quarta-feira, dezembro 23, 2009

PADRE INGLÊS INCITA AO FURTO NAS GRANDES SUPERFÍCIES - PORQUE O AMOR DE DEUS PELOS POBRES VALE MAIS DO QUE O DIREITO DOS RICOS À PROPRIEDADE...

O padre anglicano britânico Tim Jones está a gerar polémica por causa de algumas declarações proferidas no sermão do passado domingo, na paróquia de São Lourenço e Santa Hilda, no condado de York. De acordo com as suas palavras, os fiéis mais pobres, que estiverem a passar necessidades, devem roubar às grandes superfícies e não ao pequeno comércio.
“O meu conselho, como padre cristão, é furtar em estabelecimentos”, disse Tim Jones, citado pela ‘BBC’.
Apesar de reconhecer que o roubo “faz mal”, o britânico disse que furtos em grandes empresas são menos graves porque os custos acabam por ser pagos pelos clientes sob a forma de “preços mais altos”.
Posteriormente, numa entrevista à rádio da ‘BBC’, Tim Jones explicou que não incentivou ao crime, apenas chamou à atenção para a importância da doação entre os mais desesperados.
As críticas a estas palavras geraram respostas imediatas: as autoridades policiais da região classicaram de “irresponsável” o discurso.


E disse mais: «O meu conselho não contradiz o oitavo mandamento da BíbliaNão roubarás» - nota do blogueiro] porque o amor de Deus pelos pobres e pelos desprezados ultrapassa os direitos de propriedade dos ricos.»

25 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"PADRE INGLÊS INCITA AO FURTO NAS GRANDES SUPERFÍCIES - PORQUE O AMOR DE DEUS PELOS POBRES VALE MAIS DO QUE O DIREITO DOS RICOS À PROPRIEDADE..."

Ora aí está um padre 5 estrelas...!

23 de dezembro de 2009 às 16:01:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Tive um prof Padre, na universidade, que dizia exactamente o mesmo.

23 de dezembro de 2009 às 18:36:00 WET  
Blogger João Vilela said...

Só posso aplaudir, rejubilar, e esperar que 10.000 padres lhe sigam o exemplo. É tempo de a pobreza ser exterminada pelas sociedades ocidentais, que bem o poderiam fazer se não transigissem com a abjecção da concentração de rendas. E se não puder ser de outro modo, seja pelo recurso ao roubo e à força que se arranque das mãos de quem pode o auxílio que deve a quem precisa.

24 de dezembro de 2009 às 19:55:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Esse padre está mas é a incitar os alienígenas a roubar pois são geralmente esses que não tem aonde caírem mortos.

25 de dezembro de 2009 às 01:45:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

HITLER DEVIA TER COLOCADO O CLERO CRISTÃO DENTRO DOS FORNOS TAMBEM..!!

25 de dezembro de 2009 às 17:32:00 WET  
Blogger João Vilela said...

Esse padre está mas é a incitar os alienígenas a roubar pois são geralmente esses que não tem aonde caírem mortos.


Cumpre que te orientes: ou o argumento de que é errónea a desculpabilização da criminalidade imigrante com base na pobreza está errado, porquanto também há brancos a viver em condições de miséria; ou, como sói dizer-se entre os xenófilos e como tu coonestas neste comentário, quem vem de fora vive em condições generalizadamente piores do que as dos brancos. Eu inclino-me para a primeira hipótese, decididamente, e não me custa nada dizer que a desculpabilização supra é errada e é mal-intencionada.
No entanto, o que aqui está em causa não é o concitar dos membros de determinado grupo étnico à acção criminosa, mas, quase diria, o desenvolver de um mecanismo de resistência popular contra a opulência, o açambarcamento, a concentração de riqueza, o problema mais grave e mais inaceitável da sociedade em que vivemos. E é isso que na minha óptica legitima, dignifica, e torna realmente merecedora de cópia e ampliação a atitude deste padre. Repito: que 10.000 padres lhe sigam o exemplo.

26 de dezembro de 2009 às 23:31:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

HITLER DEVIA TER COLOCADO O CLERO CRISTÃO DENTRO DOS FORNOS TAMBEM..!!

és maluco.

27 de dezembro de 2009 às 10:36:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Houvesse mais padres assim,a lutar ao lado do Povo.Só lhe fica é bem.
A Igreja não se deve demitir do seu papel social,jamais.

27 de dezembro de 2009 às 10:47:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

O que eu digo é que este padre está a falar para as hordes alienígenas miseráveis que existem em Inglaterra, pois ingleses miseráveis existem mas são poucos e portanto não levariam à existência de um discurso tão radical.

27 de dezembro de 2009 às 12:12:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

*hordas

27 de dezembro de 2009 às 19:21:00 WET  
Blogger João Vilela said...

O que eu digo é que este padre está a falar para as hordes alienígenas miseráveis que existem em Inglaterra, pois ingleses miseráveis existem mas são poucos

Invertido, o teu discurso continua a valer: ingleses miseráveis são poucos mas existem. Pelo que pores o enfoque nos tais «alienígenas» é completamente absurdo e improcede por completo. Até porque se reconheceres que a miséria dos estrangeiros é incomparável à da generalidade dos ingleses brancos, excepção feita a uma baixíssima extracção de «muito poucos» dentre eles, estás a coonestar o argumentário esquerdista legitimante da criminalidade estrangeira. E tens de o saber.

28 de dezembro de 2009 às 21:22:00 WET  
Blogger Caturo said...

«o desenvolver de um mecanismo de resistência popular contra a opulência, o açambarcamento, a concentração de riqueza, o problema mais grave e mais inaceitável da sociedade em que vivemos. E é isso que na minha óptica legitima,»

Não, o roubo não é legítimo. Dê lá por onde der, não é, salvo em caso de emergência, o que, até prova em contrário, não se verifica. Ninguém anda a morrer à fome em solo europeu.

Já que há por aí tanta sanha anti-capitalista e vontade de atacar as desigualdades sociais - e com razão - então actue-se doutro modo, político, dentro da Lei. Porque a partir do momento em que se acha que se pode violar os limites estabelecidos pela Ordem Social e Política (ao fim ao cabo, o que separa a civilização do caos) só porque se quer comer um bocadinho melhor ou ter uns ténis de graça, então está aberto o caminho para todas as arbitrariedades e a dada altura deixa de ser possível criticar sequer a corrupção.

28 de dezembro de 2009 às 21:39:00 WET  
Blogger João Vilela said...

Já que há por aí tanta sanha anti-capitalista e vontade de atacar as desigualdades sociais - e com razão - então actue-se doutro modo, político, dentro da Lei. Porque a partir do momento em que se acha que se pode violar os limites estabelecidos pela Ordem Social e Política

A «ordem social e política», maiusculada ou não, não é neutra, não é a «Justiça Eterna», transcendente, supra-terrena: é um aparelho repressivo do Estado congeminado pela elite dominante para perpetuar a sua dominação. Sujeitar a acção à legalidade é obrigá-la a cumprir as regras de um jogo viciado em favor de quem já tem tudo. Tens a obrigação de o saber.

29 de dezembro de 2009 às 00:35:00 WET  
Blogger Caturo said...

Não me lixes, dizes que tenho obrigação «de o saber» como se o que dizes fosse alguma evidência. Não é. Nem é tampouco verdade. A Ordem Social e Política é tão perfeita quanto a imperfeição humana lhe permite ser. Claro que se reveste de aparelhos repressivos, mas não é só por isso repressiva em si. Pelo contrário, é a única protecção existente contra a repressão, porque sem ela não há lei, se não há lei não há qualquer limite para a opressão que os mais fortes exercem sobre os mais fracos.
Claro que quem a controla é uma elite dominante, tem mesmo que ser, como sempre foi, e o perigo está em pensar que algum dia possa ser de outro modo, pois que a partir daí criam-se ilusões sobre supostos «novos líderes iluminados» que vão fazer sobre a Terra o que nunca foi feito, e na verdade fazem simplesmente mais do mesmo, independentemente de lhe chamarem outra coisa.

O problema não está pois na existência da Ordem, mas na sua forma - e a sua forma é condicionada por quem nela intervier. Numa ordem democrática, todos têm, tendencialmente, a possibilidade de intervir. Querer destruir a ordem democrática, ou desrespeitá-la sob o pretexto de que a elite está a roubar isto e aquilo, é pular da frigideira para o fogo.

E é quando todos tomam consciência disto, e intervêm, que se vive nas sociedades mais justas, ou tão justas quanto possível. Não é a fazer constantes revoluções para violar as leis e derrubar as elites, só para as substituir por outras.

Por conseguinte, é mesmo preciso sujeitar a acção à legalidade, obrigá-la a cumprir as regras de um jogo que será tanto mais viciado quanto mais as pessoas, em geral, se abstiverem de nele intervirem a seu favor.

Caso contrário, vai-se para a guerra civil. E, nessa altura, eu posso achar que o meu direito a ter um lcd é superior ao teu direito a comeres uma sandes de torresmos todas as tardes, que só te faz é mal, além disso estás gordo e as três refeições diárias chegam-te bem, ao passo que a mim o lcd faz-me falta para ver as notícias e os filmes em condições sem esforçar a vista. E se tu não tiveres meios de proteger a tua carteira, paciência. Deixas de comer as tuas sandes de torresmos, e se resistes pode ser que passes para sete palmos abaixo da terra e a seguir eu conto a minha versão a todos, para formação das novas gerações e melhor edificação das camadas populares...

29 de dezembro de 2009 às 10:39:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"Invertido, o teu discurso continua a valer: ingleses miseráveis são poucos mas existem. Pelo que pores o enfoque nos tais «alienígenas» é completamente absurdo e improcede por completo."

Dizer que são as hordas de alienígenas miseráveis que fazem esse padre fazer o discurso que faz, e não os poucos ingleses miseráveis não invalida de maneira nenhuma o meu discurso.

"Até porque se reconheceres que a miséria dos estrangeiros é incomparável à da generalidade dos ingleses brancos, excepção feita a uma baixíssima extracção de «muito poucos» dentre eles, estás a coonestar o argumentário esquerdista legitimante da criminalidade estrangeira. E tens de o saber."

É verdade, os alienígenas são muito mais pobres que os nativos ou não viessem fazer os trabalhos que os nativos não querem fazer.

29 de dezembro de 2009 às 18:39:00 WET  
Blogger João Vilela said...

Dizer que são as hordas de alienígenas miseráveis que fazem esse padre fazer o discurso que faz, e não os poucos ingleses miseráveis não invalida de maneira nenhuma o meu discurso.

Lamento, mas sim, o teu discurso é inválido, improcedente, absurdo. O que o padre faz não é um incitamento, directo ou indirecto, à acção dos estrangeiros, mas dos pobres, concretamente dos pobres contra os ricos. E considerando que, como admites, também há brancos em condições de miséria suficientemente profunda para que a mensagem se lhes dirija, nada legitima a interpretação que fazes de que se trata de um incitamento ao crime de estrangeiros. Só um teu processo de intenções que não consegues ancorar em parte nenhuma do discurso objectivamente produzido.

É verdade, os alienígenas são muito mais pobres que os nativos ou não viessem fazer os trabalhos que os nativos não querem fazer.

«Os estrangeiros são muito mais pobres do que os nativos», «os estrangeiros vêm fazer os trabalhos que os nativos não querem fazer»... Mas que raio, estás verdadeiramente a usar o argumentário xenófilo de modo involuntário, ou és aquilo a que o Caturo sói chamar «um antirra»??
Nenhuma das duas coisas que disseste é verdadeira: sim, os alienígenas tendem a ser pobres, mas não se pode verdadeiramente dizer que a sua seja uma condição de vida significativamente pior do que a de determinados estratos da classe trabalhadora na generalidade dos países europeus. E menos ainda se pode dizer que sejam relegados para ofícios que «os locais não querem fazer»: é-me completamente desconhecida a presença maciça de estrangeiros, por exemplo, no trabalho agrícola. Portanto, nada feito: as duas coisas que dizes estão erradas. E não bastasse isso, são de molde a legitimar, precisa e objectivamente, aquilo que condenaste na intervenção do padre. Se em teu entender os estrangeiros vivem, efectivamente, de uma forma simbólica e pecuniariamente pior do que a dos nativos, ou prescreves que devem aceitar esse estatuto de inferioridade social (e porquê), ou estás a pôr-te lado a lado com os «antirras» e a coonestar-lhes a acção criminosa.

29 de dezembro de 2009 às 20:50:00 WET  
Blogger Caturo said...

« é-me completamente desconhecida a presença maciça de estrangeiros, por exemplo, no trabalho agrícola.»

E na recolha urbana do lixo também são raros os não brancos, curiosamente. Ora pelo menos na minha geração e nas anteriores, nenhum trabalho era tão desprezado como esse - e quando se queria assustar os putos que não estudavam, dizia-se «olha que se não estudas, vais acabar a varrer as ruas...»

29 de dezembro de 2009 às 21:21:00 WET  
Blogger João Vilela said...

Caturo,

Dizes que a minha asserção de que a ordem social estabelecida é um aparelho repressivo do Estado congeminado pela elite dominante para perpetuar a sua dominação «não é evidente», e que menos ainda «é verdade». Confesso que não vejo onde falho à verdade naquilo que te disse: é mentira que a ordem social e política é o conjunto de regras configuradoras da convivência social? E é falso afirmar que esse corpus normativo prescreve sanções para quem incumpre o regulamentado? Se não for mentira, então, clara e insindicavelmente, a ordem social e política é um aparelho repressivo. Não necessariamente repressor, autoritário, caceteiro, mas repressivo. Tal é a definição clássica de Estado desde que o mundo é mundo - entidade detentora de poder soberano sobre os elementos constitutivos da comunidade, com direito de lhes impor um conjunto de regras por todos os meios necessários. Não me parece que seja aqui, portanto, que se acha a mentira na minha afirmação.
Continuei arrazoando dizendo que este aparelho repressivo era congeminado pela elite dominante para perpetuar a sua dominação. Esforçaste-te por me ensinar que o legiferando é prerrogativa natural da elite - o que te agradeço -, mas, lamentavelmente, não compreendeste que o essencial da minha mensagem nesse ponto era a segunda parte - o facto de essa legislação ser construída para perpetuar o estatuto dominador da elite em questão. É factual. Analisemos aquele que é o nó górdio da nossa discussão: o direito de propriedade. Ele não existe, essencialmente, para proteger a minha carteira dos teus anseios de adquirir um LCD. Eu nada tenho comparado com um magnata, pelo que a tendência seria sempre para ir buscar dinheiro onde ele está mais acumulado. Pelo que o direito à propriedade, defendido pela força estatal, existe, acima de tudo, para impedir que se possa arrancar das mãos do açambarcador, do concentrador, do magnate, o dinheiro que ele arrebanha... e que o Estado permite que ele arrebanhe.
Inútil será enumerar as mais do que conhecidas formas de que o Estado se serve para perpetuar a disparidade de riqueza. Tanto mais inútil do que referir todas as formas que esse mesmo Estado gizou para conformar ideologicamente as populações à crença na essencial naturalidade dessa concentração, ou o modo como depura a ascensão ao poder político por forma a precludir, tanto quanto humanamente possível, as alterações radicais da estrutura de poder. E isto já para não recordar, por sair da alçada do assunto em debate, o modo como, de Franco a Olof Palme, sempre que o povo pôs no poder quem mudasse significativamente o status quo, a reacção da elite foi de um fair-play absoluto, e de um respeito ímpar pelas regras que ela mesmo prescrevera. Ante semelhante coisa, não resta senão a conclusão de que a legalidade é de facto construída para perpetuar a dominação exercida pela elite social. Não há um miligrama de falsidade na minha frase.

29 de dezembro de 2009 às 21:54:00 WET  
Blogger João Vilela said...

Este comentário foi removido pelo autor.

29 de dezembro de 2009 às 21:54:00 WET  
Blogger Caturo said...

«Confesso que não vejo onde falho à verdade naquilo que te disse: é mentira que a ordem social e política é o conjunto de regras configuradoras da convivência social?»

Não.


«E é falso afirmar que esse corpus normativo prescreve sanções para quem incumpre o regulamentado?»

Não.



«Se não for mentira, então, clara e insindicavelmente, a ordem social e política é um aparelho repressivo»

Não, não é. É um aparelho normativo, ordenador, que tem naturalmente de estar garantida pela força. O exercício dessa força é que pode ser chamado «repressão» - mas, ao contrário do que a tua linguagem objectivamente indica, sendo essa a tua intenção ou não, não pode dizer-se que a Ordem Social e Política é em si repressiva enquanto tal, visto não ser essa a sua função.



«Não necessariamente repressor, autoritário, caceteiro, mas repressivo.»

Ah, agora já falas em «repressor» e em «repressivo», quando antes falaste só do segundo, a insinuar que a Ordem fosse em si mesma repressão.
Ainda assim, o teu discurso não é correcto. De acordo com o dicionário, «repressivo» é «próprio para reprimir». Ora a Ordem Social e Política não existe para reprimir seja o que for, mas para ordenar.



«Tal é a definição clássica de Estado desde que o mundo é mundo - entidade detentora de poder soberano sobre os elementos constitutivos da comunidade, com direito de lhes impor um conjunto de regras por todos os meios necessários.»

Entidade detentora de poder soberano sobre os elementos constitutivos da comunidade - isto sim.
Aparelho criado para reprimir, não.

Já agora, conheces algum sistema em que não tenha de haver a possibilidade de reprimir quem viole os direitos alheios?
Aguardo resposta.


«Esforçaste-te por me ensinar que o legiferando é prerrogativa natural da elite - o que te agradeço -,»

É educado da tua parte que agradeças, mas infelizmente não entendeste, de facto, a «lição»: eu não estive a ensinar-te que o legiferando é prerrogativa natural da elite (nem pensei que fosse preciso dizer o óbvio, pelos vistos enganei-me), mas sim que não há existência humana organizada sem que alguma elite legisle.



«o facto de essa legislação ser construída para perpetuar o estatuto dominador da elite em questão. É factual»

A linguagem é dúbia e presta-se a equívocos, o que tem todo o ar de ser propositado. Porque o estatuto dominador da elite numa sociedade democrática difere radicalmente do estatuto dominador da elite numa sociedade não democrática: na primeira, que é, teoricamente, a nossa, a elite dominadora não passa de uma função, uma abstracção, um cargo que pode ser preenchido por todo e qualquer indivíduo que a ela não pertencesse em dada altura da sua vida.

Assim, em termos concretos, pessoais, toda e qualquer actual elite pode ser removida e/ou substituída por outra, sem que a criação de leis possa obstar a esse processo. Porque quando há leis que travam ou limitam seriamente essa faculdade democrática, é a Democracia que fica beliscada. Mas não é disso que agora se fala.

29 de dezembro de 2009 às 22:55:00 WET  
Blogger Caturo said...

«o direito de propriedade. Ele não existe, essencialmente, para proteger a minha carteira dos teus anseios de adquirir um LCD»

Existe sim - existe exactamente para isso.


«Eu nada tenho comparado com um magnata,»

É indiferente e relativo. Não foi o magnata que criou o direito de propriedade nem é ele quem mais sofre se tal direito for abolido. Com o dinheiro que possui, facilmente contrata um exército de gorilas capazes de desfazer a tiro quem quer que se aproxime da sua quinta.
Quem mais sofreria com a abolição do direito de propriedade seria precisamente o cidadão comum, trabalhador. É para esse que tal direito existe, e é o mais das vezes esse que mata e morre em nome desse direito. Eram aliás frequentes (desconheço se ainda são) os casos em que, no interior do país, o chamado «Portugal profundo», a desconfiança de que um palmo de terra tinha sido surripiado constituía motivo para colocar o vizinho no Além por meio de bárbara e potente caçadeira. E isto não se verificava necessariamente no seio de gente abastada, mas sim entre camponeses que tinham um quadradito de couves e cenouras e um boi ou uma capoeira, labutando de sol a sol para se manter.

Mas já que falas em relações, vejamos: seguramente que, a nível mundial (e mais objectivo do que isto não se pode ser ao nível humano), estás do lado dos abastados - basta para isso que sejas um ocidental que escreve diariamente num computador e tenhas tido acesso a estudos de nível académico. Estás por isso mais próximo de qualquer magnata do que um sem abrigo ou um esfomeado do Biafra.


«Inútil será enumerar as mais do que conhecidas formas de que o Estado se serve para perpetuar a disparidade de riqueza»

Qual Estado? Os da Escandinávia social-democrata? Os da Alemanha NS? Mais: os da maioria dos países europeus, onde, alegadamente, diminuem as disparidades sócio-económicas (ao contrário do que acontece em Portugal)?

29 de dezembro de 2009 às 22:55:00 WET  
Blogger Caturo said...

Agora, ia para responder à outra, mas parece que te arrependeste do que disseste. Aguardo, de qualquer modo.

29 de dezembro de 2009 às 22:59:00 WET  
Blogger João Vilela said...

Ante isto, estou a negar a importância e a indispensabilidade do Direito nas sociedades? É óbvio que não. Eu não defendi o roubo, defendi o roubo aos ricos, concretamente às grandes empresas de monopolistas e concentradores. Esses, responsáveis materiais pela pobreza, protegidos iniquamente por um Estado mancomunado com eles que tudo faz para se auto-proteger, serão vítimas justas de qualquer acto de exacção. Se o problema é a desigualdade social e existe toda uma estrutura ordenadora inamovível que a perpetua, então não vamos tentar dominar um maquinismo que nos trituraria à primeira: destruamo-lo. Façamos violência contra ele. O Estado toma partido aberto por um dos lados, protege-o, expulsa na medida do possível (e essa é uma grande medida!!) quem quer que possa perigar o modo de ser das coisas. É perfeita, esta centrifugação? É óbvio que não é, mas é excessivamente complexa. E o tempo urge para a resolução do problema. Assim, mais fácil será lançar uma campanha massiva de roubos em supermercados, na certeza de que a polícia não pode prender todos, do que esperar, com paciência de Job, que um partido que será denegrido em todos os jornais chegue ao poder ao fim de 90 anos de lutas e se arrisque a ser deposto por um golpe militar ou a ver dirigentes seus mortos por agentes do poder apeado. Em política, as soluções devem ser expedientes. Tudo o mais é formalismo e desculpa para a inacção.

Republico o texto, que apaguei por lapso. Amanhã respondo-te.

29 de dezembro de 2009 às 23:05:00 WET  
Blogger Caturo said...

«Esses, responsáveis materiais pela pobreza, protegidos iniquamente por um Estado mancomunado com eles que tudo faz para se auto-proteger, serão vítimas justas de qualquer acto de exacção»

Não, as coisas não se fazem assim em Democracia. Se a elite deixou que certas leis fossem aprovadas de modo a beneficiar os ricos, a culpa não é destes e é ao nível dessa elite que urge actuar, e não pura e simplesmente violar a lei - porque ao violar-se a lei porque se acha justo fazê-lo, abrem-se as portas a todas as outras violações da lei cujos autores considerem justas.


«Se o problema é a desigualdade social e existe toda uma estrutura ordenadora inamovível que a perpetua, então não vamos tentar dominar um maquinismo que nos trituraria à primeira:»

Não, não trituraria - e tanto não trituraria que nas sociedades democráticas ocidentais europeias, o desnível económico diminui, motivo pelo qual os partidos com esse discurso revolucionário acabam fatalmente esquecidos. Não o percebendo, culpam o sistema, quando são eles e a sua incompreensão da dinâmica democrática os únicos responsáveis pelo seu justo ocaso.

29 de dezembro de 2009 às 23:38:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"Lamento, mas sim, o teu discurso é inválido, improcedente, absurdo. O que o padre faz não é um incitamento, directo ou indirecto, à acção dos estrangeiros, mas dos pobres, concretamente dos pobres contra os ricos. E considerando que, como admites, também há brancos em condições de miséria suficientemente profunda para que a mensagem se lhes dirija, nada legitima a interpretação que fazes de que se trata de um incitamento ao crime de estrangeiros. Só um teu processo de intenções que não consegues ancorar em parte nenhuma do discurso objectivamente produzido."

Não consigo, o caraças. Consigo, perfeitamente, ancorar o meu raciocínio na realidade pois há muito mais alienígenas miseráveis do que nativos miseráveis logo qualquer incitamento ao crime para colmatar as vicissitudes da pobreza visa principalmente os alienígenas. E o que legitima a interpretação que eu faço do que esse padre diz é a proporção de alienígenas miseráveis em relação aos nativos miseráveis.

"«Os estrangeiros são muito mais pobres do que os nativos», «os estrangeiros vêm fazer os trabalhos que os nativos não querem fazer»... Mas que raio, estás verdadeiramente a usar o argumentário xenófilo de modo involuntário, ou és aquilo a que o Caturo sói chamar «um antirra»??"

Não, digo simplesmente a verdade.

"Nenhuma das duas coisas que disseste é verdadeira: sim, os alienígenas tendem a ser pobres, mas não se pode verdadeiramente dizer que a sua seja uma condição de vida significativamente pior do que a de determinados estratos da classe trabalhadora na generalidade dos países europeus."

Pois, os alienígenas fazem os trabalhos mais mal pagos da sociedade mas não se pode tirar daí a ideia que fazem parte da classe social mais baixa, não, que isso era políticamente incorrecto.

"E menos ainda se pode dizer que sejam relegados para ofícios que «os locais não querem fazer»: é-me completamente desconhecida a presença maciça de estrangeiros, por exemplo, no trabalho agrícola."

Pois, "só" temos 6.696 imigrantes legais na agricultura. É pouca coisa se esquecermos que na agricultura só existe grandes necessidades de mão-de-obra sazonalmente, e que também temos "perdido" muitos agricultores devido à UE.

"Portanto, nada feito: as duas coisas que dizes estão erradas. E não bastasse isso, são de molde a legitimar, precisa e objectivamente, aquilo que condenaste na intervenção do padre. Se em teu entender os estrangeiros vivem, efectivamente, de uma forma simbólica e pecuniariamente pior do que a dos nativos, ou prescreves que devem aceitar esse estatuto de inferioridade social (e porquê), ou estás a pôr-te lado a lado com os «antirras» e a coonestar-lhes a acção criminosa."

O que eu proponho é que regressem aos seus países de origem. Não à iminvasão!

30 de dezembro de 2009 às 00:14:00 WET  

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