quarta-feira, junho 25, 2014

EM FRANÇA - IGREJA TENTA CONTRARIAR O VOTO NA FRENTE NACIONAL

Agradecimentos ao vigia da padralhada por ter aqui trazido esta notícia: http://www.la-croix.com/Religion/Actualite/La-delicate-reponse-des-chretiens-au-Front-National-2014-03-07-1112029
Em França, mais conhecido jornal católico francês e europeu, o La Croix, apresentou em Março uma reportagem sobre o modo «delicado», segundo diz o título da notícia, como as estruturas locais da Igreja Católica Apostólica Romana tentam opor-se ao avanço da Frente Nacional (FN) na região d Pas de Calais (norte). A oposição é «subtil» mas incontornável. Os representantes cristãos que falam à imprensa referem-se ao voto «por desespero» que é preciso contrariar, porque de facto o voto na FN «assusta» (sic) mas há que não estigmatizar ninguém...
Um deles afirma o seguinte: «Uma parte da população não acredita na política. A FN mantém que vai fechar as fronteiras e deixar o trabalho para os franceses. Ou, pela inversa, transmite a ideia de que é muito social. Entre os da FN há cristãos. É inútil dizer-lhes que todos nós somos filhos de Deus e que fechar-se sobre si mesmo não é a solução. Eu prefiro tentar entender e testemunhar a minha política com ciganos e migrantes.»
Estes porta-vozes afirmam claramente que (só) uma minoria de católicos é que vota convictamente na FN. O padre Gerard Levray diz: «Uma minoria de cristãos vota na FN por convicção. (...) No entanto a grande maioria dos católicos que vota na FN é composta sobretudo por pessoas que se sentem excluídas. (...) Hoje procuramos (...) dar-lhes uma voz, escutá-los, ajudá-los a pensar.»
O que diz Valérie Mandin, animadora pastoral local, a propósito deste trabalho de «ajudar a pensar» é muito óbvio: «Quando eu oiço dizer que a Frente Nacional é boa, eu primeiro tento entender, e quando chegar a hora, eu recordo por exemplo que Jesus acolhia o estrangeiro.»
O padre Vincent Blin, pastor da Lievin, é mais directo e categórico: «Quando eu oiço católicos a dizerem que não nos podemos dar ao luxo de manter estrangeiros, ou sustentar os que não trabalham, (...), eu respondo-lhes que não podem ser cristãos e votar num partido cujas propostas contrariam o Evangelho.»

Claro como água, preto no branco, sem apelo nem agravo.

Entretanto, Philippe Chriqui, presidente da Paradox'Opinion, comenta que, embora existam jovens católicos atraídos pela FN, «há sempre uma barreira entre os católicos e a Frente Nacional. Esta barreira é dupla, é política e económica. Primeiro é política, porque os católicos são herdeiros principalmente da moderada Democracia Cristã. Depois é económica, porque os católicos são de tradição liberal e pró-Euro, enquanto a FN é estatista e anti-Euro. Em ambos os casos os católicos não estão reflectidos nas posições de Extrema-Direita.»

Nas eleições europeias de 1984, 15% dos católicos praticantes regulares (os que vão à missa pelo menos uma vez por mês) votaram em Jean-Marie Le Pen. Nove por cento votaram do mesmo modo na cantonal de 1985. Sete por cento fizeram o mesmo na primeira volta das eleições presidenciais de 1995, enquanto a média francesa de votação em Le Pen se situou em mais do dobro, isto é, quinze por cento. 
Na eleição presidencial de 2007 dez por cento dos católicos praticantes votaram no bretão racista. Em 2012 quinze por cento destes crentes votaram em Marine Le Pen (vinte e sete por cento no caso dos católicos com menos de trinta e cinco anos, o texto da notícia não diz qual a percentagem dos jovens não católicos que votaram da mesma maneira), estando estes quinze por cento mais uma vez abaixo da média francesa, que se situou nos dezoito por cento.
Uma pesquisa realizada em Dezembro de 2013 indica que sete por cento dos católicos praticantes regulares vota na FN, contra oito por cento no ano anterior, enquanto na população em geral se dá o inverso, a saber, uma subida, de dez para treze por cento. E os católicos são mais propensos do que a média no que toca a rejeitar Marine Le Pen - sessenta e seis por cento contra sessenta por cento.

Constata-se assim o que já se esperava que viesse a acontecer - a Igreja começa a pouco e pouco a erguer-se contra a Frente Nacional, facto perfeitamente indefectível, visto que se trata de uma questão de lógica absolutamente óbvia: o Cristianismo é visceralmente oposto ao Nacionalismo. O Cristianismo está aliás na base do maior inimigo do Nacionalismo, que é o universalismo militante, que produz o anti-racismo e o internacionalismo. 
O verniz de «religião da família e da Nação» de que o Cristianismo se revestiu ao longo de milénio e meio começa a estalar, o que não surpreende, porque a aliança entre Cristianismo e Nação foi meramente circunstancial, ao contrário do que pensam e marram incontáveis cristãos «nacionalistas». A Cristandade pôde confundir-se com a Europa quando isso era conveniente ao propósito cristão - precisou, desde sempre, de uma plataforma político-militar a partir da qual se pudesse chegar a um número máximo de pessoas. Primeiro fez-se com o Império Romano, usurpando-o ao Paganismo e servindo-se depois das suas estruturas para cristianizar a Europa. Depois pegou-se na Europa como vector político-militar para se disseminar a fé cristã no resto do mundo. A fé, uma fé universalista - nunca o poderio ou a glória dos Europeus. Não foi para exaltar a estirpe europeia que se canalizaram milhares de homens de armas europeus para a chamada «Terra Santa» - foi, isso sim, para usar o braço armado europeu de modo a cristianizar uma terra estrangeira à Europa. Não foi também para exaltar a estirpe europeia que em solo europeu se fez a Reconquista ou a resistência vitoriosa aos Otomanos - foi, isso sim, para defender o poiso cristão contra um rival, o Islão, que é aliás seu parente. Tudo isto foram situações em que a Cristandade actuou do modo que mais lhe convinha para se salvaguardar.
E agora o que mais lhe interessa e corresponde à sua índole ideológica é precisamente a imigração em massa e a aceitação de uma Europa sem fronteiras étnicas. Aliás, o triunfo da Cristandade, no dealbar da Idade Média, enfraqueceu o sentido de etnia entre os Povos europeus. Efectivamente, a cristianização dos Povos começou por consistir precisamente em deitar abaixo os altares dos Deuses Nacionais em proveito de um «Deus» único, revelado historicamente aos Judeus, Povo não europeu.

Contra toda esta carga universalista trazida pelo culto ao Judeu Morto, que estava há milénio e meio dormente nas veias da Europa e agora se manifesta, só o Nacionalismo é antídoto. O Nacionalismo e, a médio ou longo prazo, o corolário espiritual do Nacionalismo, que é o retorno ao culto das Divindades Nacionais, porque uma identidade étnica completa é raça, língua e religião: a raça do povo, a língua nacional e a religião étnica.


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5 Comments:

Blogger Afonso de Portugal said...

«Quando eu oiço católicos a dizerem que não nos podemos dar ao luxo de manter estrangeiros, ou sustentar os que não trabalham, (...), eu respondo-lhes que não podem ser cristãos e votar num partido cujas propostas contrariam o Evangelho.»

Incrível, nunca a coisa tinha sido dita de forma tão clara pelos vigários do judeu morto! O padralhame perdeu realmente a centelha de vergonha que ainda lhe restava.

Entretanto, Marselha está prestes a transformar-se na primeira cidade europeia maioritariamente islâmica.

Tudo isto enquanto a elite francesa clama por mais imigração...

...e uma boa parte dos nacionalistas europeus nos assegura que tudo ficaria resolvido se deportássemos os judeus (coisa que até devemos fazer a seu tempo, mas que será sempre manifestamente insuficiente para resolvermos os graves problemas que ameaçam a nossa sobrevivência).

25 de junho de 2014 às 21:33:00 WEST  
Blogger Afonso de Portugal said...

Caturo disse...
«A Cristandade pôde confundir-se com a Europa quando isso era conveniente ao propósito cristão - precisou, desde sempre, de uma plataforma político-militar a partir da qual se pudesse chegar a um número máximo de pessoas. Primeiro fez-se com o Império Romano, usurpando-o ao Paganismo e servindo-se depois das suas estruturas para cristianizar a Europa. Depois pegou-se na Europa como vector político-militar para se disseminar a fé cristã no resto do mundo. A fé, uma fé universalista - nunca o poderio ou a glória dos Europeus.»

Ora aqui está uma verdade incontornável que os beatos nacionalistas não conseguem enfiar nas suas cabeças ocas, nem a tiro de canhão. Aqueles que, de forma falaciosa, procuram associar a fundação de Portugal ao Cristianismo, chegando até ao ridículo de afirmar que os protagonistas da reconquista não teriam feito nada de especial se não fossem cristãos, laboram precisamente no erro de não (quererem) distinguir o contexto histórico da época da realidade contemporânea.

No primeiro caso, estamos perante uma época onde vigorava -ainda antes das cruzadas- um paradigma de expansão imperial, com vários conflitos militares e disputas territoriais um pouco por toda a Europa. Nesta situação, que é diametralmente oposta à dos nossos dias, uma era onde a paz na Europa é um dos valores mais caros aos seus cidadãos, era impossível à Igreja agregar fiéis apelando ao ideal do amor ao próximo. Até porque a Europa já tinha sido praticamente toda cristianizada e a única forma de angariar mais cristãos era ir procurá-los noutras paragens. Foi aqui que os interesses da Igreja e da Nobreza (no fundo, as elites da época) convergiram.

Conforme observa a historiadora Maria Cristina Pimenta na página 13 do seu livro “Guerras no Tempo da Reconquista”: «(…) este relacionamento entre o poder politico Imperial e a Igreja Ocidental acaba por dar oportunidade a que esta última, (…) dê o arranque para o movimento cruzado, o que vem a acontecer em Clermont, num apelo à comunidade feito pelo Papa, no ano de 1095. (…) Aí, Urbano II, relembrando os ensinamentos de S. Agostinho, reclamava para a Santa Sé a responsabilidade de reivindicar os lugares santos, fazendo eco de um pedido do Imperador Aleixo I. Este último aspecto coroou do êxito os propósitos da reforma gregoriana esboçada alguns anos antes, precisamente porque obrigava a repensar a distribuição das responsabilidades (…) para a égide de outros responsáveis, neste caso a Igreja ao nível da sua mais alta hierarquia. (…) É no âmbito desta circularidade de poderes que vamos encontrar alguns sinais inovadores no que se refere à concepção da autoridade monárquica enquanto símbolo de justiça, santidade e piedade, fazendo do Ocidente taumaturgo uma garantia de sucesso para os tempos vindouros».

Ou seja, os reis (e por arrastamento, os nobres) providenciavam novos territórios à Igreja através das conquistas dos seus exércitos e esta, em troca, providenciava aos monarcas a necessária legitimação espiritual para as suas matanças.

Os cristãos nacionalistas não percebem (ou não querem perceber) esta dinâmica. E, mais grave do que isso, não percebem que hoje em dia nada disto é necessário, por dois motivos fundamentais: (1) a igreja pode recorrer novamente ao ideal do “amor ao próximo”, de longe a sua arma de conversão mais eficaz; (2) as cruzadas já não são possíveis devidos à escala e ao custo dos conflitos militares… mas também já não são precisas - para quê enveredar pela via bélica quando a imigração é uma estratégia muito mais eficiente e muito menos dispendiosa?...

25 de junho de 2014 às 21:59:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Ora nem mais... a imigração em massa é a principal arma do Islão contra a Europa.

25 de junho de 2014 às 23:14:00 WEST  
Blogger Caturo said...

«Ou seja, os reis (e por arrastamento, os nobres) providenciavam novos territórios à Igreja através das conquistas dos seus exércitos e esta, em troca, providenciava aos monarcas a necessária legitimação espiritual para as suas matanças.»

Exactamente. Conveniências políticas, de um lado, ideal religioso, por outro. Nada mais.

25 de junho de 2014 às 23:16:00 WEST  
Blogger Caturo said...

«Foi aqui que os interesses da Igreja e da Nobreza (no fundo, as elites da época) convergiram.»

Acresce que a Igreja permitia o uso das armas se este se fizesse em nome do Cristianismo. Já na Antiguidade tardia tinha sido assim: de início, a Igreja incitava à desobediência diante das autoridades e ao boicote à actividade militar, o que sabotou o esforço de guerra do império pagão; mais tarde, quando a Igreja já estava no poder, deixou de lado esse apelo à objecção de consciência e passou a aprovar a actividade bélica. É o que se chama esperteza saloia, aliás, parasitismo puro e duro: infiltração no organismo, enfraquecimento do organismo, tomada de posse do organismo, seu uso posterior em proveito próprio.



25 de junho de 2014 às 23:19:00 WEST  

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