INIMIGOS DOS DEUSES, INIMIGOS DAS NAÇÕES

Narrando as suas impressões da viagem que fez ao Brasil, Inês Pedrosa diz na sua crónica feminina de sábado, na revista «Única» do Expresso:

(...)Em Belém do Pará, visitamos um museu das civilizações indígenas(...) A exposição, pretende-se didáctica, pedagógica, com painéis explicativos sublinhando que é errado chamar índios a esses povos (...). Explica-se (...). E conclui-se: "Com o advento da colonização portuguesa, os rituais antropofágicos foram gradativamente sendo esquecidos, o que provocou a perda da identidade cultural daqueles povos." À saída, debaixo dos bandos de abutres que sobrevoam o forte, no ar forrado de cola líquida de Belém, a dissolução das identidades culturais sopra como um vento de alegria sincrética, com o riso de Marcos e a luminosa inteligência de Bruno, o muito jovem guia que nos acompanhou no Maranhão, desbravando o interior da História e dos livros e encontrando neles a singularidade que define cada instante do ser humano, para lá das identidades assassinas. (...)»

A Senhora afirma o seu contentamento pela morte das identidades. Note-se na passagem da explicação dada no referido museu que Inês Pedrosa quis salientar - a que fala do antropofagismo (canibalismo) como último obstáculo ao fim de uma dada identidade étnica. A mensagem da cronista é inequívoca - identidade é canibalismo, é barbarismo, é, como ela própria diz no fim, «assassina»(sic). É a velha táctica dos mundialistas de todos os tempos - pegam numa parte de uma tradição que seja especialmente cruel aos olhos do grupo ideológico a que pertencem (neste caso, o canibalismo afigura-se horrendo na opinião do Europeu), por mais secundário que seja esse particular costume no seio da sua própria cultura, e serve esse motivo moral como pretexto para aniquilar a individualidade de todo um povo, absorvendo-o, diluindo-o, destruindo-o por mergulho forçado no caldeirão do universalismo fraternalista, onde se cozinha a poção mágica que vai acabar com a guerra, com a miséria e com todo o mal do mundo, mesmo que nunca o faça, antes pelo contrário. Já na Antiguidade, os cristãos faziam um cavalo de batalha do seu combate aos sacrifícios humanos dos pagãos do norte europeu, mesmo que nessas sociedades setentrionais, já essa prática ritual estivesse em franca decadência; e ainda hoje, os mais fanáticos cristãos continuam a justificar a conversão forçada dos Europeus com base na maravilha que foi a abolição do paganismo que era de certeza sanguinário, mesmo que os paganismos mais desenvolvidos da Grécia, de Roma e da Índia Ariana já há muito tivessem abandonado os sacrifícios humanos (e até os de animais, nalguns casos, ao contrário do que acontece nas sociedades ocidentais actuais, onde bovinos, aves e suínos são cruelmente chacinados nos matadouros).

Ora, quem é Inês Pedrosa? Uma militante ideológica de Esquerda. De notar que neste artigo nem sequer se refere a uma identidade europeia, mas sim ameríndia (de índios sul-americanos), o que aponta para um acréscimo da coerência mundialista, que, até agora, só tem atacado formalmente os identitarismos europeus.
A Esquerda é uma das formas de mundialismo; uma outra, mais antiga, é o Cristianismo, da qual descende, ética e culturalmente, a Esquerda; e ainda outra, é o Islão, talvez a mais pujante de todas, que ganha adeptos precisamente nas mentes de ex-comunistas europeus, o que, evidentemente, não é surpresa nenhuma, tal como não constitui surpresa a simpatia que a Esquerdalha ocidental em geral manifeste tanta simpatia pelo Islão, quer contra o grande maligno Tio Sam, quer, nalguns casos, contra todo e qualquer outro inimigo do Islão, incluindo a Índia Ariana...

Li, há pouco tempo, em site que agora não tenho conseguido encontrar, uma explicação muçulmana daquilo a que chamam sua boa vontade para com os não muçulmanos - qualquer coisa como isto, dito a propósito dos primeiros tempos do Islão, em que Maomé andava a converter o seu povo árabe (que, antes de ser convertido ao Islão, era pagão):
«Propusemo-lhes (aos pagãos árabes) a via do Islão, ficaram perante o caminho da paz universal ou o caminho tradicional, ancestral, o de continuarem agarrados às suas tradições, e, consequentemente, em guerra durante o resto da vida- e eles, porque recusaram a boa alternativa?»

Sobre a postura islâmica integral, visceral e coerentemente oposta ao Nacionalismo, poder ler-se uma explicação detalhada aqui, ponto por ponto, exaustivamente, com quilos de citações corânicas, comprovando a vocação especificamente política do Islão, que se afirma intransigentemente mundialista.

Cristianismo, Islão, Esquerda, Capitalismo Globalista - quatro tipos de mundialismo; quatro concorrentes, em parte coniventes, na uniformização do planeta e na erradicação das estirpes.

Os universalistas de todos os tempos julgam mesmo que têm o direito de destruir o que é dos outros, porque, a partir do momento em que imponham a sua norma ao mundo, vai haver paz e tudo ficará bem. Não surpreende que sejam estes mesmos universalistas os maiores causadores de guerras e chacinas em larga escala, porque acreditam genuinamente que têm o direito e até o dever de levar a «boa nova» a todo o mundo, sem fronteiras nem barreiras de qualquer espécie. Foram disso exemplos:
- os cristãos na sua conquista da Europa;
- os muçulmanos na Índia, nas Balcãs, no Médio Oriente;
- os comunistas, que só num século causaram a morte a cem milhões de pessoas.

Naturalmente que o problema maior não está sequer nestas consequências do seu amor fraternal à força, mas sim na própria ideia em si - eliminar identidades para «conseguir a paz», é um crime aberrante, abissalmente degradante, análogo ao de castrar todos os homens para impedir as violações.
É genocídio na própria essência do conceito (isto é, «eliminação de uma gens, ou estirpe»).

Venham então falar das antropofagias e dos sacrifícios... ó «meus amigos», para combater a monstruosidade do vosso estandarte, até se restaura a antropofagia se for preciso, e os sacrifícios humanos também, porque não, sobretudo com corpos de, por exemplo, violadores de crianças, de traidores à Pátria e de assassinos confessos com requintes de crueldade - aliás, a pena de morte, perfeitamente justa nalguns casos, não poderia acabar por se tornar num ritual religioso de oferenda a alguma Divindade da Justiça? É caso para pensar... (no nosso sul latino, talvez já não, porque, se tal tradição existiu, perdeu-se na noite dos tempos, mas noutros lugares...)

Uma coisa é certa - como diz certo gentio norte-americano, Steve McNallen, a sobrevivência do nosso povo não é negociável.