CABO-VERDIANO SEXAGENÁRIO VIOLA MULHER SOB AMEAÇA DE ARMA - E DIZ QUE ELA LHE AGRADECEU

Do jornal «O Crime», edição de 14 de Abril de 2011:

(...) O caso remonta a 20 de Março do ano passado. O tribunal deu como provado que, naquele dia, o arguido se deslocou para a Estrada do Marquês de Pombal, em Rio de Mouro, "com o intuito de encontrar uma mulher que pudesse constranger, com o uso de uma arma, a manter relações sexuais". O acórdão refere que, pelas 13 e 30 horas, Ildo cruzou-se com a vítima nas imediações da estação ferroviária de Rio de Mouro e abordou-a tentando convencê-la que era "médium" e que ela "não tinha sorte nenhuma". Acto contínuo, exibiu uma arma ameaçando que a matava se não o acompanhasse. Temendo pela vida, a jovem acompanhou-o ao longo da linha do caminho-de-ferro até uma zona isolada de mato, onde foi despida contra a sua vontade, apalpada e atirada para cima de pedras, sempre sob ameaça da arma. Nada demoveu o atacante, nem mesmo quando a vítima gritou e chorou com a dor e o sofrimento. O acórdão refere que o violador chegou a espancá-la, tendo-lhe puxado o cabelo e desferido murros nas pernas, para que parasse de se debater. E "ordenou-lhe que gritasse o nome do seu namorado" durante as sevícias, tendo ainda protagonizado actos sadomasoquistas, introduzindo uma mão na vagina da jovem. O tribunal deu ainda como provado que, apóss ter consumado a violação, sem uso de preservativo, o falso "médium" mandou a vítima vestir-se e disse-lhe que tinha praticado os actos descritos para a "limpar", e que "o namorado a traía e a mãe iria trair o pai". Por fim, o violador obrigou a jovem a acompanhá-lo de volta à zona da estação de comboios de Rio de Mouro, altura em que "se despediu dela com dois beijos na face", segundo descreve o acórdão.

Ora o africano disse, em tribunal, que a vítima lhe manifestou um «sincero obrigado» e que «para a próxima iria ser melhor». O violador, de nome Ildo B., tem sessenta e seis anos e veio de Cabo Verde; é funcionário reformado da Câmara Municipal de Sintra. Foi agora condenado a sete anos de cadeia (o Código Penal prevê de quatro a treze anos de cadeia) e mais um ano por detenção de arma proibida (crime punido com um a cinco anos de cadeia, ou multa até seiscentos dias). Foi ainda ordenado que a identidade biológica e os restantes dados pessoais do arguido sejam introduzidos na base de dados de perfis de ADN, com finalidades de investigação criminal, na medida em que o tribunal avisa que o arguido representa um perigo para a sociedade. «Há forte probabilidade de vir a reincidir em comportamentos semelhantes ou até mais disfuncionais» justifica o acórdão, sublinhando que o arguido não manifestou qualquer arrependimento durante o julgamento.

Foi apanhado três meses depois do crime, quando uma amiga da vítima, que também tinha por ele sido abordada no comboio e na rua, o identificou na via pública, em Monte Abraão, Queluz, na companhia de uma mulher.

Em suma: a «Justiça» reconhece formalmente que o sujeito é muito perigoso para o cidadão, além de que nem sequer se arrependeu - e, mesmo assim, a mesmíssima «Justiça» dá-lhe metade da pena por um dos crimes e o mínimo da pena pelo outro... se calhar porque apesar de tudo a pena máxima em ambos os casos era demasiada. E o povinho, olha, que tenha cuidadinho na rua, daqui a sete anos...