NATAL COM JESUS «ESCURO» EM TRIBUNAL DE VERONA...

Num tribunal da cidade norte italiana de Verona, o surgimento de uma cena natalícia em que a figura do «menino Jesus» é representada com pele escura está a causar uma polémica com a população farta de iminvasores africanos e asiáticos e também com o partido separatista nacionalista Liga do Norte, empenhado, actualmente, na operação «Natal Branco», que pretende varrer os imigrantes ilegais das cidades.
A ideia desta representação de Jesus com um aspecto pouco europeu foi ideia de Mario Giulio Schinaia, promotor público da cidade. Diz ele que «a História ensina que o menino Jesus e os seus parentes eram muito provavelmente de pele escura. Esta representação da natividade pertence a uma tradição universal natalícia que junta toda a Cristandade em celebração.»

E diga-se - do ponto de vista doutrinal cristão, a sua lógica é impecável. O Cristianismo é mesmo isto.

O ministro da Agricultura italiano, Luca Zaia, militante da Lega Nord ou Liga Norte, diz por seu turno que se trata aqui de «um inútil acto de provocação, tal como a sugestão de algumas cidades de não ter qualquer cena de natividade para não ofender os muçulmanos», aludindo às propostas dos últimos anos, em várias câmaras municipais, de que os paços dos concelhos e as lojas não apresentassem imagens cristãs no Natal.
E tem toda a razão, Zaia. O que de qualquer modo não tira razão ao que disse Schinaia, o qual até diz que não quis ser polémico mas sim «encorajar o debate»: «Não deveria haver um Natal branco ou negro, apenas um Feliz Natal para todos, de todas as cores de pele, raízes étnicas e nacionalidades.»

A Igreja já condenou a iniciativa do «Natal Branco», considerando-a «triste». Schinaia tem toda a razão quando expressa uma visão universalista do Natal cristão. Claro que o Natal em si nem sequer constitui uma festividade verdadeiramente cristã e sim uma festa roubada aos pagãos pelos cristãos, mas não é isso que está em causa.

O que mais uma vez se constata é a natural, visceral, fulcral aliança ao nível de ideais e sentimentos entre o Cristianismo e a Esquerda anti-racista, do mesmo lado da barricada contra o Nacionalismo. A fé cristã de muitos nacionalistas afigura-se assim como autêntica facada nas costas no Nacionalismo. Outro não poderia ser o resultado de durante séculos se ter considerado, e se considerar ainda, que a «Direita» nacionalista é «tradicionalmente» cristã. O Cristianismo funciona pois, em matéria ideológica, como uma quinta coluna no seio do corpo doutrinal nacionalista.

Felizmente que os Povos da Europa estão cada vez mais longe das igrejas e cada vez mais fartos de imigrantes...

Adenda: confirmando por completo o que eu disse ontem neste tópico, o bispo de Mazzara del Vallo e presidente do Conselho da Conferência Episcopal Italiana (CEI) para os Assuntos Jurídicos, Domenico Mogavero, declarou que lhe parece «muito bem» a ideia de um presépio negro: «acho muito bem, porque o homem e a mulher são seres humanos, independentemente da cor da pele, e perante Deus essas diferenças são riquezas e não elementos de contraposição.»