terça-feira, maio 06, 2008

CRISE TURCA - PARTIDO DO PODER EM RISCO DE SER FECHADO SOB ACUSAÇÃO DE ATAQUE AO LAICISMO

Quase por completo ignorada nos mé(r)dia ocidentais é a grande batalha jurídica de contornos políticos e sobretudo religiosos que neste momento se trava na Turquia: em Março, o procurador geral pôs em tribunal um processo a exigir o fim do AKP, partido actualmente no poder, eleito por maioria absoluta.
A acusação consiste no alegado carácter anti-laico de vários actos cometidos por esta formação partidária, o que, na Turquia de Ataturk, constitui um grave ilícito. Desde os anos sessenta, vinte e quatro partidos foram ilegalizados devido ao seu cariz não secular.

A União Europeia reagiu negativamente e criticou abertamente a decisão do tribunal turco em aceitar esta acusação. Há até quem afirme que paira a ameaça de que seja definitivamente cancelada a adesão da Turquia à União Europeia.
O Comissário do Alargamento Europeu Olli Rehn afirmou que é inimaginável que um partido político legal e popular, que não propaga nem usa a violência, seja banido.

Ora inimaginável não é... conforme se poder ler neste artigo, isto já aconteceu na Europa, mais precisamente na Bélgica, ou seja, no centro político da União Europeia: em 2004, o nacionalista Vlaams Blok foi acusado de «racismo» em tribunal e a pertença a este partido foi na prática criminalizada. A lei belga é suficientemente vaga para poder condenar por racismo sem para isso necessitar de especificações (olha, faz lembrar qualquer coisa... qualquer coisa de tuga...) - até o caso da crítica do Vlaams Blok à circuncisão feminina (prática dos imigrantes muçulmanos) foi utilizado contra o partido.

Mas enfim, parece que a Europa bem-pensante «evoluiu» desde então e agora está pronta a desculpar a um partido turco o que não perdoou a um partido europeu, ou seja, a divergência ideológica contra o regime...

Sucede que, neste caso, a União Europeia incorre num acto de desrespeito e desautorização do Tribunal Constitucional da Turquia, o que não constitui bom precedente para o reconhecimento deste país como membro da «Europa».

Leiam-se aqui mais pormenores sobre o caso.

O que sobressai nesta situação turca é o nível a que chegou a ameaça que o Islão político representa para o secularismo de raiz europeia que tem até agora vigorado na Turquia. Não admira pois que a imprensa «livre» ocidental esteja tão silenciosa sobre o assunto... não convém que os Europeus percebam que aquele país maravilhoso, europeíssimo e moderadadissimamente muçulmano que a elite vigente na Europa quer a todo o custo meter na União Europeia é afinal um barril de pólvora islamista em que a minoria laica luta já na sua última trincheira para não ser engolida pelas hordas do crescente verde.
Vale a pena dar uma vista de olhos ao texto da acusação, especialmente a este trecho:
«O Islão político e a sua lei (charia) não são democráticos mas sim totalitários. O Islão político usa a democracia como ferramenta e tem por objectivo a charia. Por esta razão, de modo a evitar respeitar certas regras e instituições, o Islão político usa o método da «takiyye» (acto de enganar), que tem a sua fonte na charia.»
Fala quem sabe... quem conhece por dentro a vivência islâmica...
Claro que uma coisa destas dita por um ocidental seria um escândalo de «islamofobia».

5 Comments:

Blogger Sónia Gonçalves said...

A Religião continua a ter um enorme peso em certos países,sobretudo Islâmicos,hoje em dia,o que provoca restrições à liberdade de pensamento.Não sei se seria boa ideia aceitar um país como a Turquia na UE.Seriam mais as perdas que os ganhos,apesar de a Turquia ter feito um mgrande esforço para se tornar mais laica e modenizada,em termos de comportamento social e moral.Mas é complicado.Com a entrada da Turquia,podiam vir por aí abaixo coisas como fundamentalismos religiosos e tensões culturais.A Turquia ocupa uma posição estrtégica importante para o Ocidente e tem uma boa relação com os EUA,que até utilizam as suas bases,por isso seria mais que suficiente,para mim,manter esta vizinhança cordial.

6 de maio de 2008 às 12:37:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Exactamente. A Europa tem tudo a perder com o ingresso da Turquia no seu seio. A Turquia não é europeia em aspecto algum, excepto numa nesga de terra... e o poder islâmico que ameaça tomar o país só pode trazer graves problemas aos Europeus caso a Ásia Menor venha de facto a ser enfiada no chamado velho continente.

Até as alegadas vantagens da entrada da Turquia podem facilmente virar-se contra a própria Europa.
Diz-se, por exemplo, que a União Europeia ficaria fortalecida com o poder militar turco - mas, precisamente por causa deste poder, quem se atreveria a pôr a Turquia fora da União, caso se começassem a verificar no país violações sérias dos direitos humanos?
Argumenta-se que é preciso dar um sinal de boa vontade ao mundo islâmico, sendo para isso necessário aceitar a Turquia como membro da U.E. - repetindo, e se for necessário expulsar a Turquia, qual será o efeito de tal medida sobre os muçulmanos de todo o mundo?

(A menos, claro, que os eurocratas pró-turcos estejam de antemão dispostos a cerrar rigorosamente os olhos para tudo o que se possa entretanto vir a passar na moderada Turquia...)

Significa isto que, como se não bastasse serem os argumentos da cobardia (precisar de deixar entrar uma gente perigosa para que ela não se torne ainda mais perigosa), têm a agravante de, em sendo vitoriosos, rapidamente poderem originar perigos de gravidade considerável para o bem-estar europeu.

Poder-se-ia por isso dar à Turquia o estatuto que indicaste, o da parceria privilegiada. É a Turquia que tem sorte em poder estar aliada à Europa e não o contrário.

6 de maio de 2008 às 13:02:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Olà!Mas o que è isto?Mais uma fan femenina do Caturo?Se elas te vissem ao vivo,dava-lhes um colapso.

6 de maio de 2008 às 13:42:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Não é «femenina», baboso, é «feminina».

6 de maio de 2008 às 14:30:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Comissário do Alargamento Europeu Olli Rehn afirmou que é inimaginável que um partido político legal e popular, que não propaga nem usa a violência, seja banido.

Ora inimaginável não é... conforme se poder ler neste artigo, isto já aconteceu na Europa, mais precisamente na Bélgica, ou seja, no centro político da União Europeia: em 2004, o nacionalista Vlaams Blok foi acusado de «racismo» em tribunal e a pertença a este partido foi na prática criminalizada."

Fizes-te bem lembrar, que estes esquerdistas tem a memoria curta no que toca a estas coisas. So se lembram do que convem na altura que convem.

Se realmente os laicos perderem, prevejo outro problema para a Europa. Uma mão cheia de refugiados Turcos a fugir do seu país com medo do regime islamico.
E pronto, la vai a Europa armar-se me boazinha e acolher mais uma mão cheia de imigrantes Turcos.

6 de maio de 2008 às 18:30:00 WEST  

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