em todos os casos,
entre os vencimentos dos deputados portugueses e os vencimentos do resto da população portuguesa. Quem se proponha criar um partido novo, cheio de bazófias moralistas, e nem sequer perceba isto, pode já de imediato ser deitado para o caixote do lixo da política portuguesa e não merecer nem mais um voto.
De caminho, e num registo que nada tem a ver com o tema, não deixa de ser significativa a mentalidade com que o jornalista analisa a referência a Margaret Thatcher. Ora Mar. Pin. não defende absolutamente ideia nenhuma que a senhora tenha promovido, limita-se a lembrar o seu exemplo em termos de defesa de fundamentos de valores, mas numa sociedade em que as pessoas facilmente se fanatizam na confusão entre indivíduos, procedimentos e valores acaba por ser natural que um representante da imprensa ache muito estranho que alguém de Esquerda possa referir seja o que for de bom da parte de alguém de Direita, como se tudo o que fosse feito por gente de Direita fosse igual a Direita e vice-versa.
Voltando ao que mais interessa no caso, os marinhospintos confiam na bananice da população mas pode ser que um dia paguem bem caro, e com juros, por esta falta de pudor.
3 Comments:
"a comparação correcta a estabelecer
não é
entre os vencimentos dos deputados portugueses e os dos outros deputados europeus,
mas sim, sempre, em todos os casos,
entre os vencimentos dos deputados portugueses e os vencimentos do resto da população portuguesa."
Mas a comparação entre os vencimentos dos trabalhadores portugueses e os dos outros trabalhadores europeus já é uma comparação correcta?
Sim, é. Os desgraçadinhos dos operários malandros portugueses que «não têm produtividade» ganham bem mais lá fora do que aqui e os que lá fora estão não são, na sua maioria, menos iletrados do que os de cá e não há razão alguma para presumir que sejam mais produtivos do que os de cá. Todavia têm salários bem mais elevados do que os seus equivalentes em Portugal. Só que depois os gestores de empresas públicas portuguesas ganham tanto ou mais que os seus homólogos alemães.
A comparação deve começar por aí - pelo nível mais baixo. Esse é ou devia ser um dos principais parâmetros para avaliar as economias. Não é andar a classe governativa a dizer que «ai, nós não somos a Grécia!!!!!», e depois ser verdade que o ordenado mínimo na Grécia é claramente superior ao de Portugal. Se os deputados tugas tivessem um pingo de vergonha naquelas fuças de advogados cheios de negócios privados não diziam nem um ai enquanto as coisas estivessem assim.
E aqui assim mais perto parece que os políticos tugas ganham mais do que os seus homólogos espanhóis...
«O Diário Económico fez as contas e, sim, concluiu que:
o ordenado mínimo português é 20,7% inferior ao espanhol;
sim, o vencimento médio em Portugal é 57,25% inferior ao dos espanhóis.
Mas nem tudo é mau.
O primeiro-ministro português ganha mais que o espanhol,
os ministros portugueses ganham mais que os espanhóis,
os secretários de Estado do governo de Portugal ganham mais que os de Espanha
e mesmo os deputados da Assembleia da República recebem mais, ao fim do mês,
que os das Cortes de Madrid.»
http://apoliticadospoliticos.blogs.sapo.pt/48740.html
Aliás, o presidente da República Tuga ganha mais do que o seu homólogo de França (disse França, não disse Etiópia, México ou outro fosso terceiro-mundista, eu disse França):
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=706836
Se este povo não fosse «o melhor povo do mundo», que aguenta tudo mesmo sem sequer lhe pagarem a vaselina, montava-se um cerco em condições à AR e não se arredava pé até aquela gente mostrar respeito pela população que lhe paga os obscenos salários e benesses.
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