MILÍCIAS SURTEM EFEITO NUMA ALDEIA DE PENALVA DO CASTELO

Da edição de 14 de Abril de 2011 do jornal semanal «O Crime», página 10:

Desde há meses que a população da aldeia de Pindo, no concelho de Penalva do Castelo, tem assistido a uma vaga de furtos que varre tudo o que tenha valor. Os roubos "chegam a ser diários e há casas desabitadas (os proprietários moradores estão emigrados) que são assaltadas 3 noites seguidas"(...) nas aldeias de Pindo "toda a gente sabe quem pratica estes roubos sem que haja alguém capaz de lhes pôr travão", comenta um popular. Outro, Helena Maria, conta que os ladrões "actuam com tal à vontade que chegaram a defecar no meio da sala de uma das casas assaltadas"(...). Mas os furtos não passam só por casas, "alargam-se também a animais, tais como perus, galinhas, coelhos, patos, gasóleo agrícola, óleos, baterias e tudo a que conseguirem deitar a mão, desde que tenha valor". A população "anda nervosa porque um dos ladrões, bem conhecido, tem espalhado um clima de nervosismo e ameaças às pessoas que o apanharam em flagrante", garante um terceiro popular.

Cansados com os assaltos, populares "colocaram a circular um aviso onde identificam o AL. e o A.S. como presumíveis autores de furtos na região. No mesmo aviso é referido que a população atingiu os limites e, em caso de extrema necessidade, pode constituir uma milícia para abatimento dos assaltantes.". O documento foi lido na missa, afixado nas aldeias, passado de porta em porta e enviado à GNR e ao Ministério Público. Um dia depois, os ladrões respondiam nas "costas" do aviso: "tenham cuidado"... Fartos dos assaltos e indignados com a ousadia do comentário, os populares tocaram a reunir, mais de setenta pessoas, e prepararam uma resposta organizada com "a criação de milícias". O presidente da junta de freguesia, Alberto Gonçalves, reconhece que a GNR "está empenhada mais tem poucos recursos e não pode estar em todo o lado". Apesar disso "todas as vítimas têm apresentado queixa, a GNR deve ter mais de meia centena de denúncias" (...).

Não chegou a ser necessária a actuação directa da milícia. A GNR levou o aviso a sério, lançou uma mega operação na aldeia e deteve um suspeito da prática de vários furtos na freguesia. Da operação resultou ainda a recuperação de grande parte do material furtado das várias habitações. O povo ficou "mais sereno mais ainda falta o comparsa" afirma um dos populares, adiantando que "o povo abandonou, por enquanto, a criação de uma milícia, mas vai manter-se atento".

Aqui sim, é o povo quem mais ordena...