terça-feira, janeiro 29, 2008

O GRANDE LENINE... APOLOGISTA DO TERROR POLÍTICO

Um dos dogmas mais correntes no seio da Esquerda actual, não apenas da mais extremista mas até da mais civilizada e pretensamente sofisticada, é a ideia de que o regime comunista soviético «no fundo até era bom, tinha bons princípios, mas depois o Estaline deu cabo de tudo», como que a fazer crer que o seu antecessor, Lenine, era do género puro e duro, mas justo, idealista, «humano», enfim...

Lá idealista era. Duro, idem... justo, aos seus olhos, sem dúvida... mas o que a gentinha de simpatias leninistas (alguns até alegam votar no PSD...) esconde, ou ignora, é que Lenine foi um dos grandes apologistas do terror como arma política. E, recentemente, veio a público mais um testemunho disto mesmo, desta feita relativo ao que em Portugal se passou no ano de 1908, data de má memória para os monárquicos.
Enquanto a população e a opinião publicada russas deploravam o assassinato do rei português, Lenine considerava que tal crime fora demasiado brando e pouco operativo... ora leia-se:
(...)
Vladimir Lénine, futuro dirigente da União Soviética, escreveu sobre o regicídio no artigo: "Sobre o que aconteceu ao rei português", publicado no jornal Proletarii de 19 de Fevereiro de 1908.
"A imprensa burguesa, mesmo a mais liberal e "democrática", não pode passar sem a moral da extrema-direita ao abordar o assassinato do aventureiro português", escreveu Lénine, acrescentando que "...o sucedido com o rei português é verdadeiramente "um desastre profissional" dos reis".
"Nós, da nossa parte, acrescentamos apenas que só podemos lamentar uma coisa: que o movimento republicano em Portugal não tenha, decidida e abertamente, dado cabo de todos os aventureiros. Lamentamos que no sucedido com o rei português seja ainda evidente o elemento de conjura, isto é, de terror que, na sua essência, não alcança os objectivos, sendo fraco o terror verdadeiro, popular, realmente renovador, que tornou famosa a Grande Revolução Francesa", continua Lénine.
Segundo ele, "até agora, em Portugal conseguiu-se apenas amedrontar a monarquia com o assassinato dos dois monarcas, mas não exterminar a monarquia".

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Em Castro Verde a câmara municipal, afecta ao PCP, até vai organizar comemorações do regicidio, com actuação da banda filarmonica e descerramento de placa evocativa de um dos regicidas.
http://www.inesting.org/cm_castroverde/noticias/detalhe.asp?id=20

29 de janeiro de 2008 às 18:15:00 WET  
Blogger Caturo said...

Ah, o humanismo pacifista da Esquerda...

Olha se o PNR celebrasse a morte de algum traidor comunista às mãos da PIDE, o escândalo que não seria...

29 de janeiro de 2008 às 18:35:00 WET  
Blogger Treasureseeker said...

É curioso...o Niilismo-já me estou a repetir-deve ter deixado,de uma forma ou de outra,a sua marca no processo político da Rússia Leninista.Não foi à toa que Lenine era,quando jovem e estudante,admirador de Tchernitchevsky,e isso,seguramente,influíu em parte em algum pensamento político seu.
Mas,diga-se de passagem,que a má fama dos niilistas russos foi muito fruto da propaganda czarista,que não queria admitir a existência de contestação interna às reformas levadas a cabo pelo czar Nicolau,depois de passados os "anos negros",em que se acentuou o regime de servidão e exploração da classe campesina e fabril embrionária,é certo,mas existente.

Os niilistas criaram fama de bombistas,já no século XIX,mas o facto é que,vistas as coisas a frio,nunca se chegou à conclusão de que existissem "células" activas,nem um líder real,nem sequer um programa ideológico digno desse nome.Nada ou "nihil"...
Eram,sómente,contestatários idealistas que buscavam um meio de sair da opressão em que o povo russo se encontrava submerso.
Não se deve tomar o Niilismo político como produto de pensamento de qualquer escola filosófica,tal não existiu.O que se verificou,consoante as conjunturas de cada época e local,foram movimentos de natureza radical,que actuaram em resposta a situações concretas.Como prática política,é de todos os tempos.Como quadro de conceitos,mais ou menos definidos e explícitos,poder-se-á colocar o seu apogeu na época da Revolução Francesa,período do Terror,na Segunda Guerra Mundial,com actos de genocídio,premeditado ou não,de milhões de seres humanos,num manifesto plano de destruição,pura e simples,sem mais contemplações nem valorização.
Esta corrente de pensamento,que não o chega a ser,verdadeiramente,vai contra toda a essência do que é a vida humana,não tem por ela qualquer tipo de respeito,redu-la totalmente a zero.O sentido da vida não está nem aí para o niilista.

Nietzsche pretendeu dar,em algumas obras,solidez filosófica ao Niilismo,e,vendo alguns relances do mundo contemporâneo,de péssima memória,infelizmente,conseguiu os seus intentos...
O terrorismo actual,nas várias latitudes do globo,é o exemplo moderno do Niilismo,com o seu desprezo pela vida humana.

29 de janeiro de 2008 às 19:20:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Embora, os repúblicanos, não concordem comigo, isto é o que penso:
O Regicídio de 1908 é, a meu ver, de lamentar. Não percebo como se podem, ainda, organizar comemorações deste estilo. Um Rei e um Principe, não merecem morrer deste modo tão cobarde, independetemente, do descontentamento vigente na altura, de qualquer forma, não creio que D. Carlos,fosse, assim, tão mau Rei - até que nem era essa a opinião generalizada do Povo - tendo, sómente, interesses politicos e homens de despeito, levado à sua morte.
Uma palhaçada a meu ver.

29 de janeiro de 2008 às 19:59:00 WET  
Blogger Caturo said...

O terrorismo actual,nas várias latitudes do globo,é o exemplo moderno do Niilismo,com o seu desprezo pela vida humana.

Creio que a chave para a explicação do terrorismo islâmico não passa pelo nihilismo. Esgota-se, isso sim, no pensamento islamista.

29 de janeiro de 2008 às 20:09:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

But, what ends when the symbols shatter?

29 de janeiro de 2008 às 21:15:00 WET  
Blogger Oestreminis said...

Ora viva, Bom 2008 a todos.

Algumas observações, começando pelo fim:

But, what ends when the symbols shatter?

...And, who knows what happens to hearts?

---
Que Lenine era apologista do terrot político dificilmente será novidade pra alguém... aquilo que foi escrito aqui - e que agradeço desde já ao Caturo, desconhecia estas observações de Lenine respeitantes á realidade portuguesa - é aliás relativamente inócuo e gentil comparado com outras passagens conhecidas. Seria difícil esperar outra coisa de quem defendia a via revolucionária para a alteração da ordem social.

Curiosamente o que Lenine escreveu sobre a situação em Portugal vai de encontro ao que se sabe hoje sobre a situação; Buiça e Costa são instrumentos quasi-espontâneos de uma conjura mal delineada e com actores dispersos e sem firmeza. Mais do que um plano concreto do PRP, o regicídio é o resultado de conversas difusas na esfera dos cafés lisboetas, a Alta Venda Carbonária e agremiações como a Associação do Registo Cívil. Lembro que estamo nesta altura numa época muita dada a este tipo de acontecimentos: a ideia de que as tiranias se acabavam matando os tiranos. A corrente anarquista continental e as acções bombistas são quase moda em toda a Europa no dealbar do século XX (o comentário da Treasureseeker refere isto de forma exemplar, como nos habitou).

Relativamente à placa de Castro Verde, acho de um gosto discutível,embora não consider tal acto crime de lesa-majestade (perdoem o trocadilho). Pelo que sei Alfredo da Costa era de Castro Verde, e deve ser por esse ãngulo que a efeméride foi comemorada. Acho desnecessário, até porque não sou dos que considera que a implantanção da República alterou significativamente a qualidade democrática de Portuga. É pois uma tentativa algo vã de reabilitação do 5 de Outubro enquanto data significativa para os portugueses. Se reconheço aos republicanos algumas virtudes - nomeadamente no que toca às associações de fomento operário, a retirada da esfera clerical de vários aspectos do dia a dia e até um patriotismo algo ingénuo - a minha faceta estética não lhes perdoa esta bandeira tropical que em má hora decidiram escolher e bem espremida a República pouco ou nada deixou.

Seja como for não acho muito coerente esta rejeição da placa por muitos dos que acham pefeitamente normal a abertura do Museu Salazar. Verdade seja dita. não é coerente de nenhuma das partes, e é por isso que digo que este tipo de questões trai sempre o posicionamento ideológico de cada um, de forma natural.

Olha se o PNR celebrasse a morte de algum traidor comunista às mãos da PIDE, o escândalo que não seria...

O conceito de "traidor" é ele próprio uma apreciação e uma adjectivação que trás consigo uma concepção à priori. Sem querer ir por ai, digo apenas que só daqui a mais 70 anos é que podemos saber a reacção.

Como ponto de referência, lembro que a Guerra Civil, o momento mais fraturante e talvez o mais terrível de toda a história de Portugal, não levanta hoje nenhuma emoção nos portugueses, convivendo alegremente enquanto nomes de ruas os participantes na mesma - visivelmente mais os do lado vencedor, é verdade.

4 de fevereiro de 2008 às 23:50:00 WET  
Blogger Caturo said...

O conceito de traidor é relativo?
Não quando o que está em causa é entregar arquivos do Estado Português à União Soviética, como o PCP fez.

Quanto à nossa bandeira, bem podia não ter tanto verde e amarelo, mas enfim, não é caso único na Europa, e a porção vermelha compensa-as relativamente bem... ;)

6 de fevereiro de 2008 às 19:27:00 WET  
Blogger Oestreminis said...

O conceito de traidor é relativo?

Como se pode ver, creio que é, caso contrário não estariamos em desacordo.

Não quando o que está em causa é entregar arquivos do Estado Português à União Soviética, como o PCP fez.

Ignorar os contornos da Guerra Fria não é algo que deva ser feito quando se fala em 1975. Se vamos começar a falar de traição, começamos no CDS e acabamos no MRPP; de apoios da CIA até à Rede Gladius, de Kissinger a Carlusci, Portugal foi o palco óbvio dos antagonismos das duas potências. Falar em "traição" é sempre uma saida que considero algo simplista: do CSD ao MRPP (passando em toda a linha pelo PPD e PS) todos receberam instruções de partes externas, e todas tinham modelos e alianças exógenas,muitas das quais fazem o envio de documentos da PIDE parecerem trivialidade sem importância. Acontece que quando concordamos com elas são apenas "cooperação" e "solidariedade" (ver o fascínio com os voluntários das SS de outros países, por exemplo), quando discordamos são "traição". D. Miguel foi acusado de traidor por planear a invasão de Portugal a partir de Espanha; D. Pedro era traidor por ter declarado a Independência do Brasil.

Também aqui funciona a questão ideológica,como funciona na hipocrisia dos "crimes de sangue" do PREC e das FP 25, quando durante o PREC quem de facto matou de forma planeada e organizada foi a direita bombista, directamente ligada aos partidos de direita de maior expressão (algo que não acontecia com as FP25). Cada um gosta de ver o que quer... mas adiante, que por aqui dificilmente haverá consenso.


Repara que muito do que é aqui dito é considerado traição pelo comum dos portugueses... falo por exemplo do não apoio da selecção nacional por parte de alguns (eu incluído), entre outras coisas.



Quanto à nossa bandeira, bem podia não ter tanto verde e amarelo, mas enfim, não é caso único na Europa, e a porção vermelha compensa-as relativamente bem... ;)

Caro Caturo, eu compreendo o amor pelo símbolo nacional, e independemtemente das considerações estéticas é a bandeira que temos, mas discordo que não seja caso único na Europa: não será caso único em África, até porque são as cores da Unidade Africana. São um desrespeito vil ás cores nacionais que nos acompanham à quase 1 milénio, trocadas pelas do Federalismo Ibérico. A nível cromático é uma desgraça que muito alegra os arautos da africanidade. Safa-se o escudo,porque não lhe mexeram.

Sou insuspeito pois poderia gostar do vermelho, mas na verdade não considero desejável confundir posicionamentos políticos com a alteração d um símbolo nacional... creio que infelizmente a bandeira que temos é mais um sinal do processo degenerativo que atravessamos. Basta ver as reacções de certos bem-pensantes à campanha "Europe's West Coast", que acharam as cores aule branco "muito frias", "demasiado nórdicas", e de imediatosentiram falta do "calor" e "tropicalidade" que é dado pelo verde e vermelho.

Bastam 90 anos para alterar a percepção de um povo de si próprio, é assustador. Não me revejo nas cores republicana, sem no entanto desrespeitar o que é um símbolo nacional.

7 de fevereiro de 2008 às 02:26:00 WET  
Blogger Caturo said...

Como se pode ver, creio que é, caso contrário não estariamos em desacordo.

Claro. A pergunta era de retórica...


Ignorar os contornos da Guerra Fria não é algo que deva ser feito quando se fala em 1975. Se vamos começar a falar de traição, começamos no CDS e acabamos no MRPP; de apoios da CIA até à Rede Gladius, de Kissinger a Carlusci, Portugal foi o palco óbvio dos antagonismos das duas potências. Falar em "traição" é sempre uma saida que considero algo simplista: do CSD ao MRPP (passando em toda a linha pelo PPD e PS) todos receberam instruções de partes externas,

Receber instruções de partes externas é diferente de pactuar com partes externas para debilitar o País ou para o pôr em cheque. Ter o apoio da CIA para limpar oponentes políticos no seio do país é bem diferente de entregar segredos militares do País a uma potência estrangeira sua inimiga. E foi precisamente isso que o PCP fez, mais concretamente na pessoa de Álvaro Cunhal.



D. Miguel foi acusado de traidor por planear a invasão de Portugal a partir de Espanha;

E sê-lo-ia, se essa actuação implicasse o domínio espanhol sobre Portugal.



D. Pedro era traidor por ter declarado a Independência do Brasil.

De facto, tirou ao país um território seu.



Também aqui funciona a questão ideológica,como funciona na hipocrisia dos "crimes de sangue" do PREC e das FP 25, quando durante o PREC quem de facto matou de forma planeada e organizada foi a direita bombista,

Numa época em que a violência grassava, em que o PCP apoiou uma tentativa de golpe de Estado pela via militar num 25 de Novembro. Convém entretanto não esquecer as constantes violências que tinham lugar nas noites de Lisboa, que incluíram o assassinato em 1977 de um militante do MRPP, cujo corpo foi atirado ao Tejo. Enfim, ódios antigos, visto que antes do 25 de Abril, o PCP fazia chegar à PIDE listas com militantes do PCTP/MRPP, segundo Pacheco Pereira.



directamente ligada aos partidos de direita de maior expressão (algo que não acontecia com as FP25)

FP25 que por sua vez começaram a matar depois do fim dos «anos quentes», ou seja, mais a frio, e tendo por alvos, não as sedes dos partidos inimigos, mas simples cidadãos inocentes.


Cada um gosta de ver o que quer... mas adiante, que por aqui dificilmente haverá consenso.

Concordo...



Caro Caturo, eu compreendo o amor pelo símbolo nacional, e independemtemente das considerações estéticas é a bandeira que temos, mas discordo que não seja caso único na Europa

Já viste a bandeira da Lituânia, que é precisamente o país mais indo-europeu da Europa (pelo menos em termos linguísticos)? :)
Repara:
http://europa.eu/abc/european_countries/eu_members/lithuania/index_en.htm

7 de fevereiro de 2008 às 14:01:00 WET  

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