segunda-feira, novembro 15, 2004

UM RETRATO DO QUE PODE VIR A ACONTECER NA EUROPA SE A IMIGRAÇÃO CONTINUAR

2004-11-14 00:00:00
Costa do Marfim - Relatos de magistrado luso
FILHO OBRIGADO A TER RELAÇÕES COM A MÃE

Os relatos que o magistrado Almiro Rodrigues ouviu na Costa do Marfim, há pouco mais de um mês, quando integrou por nomeação do secretário-geral da ONU, uma missão de inquérito àquele conturbado país africano, fizeram-no sentir que o ‘barril de pólvora’ estava prestes a explodir. Casos de horror e selvajaria, como o de uma criança obrigada a manter relações sexuais com a mãe, reforçaram a sua convicção.
Luc Gnago (Reuters)

O caos que se instalou nos últimos dias em Abidjan, com ataque, violações de ocidentais e perseguições racistas, que levaram muitos estrangeiros a abandonar a Costa do Marfim, incluindo portugueses, tem a mesma marca dos casos de brutalidade que Almiro Rodrigues recolheu junto dos beligerantes, ao inquirir sobre alegadas violações de direitos humanos ocorridas desde Setembro de 2002.
Citando Bertold Brecht, Almiro Rodrigues, também formado em Psicologia, afirmou que “em cada um de nós há sempre uma besta adormecida que a todo o momento pode acordar”, para explicar o que se passa actualmente na Costa do Marfim. “Existem situações completamente bestiais. Um filho foi obrigado a ter relações sexuais com a mãe. Obviamente que recusou. A mãe pediu insistentemente que o fizesse para lhe salvar a vida. Ele fê-lo e de seguida mataram a mãe e obrigaram-no a beber o sangue da própria mãe”, recordou o magistrado.
“Visitei uma localidade perto da fronteira com a Libéria, uma aldeia completamente arrasada, onde apareceram duas crianças. Quando tentei falar com elas, apareceram dezenas de outras que me pediam para fazer qualquer coisa por elas” – narrou ainda Almiro Rodrigues, segundo o qual os resultados da missão da ONU serão revelados em breve.
Recorde-se que na sequência do agravamento da situação na Costa do Marfim, centenas de estrangeiros estão a abandonar o país, à beira de nova guerra civil, que já causou a morte a pelo menos nove soldados franceses.

Lusa


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