segunda-feira, abril 25, 2011

25 DE ABRIL... E DEPOIS 26, MAS COM LIBERDADE A SÉRIO

Mais um feriado do 25 de Abril, que dá sempre jeito, especialmente se for junto ao fim de semana. O significado é que bem podia ser melhor... podia, legitimamente, ser melhor, não lhe falta potencial para isso. Teoricamente seria até excelente se não acabasse por constituir uma aldrabice pegada e, ao fim ao cabo, uma coisa cada vez menos influente. Muito provavelmente o País estaria mais ou menos como está hoje se em 1974 não tivesse havido uma revolução dita democrática - a chamada Primavera marcelista acabaria eventualmente por permitir, quando não atrair, cada vez mais influências europeias democratizantes, enquanto as colónias, ou aliás «províncias ultramarinas», acabariam por alcançar a sua independência.

A Democracia é, de facto, o melhor dos sistemas políticos - o mais eticamente correcto de todos, logo à partida, o que só por si já bastaria para o escolher, mesmo que não existissem outras vantagens. Não há realmente nada mais justo do que ser o povo a governar-se a si mesmo. Faz parte da mais autêntica natureza do Ocidente, este traço político-cultural e ideológico, já desde a democracia ateniense e o thing germânico. Até na Ibéria Antiga, da qual não se sabe muito, até aí foram já identificadas duas grandes zonas «políticas», por assim dizer, que, mui interessantemente, coincidiam, grosso modo, com as duas grandes zonas étnicas: na parte ocidental, central e setentrional, área indo-europeia, dominavam as assembleias (de guerreiros, mas pronto...), enquanto no sul e no oriente, de cunho mediterrânico não indo-europeu (mas ainda assim tendo eventualmente sofrido influências indo-europeias), se verificava a tendência para a monarquia de direito divino. O Homem Ocidental é de todos o menos submisso à Autoridade e, por isso mesmo, não aceita jugos e quer decidir tanto quanto puder sobre a sua própria vida e, subsequentemente, a sociedade em que se move. Já na Antiguidade Aristóteles dividia o mundo em três grandes zonas: ao centro, os Gregos, que eram os melhores (Aristóteles era a modos que grego, enfim, perdoe-se-lhe o naturalíssimo etnocentrismo...), sábios e livres; a oriente e a sul, os bárbaros do Oriente, que eram igualmente capazes de criar cultura, mas que não amavam a Liberdade e por isso viviam justamente subjugados pelos grandes líderes de direito divino; a oeste e a norte, os bárbaros do Ocidente, que viviam na maior confusão, mas eram valorosos e tinham amor à Liberdade. Mais tarde, Júlio César viria a dizer que no extremo ocidente da Ibéria vivia um povo, os Lusitanos, que nem se governava nem se deixava governar... as revoltas lusitanas contra o poder romano eram constantes, não se pense que terminaram com a morte de Viriato, de Táutalos ou sequer de Sertório. Voltando à descrição de Aristóteles, o que se observa de comum entre o Grego e o Bárbaro Ocidental, ambos filhos, mesmo que o não soubessem, do Indo-Europeu, é portanto o amor à Liberdade, que por sua vez os diferencia, em conjunto, do resto do mundo. Não admira que, dois mil e quatrocentos anos depois, um dos politólogos mais famosos do mundo, o falecido Norberto Bobbio, tenha dito, no seu dicionário de Política, que a Democracia foi a exportação ideológica europeia que menos sucesso teve fora da Europa...

Mas agora... há verdadeira liberdade em Portugal? Como, num país cujo código penal dá dez anos de cadeia a quem for apanhado a promover, organizadamente, uma ideologia proibida?...
A grande diferença entre o pré- e o pós- 25 é pois que no pré- os dissidentes políticos eram encarcerados em prisões só de dissidentes e tratados como tal, apanhando eventualmente umas bofetadas da PIDE, ao passo que no pós- os dissidentes políticos não têm esse estatuto mas talvez o de «bandalhos nazis e incitadores ao ódio!», e, uma vez que oficialmente não há prisões políticas, os «bandalhos nazis» são encarcerados juntamente com a pior escumalha da sociedade...

Outro aspecto teoricamente magnífico do 25 de Abril seria o rompimento de vez com África, onde os Portugueses nunca na vida deveriam ter tido colónias. E de facto esse rompimento efectivou-se, mas foi sol de pouca dura, uma vez que, tal como os outros países europeus, começou na década de noventa a receber imigração em massa, que rapidamente se tornou em iminvasão, por determinação e conveniência exclusivas das elites reinantes, que impingem aos povos essa enchente alógena sem sequer os consultar sobre isso, antes pelo contrário, até criam leis para intimidar quem quer que se queixe da invasão em curso.

Em suma, com ou sem 25 de Abril, os problemas mais graves do País são essencialmente os mesmos que os das outras nações da Europa Ocidental, que não tiveram nenhuma revolução democrática em data recente e que nunca puseram os pés na África negra.

Portanto, à parte o ser feriado, que fique para trás o 25 e se passe depressa a um 26 ou a um 27 mais verdadeiramente democrático e português, ou seja, mais autenticamente europeu.

11 Comments:

Anonymous Anónimo said...

As Liberdades Essenciais
"As liberdades essenciais são três: liberdade de cultura, liberdade de organização social, liberdade económica. Pela liberdade de cultura, o homem poderá desenvolver ao máximo o seu espírito crítico e criador; ninguém lhe fechará nenhum domínio, ninguém impedirá que transmita aos outros o que tiver aprendido ou pensado. Pela liberdade de organização social, o homem intervém no arranjo da sua vida em sociedade, administrando e guiando, em sistemas cada vez mais perfeitos à medida que a sua cultura se for alargando; para o bom governante, cada cidadão não é uma cabeça de rebanho; é como que o aluno de uma escola de humanidade: tem de se educar para o melhor dos regimes, através dos regimes possíveis. Pela liberdade económica, o homem assegura o necessário para que o seu espírito se liberte de preocupações materiais e possa dedicar-se ao que existe de mais belo e de mais amplo; nenhum homem deve ser explorado por outro homem; ninguém deve, pela posse dos meios de produção e de transporte, que permitem explorar, pôr em perigo a sua liberdade de Espírito ou a liberdade de Espírito dos outros. No Reino Divino, na organização humana mais perfeita, não haverá nenhuma restrição de cultura, nenhuma coacção de governo, nenhuma propriedade. A tudo isto se poderá chegar gradualmente e pelo esforço fraterno de todos".

Agostinho da Silva

25 de abril de 2011 às 18:21:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Outro aspecto magnífico, na teoria, do 25 de Abril, seria o rompimento de vez com África, onde os Portugueses nunca na vida deveriam ter tido colónias."

E ainda menos na América.

25 de abril de 2011 às 21:02:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Antes que a ideia de Deus esmagasse os homens, antes dos autos de fé, das perseguições religiosas da Inquisição e do fundamentalismo islâmico, o Mediterrâneo inventou a arte de viver. Os homens viviam livres dos castigos de Deus e das ameaças dos Profetas: na barca da morte até à outra vida, como acreditavam os egípcios. E os deuses eram, em vida dos homens, apenas a celebração de cada coisa: a caça, a pesca, o vinho, a agricultura, o amor. Os deuses encarnavam a festa e a alegria da vida e não o terror da morte.

Antes da queda de Granada, antes das fogueiras da Inquisição, antes dos massacres da Argélia, o Mediterrâneo ergueu uma civilização fundada na celebração da vida, na beleza de todas as coisas e na tolerância dos que sabem que, seja qual for o Deus que reclame a nossa vida morta, o resto é nosso e pertence-nos – por uma única, breve e intensa passagem. É a isso que chamamos liberdade – a grande herança do mundo do Mediterrâneo".

Miguel Sousa Tavares

25 de abril de 2011 às 22:06:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

estavas onde no 25 de abril para estares a mandar bitaites?

26 de abril de 2011 às 18:17:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Anónimo disse...
"Outro aspecto magnífico, na teoria, do 25 de Abril, seria o rompimento de vez com África, onde os Portugueses nunca na vida deveriam ter tido colónias."

E ainda menos na América.

25 de Abril de 2011 21h02min00s WEST


nem na asia lol

26 de abril de 2011 às 18:19:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Anónimo disse...
"Antes que a ideia de Deus esmagasse os homens, antes dos autos de fé, das perseguições religiosas da Inquisição e do fundamentalismo islâmico, o Mediterrâneo inventou a arte de viver. Os homens viviam livres dos castigos de Deus e das ameaças dos Profetas: na barca da morte até à outra vida, como acreditavam os egípcios. E os deuses eram, em vida dos homens, apenas a celebração de cada coisa: a caça, a pesca, o vinho, a agricultura, o amor. Os deuses encarnavam a festa e a alegria da vida e não o terror da morte.

Antes da queda de Granada, antes das fogueiras da Inquisição, antes dos massacres da Argélia, o Mediterrâneo ergueu uma civilização fundada na celebração da vida, na beleza de todas as coisas e na tolerância dos que sabem que, seja qual for o Deus que reclame a nossa vida morta, o resto é nosso e pertence-nos – por uma única, breve e intensa passagem. É a isso que chamamos liberdade – a grande herança do mundo do Mediterrâneo".

Miguel Sousa Tavares

25 de Abril de 2011 22h06min00s WEST


quase parecia um texto maçónico lol

26 de abril de 2011 às 18:20:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"mui interessantemente, coincidiam, grosso modo, com as duas grandes zonas étnicas: na parte ocidental, central e setentrional, área indo-europeia, dominavam as assembleias (de guerreiros, mas pronto...), enquanto no sul e no oriente, de cunho mediterrânico não indo-europeu (mas ainda assim tendo eventualmente sofrido influências indo-europeias),"



cripto!

26 de abril de 2011 às 18:24:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Cripto quê?...

26 de abril de 2011 às 18:27:00 WEST  
Blogger Caturo said...

«estavas onde no 25 de abril para estares a mandar bitaites?»

Que é que tens a ver com isso?
De resto, estou aqui agora e isso é que interessa. E tu, onde estás?

26 de abril de 2011 às 18:28:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"eram encarcerados em prisões só de dissidentes e tratados como tal, apanhando eventualmente umas bofetadas da PIDE,"


umas bofetadas??

26 de abril de 2011 às 18:41:00 WEST  
Blogger Túsio Primeiro said...

"quase parecia um texto maçónico lol"

26 de Abril de 2011 18h20min00s WEST


Porquê?O que é que tem de maçónico??

27 de abril de 2011 às 11:12:00 WEST  

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