quarta-feira, junho 25, 2008

EM MEMÓRIA DE JULIANO, GRANDE FIGURA DA EUROPA AUTÊNTICA

Deus Sol
a Divindade de eleição de Juliano
Mosaico datado do século II d.c. e encontrado na cidade de Italica, actual Sevilha, Espanha

Cíbele
a «Mãe dos Deuses» à Qual Juliano consagrou um hino


No dia 26 de Junho de 363 d.c., morreu em combate, contra os Persas, o imperador Juliano, cognominado, pelos cristãos, de «Apóstata» e, pelos pagãos, de «Grande».

Juliano, nascido em Alexandria (norte do Egipto) mas de ascendência ilírica (da Ilíria, povo indo-europeu ou ariano que será, eventualmente, antepassado dos modernos Albaneses), foi educado em duas grandes vias ontológicas: dum lado, a cultura clássica greco-romana; do outro, o Cristianismo. Cedo mostrou preferência pela primeira, recusando cada vez mais, à medida que crescia, os ensinamentos da religião invasora, isto é, a de Jesus, ao qual ele chamava «Galileu».

Leu os grandes filósofos pagãos, entre os quais Platão, e os neoplatónicos também, tais como Celso, Jâmblico, Porfírio. Devido ao facto de que o Cristianismo tinha sido imposto e o Paganismo era já então perseguido, Juliano teve de esconder a sua veneração pelos Deuses antigos, até chegar a ser de facto imperador, em 361.
Embora fosse de tal modo voltado para os livros que em tudo se assemelhava a um asceta, mas do saber, não descurou contudo os seus deveres militares e revelou-se, surpreendentemente, um brilhante estratega, um líder carismático adorado pelos seus soldados e um vencedor notável, alcançando assim memoráveis vitórias no campo de batalha.
Não descurou também os seus deveres políticos - e, neste campo, brilhou pelo modo como reduziu a burocracia e se livrou duma camada de gente de aspecto e comportamento parasitário que vegetava em redor do Poder. Protegeu igualmente os direitos dos mais fracos e impediu subidas de impostos.
Atraiu o ódio dos cristãos, como não podia deixar de ser, não apenas porque era um apóstata e restaurava os templos antigos, caídos em ruínas, mas também porque obrigou a Igreja a restituir os bens e propriedades que saqueara nos templos pagãos. Proibiu entretanto os mestres cristãos de Filosofia de ensinarem a Ilíada e outros clássicos da cultura helénica, com o argumento de que os iriam distorcer ao serviço da fé cristã. Mal sabia Juliano o quanto viria isso a ser verdade... tinha nessa suspeita muito mais razão do que decerto imaginava, como hoje se constata, quando se vê não poucos cristãos a reclamar a quase invenção da racionalidade, do idealismo e da transcendência, quando tudo isto é perfeitamente pagão na sua raiz, nomeadamente platónico... e claro, não faltam cristãos a sugerir senão mesmo a afirmar categoricamente que Platão não acreditava nos Deuses gregos e que seria assim uma espécie de cristão de antemão...

Juliano iniciou a restauração da religião pagã, renovando templos pagãos em ruínas que tinham sido saqueados por cristãos, realizando cerimónias religiosas por toda a parte, o que muito desagradou aos seguidores do crucificado. Diz-se que o dardo que causou a morte de Juliano em combate não foi arremessado pelo inimigo (persa), mas sim por um dos seus próprios soldados cristãos, no meio da refrega. Em sendo verdadeira esta hipótese, confirma-se, por completo, a justeza das palavras de John Locke: todas as religiões devem ser toleradas, excepto aquelas que, pela sua própria natureza (por criarem um Estado dentro do Estado), ponham em causa a salvaguarda da Pátria.

Um dos principais argumentos de Juliano contra o Cristianismo, baseava-se, em traços gerais, no seguinte: porque é que os Greco-Romanos devem aceitar em exclusivo um Deus dos Judeus e que um dos seus profetas - Jesus - diz ser de todos os homens? Porquê abandonar os Deuses que foram realmente honrados pelos antepassados da Grécia e de Roma e honrar apenas uma Divindade do deserto semita?

Depois de ferido pelo dardo, falou, enquanto morria, com os seus homens, discursando sobre a morte e sobre o medo, afirmando, como Sócrates, que não havia motivo para temer o óbito. A respeito desta última cena da sua vida, disseram os cristãos que as suas últimas palavras teriam sido «Venceste, Galileu!», mas nunca foi historicamente provado que o imperador pagão tenha mesmo dito isso.

Sem prejuízo do culto que prestava à generalidade dos Deuses, Juliano tinha especial veneração pelo Sol Invictus (Sol Invencível), por Zeus (Deus do Céu, do Raio e da Justiça, arquetipicamente indo-europeu ou ariano), por Apolo, por Mitra (antigo Deus ariano da luz e dos contratos) e pela Mãe dos Deuses. Conhecem-se actualmente pelo menos duas orações compostas por Juliano em honra dos Deuses. Sabe-se também que se iniciou em várias religiões da época, entre as quais o Mitraísmo, que poderia ser hoje a religião dominante no Ocidente, isto no dizer do historiador Renan.

Dizia ele «Fazer por zelo tudo o que está ao seu alcance, é, na verdade, uma prova de piedade», sendo a piedade aqui entendida, não no sentido cristão, que é «compaixão», mas sim no significado original do termo, isto é, pagão, pois que Pietas é o dever religioso para com os Deuses e para com a Pátria.

É de reter esta sua declaração sumária e concisa sobre o modo como encarava o Divino:
«A primeira coisa que devemos pregar é a reverência para com os Deuses. É apropriado que efectuemos o nosso serviço aos Deuses como se Eles estivessem presentes ao pé de nós e nos estivessem a ver, e mesmo que não sejam vistos por nós pudessem dirigir o seu olhar, mais poderoso do que qualquer luz, tão fundo como os nossos pensamentos mais escondidos.»

Quem quiser saber mais, pode ir cultivar-se no site da The Julian Society.

Poderiam ser destes os vitrais dominantes por todo o Ocidente, se Juliano não tivesse morrido antes do tempo...

Algumas das citações que lhe são atribuídas:

«Que todas as pessoas vivam em harmonia... Os homens devem ser ensinados e conquistados pela razão, não pela pancada, por insultos e por punições corporais. Por conseguinte apelo a que os seguidores da verdadeira religião não magoem ou insultem os Galileus seja de que modo for... Aqueles que estão em erro nas matérias de suprema importância são objecto de pena mais do que de ódio...»


«Enquanto fores um escravo das opiniões da maioria não te aproximastre ainda da liberdade nem provaste o seu néctar... Mas não quero com isto dizer que devemos ser desanvergonhados perante todos os homens e de fazer o que não devemos; mas em tudo aquilo em que nos refreamos e em tudo o que fazemos, não nos refreemos nem façamos meramente porque isso parece honorável à multidão, mas porque é proibido pela razão e pelo Deus em nós.»

Morreu Juliano quando talvez pudesse ter continuado a fazer reviver toda a glória da Paganidade clássica, mas deixou contudo um testemunho que é um archote a iluminar o caminho para fora do longo túnel de mil e setecentos anos em que a Europa tem vivido.

15 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Respiro Deus em toda a parte.

Ele nunca deixa de ser estar comigo, de estar em mim.

Como Tomé, confesso: Meu Senhor e meu Deus!

Tudo me leva a olhar para Ele.

26 de junho de 2008 às 19:39:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Caturo, obrigado pelo artigo.

26 de junho de 2008 às 20:04:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

A Teosofia teve um papel fundamental e revolucionário na evolução do pensamento moderno do ocidente. No contexto intelectual e espiritual da época em que apareceu, embora jamais tenha reivindicado para si o status de nova religião, a Teosofia como exposta por Blavatsky representou na prática a proclamação de um novo Evangelho universal, combatendo a forte tendência materialista da ciência em rápido desenvolvimento e que estava a esvaziar, com os novos conhecimentos que trazia à luz sobre o mundo manifesto, as instituições religiosas que continuavam a pregar suas histórias piedosas mas irracionais, e que começavam a se tornar um estorvo para o futuro desenvolvimento da raça humana, com perigo de uma perda generalizada da fé. Sua linguagem moderna traduziu e atualizou para o homem de hoje uma série de conceitos importantes da espiritualidade antiga que já estavam obscurecidos e fossilizados pela poeira secular das sucessivas más interpretações, e por isso tornados inaceitáveis à nova mentalidade que surgia e que iniciava a questionar as bases da fé em seus múltiplos aspectos a partir da desafiadora massa de evidências e conclusões, dificilmente constestável, produzida pelos cientistas. O conhecimento que expôs e a forma em que o fez operou uma poda radical nas intrincadas e tortuosas excrescências conceituais que faziam definhar a árvore das religiões do ocidente, tornando mais uma vez claro, nítido e atraente o seu tronco vivo, o que para muitos foi motivo de um reacender da devoção perdida, mas ora em novas bases.

Com sua abordagem lógica, positiva, ética e científica da natureza, do divino, do homem, da vida, do misticismo e dos fenômenos ocultos, exerceu grande influência em estadistas como Gandhi, cientistas como Einstein e artistas como Mondrian, Scriabin, Yeats e Fernando Pessoa. Além disso, deu subsídios a Igrejas progressistas como a Igreja Católica Liberal, originou um sem-número de escolas, dissidências e derivações mais ou menos inspiradas, e deu um impulso ao renascimento de cultos arcaicos ou à fundação de outros de tom futurista que são encontráveis na cultura ocidental de hoje, como os movimentos religiosos da Wicca e New Age.

26 de junho de 2008 às 20:04:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Mas onde é que eu já li isto?

E vira o disco e toca o mesmo!

26 de junho de 2008 às 20:09:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

É verdade.As relações entre a Teosofia e o Neo-Paganismo sempre foram muito boas.Desde sempre.

26 de junho de 2008 às 21:06:00 WEST  
Blogger Caturo said...

A Teosofia tem em comum com (algum) Neo-Paganismo a valorização das raízes indo-europeias.

26 de junho de 2008 às 21:09:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Estamos agora em pleno início do século 21. Nestes tempos, tudo muda vertiginosamente. Comprovamos que nada é permanente e que tudo é ilusão. Todo câmbio é exterior. E estamos carentes de mudanças interiores.


Tecnologicamente, o homem realizou grandes conquistas. Interiormente, tudo segue igual. A sociedade do Terceiro Milênio não tem muita diferença com a das cavernas: sua violência e agressividade são iguais, seu diferencial o temos: na sofisticação de suas armas.


O homem moderno está aprisionado na armadilha da Síndrome do Medo e da insegurança, acentuado pelas mudanças geopolíticas que transformaram, totalmente, o cenário mundial. Vivemos o período do "vazio existencial". O modelo econômico e social que servia de referência está caindo como "uma torre fulminada por um raio"...


Nesta época de crises, as pessoas começam a retomar, pressionadas por fatores externos, o caminho da mística e da espiritualidade.


Por outro lado, como paradoxo, desde o século passado, adiantando-se a seu tempo, surgiu um Iluminado: Samael Aun Weor. Esse Hierofante foi o "mensageiro" da Gnose Moderna. Escreveu mais de 60 livros, através dos quais desvelou os Mistérios Maiores. Os pilares de sua doutrina liberadora se fundamentam na Revolução Psicológica e na Sexualidade Transcendente. É importante destacar que Samael trabalhou profundamente na transformação social da humanidade.


A equipe deste espaço gnóstico optou por apresentar ao V.M. Samael, Sublime integrante da Loja Branca, de uma maneira diferente.


Por isso diremos que o corpo físico no qual se encarnou Samael nasceu no planeta Terra. Não podemos limitar a nenhum ser de luz a uma região ou país porque todo iluminado vai mais além das fronteiras criadas pelos homens.


Destacamos que Samael Aun Weor foi o Grande Mestre Gnóstico do Século 20! Uma frase muito popular diz: Por seus frutos os conhecereis.

26 de junho de 2008 às 21:20:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

...ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais.

26 de junho de 2008 às 21:25:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Formulações da Nova Era de Willian BLOOM, in Heelas, pp. 225 e ss.:

- Toda a vida, toda a existência, é manifestação do Espírito, o Incognoscível, daquela suprema consciência com muitos nomes diferentes em muitas e diferentes culturas.

- O objetivo e dinâmica de toda a existência é manifestar plenamente o Amor, a Sabedoria e a Iluminação.

- Todas as religiões são a expressão da mesma realidade interior.

- Toda a vida - tal como a percebemos com os cinco sentidos humanos ou com os instrumentos científicos - é apenas o véu exterior da realidade causal, interior e invisível.

- Igualmente, os seres humanos são criaturas dúplices com:

1) uma personalidade temporânea transitória exterior e

2) um ser interior pluridimensional (alma e si-próprio superior). - A personalidade exterior é limitada e tende para o amor.

- O objetivo da encarnação do ser interior é conduzir as vibrações da personalidade exterior a uma ressonância de amor.

- Todas as almas incarnadas são livres de escolher o seu caminho espiritual.

- Os nossos mestres espirituais são aqueles cuja alma está livre da necessidade de incarnar e exprimem amor incondicional, sabedoria e iluminação. Alguns destes grandes seres são bem conhecidos e inspiram as religiões do mundo. Outros, pelo contrário, não são conhecidos e operam de maneira invisível.

- Toda a vida, nas suas diferentes formas e nos seus diversos e estados, é energia interdependente, incluindo os nossos atos, sentimentos e pensamentos. Colaboramos com o Espírito e com estas energias na ação da nossa realidade.

- Embora sustentados pela dinâmica do amor cósmico, somos todos responsáveis pela nossa condição, pelo nosso ambiente e por toda a vida.

- Durante este período de tempo, a evolução do planeta e da humanidade chegou a um ponto em que vivemos uma mudança espiritual fundamental na nossa consciência individual e coletiva. Por isso falamos de Nova Era. Esta nova consciência é o resultado da incarnação cada vez mais positiva daquilo a que alguns chamam energias de amor cósmico. Esta nova consciência manifesta-se com uma compreensão instintiva da sacralidade de toda a existência e, em particular, da interdependência.

- Esta nova consciência e esta nova compreensão da interpendência dinâmica de toda a vida indicam o desenvolvimento de uma cultura planetária completamente nova.

Heelas cita (p. 226) - a "formulação complementar" de Jeremy TARCHER

1. O mundo, com a raça humana incluída, é expressão de uma natureza divina superior e mais completa.

2. Escondido em cada ser humano há um Si-próprio Superior divino que é a manifestação da natureza divina superior e mais completa.

3. Esta natureza superior pode ser despertada e pode tornar-se o centro da vida quotidiana do indivíduo.

4. Este despertar é a razão da existência de cada vida individual.

David SPANGLER

26 de junho de 2008 às 21:34:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"E estamos carentes de mudanças interiores."

Estamos? Quem?

26 de junho de 2008 às 21:46:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Vivemos o período do "vazio existencial"."

Vivemos? Quem?

26 de junho de 2008 às 21:48:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

OPÁ K SA FODAM AS RELIGIÕES!!!
É TUDO A MESMA MERDA.

26 de junho de 2008 às 21:53:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Samael divulgou-se publicamente como Kalki Avatara da Era de Aquário e Buddha Maitréia. Segundo ele mesmo, sua missão é divulgar os ensinamentos do neo-gnóstico, promovendo as chaves para a auto-realização durante a Kali Yuga e preparar a humanidade para a futura raça Khorádi, que se seguirá à extinção da atual raça ariana."

http://pt.wikipedia.org/wiki/Samael_Aun_Weor

Iluminado, dizes tu?

26 de junho de 2008 às 21:53:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Ninguém fica cá pra semente,lol imao.

Quando rebentar a bomba,vamos todos com os porcos e não há religião que nos safe.

A raça que vai dominar o planeta vai ser a dos insectos.
As baratas e outros bichos são os unicos que aguentam os efeitos de um inverno nuclear.

O Samael não fala de borla.

26 de junho de 2008 às 22:00:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"...e preparar a humanidade para a futura raça Khorádi, que se seguirá à extinção da atual raça ariana."

Isto faz-me lembrar qualquer coisa mas era ao contrário.

26 de junho de 2008 às 22:04:00 WEST  

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