BISPO QUE ANDA A DAR LIÇÕES DE MORAL À CLASSE POLÍTICA GANHA MAIS DO QUE UM DEPUTADO - MAS DIZ QUE TRABALHA DE GRAÇA

Fonte: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/d-januario-ganha-4400-eurosmes

O bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, que anteontem teceu duras críticas ao primeiro-ministro, tem uma pensão mensal de 3687 euros, a que se somam 737 euros do suplemento da condição militar. Por mês, o clérigo aufere 4424 euros, mais de nove salários mínimos e mais do que um deputado (cerca de 4200 euros), além de outras regalias, como gabinete de apoio, carro com motorista e telemóvel, apurou o CM. Mas, diz, trabalha "de graça há quatro anos".

Reformado desde 2009 com a patente de major-general, após 23 anos de actividade, D. Januário é pensionista da Caixa Geral de Aposentações, "sujeito à legislação comum", que vai cortar os subsídios de Natal e férias às reformas acima de mil euros. "Trabalhei mais do que o normal, até aos 70, e estou reformado militarmente há cinco anos, não tenho qualquer dependência da tutela, mas continuei a trabalhar de graça desde há quatro anos", explica.

D. Januário, que anteontem se manifestou " chocado" com declarações de Passos Coelho sobre a paciência dos portugueses face à crise e chegou mesmo a afirmar que "parecia que estava a ouvir um discurso de uma certa pessoa há 50 anos", foi parco em palavras para esclarecer se pretendeu comparar Passos a Salazar. "Não respondo" disse.

Como bispo das Forças Armadas e de Segurança tem direito a um gabinete de apoio no edifício do Estado-Maior General das Forças Armadas, que funciona no Ministério da Defesa Nacional, a secretária, a carro de serviço com motorista e telemóvel. Mas que, garante, "por uma questão de justiça", não utiliza.

A partir de Fevereiro do próximo ano, quando atingir 75 anos, passará a bispo emérito, altura em que é substituído. Conhecido pelas suas muitas declarações incómodas para o Governo, garante que a aproximação da data "nada tem a ver com a liberdade de expor pontos de vista". Questionado sobre esta matéria, o Ministério da Defesa não quis fazer qualquer comentário.

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