MANIFESTAÇÃO PACÍFICA DE PASTOR ANTI-ISLÃO CONSIDERADA COMO «AMEAÇA À PAZ» POR «JUIZ»

Mesmo sem queimar o Corão, o pastor radical anti-islâmico norte-americano Terry Jones lançou
a confusão na pequena cidade de Dearborn, com uma planeada manifestação, esta sexta-feira, contra a religião de Maomé, frente à maior mesquita dos Estados Unidos.

No dia de oração islâmico, e poucas semanas depois de um ataque contra centro de operações das Nações Unidas no Afeganistão motivado pela queima do Corão pela sua igreja, Jones e os seus fiéis convergem para Dearborn, no estado do Michigan, uma das maiores concentrações de muçulmanos norte-americanos, apesar dos esforços das autoridades locais.

Estes incluíram, na quarta-feira, uma carta aberta do ‘mayor’ de Dearborn, Jack O´Reilly, rejeitando a acusação de que o município próximo do grande centro industrial automóvel de Detroit está sujeito à lei islâmica, Shari'a. "Se Dearborn praticasse a Shari'a, será que teríamos três bares de entretenimento de adultos e mais bares e restaurantes com licenças de álcool 'per capita' do que a maioria das outras cidades?", questionou O´Reilly. O autarca argumentou ainda com a Dearborn Sausage, que produz carnes de porco próximo da primeira mesquita da cidade. "Nunca ninguém levantou objecções (...). Nada disso seria permitido pela lei Shari'a", refere na carta citada pelo jornal ‘Detroit Free Press’.

Outros esforços para impedir a realização do protesto envolveram o gabinete do procurador do condado local, exigindo uma caução perante um tribunal estadual, que evocou a possibilidade de um "motim e disparo de armas de fogo", na sequência do protesto, o que Jones rejeitou quinta-feira.

O juiz considerou provado que a manifestação era uma ameaça à paz, deixando a decisão final na mão de um comité de jurados. "Vamos lá totalmente em paz. Não temos quaisquer intenções de fazer provocações. Vamos dizer o que pensamos, expressar os nossos direitos ao abrigo da ‘primeira emenda’ da Constituição, que garante a liberdade de expressão, afiançou Jones há dois dias.

Revelou, contudo, ter recebido ameaças de morte, e estar preparado para qualquer ataque.

"Tenho uma pistola semi-automática de calibre 40 que trago comigo em todas as alturas", disse.

A cidade pediu a Jones para deslocar a sua manifestação do Centro Islâmico Americano para uma zona a pelo menos 2 milhas (3,2 quilómetros) dali, onde também há duas igrejas cristãs e onde será celebrada a Sexta-feira Santa.

Mais tarde rejeitou mesmo uma licença, ameaçando com a detenção de Jones, se fosse em frente com a iniciativa.

No mês passado, a igreja de Jones, o Dove World Outreach Center (Centro de Divulgação Mundial Pomba), em Gainesville (Sudeste dos Estados Unidos), fez um ‘julgamento’ do Corão, que culminou na queima de um exemplar, algo que o pastor vinha anunciado há largos meses, e que só suspendeu depois de apelos de vários chefes de Estado e até do papa Bento XVI.

Em alguns países, a notícia foi usada por pastores islâmicos extremistas para incitar os seus fiéis, e no Afeganistão deu origem a um ataque em Mazar-i-Sharif que fez 12 mortos, incluindo sete funcionários da ONU.

Confrontado, o pastor americano disse não sentir responsabilidade alguma pelo ataque de manifestantes ao escritório da ONU no Afeganistão e acusou "elementos radicais do Islão de procurar uma desculpa para justificar a sua violência".

"Chegou o momento de pôr fim à violência que existe em países muçulmanos como Paquistão e Afeganistão", referiu.

Os Ianques que tenham cuidado, porque já estiveram mais longe de perder a sua sagrada Liberdade... Estas movimentações da elite contra a liberdade de expressão de um cidadão, talvez ingénuo, que se atreve a criticar a religião do Amado Outro por excelência é disto mesmo um perigoso indício.