NÃO SÃO SÓ OS NACIONALISTAS QUE ALERTAM A EUROPA
Desta feita, trago aqui um texto que, não sendo escrito por gente da área ideológica nacionalista, não deixa por isso de afirmar verdades que os nacionalistas europeus pretendem ver disseminadas. Do Público, a mensagem editorial de José Manuel Fernandes (saliento a grosso o que me parece mais importante):
Como pode a tolerância liberal do Ocidente conviver com a intolerância que do fundamentalismo islâmico que voltou a atacar, agora na Holanda?
"Na Holanda mataram a liberdade de expressão com balas. Na Bélgica mataram-na nos tribunais". Foi nestes termos que Filip Dewinter, um dos líderes do partido de extrema-direita da Flandres, uma das regiões da Bélgica, se referiu à decisão de proibir o seu Vlaams Blok. Comparou-a com o assassinato do cineasta holandês Theo van Gogh por um extremista islâmico após este ter feito um documentário em que denunciava o tratamento que os fundamentalistas dão às mulheres.
Estas palavras incendiárias são reveladoras do clima de tensão que se vive numa parte da Europa e que radica nas relações cada vez mais difíceis entre as populações históricas e as comunidades, cada vez mais numerosas, de imigrantes de origem islâmica. E remetem para uma questão muito delicada: até onde podem as tradições ocidentais de tolerância (que são muito recentes em boa parte da Europa, pois convém não esquecer o que aí aconteceu na primeira metade do século XX) conviver com a intolerância?
Esta questão exige resposta urgente, pois o que se passou na Holanda e na Bélgica pode ser apenas a ponta do iceberg. Sendo que na Holanda o assassinato de Van Gogh já deu origem a ataques a lugares de culto muçulmanos, seguidos por ataques retaliatórios a igrejas cristãs. E que a decisão do tribunal belga é estúpida, ineficaz e potencialmente contraproducente: estúpida porque ilegaliza um partido que, na Flandres, já recolhe cerca de um quarto das intenções de voto; ineficaz pois bastará ao partido mudar de nome e retocar uns detalhes do seu programa para regressar aos palcos políticos; e contraproducente pois permite que os extremistas se vitimizem e, assim, se tornem ainda mais populares.
Tudo isto sucede dois anos depois do assassinato de Pin Fortuyn, um líder político homossexual que se tornou popular por considerar que os imigrantes muçulmanos estavam a promover ideais contrários às tradições liberais holandeses. Catalogado como racista e por isso ostracizado, a verdade é que Fortuyn dizia então algo de muito semelhante ao que Ayaan Hirsi Ali, uma mulher somali que abandonou o Islão e é hoje deputada pelo partido liberal: a Holanda, se quiser sobreviver, tem de combater de forma convicta pela superioridade dos valores liberais do Ocidente. Também está ameaçada de morte: foi a argumentista do documentário de Van Gogh.
De certa forma a sua mensagem é que é tempo de combater os mitos do "multiculturalismo" que tornaram algumas sociedades indefesas quer face à crescente agressividade dos muçulmanos radicais, quer perante os que recusam a integração, quer diante dos movimentos de sinal contrário que, por falta de resposta do sistema político tradicional, colhem facilmente apoios entre os que se sentem ameaçados no seu modo de vida e estão disponíveis para ouvir discursos radicais.
Como escrevia esta semana o "Frankfurter Allgemeine Zeitung", "o Islão militante é apenas uma pequena força na Europa, mas é perigoso porque muitas sociedades do nosso Continente elevaram ao estatuto de virtude a sua condição de indefesas". Ao que acrescentava, justamente, a "The Economist": "é que o risco é que, em vez de serem os intolerantes a aprenderem a tolerância, serem os tolerantes a tornarem-se intolerantes".
Pelo que cabe perguntar: depois do assassinato de Theo van Gogh, alguém duvida sobre de onde brota o pecado original da intolerância?
Como pode a tolerância liberal do Ocidente conviver com a intolerância que do fundamentalismo islâmico que voltou a atacar, agora na Holanda?
"Na Holanda mataram a liberdade de expressão com balas. Na Bélgica mataram-na nos tribunais". Foi nestes termos que Filip Dewinter, um dos líderes do partido de extrema-direita da Flandres, uma das regiões da Bélgica, se referiu à decisão de proibir o seu Vlaams Blok. Comparou-a com o assassinato do cineasta holandês Theo van Gogh por um extremista islâmico após este ter feito um documentário em que denunciava o tratamento que os fundamentalistas dão às mulheres.
Estas palavras incendiárias são reveladoras do clima de tensão que se vive numa parte da Europa e que radica nas relações cada vez mais difíceis entre as populações históricas e as comunidades, cada vez mais numerosas, de imigrantes de origem islâmica. E remetem para uma questão muito delicada: até onde podem as tradições ocidentais de tolerância (que são muito recentes em boa parte da Europa, pois convém não esquecer o que aí aconteceu na primeira metade do século XX) conviver com a intolerância?
Esta questão exige resposta urgente, pois o que se passou na Holanda e na Bélgica pode ser apenas a ponta do iceberg. Sendo que na Holanda o assassinato de Van Gogh já deu origem a ataques a lugares de culto muçulmanos, seguidos por ataques retaliatórios a igrejas cristãs. E que a decisão do tribunal belga é estúpida, ineficaz e potencialmente contraproducente: estúpida porque ilegaliza um partido que, na Flandres, já recolhe cerca de um quarto das intenções de voto; ineficaz pois bastará ao partido mudar de nome e retocar uns detalhes do seu programa para regressar aos palcos políticos; e contraproducente pois permite que os extremistas se vitimizem e, assim, se tornem ainda mais populares.
Tudo isto sucede dois anos depois do assassinato de Pin Fortuyn, um líder político homossexual que se tornou popular por considerar que os imigrantes muçulmanos estavam a promover ideais contrários às tradições liberais holandeses. Catalogado como racista e por isso ostracizado, a verdade é que Fortuyn dizia então algo de muito semelhante ao que Ayaan Hirsi Ali, uma mulher somali que abandonou o Islão e é hoje deputada pelo partido liberal: a Holanda, se quiser sobreviver, tem de combater de forma convicta pela superioridade dos valores liberais do Ocidente. Também está ameaçada de morte: foi a argumentista do documentário de Van Gogh.
De certa forma a sua mensagem é que é tempo de combater os mitos do "multiculturalismo" que tornaram algumas sociedades indefesas quer face à crescente agressividade dos muçulmanos radicais, quer perante os que recusam a integração, quer diante dos movimentos de sinal contrário que, por falta de resposta do sistema político tradicional, colhem facilmente apoios entre os que se sentem ameaçados no seu modo de vida e estão disponíveis para ouvir discursos radicais.
Como escrevia esta semana o "Frankfurter Allgemeine Zeitung", "o Islão militante é apenas uma pequena força na Europa, mas é perigoso porque muitas sociedades do nosso Continente elevaram ao estatuto de virtude a sua condição de indefesas". Ao que acrescentava, justamente, a "The Economist": "é que o risco é que, em vez de serem os intolerantes a aprenderem a tolerância, serem os tolerantes a tornarem-se intolerantes".
Pelo que cabe perguntar: depois do assassinato de Theo van Gogh, alguém duvida sobre de onde brota o pecado original da intolerância?
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