quarta-feira, julho 20, 2005

OS LAÇOS DEMOCRÁTICOS E AS REDES ANTI-DEMOCRÁTICAS DOS QUE SE QUEREM APROVEITAR DA DEFESA DO POVO PARA IMPOREM O SEU UNIVERSALISMO ELITISTA E MUTILADO

A respeito do terrorismo e da necessidade de travar uma certa religião, simbolizada pelo crescente e pela cor verde, Corcunda aproveita a questão lançada pelo Duarte Branquinho para tentar justificar um igual travão a toda e qualquer ideologia que lhe desagrade, demonstrando assim que, uma vez totalitário, sempre totalitário. Queria que aquilo fosse tudo na onda, era porreiro, depois de tudo varridinho era só aparecer com o Evangelho e pimba!, já está outra vez o Estado cristão restaurado. Era porreiro, giro e baratinho.
Assim, lança-se contra o Comunismo... mas será esse o seu objectivo verdadeiro? Só em termos secundários, porque o que Corcunda escreveu neste caso foi:
Os imãs eram também gente que não se inseria nos pressupostos da sociedade, uma vez que a sua ideologia era absolutamente incompatível com a existência de uma essência nacional que atravessa os séculos num vínculo moral. Eram um conjunto de fundamentalistas do Círculo do Comité-Central... Das ARA, PRP-BR...
Dir-me-ão alguns (revelando a inutilidade do seu pensamento) que os que combateram a Nação são portugueses. Esse é o seu pacto com os traidores...


Assim, Corcunda queria que os comunistas terroristas portugueses, fossem dados como não portugueses. E chama-lhes traidores (e são-no). O que ele esquece é o facto, porventura subtil, de que só é traidor quem, sendo de uma comunidade, contra ela se vira... assim, só sendo portugueses é que os comunistas terroristas podem ser chamados «traidores»...
Corcunda é de tal modo totalitário que queria que todos os que como ele não pensam, fossem considerados como não sendo portugueses. Para Corcunda, quem não é católico patriota, não é bom português, do mesmo modo que quem não é do Benfica, não é bom chefe de família.
Assim, dizer que traidores como Manuel Alegre são portugueses, não é dizer que «são bons» ou «são dignos». Pensar que «ser português» é «ter as boas ideias» é ter uma concepção totalitária de nação.
Na verdade, há portugueses maus e bons, portugueses néscios e portugueses inteligentes, portugueses indiferentes e portugueses activos, portugueses enganados e portugueses esclarecidos, portugueses homossexuais, pedófilos, traficantes e toxicodependentes. Ser português, não é ser bom à partida – é simplesmente ser filho de portugueses. Só isso. Por isso, o Manuel Alegre, o Francisco Louçã, o José Falcão (SOS Racismo), o padre Frederico, o Carlos Silvino, o João Nabais, o Corcunda, são todos portugueses.

Para o Corcunda, a etnicidade, o sangue, a estirpe, é «uma concepção de nacionalidade vazia», precisamente porque o Corcunda, devido à sua deformação doutrinal, está inteiramente incapacitado de perceber o valor da estirpe. De tal modo assim é que, noutros artigos, chegou ao ponto de deturpar o pensamento de Platão, querendo dar a entender que o filósofo ateniense preconizava uma espécie de comunidade helénica assente «na filosofia» sem referência à etnicidade grega, o que constitui flagrante falsidade.

Subsequentemente, Corcunda continua a demonstrar a sua verve totalitária, ao acusar os democratas de pensar que, passo a citar, Todos pertencem ao grupo, mesmo os que o visam destruir. Todas as concepções são aceites, mesmo as que renegam a existência da sociedade que as abriga...
O Corcunda ignora a pequenita diferença entre permitir que alguém exponha uma ideia e adoptar essa ideia como verdadeira. Devido à sua própria atitude de quem julga ser detentor exclusivo da verdade, não pode tolerar que outrem pense de modo diferente do seu. Não exagero em nada esta acusação que lhe faço, pois que Corcunda tenta satirizar a democracia ao afirmar:
As sociedades de hoje, pouco preocupadas com qualquer elemento de coerência, afirmando-se como verdadeiras ditaduras relativistas afirmam com gravidade “pensa o que quiseres, desde que não actues em conformidade”...

Portanto, Corcunda quer que as pessoas não pensem o que querem pensar, mas que pensem de acordo com o que ele, Corcunda, lhes disser para pensar. Pretende que uma elite iluminada imponha novamente o delito de pensamento, como na Idade Média. E, com o seu habitual descaramento, diz que o contrário dessa postura é «ditadura relativista».
Não é anedota nem estou a inventar nada. Corcunda disse mesmo isto, como pode ver quem for ler o seu artigo.


Corcunda, como bom anti-democrata, repete todas as alarvidades anti-democratas, uma por uma, sem esquecer nenhuma. Continua a não perceber um dos fundamentos da coexistência em liberdade, que é a consciência de que a liberdade de um indivíduo não pode pôr em causa a liberdade e os direitos de outro indivíduo. Por conseguinte, tinha mesmo de vir para aqui a tentativa de fazer equivaler o ódio islâmico pregado na mesquita à pretensão independentista de quem acha que tem o direito de possuir uma nação soberana, ora leia-se:
Por isso a tão proclamada liberdade de expressão acaba na mesquita. Não terão os islamitas radicais tanto direito a pronunciar-se a favor da morte de civis inocentes, quanto os comunistas que apoiam a ETA?

Naturalmente que os comunistas que apoiam atentados terroristas, procedem tão mal como os fanáticos muçulmanos que incitam à jihad «física» contra o Ocidente.

Mas onde o Corcunda quer chegar, é a outro lado... o que ele quer (se estou enganado, corrijam-me...) é dar a entender que quem promove a luta pela independência da Nação Basca contra o centralismo imperialista castelhano, é igual a quem dissemina o terror muçulmano... procurando fazer esquecer que os nacionalistas bascos só querem ser livres e independentes na sua própria terra, ao passo que os islamistas querem obrigar todo o mundo a pôr-se de nádegas para o ar, ou perante o Deus do deserto semita, ou perante os sequazes desse Deus. Mais uma vez, a falta de vontade de reconhecer o direito à auto-determinação de cada um – do indivíduo tanto como do povo, dentro do espaço que a Natureza lhe conferiu e que a Justiça lhe reconhece.


De vez em quando, diz coisas que, retiradas do contexto, parecem acertadas, tais como esta:
Que pertença pode existir numa sociedade onde a desarticulação entre as lealdades é ponto-de-honra? Onde se afirma uma multitude de lealdades não têm de estar subordinadas a um mesmo Bem Comum há lugar para todos, incluindo o inimigo! Só que onde a variedade é religião não existe critério para aferir quem é amigo e inimigo, nem quem pertence ou não pertence à comunidade política.

Sem dúvida. Só que o Corcunda quer que esse critério seja a concordância com a sua ideologia quinto-imperialista beata e totalitária... fazendo por ignorar o verdadeiro «critério para aferir quem é amigo e inimigo, quem pertence ou não pertence à comunidade política»: a pertença, por nascimento, à Nação e a confirmação da lealdade ao sangue. Não é uma questão de acreditar neste ou naquele Deus, nem de ter esta ou aquela concepção económica, social, política para além do essencial que caracteriza toda a estirpe politicamente organizada: a lealdade ao sangue a que se pertence.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gladius perdes muito tempo com discussões inúteis...
Quem manda em Portugal é a máfia da construção!
O ministro das Finanças já foi corrido!... Ele não gostava da Ota e do TGV!

20 de julho de 2005 às 22:48:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

O Padre Frederico é brasileiro - mas de origem portuguesa!...

21 de julho de 2005 às 16:33:00 WEST  

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