MANIFESTAÇÃO MARCADA NO FACEBOOK PARA MOSTRAR QUE «O PAÍS É QUE ESTÁ A SER PARVO»
A ideia é juntar todos os que não têm emprego, nem salários. Os que se arrastam de estágio em estágio e nunca receberam um subsídio de férias, sequer de desemprego porque nunca descontaram para isso. Os que adiam a vida na incerteza dos recibos verdes. Os que, mesmo superqualificados, resistem a emigrar. Os milhares de jovens que compõem a "geração sem remuneração" de que fala a música dos Deolinda [ver imagem à esquerda], cuja letra surge transformada em canção de protesto, hino geracional, o que se lhe queira chamar, o importante é juntar muita gente no dia 12 de Março, para mostrar que chegou o momento de dizer basta.
"Sempre que fazemos um refresh na página, há mais pessoas a clicar no sim, vou participar. Queremos abrir os olhos à sociedade, porque, afinal, somos a geração mais qualificada de sempre e o país é que está a ser parvo por não aproveitar as nossas potencialidades", diz João Labrincha um dos organizadores da "manif" 27 anos, licenciado e desempregado mas sem subsídio porque o que deixou para trás foi um estágio profissional, garante que não conhece ninguém com contrato de trabalho sem termo. "As pessoas que eu conheço ou estão desempregadas ou são precárias, subcontratados, bolseiros, e todas têm o futuro numa incerteza completa."
O retrato "à la minuta" da geração também pode ser tirado a partir do cenário em que se move a realizadora Raquel Freire que já aderiu ao protesto. "Cerca de 60 por cento dos meus amigos licenciados estão a trabalhar em lojas ou em call centers a ganhar 400 euros. Depois, há os 10 por cento que se safaram e que estão bem e o resto emigrou.". Raquel que, quando não está a fazer filmes, dá aulas, teve no ano passado um rendimento médio mensal de 400 euros por um horário incompleto. Tem 37 anos, um filho, nunca assinou um contrato de trabalho na vida. "Eu deixei de pagar Segurança Social há uns anos porque simplesmente não é possível. E se nos últimos anos voltei a ter um activismo mais concreto, porque me dói onde dói a toda a gente: no básico, no pão, não há dinheiro para comer." É "a proletarização da burguesia portuguesa, mas é mais do que isso: é uma geração inteira que está condenada a não ter condições mínimas para viver em dignidade", diz Raquel Freire.
Quem fizer um zoom à "manif" de 12 de Março vai lá encontrar também o jornalista João Pacheco. Tem 30 anos, um filho de dois e, desde 2007, um prémio revelação na profissão que exerce desde 2005. Nunca teve contrato de trabalho, sequer a termo certo, nunca saiu dos recibos verdes, vive numa casa que foi paga pela mãe. "Fiz 30 anos em Janeiro e acredito que, se tivesse 40 ou 50, com o reconhecimento profissional que tive, estaria a viver bem. Mas, se agora tivesse que viver só do dinheiro do meu trabalho, se não tivesse o apoio da família, já tinha desistido." João conversa com o PÚBLICO meia hora depois de se ter "amigado" com o protesto da geração à rasca no Facebook. "Acho que há aqui um fenómeno de imitação do que se passa nos países árabes." Há diferenças: "Não levamos porrada da polícia como na Tunísia mas, como eles, estamos reféns. A minha geração está toda refém da chantagem "é isto ou não é nada, é isto ou é o desemprego"."
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"Há uma bolha de raiva que está a crescer e que vai rebentar. A minha dúvida é se as pessoas vão continuar a optar pelos antidepressivos, pela autodestruição, ou se vão começar a exigir cabeças e, a ser assim, espero que as exijam através do voto e dos movimentos democráticos", vaticina João Pacheco. O risco é que o ressentimento geracional descambe em violência. "Há um crescente descontentamento, marcado pela recusa de um certo enquadramento e de uma certa filiação ideológica, que evidencia a incapacidade das forças organizadas - sindicatos, partidos...- se assumirem-se como canais para onde estas vozes descontentes possam direccionar-se", analisa o sociólogo Elísio Estanque, para concluir: "Não havendo enquadramento, o risco de explosão social é maior."
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Porque a elite explora cada vez mais o povo, e os representantes políticos que a elite permite que o povo eleja, são eles próprios da elite ou passam a sê-lo, com o tempo...
5 Comments:
os jovens portugueses etnicos ja estão em extinção e ainda tem que lidar com seus empregos indo todos pros alogenos mais simians..e isso não ocorre só por ai..
Ora bem, salientei o excerto a negrito porque me parece que é parte da chave para se perceber aquilo que se passa actualmente na política portuguesa: os ministros mudam, os presidentes também, mas a constituição do hemiciclo permanece mais ou menos intacta a cada eleição para a assembleia da república.
Enquanto os presidentes das câmaras municipais e das juntas de freguesia já só podem permanecer no seu cargo no máximo 12 anos (3 mandatos), ainda não há limite legal para os deputados, o que significa que um deputado pode continuar a ser deputado ad aeternum.
Os deputados são quem decide efectivamente os destinos do país porque são eles quem aprova ou chumba as novas leis.
Se os deputados não mudam, o compadrio também não muda, porque os deputados perpetuam a sua rede de cunhas e rodriguinhos indefinidamente, mesmo depois de os governantes/líderes do partido terem caído ou saído de cena.
Quem vir imagens do parlamento há 30 anos e voltar a ver um debate na actualidade, constata facilmente que muitas das caras que lá estavam inicialmente ainda lá permanecem.
CONCLUSÃO: a nossa democracia, como todas as suas virtudes, ainda é bastante ilusória. Podemos escolher quem manda, mas não podemos escolher quem decide efectivamente naquilo que quem manda propõe.
NOTA: não prentendo com isto isentar quem manda da sua culpa, apenas salientar que o nosso sistema político está longe de ser tão democrático como nos querem fazer crer.
A atual geração, perdida em diversos aspectos, coincide exatamente com o período de maior recebimento de imigrantes que Portugal teve, enngraçado, não?E o povo de qualquer forma continua a sofrer, e os ricos ficam em suas casas luxuosas e grandes divertindo-se em banheiras de dinheiro!
aposto que muitas bestas que apoiam isso, depois por outro lado sao a favor da imigraçao.
ou seja sao contra o facto dos jovens tarem sem emprego, mas depois sao contra fechar as fronteiras para evitar maior desemprego.
enfim, o habitual deste povinho feito pela propaganda multiracialista
Não é habitual coisissima nenhuma. O povo não é a favor da imigração em massa, como vários estudos o têm demonstrado e como percebe quem ande na rua e fale com o cidadão comum.
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