11 DE NOVEMBRO
Sempre me agradou o 11 de Novembro, dia de S. Martinho, quando, no dizer do povo, se vai à adega e se prova o vinho.
É curioso que o 11 de Novembro seja sempre, ou quase sempre, caracterizado pelo Céu limpo e pelo Sol brilhante, mesmo que os dias anteriores e seguintes sejam enevoados como a terra cimérica da «Odisseia». Tal fenómeno é explicado pela lenda do dito santo: Martinho era um cavaleiro romano que, numa manhã de chuva e frio, cedeu a sua capa a um pobre desprotegido; como recompensa da generosidade do seu sacrifício, o Sol raiou e o resto do dia foi luminoso.
Com o pendor pagão que os frequentadores deste blogue me conhecem, não posso deixar de querer ver aqui um simbolismo arcaico por detrás da aparência cristã: um soldado chamado Martinho, ora Martinho vem de Marte, Deus da Guerra, pense-se portanto que há um Deus bélico que se despe e traz um brilho esplendoroso ao mundo, isto lembra a fúria guerreira do típico herói celta, como o irlandês Cuchulain, que, em estado de ira marcial, deita bolas de fogo da cabeça, e certo tipo de guerreiros celtas (na Gália, os Gaesatae) que iam nus para o combate, só armados de dardos, para atemorizar o inimigo. Entre os Germanos, também existia este tipo de combatentes, nus no campo de batalha, consagrados a Odin, Deus do Furor e do Êxtase Guerreiro.
Na Celtibéria, o autor Macróbio escreveu, no século IV d.c., que o povo dos Accitani prestava culto a Neton, uma espécie de Marte (isto é, um Deus da Guerra, porque os Gregos e os Romanos, para se referirem ao significado e função de uma Divindade estrangeira, equacionavam-Na com um Deus grego/romano, como quem diz «Aquele é o Marte deles») ornado de raios (isto é, que emitia um brilho intenso). No campo da Arqueologia, encontraram-se duas inscrições dedicadas a esta Deidade, uma em Cáceres e outra em Conímbriga (Netus). Na Irlanda céltica, há um Deus da Guerra denominado, precisamente, Net. Não creio que a semelhança do nome e da função seja mera coincidência, Neton e Net devem ser o mesmo.
E, ao acabar de escrever a parte, fiz uma pesquisa no yahoo e constatei que as minhas divagações não estavam muito longe da verdade (é como eu digo, a divagar se vai ao longe), ora veja-se aqui e neste sítio também.
Afinal o sacana do «santo»(agora, é com aspas) era daqueles que andava a destruir templos pagãos...
Gostei sempre desta data por causa das castanhas assadas. Há uns vinte anos, décimo primeiro dia do décimo primeiro mês constituia ocasião privilegiada, e relativamente, rara, para comer castanhas, assadas ou cozidas. Felizmente, a coisa generalizou-se tanto que hoje se vêm os tradicionais assadores de castanhas nas ruas desde o final de Outubro até meados de Março... E é bom contemplar as ruas e praças de Lisboa, no Inverno, semeadas de fumos de castanhas, espécie de nevoeiro que, como todos os nevoeiros, é doce e cria um ambiente sereno e mesmo mágico, acolhedor e familiar. É como retornar a casa depois de longa permanência em regiões estranhas, desérticas, áridas e monótonas.
Hoje, fiquei a saber que as castanhas, para além de poderem ser cozidas ou assadas, também podem ser fritas: colocadas com casca num tacho com pouco óleo fervente, só até ficarem quentes, mas sem chegarem a ferver. Aconselho-vos a pelo menos provarem disto.
É curioso que o 11 de Novembro seja sempre, ou quase sempre, caracterizado pelo Céu limpo e pelo Sol brilhante, mesmo que os dias anteriores e seguintes sejam enevoados como a terra cimérica da «Odisseia». Tal fenómeno é explicado pela lenda do dito santo: Martinho era um cavaleiro romano que, numa manhã de chuva e frio, cedeu a sua capa a um pobre desprotegido; como recompensa da generosidade do seu sacrifício, o Sol raiou e o resto do dia foi luminoso.
Com o pendor pagão que os frequentadores deste blogue me conhecem, não posso deixar de querer ver aqui um simbolismo arcaico por detrás da aparência cristã: um soldado chamado Martinho, ora Martinho vem de Marte, Deus da Guerra, pense-se portanto que há um Deus bélico que se despe e traz um brilho esplendoroso ao mundo, isto lembra a fúria guerreira do típico herói celta, como o irlandês Cuchulain, que, em estado de ira marcial, deita bolas de fogo da cabeça, e certo tipo de guerreiros celtas (na Gália, os Gaesatae) que iam nus para o combate, só armados de dardos, para atemorizar o inimigo. Entre os Germanos, também existia este tipo de combatentes, nus no campo de batalha, consagrados a Odin, Deus do Furor e do Êxtase Guerreiro.
Na Celtibéria, o autor Macróbio escreveu, no século IV d.c., que o povo dos Accitani prestava culto a Neton, uma espécie de Marte (isto é, um Deus da Guerra, porque os Gregos e os Romanos, para se referirem ao significado e função de uma Divindade estrangeira, equacionavam-Na com um Deus grego/romano, como quem diz «Aquele é o Marte deles») ornado de raios (isto é, que emitia um brilho intenso). No campo da Arqueologia, encontraram-se duas inscrições dedicadas a esta Deidade, uma em Cáceres e outra em Conímbriga (Netus). Na Irlanda céltica, há um Deus da Guerra denominado, precisamente, Net. Não creio que a semelhança do nome e da função seja mera coincidência, Neton e Net devem ser o mesmo.
E, ao acabar de escrever a parte, fiz uma pesquisa no yahoo e constatei que as minhas divagações não estavam muito longe da verdade (é como eu digo, a divagar se vai ao longe), ora veja-se aqui e neste sítio também.
Afinal o sacana do «santo»(agora, é com aspas) era daqueles que andava a destruir templos pagãos...
Gostei sempre desta data por causa das castanhas assadas. Há uns vinte anos, décimo primeiro dia do décimo primeiro mês constituia ocasião privilegiada, e relativamente, rara, para comer castanhas, assadas ou cozidas. Felizmente, a coisa generalizou-se tanto que hoje se vêm os tradicionais assadores de castanhas nas ruas desde o final de Outubro até meados de Março... E é bom contemplar as ruas e praças de Lisboa, no Inverno, semeadas de fumos de castanhas, espécie de nevoeiro que, como todos os nevoeiros, é doce e cria um ambiente sereno e mesmo mágico, acolhedor e familiar. É como retornar a casa depois de longa permanência em regiões estranhas, desérticas, áridas e monótonas.
Hoje, fiquei a saber que as castanhas, para além de poderem ser cozidas ou assadas, também podem ser fritas: colocadas com casca num tacho com pouco óleo fervente, só até ficarem quentes, mas sem chegarem a ferver. Aconselho-vos a pelo menos provarem disto.
1 Comments:
Será que é desta que vamos ter, finalmente, as 'Receitas do Caturo'?
:-)
Sei lá, uma coisa do género cozinha portuguesa (tradicional e antiga) e europeia...não era mal visto.
O caturo, que é rapaz do nosso tempo e lê a 'GQ' e afins é cá dos meus....embora não em tudo :-(
Também me agrada esse 'clima' que o Caturo descreve.
Nelson Buiça
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