quarta-feira, julho 20, 2005

SOBRE AS TRETAS UNIVERSALISTAS E AS TRETAS DOS QUE AS DEFENDEM

O Corcunda acabou finalmente por arranjar um pretexto que lhe parece razoável para não ter de gramar a minha presença diária nas caixas de comentários do seu blogue. Com base num mal-entendido, afirmou, justiceiro, «Basta de canalhice», com um descaramento que já antes tinha demonstrado, pois que se atreve a denunciar a canalhice quando na verdade o caminho da canalhice, em versão intelecto-sonsa, foi por ele iniciado, quando me expulsou, há uns meses, com o falso argumento de que tinha descoberto que os insultos anónimos à sua pessoa partiam do mesmo ip que as minhas mensagens. O mesmo ip... o que o Corcunda não esperava, era que a sua aldrabice coxa ficasse a nu pelo facto de eu escrever diariamente a partir de dois ipês diferentes.

Mais recentemente, Corcunda apagou respostas minhas devido a outro pretexto qualquer, limitando-se a dizer que eu não explico, demonstrando, sobejamente, que o seu descaramento só é superado pela infantilidade da sua «estratégia» - fuga para a frente: acusar-me daquilo que ele próprio faz e que eu sempre acusei.

Sempre o questionei sobre as suas alternativas à democracia, e Corcunda sempre se refugiou em meias palavras e em tretas variadas, sempre com o intuito de esconder o que já é mais que óbvio: que o seu projecto político é um totalitarismo cristão neo-inquisitorial, disfarçado de filosófico com umas vestimentas platónicas que lhe ficam mal, porque não foram feitas para ele.
Como diz o povo, quem o alheio veste, na praça o despe.

O Corcunda queria escapar a tal sorte e foi por isso que deitou mãos à aplicação de métodos de fuga: primeiro, o puro e simples desviar da conversa por meio de uma cortina de fumo composta de referências pseudo-eruditas; e, como não há fumo sem fogo, para lá desse fumo já o castelo de cartas (viciadas) de Corcunda ardia a bom arder. Por isso, «remetia-me» ao silêncio...
Que saudades tem o Corcunda da Inquisição... e da censura... nesses tempos, sim, era possível silenciar o opositor...

O azar do Corcunda é que tal método pretensamente ostracizante, pura e simplesmente não resulta e, a prazo, só ridiculariza quem o tenta utilizar.

Porque o que é certo é que, mesmo que diga, com ar douto, «temos de o remeter ao silêncio»(parece já falar em nome de um grande colectivo... ou então, é a elite intelectual de Direita que fala toda pela sua voz...), as palavras que desmascaram a sua arenga demagógica e destituída de qualquer valor realmente filosófico, hão-de continuar a aparecer.

E quer aquilo ser um filósofo...


Ultimamente, apagou as mensagens em que eu rebatia a sua pobre argumentação, nos seus dois últimos artigos.

No penúltimo, Corcunda resolve dar-se ares de avaliador de tradições: ao abrigo da defesa do «dever ser» por cima do «ser», ei-lo que se lança, qual cruzado inquisidor da modernidade, ao ataque das tradições que lhe desagradam.
E o que lhe desagrada em certas tradições? Desagrada-lhe o princípio da herança étnica, racial, ou não fosse Corcunda um patrioteiro Minho-até-Timorense...

E diz ele, no seu habitual estilo de filósofo «que questiona»:
Porque é que não deve haver uma comunidade política dos que têm sangue de tipo A?
Também este é um facto científico! Ou de mongolóides? Têm uma estrutura cromossómica diferente das outras pessoas!


E a resposta a tal alarvidade é outra pergunta: mas porque é que havia de existir uma comunidade política dessa natureza, se nunca tal coisa existiu (a menos que o sangue do tipo A correspondesse, no passado, a alguma etnia concreta)?
Existiram e existem comunidades de pessoas da mesma raça, da mesma etnia, da mesma nação, por motivos óbvios, dado que toda a comunidade natural é, à partida, algo que consiste numa família alargada.

Esta realidade desagrada ao Corcunda, que se estende no seguinte:
Afirmar que não existe Tradição sem etnia (leia-se raça) é insistir no “gag” de que a Tradição é a manutenção de um status quo, a preservação de tudo num ponto da História, um fixismo. Como se não existisse uma Tradição Católica, uma Tradição Jusnaturalista, uma Tradição Estóica, uma Tradição Empirista! Ou seja Tradição é a Essência, aquilo que permanece no Homem, nas Instituições!

E digo eu: com que base é que Corcunda justifica o abandono das tradições étnicas?

Corcunda padece da mesma limitação dos outros universalistas dogmáticos: a sua arenga só é aceite por quem partilha da sua ideologia, mas ele não percebe isso e quer dar como universal a sua própria opinião.
Assim, esquece sempre o essencial: é que qualquer mudança, exige sempre uma justificação. Só se muda algo de importante a partir do momento em que se apresenta uma justificação sólida.

Ora, e qual é a justificação de Corcunda para abandonar as tradições étnicas?
Algo como isto: «muda de tradição porque o universalismo anti-étnico é que está certo, eu sei que é assim porque eu tenho a verdade, foi o meu Deus que ma disse, e o meu Deus é mais verdadeiro do que todos os Deuses étnicos».

Trata-se, portanto, daquela infantilidade arrogante que tão bem define a tara do «povo eleito», mas na versão bastarda, pária, apátrida, isto é, universalista.



E o que é mais engraçado na prosápia filosófico-metafísica de Corcunda, é que, desta vez, ele próprio forneceu argumentação para se enterrar. Com efeito, noutro dos seus artigos escreveu:

3.A Justiça é encontrar o lugar do Homem na estrutura das coisas, a sua Natureza, por outras palavras cumprir o Homem.

A sua Natureza? Bem, a sua Natureza, é a etnicidade... toda a cultura e tradição humana, parte de uma base étnica. Ou seja, precisamente aquilo que mais incomoda o Corcunda.
Moral da história, usando os argumentos do próprio Corcunda: o Corcunda não gosta da Natureza do homem e quer destruir a Justiça. Não é novo, é judaico-cristão, tem pelo menos dois mil anos.


Noutra passagem do mesmo texto, disse:

5.As sociedades humanas comportam em si mesmas elementos que permitem ao Homem compreender os seus mais variados aspectos. Este elemento, que precede o indivíduo e as suas vontades, e que tem como destino a sua mais perfeita realização, são as tradições e instituições.

Se assim é, então as tradições étnicas comportam em si mesmas elementos que permitem ao Homem compreender os seus mais variados aspectos. Este elemento, que precede o indivíduo e as suas vontades, e que tem como destino a sua mais perfeita realização, são as tradições e instituições.
Sendo assim, porque raio é que quer Corcunda acabar com as tradições étnicas?

Ele quer acabar com as tradições étnicas, porque o seu Crucificado mandou que todos se amassem mutuamente, sem barreiras de raça. Só por isso.

E, contra tal mentalidade, disse Celso, filósofo romano do século II d.c.:
Se fosse possível que todos os povos da Europa, da Ásia e da África aceitassem uma só religião, talvez a vossa (cristã) tentativa tivesse êxito. Mas tal nunca acontecerá, dada a diversidade de costumes entre os povos. Por isso, quem põe em mente tal desígnio mostra por isso mesmo que é cego.
(Cito de memória porque não tenho aqui o livro, de momento; mas corrigirei e completarei a citação mais tarde).


Ainda hoje apresentarei o comentário ao seu último artigo, comentário esse que Corcunda também apagou.

7 Comments:

Blogger Luis Gaspar said...

"Se fosse possível que todos os povos da Europa, da Ásia e da África aceitassem uma só religião, talvez a vossa (cristã) tentativa tivesse êxito. Mas tal nunca acontecerá, dada a diversidade de costumes entre os povos. Por isso, quem põe em mente tal desígnio mostra por isso mesmo que é cego."

1 bilião de Cristãos no mundo. 6 biliões de pessoas. Um sexto. Foi você que falou em cegueira?

20 de julho de 2005 às 18:59:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Sim, fui.

Falharam a conquista da Ásia; falharam na Índia; falharam no Japão e na China, donde foram expulsos a pontapé; quanto à Europa, estão agora a perder terreno, dedicando-se entretanto à África, onde nunca conseguiram extirpar por completo as religiões animistas locais.

Mais ainda: dentro do próprio Cristianismo, houve e há divisões que assumiram por vezes contornos excepcionalmente violentos.

De facto, fui eu que falei em cegueira - basta-me descrever o que contemplo quando vos vejo convencidos de que o mundo é todo vosso.

20 de julho de 2005 às 19:33:00 WEST  
Blogger João said...

Um bilião de cristãos, certo. Trezentos e quarenta anos para reabilitar Galileu. Alguém falou de cegueira?

20 de julho de 2005 às 22:48:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Eles não dizem que não existem raças, o que eles dizem é "não se pode falar de raças" - foge-lhes a boca para a verdade: não se pode falar, porque é proibido, mesmo que até seja verdade!...

21 de julho de 2005 às 16:36:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

«Falharam a conquista da Ásia; falharam na Índia; falharam no Japão e na China, donde foram expulsos a pontapé; »
Malandros! Só porque queriam evangelizar e converter pessoas!... Por aqui se vê a Liberdade a la Gladio!...

21 de julho de 2005 às 16:37:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Malandros! Só porque queriam evangelizar e converter pessoas!...

e destruir as outras crenças, a começar pelas nacionais. No Japão até conseguiram que japoneses convertidos destruíssem um templo pagão nacional.

Assim, os Japoneses, e os Chineses, souberam fazer o que os Romanos fizeram.

21 de julho de 2005 às 18:35:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Sim, sendo um templo público, é uma questão mais delicada. Mas, pelo menos, não morreu ninguém nesse processo.

22 de julho de 2005 às 16:27:00 WEST  

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