AUTORIDADES OBSERVAM ESCALADA DA ORGANIZAÇÃO E VIOLÊNCIA DA EXTREMA-ESQUERDA EM PORTUGAL

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Os movimentos dos grupos de "matriz radical", como são definidos pela PSP, no relatório a que o CM teve acesso, os elementos de quatro facções "anarco-libertárias" que, no sábado, foram apanhados em Lisboa com armas e engenhos explosivos, estão a ser seguidos de perto pela PSP e, em especial, pela Unidade de Contra-Terrorismo da Judiciária.

A PJ monitoriza o fenómeno com particular atenção nos últimos meses, face à actual situação económica do País, controlando em permanência as redes sociais da internet onde são passadas as mensagens antipartidárias e de combate, com recurso a acções violentas de rua, às empresas e instituições que são representativas do capitalismo.

A grande preocupação da PJ não se prende com grupos isolados - mas com o somatório de facções como os movimentos RDA69, Ritmos de Resistência, Terra Livre e Colectivo Acção Antifascista. Estes grupos, cujas ligações a radicais estrangeiros também são investigadas, fundem-se em manifestações "anti-autoritárias" como a que se realizou anteontem, nas ruas da capital, e que visou vandalizar as sedes dos partidos com representação parlamentar.

Acabaram por ser travados por equipas da PSP na praça da Figueira, na Baixa Pombalina, cerca de duas horas depois de terem levado para a rua um protesto que queriam tornar violento.

Pelas 15h00, as sedes nacionais dos CDS-PP, no largo Adelino Amaro da Costa, e do Bloco de Esquerda, na rua da Palma, foram atingidas com balões com uma mistura de ovos e tinta.

A PSP sabia que o protesto estava na rua. O Núcleo de Informações do Comando de Lisboa também segue de perto as movimentações dos grupos radicais anarcas e comunicou para o terreno todos os dados recolhidos nas redes sociais da internet.

Agentes de Equipas de Intervenção Rápida depararam-se com militantes armados para o confronto. Escudos, bastões, facas, soqueiras e até cintos repletos com petardos mostravam as intenções.

A PSP preocupou-se em cercar desde logo o grupo, apanhado também com ácido muriático para fabrico de bombas artesanais.

Só um homem de 31 anos, residente em Setúbal, foi detido na posse de um petardo, enquanto um cidadão francês foi apanhado com uma faca, mas não detido. Todo o restante material foi apreendido. As autoridades não descartam a realização de acções de rua, violentas, num futuro próximo.

Alguns dos ‘okupas' que estão instalados no prédio devoluto da rua de São Lázaro, em Lisboa, participaram anteontem na manifestação. Mas descartam envolvimento em confrontos ou actos de vandalismo. "Esta é uma casa de acolhimento, um espaço de convívio de jovens. Há anarquistas, militantes de partidos, mas habitar aqui e participar em manifestações são coisas diferentes, uma coisa não leva à outra", disse ao CM um jovem. Um ‘okupa', mais velho, diz que "só foram para a ‘manif' já depois da confusão".

A 22 de Março deste ano, militantes de grupos radicais como o RDA69 ou o Movimento Terra Livre (os mesmos que participaram na Manifestação Anti-Autoritária de sábado) saíram às ruas de Lisboa para mostrar solidariedade com a greve geral que a CGTP levou a cabo. Na zona do Chiado, homens e mulheres assumiram posições, num impasse com a PSP. Não demorou até que a violência tivesse início, com os anarcas a arremessarem cadeiras contra os polícias. Na confusão, dois repórteres fotográficos foram agredidos à bastonada e um agente da PSP responde em processo disciplinar pelas agressões.

E depois a culpa foi da polícia...